quarta-feira, dezembro 19, 2007

Mandalay

Mandalay é uma espécie de centro espiritual de Myanmar. O ponto alto da cidade é, talvez, a subida a “Mandalay Hill” onde, para além dos monumentos budistas, o ritmo de vida e a vista sobre a cidade, é possível observar o dia a dia dos habitantes da cidade que aí fizeram a sua casa.

Há, no entanto, vários outros locais de grande interesse nesta cidade: os centros budistas onde os ensinamentos são passados de geração em geração (a maior Universidade Budista do mundo), o palácio real que ocupa toda o centro da cidade, as óptimas lojas de antiguidades e os passeios pelo rio que nos levam a outras vivências, entre outros.

O melhor é ter tempo e fazer tudo, saboreando as festas, rituais e folclore locais.


Centro de estudos Budista


Festa de rua


Posto de abastecimento de combustivel


Do lado de lá da ponte de Mandalay


Ilha em frente a Mandalay


Palácio real






segunda-feira, dezembro 17, 2007

Road to Mandalay

O rio Ayeyarwady é a auto-estrada de Myanmar. A mítica “road to Mandalay” é isso mesmo: uma jornada lenta e nostálgica pelo rio que atravessa o país.

Há várias maneiras de o fazer. Desde os barcos rápidos (demoram mais ou menos 14 horas) até aos cruzeiros de luxo que podem atingir os sete dias. Há para todos os gostos.

O rio é, na época seca, muito difícil de navegar devido ao fundo rochoso que facilmente imobiliza os mais apressados e menos atentos.

A viagem é um retrato fiel do País: pequenos botes familiares, barcos tirados de um filme antigo de piratas e madeira….muita madeira. Ao longo das margens, algumas aldeias, poucas e os sempre presentes templos Budistas.

Apesar de longa, a viagem não cansa. Pelo contrário, convida à introspecção e à contemplação. É, sem dúvida, um dos percursos em rio mais enriquecedores e iluminador da essência humana.

Vemos a economia, a migração, as diferenças sociais e, sobretudo, a luta inglória contra a imutabilidade. Vemos, sobretudo, uma filosofia de vida que nos é estranha. Povo calmo e resignado como só as religiões conseguem criar.

Partida de Bagan









Chegada a Mandalay

Bagan


Chegar a Bagan é entrar noutra dimensão temporal. Bicicletas, cabras, cavalos enchem as ruas onde o verdadeiro luxo é a motorizada. Perdidos no meio de uma vegetação seca adormeceram centenas de monumentos. Alguns mantêm a função religiosa mas, a maioria, tornou-se pequenos mercados familiares onde a perseguição ao turista, apesar de não agressiva, é intensa.


Mas isso foi ao segundo dia. A chegada ao hotel serviu para lidar com outras diferenças culturais. Uma multidão de Israelitas, fanáticos religiosos, tinham ocupado o espaço todo e contrastavam, na exuberância das suas manifestações, com os calmos e pacatos budistas e irritavam verdadeiramente os que, esfomeados, apenas queriam silêncio e uma refeição. Nada disso foi possível.


Bagan deve ser vista com calma. Deve-se tentar entrar no movimento lento local e espreguiçar ao sol nos “bares” locais e deitar no topo dos templos a contemplar o planalto. Deve-se andar de carroça ou bicicleta e sentir o bafo quente da terra.


Assim fizemos, entrando nos templos sempre que o calor era em excesso.


São centenas de templos, todos com dimensões e formas diferentes. Alguns não passam de pequenas “stupas” onde repousam antepassados daquele povo cansado de guerras, fome e ditadura. Outros, são autênticas cidadelas cheias de labirintos e estátuas de Budas imensas. Por todo o lado pinturas e baixo-relevo misturados com mensagens actuais e pejadas de assinaturas de anónimos que detestam essa condição.


O povo de Bagan sobrevive da agricultura, enche os mercados de produtos coloridos e é mestre no artesanato. Sobretudo no trabalho em madeira, ferro e pintura.

Centro de Bagan

Mercado em Bagan

Templo em Bagan

Jovem em Bagan

Templos

Templos

Templos

Templos originais em madeira.

