sexta-feira, dezembro 31, 2004

FELIZ ANO NOVO

Sei que os Picarotos gostam de ler bons textos, saborear poesia de qualidade e coleccionar cultura em todas as suas manifestações. Neste sentido têm-me pedido para incluir nesta página alguns textos de autor, dos bons, dos consagrados.

Não o faço por uma razão de peso: Acredito que misturar os meus textos com os tais, os bons, os grandes, seria uma forma de me colar à sua qualidade. Seria como construir uma sebenta com os melhores e, semi-clandestinamente, incluir alguns textos meus. Ganhar dessa forma a fama que não me cabe, subir ao olímpo dos intelectuais agarrado aos calcanhares dos tais, dos bons, dos famosos.

No entanto, como vem aí um novo ano, vou abrir uma excepção. Não com os tais, os bons e famosos, mas com os que, como eu estão na segunda divisão.
Não parem de ler! Muitas verdades se encontram em textos mais ou menos obscuros. Vejamos como nos dão algumas dicas importantes para viver o próximo ano com muita alegria e sobriedade.

Cá vai:

1- "Delegue trabalho sempre que possível".
(in Stress - Guia de sobrevivência de Ursula Markham - Europa-América).


2- "Os papagaios normalmente criados como animais de estimação costumam ser os elementos mais destruidores do grupo.".
(in Novo Guia dos Papagaios - David Alderton - Colecção Habitat)


3- "Grande número dessas espécies indígenas chegaram até ao tempo hodierno…., a fim de que,…. Seleccionassem os terrenos de cultura."
(in Madeira, uma Ilha, uma Flor - Guido de Monterey - Edição do Autor).


4- "Os alunos da 4ª classe começaram a juntar documentação para fazerem um album sobre a nossa terra."
(in O sistema de ensino em Portugal - Séculos XIX e XX - Coordenação de Maria Cândida Proença - Edições Colibri)


5- "Sem encarar a experiência alemã de 1971, cujo fim era assegurar à sua burguesia uma posição de força nas negociações."
(in A Política Económica da Burguesia - J. L. Dallemagne - Via Editora)


6- "Aparece às vezes nas aves mais idosas"
(in ABC dos Periquitos - Annette Wolter - Coleccção Habitat)


7- "…graças à fragilidade da estrutura política e à falta de imaginação…"
(in Nova Musica Viva . Jorge Lima Barreto - Fábrica das Letras)


8- "The main aim of a queenside attack is an invasion behind enemy lines by the major pieces…"
(in Attacking the Queenside - Boris Shashin - B. T. Batsford, Lda.)


9- "Bom me foi terdes-me humilhado, para eu aprender os vossos mandamentos…O oitavo degrau da humildade é nada fazer o monge…"
(in Regra de São Bento - Edições Ora e Labora)


10- "Por sorte só estive preso sete dias. Um gajo enorme queria ir-me ao .... à viva força…"
(in Trilogia Suja de Havana - Pedro Juan Gutierres - Publicações D. Quixote)


Em síntese, digo eu, delega, repousa, atina e mantem-te longe da cadeia!!!!Assim terás um feliz 2005.

Se por outro lado, estas frases vos lembrarem pessoas, actos ou factos da nossa terra, não sejam tímidos e façam-nos saber…..

quinta-feira, dezembro 30, 2004

O panfleto da Câmara 2 - A Pinta

Não restam dúvidas sobre a qualidade da "Revista da Câmara". Fraco é o adjectivo mais suave que consigo encontrar para uma publicação tão pindérica, tão descaracterizada, tão pobre.

Começando pela capa; podemos verificar que, apesar da fortuna que o papel de qualidade deve ter custado, não foi feito qualquer milagre relativamente às cores da fotografia. Pelo contrário, as cores são difusas, o céu cinzento e a definição da montanha adoptou uma visibilidade sebastiânica (nebulosa).
Se calhar até foi de propósito para dar a ideia de que, tal D. Sebastião, também D. Jorge Rodrigues aparecerá das brumas para salvar a populaça!!!

A própria imagem escolhida é reveladora de uma intenção. Seleccionou-se uma fotografia bem antiga como que a afirmar uma intenção de regresso ao passado. Uma opção pela estática social em contraposição a um possível dinãmismo. Ficamos a saber que, votar Jorge é votar no passado, na capacidade de manter tudo na mesma, de nada fazer.

Para completar o ramalhete, podemos ler, sem qualquer sentido especial, a frase; "Do Pico ao Mar". É claro que ficamos sem saber qual é o significado da expressão porque ela aparece sem contexto, para além do óbvio: Sendo uma Ilha…tem mar! OK!
A verdadeira solução do enigma dá-nos o Jorge, no seu editorial, ao afirmar categóricamente que "Estamos em condições de dar o passo em frente…" (pag. 1, linha 31). Ou seja, estamos a um passo da água e Jorge, fiel a si mesmo, promete dá-lo.
A qualidade geral do resto da revista é compatível com a capa. As fotografias são fracas, o design (existindo ????) é básico e o sentido estético completamente ausente.

Realço apenas a tentativa de culto da personalidade através da inclusão de 11 (onze!!!) fotografias do autarca. Ou é excesso de vaidade, um ego do tamanho da revista, ou é "pimbismo" natural. O facto é que o efeito é contraditório; quanto mais olhamos para a cara do presidente menos confiança nos inspira. Talvez por causa do sorriso cínico, não sei…
De qualquer forma é positivo que nenhuma das fotografias tenha uma série de números em rodapé e seja em forma de tríptico: duas de perfil e uma de frente.

quarta-feira, dezembro 29, 2004

O panfleto da Câmara 1 - Os motivos

Hoje tirei um pouco do meu tempo e fui consultar a "revista" da Câmara Municipal da Madalena.

É claro que a sua leitura atenta obriga-me a fazer uma análise detalhada do seu conteúdo e, claro está, das motivações que lhe estão na origem. Não é uma tarefa complicada. Qualquer pessoa atenta verifica que a vontade de publicidade ultrapassou o bom senso e o bom gosto, dando como resultado uma espécie de manifesto terceiro mundista. Teremos oportunidade de ilustrar estas afirmações, por agora vejamos, apenas, os motivos que deram origem a este panfleto:

Em primeiro lugar, como é do conhecimento público, o Sr. Presidente da Câmara reesolveu dar guarida e salário a um sr. que se encontrava em situação profissional precária.

Em segundo lugar, foi dado a este senhor uma espécie de pelouro subjectivo, que tem como função a propaganda institucional da Autarquia.

Em terceiro lugar, sempre que se pergunta a alguém que tenha poucos conhecimentos de Marketing Institucional o que poderá ser feito para divulgar e enaltecer o ego de um presidente da Câmara, a resposta óbvia será: Uma publicação!!! A escolha do media demonstra uma grande falta de criatividade e de competência do "consultor".

Em quarto lugar, devemos tentar analisar o fenómeno numa perspectiva global: O que fazem as figuras públicas quando têm tempo livre? Resposta: Um jornal!
Querem exemplos? Quem é que nos faz lembrar o nosso presidente da Câmara, desde que "perdeu" o passaporte e passou a ficar mais por casa, tendo mais tempo livre? Pois é, acertaram! O Vale e Azevedo. Este, quando "foi dentro", também tratou de lançar, de imediato, o seu jornal.

Claro que, havendo tempo, disponibilidade e apoio "profissional", o homem sonhou, Deus marimbou-se e a "obra" nasceu!