Templo

Venda, casa e bar

Mercado em Templo

terça-feira, junho 26, 2007

De Ngapali a Bagan

A saida de Napali Beach é feita com pouca vontade. A culpa é sobretudo da praia e da preguiça que ela induz e que, em conjunto, funcionam como íman que nos diminui a força. Só a vontade de ver mais longe e descobrir novos espaços é que nos ajuda. A saída de Ngapali é curiosa e, no mínimo, exótica. Em vez de balança para aferir o peso dos passageiros, temos um funcionário que, com ar carrancudo, vai pegando nas malas e gritando para o colega o seu veredicto. Não inspira muita confiança!

Que tem sorte pode ser que apanhe um voo directo. No nosso caso, o normal é não acertarmos. Assim foi!

Para atingirmos o nosso destino, o melhor que conseguimos foi um voo que parava em Rangoon, Lago Inle, Mandalay e finalmente, Bagan. A nossa sorte foi que, chegando a Rangoon, o pássaro pifou. Esperamos horas assistindo a um grupo de trabalhadores sentados em cima da asa do avião, munidos de martelos e demais instrumentos de tortura. Nessas alturas, o melhor é desligar e deixar o destino fazer o seu trabalho.

Ao fim de um tempo longo, fomos informados que iríamos num novo avião, mais moderno e com propulsão a jacto.

Contentes e aliviados lá entramos no autocarro que nos largou…no mesmo avião. As boas notícias eram que, por já ser noite e a pista do lago Inle não ter luz, iríamos directos a Mandalay e, depois para Bagan.

Assim foi, sem problemas.

À chegada a Bagan, zona com milhares de monumentos, classificada como património Mundial pela UNESCO, é pago um passe que dá acesso a todos os monumentos. Ganha-se imenso tempo e perde-se muita chatice e demora.

Uma boa ideia!


As pessoas



Os mercados



Os monumentos

quinta-feira, junho 07, 2007

Ngapali Beach 2

Ir a Ngapali Beach implica organização. Não só pela distância e pelos trajectos possíveis mas, sobretudo, porque à chegada, espera-nos o vazio. Meia dúzia de carrinhas de hotéis e nada mais. Não há táxis nem carros de aluguer. Sendo o aeroporto de chegada Tandwe, somos largados a vários quilómetros da zona dos hotéis e, se não tivermos tudo organizado com antecedência, resta-nos penar com as malas às costas.

Claro que, quem tem o autocarro do hotel à espera pouco mais tem para fazer do que aguentar o desconforto da estrada mal conservada e das molas pouco eficazes das relíquias de quatro rodas que se arrastam, aos saltos, pelas estradas mal conservadas. No caso do nosso hotel, o charme do autocarro era mais do que muito e só se igualava ao grau de desconforto das cadeiras de vime que substituíam os bancos tradicionais.

A vinte à hora lá chegamos.


A primeira imagem do hotel e da praia vale bem o corpo moído da viagem. Passadiços longos em madeira, emoldurados num verde cheio de tonalidades e salpicado de cores fortes das flores. O serviço muito atencioso e discreto faz-nos sentir à vontade.

O check-in é feito numa esplanada sobre a areia imaculada (varrida diariamente) e com o mar quente a perder de vista.

Dispõe bem!

Pena foi que, antes de vermos o quarto, começassem logo a pedir o pagamento da estadia, em dólares e, obrigatoriamente, em notas novas.

Indispõe!

Claro que as minudências culturais não podem ser levadas muito a sério. Até porque, se o fizéssemos, nunca sairíamos de casa e, mesmo aí…

Voltando a Ngapali Beach; a grande animação é o passeio na praia (a perder de vista), a gastronomia, o sol quente e a compra de pechinchas aos vendedores locais. Quem quiser encontrar bares, discotecas e afins, deve escolher outro destino. Para os mais gulosos, fica a dica de que a lagosta, em quantidade mais do que suficiente para empanturrar, é a dois euros.

Relativamente à estadia, as imagens falam por si.


Chegada ao Hotel em Ngapali Beach



Vista de um quarto do Hotel



Vista geral






Se alguém conseguir manufacturar estes bancos, com cabeças de vaca, eu compro!

segunda-feira, março 19, 2007

Ngapali Beach

Numa cultura do “naperon” e da flor de plástico, é natural que o conceito de estética e de conforto se reduza à imponência da obra, ao volume do asfalto e à urbanização desenfreada. Mostramos, desta maneira, que a sociedade vive e transpira pujança.

É um erro cultural.

Em caso de dúvida sobre as capacidades do investidor e do decisor, opto sempre pelo menor esforço; zero de transpirações.

Até porque, o que fica no final é o odor!