segunda-feira, dezembro 27, 2004

A Besta e o Bestial

Todos nós já ouvimos, por diferentes razões, a expressão que serve de título a este texto.. No futebol, na política, na cultura, enfim, em todas as vertentes da nosso dia-a-dia. De facto há sempre quem se sinta ultrapassado e que afirme com o ar mais triste e tolo do planeta que: "de bestial passei a besta". O curioso e engraçado é que, regra geral, quem o afirma, faz, normalmente, ar a condizer... de besta!
Haverá quem pense, neste momento, que escrevo sobre as pessoas bestiais que são responsáveis por concursos públicos que decorrem nesta terra e que vou falar de cunhas e compadrio. Não, ainda não! Por enquanto recolho dados sobre esse assunto e aguardo com a tranquilidade bestial de quem pensa que já tem dados para confrontar as bestas. Outras valsas que, com prazer, dançarei a devido tempo. Lá iremos, com força, com intencionalidade, com tempo, com serenidade e…com certeza!
O tema que me faz falar agora tem a ver com as crianças deste concelho.
Há dias, a filha de um amigo meu, pegou no telemóvel e telefonou da Ilha Terceira, de Angra do Heroísmo, onde foi, orgulhosamente representar o Pico num evento desportivo, e disse; "Estou num jardim espectacular!".
O pessoal de casa disse; "Parabéns rapariga!" (pela participação)…e ficou a pensar que um jardim infantil é uma coisa básica…como é que na Madalena não existe tal infra-estrutura??
Coisa Besta!
Para piorar o sentimento do pessoal e como se estivesse a enviar recados, o raio da rapariga voltou a telefonar e disse: "Agora estou na Praia da Vitória, num jardim bestial!".
Já não era uma questão de coisas. Era necessário dar o nome às pessoas. Quem era o responsável, na Madalena, pela falta de tal infra-estrutura? Quem seria a besta? A familia partilhou conceitos, premissas, raciocínios e teorias e…nada! Um imenso vazio que só nos envergonhava perante a criança.
A rapariga voltou para casa, triunfante, como não podia deixar de ser, e com a ingenuidade que só é possível naquelas idades disse, com o ar mais angélico que os diabos sabem imitar; "Fortes jardins que há na Terceira!".
Ficamos encurralados…silenciosos…
A coisa passou e, pesavamos nós, o tempo se encarregaria de a fazer esquecer o assunto. Erro nosso!
"Vou a São Jorge! Vou representar o Pico outra vez!"
Confesso que me senti aliviado. Em São Jorge o que é que existe que possa pôr em causa a nossa calma do dia a dia? Nada!…Pensava eu….
"Alô!" ouvi eu do outro lado do telefone. Já sem angustias porque o atraso alheio me dava sensações de desenvolvimento, respondi inquisidor: "Olá rapariga! Que tal correu?"
"Fiquei em segundo!"
"Boa rapariga, parabéns! E agora onde estás?" perguntei com segurança.
A resposta ecoou-me no cérebro com a força de uma Intifada: "Estou num parque bestial!".
Sem qualquer responsabilidade no assunto senti-me besta. Tenho de confessar que na minha qualidade de adulto, votante, habitante e interessado nas coisas da terra senti que a culpa também era minha por residir numa vila em que o melhor conceito estético público é o das barracas de plástico preto de Santa Maria Madalena. Que o conceito de edíficio agradável ao público era o dos grandes barracões que ornamentam as entradas da nossa Vila. Que o conceito de Urbanismo moderno é o de construir armazéns em zonas residênciais e que, sobretudo, as coisas básicas são esquecidas.
"Viva!" voltei a ouvir a voz jovial, uns dias depois, já regressada a casa.
Acordei da minha indignação e fiz a cara que todos os adultos fazem quando querem tréguas com a sua consciência e aguardam a melhor oportunidade de reporem a sua imagem face aos mais pequenos.
"Diz!" Inquiri com ares de quem dá seja o que for para limpar a consciência.
"Vamos ao Cais do Pico ver o jardim espectacular que fizeram lá?"
"Vamos, toca a andar! Espera um bocado que vou fazer uns telefonemas." E fartei-me de telefonar. Eram quatro ou cinco carros cheios de testemunhos que, pensava eu, me iriam ilibar das culpas que, apesar de alheias, eu sentia com desconforto. Rumamos ao Cais do Pico. Acho que até cantei, na viagem, a cena das ilhas de bruma. Senti-me açoreano, picaroto e madalenense. Não ia aos Mouros mas ia em viagem de redenção. Parque bestial no Cais do Pico…ah!…ah! deixa-me rir!
E lá chegamos. Saimos dos carros e, adultos e crianças, corremos em direcção ao parque. Eu fui mais devagar, antecipando o momento de triunfo, pensava eu. Quando, de repente, comecei a ouvir os espantos das "testemunhas": "Bestial, está bestial!"
Ainda incrédulo acabei por vislumbrar o parque; o auditório, a zona de bailado, as árvores, os jogos infantis, os quartos de banho, os relvados, a iluminação, a fonte e as suas cores e, sobretudo, o sorriso dos míudos que foram na comitiva.
A míuda, com ares de entendida perguntou-me "Não é bestial?"
Respondi desanimado; "Sim!"
"Porque é que não há um na Madalena?"
Confesso que não pensei na resposta e, disse derrotado: "O nosso presidente da Câmara é uma besta!".
A rapariga riu-se, como se sempre soubesse a resposta e se tivesse limitado a facilitar-me a conclusão.

Dofundo

Porquê dofundo?
Porque é no âmago, no cerne, no fundo que vibram as verdadeiras emoções. Porque é na base que se suporta o ser e se mantém recta a coluna.
Dofundo poderá ser da alma, quando o nervo e a fibra controlam o cérebro e o dedo aponta o erro.
Dofundo poderá ser do coração quando se arrebata o ser na defesa dos valores e dos ideais.
Dofundo poderá ser do mar, sempre que os nossos temas nos inundem o ser e nos afoguem o grito.
Dofundo poderá ser das costas, sempre que certeiramente quizermos colocar a nossa bota.
Dofundo somos nós.

Cargos

É do interesse geral a colocação dos nossos jovens (e não só) nos locais públicos disponíveis.
Todos reconhecem a forma pouco clara como os concursos públicos são realizados.
Vai sendo tempo de analisarmos alguns padrões comuns das diferentes realidades. A forma mais rápida de o fazer é colocando algumas questões: a) quem fica colocado? e b) Quais as suas ligações pessoais?
Aqui torna-se fácil observar um ponto comum: fica colocado quem tem "ligações fortes".
1. Na Cãmara Municipal, espécie de poiso dos sem abrigo vemos um esbanjar de verbas em cargos desnecessários (veja-se o ridiculo da recém criada assessoria de imprensa). O padrão é, claro, PSD e Presidencia da Cãmara.
2. Quanto aos lugares criados pelo "Governo" vamos vendo os filhos, irmãos e primos dos caciques locais a serem colocados sem que sejam respeitados os mínimos padrões da transparência e do decoro.
3. Quanto aos cargos de nomeação política, o padrão é o mesmo....filhos e etc.
O denominador comum, nestes casos, são os "bosses do PS". O sr. Serpa e o sr. Manuel Tomás têm batido todos os recordes de "cunhas bem sucedidas" (Museu, Obras Públicas, segurança Social e, espante-se, listas para a Assembleia).
Até parece que o Sr. Contente (Secretário Regional) está a preparar a sucessão de Carlos César, colocando "os seus" em lugares de destaque.
Esperem para ver, em breve, a criação de novos cargos na estrutura de gestão da zona da vinha (património mundial), para colocação dos "desempregados" da Secretaria do Ambiente.
É claro que cada um destes temas deverá ser tratado "per si" e, assim será. Talvez!