No que diz respeito ao turismo, a equação é similar. Ter um belo espaço geográfico pode ser, por si só, um factor de desenvolvimento e de crescimento. O fundamental é que se consiga mostrar ao Mundo aquilo que temos. O importante é, afinal, uma divulgação inteligente e de bom gosto.

É claro que não falo de “gosto” no sentido gastronómico. Não me refiro à distribuição de linguiça na BTL.

Há casos reais que nos podem servir de modelo. Por exemplo, para chegar a Ngapali Beach temos de voar numa das três companhias aéreas Birmanesas e, tipo roleta russa, escolher o “perigo menor”. Para se chegar ao destino faz-se uma escala a Norte, para depois, então, regressar a sul.

É pouco convidativo!

Mas piora! Não se aceitam cartões de crédito (há que levar dólares), não há táxis no aeroporto e as carrinhas dos hotéis já passaram o prazo de validade há muito tempo.

A grande surpresa é que os hotéis estão cheios de gente de todas as nacionalidades.

O motivo para que tal aconteça, e aqui é que está a lição, é que a praia é óptima, a natureza está preservada e os hotéis são de grande qualidade.

Que mais se quer em férias?



Para se chegar a Ngapali Beach e apreciar estes cenários...





...a melhor opção é a Air Bagan. Em seis voos só avariou uma vez!



À chegada, espera-nos o charme da antiguidade. Pouco confortável mas muito original.





sábado, março 17, 2007

Ir ou não ir...

Há uma discussão, quase a nível global, sobre a atitude correcta em relação à visita turística a Myanmar (Birmânia). A avaliar pelo número de turistas que se encontra por lá, julgo que tem prevalecido a opinião segundo a qual visitar aquele País é errado.

Ou isso, ou há um certo medo de rumar ao desconhecido.

Apurar a verdadeira causa não é relevante. O que é importante é analisar os motivos pelos quais os adeptos do “não” reclamam a sua razão.

A base da convicção assenta apenas em argumentos políticos e, como de costume, deixa de lado a questão da necessidade de um povo que vive em condições precárias e a quem dá muito jeito a entrada de alguns dólares (ou euros ou yenes ou seja lá o que for).

Assim; o argumento base, para não ir a Myanmar, diz que se trata de uma ditadura, que o povo tem medo de dar a sua opinião por causa das represálias, que há meia dúzia que manda com braço de ferro e que se aproveita das riquezas do País e que os concursos públicos são só para os filhos da elite local (este último acrescento eu para que o quadro fique completo).

Pois…

Parece impossível que ainda haja lugares assim, tão atrasados e com gentes tão imbecis.

Já devem estar a perguntar: Porque não se revoltam? Porque não mudam o sistema?

Lá as coisas correm mansas porque a religião ensina a mansidão. São Budistas!

Noutros sítios é, se calhar, por outros motivos. De qualquer forma não é da minha competência explicar os males do mundo e, muito menos, resolvê-los.

A mim bastam-me as minhas “escrituras”.

Fotos de Yangoon:








quarta-feira, março 14, 2007

Mundos

É sempre bom saber, não vá o destino mandar-nos para o fim do Mundo, que em Yangoon (ex-Rangoon), ex capital de Myanmar (ex-Burma e ex-Birmânia), há hotelaria de qualidade.
Bom serviço, conforto e muita simpatia. Uma surpresa muito agradável!

O Pansea (foto 1) é, sem duvida, a melhor opção.

A aposta em turismo de qualidade, em detrimento da quantidade, é uma boa ideia a aplicar na nossa Ilha.





sexta-feira, janeiro 05, 2007

Referendo

Sempre que o desfecho é conhecido, limito-me a registar os acontecimentos sem demonstrar grande empenho ou interesse.

É o caso do referendo que se aproxima, sobre a interrupção voluntária da gravidez.

De referendo em referendo, vamos continuar a insistir até que a lei seja aprovada. É um dado adquirido.

Por isso, é mais um tema que abordo sem paixão nem firmeza. Limito-me a registar os esforços daqueles que se engajaram numa luta que, do meu ponto de vista, é mais política do que moral ou ética. Tenta-se medir a força dos apoios do Governo através do número de votos no sim. É, no fundo, uma espécie de referendo à confiança que o “bom senso” do primeiro ministro e o seu Governo têm.

Não deixo, no entanto, de ouvir e ler com atenção os argumentos de ambas as partes.

Enquanto que os partidários do sim utilizam raciocínios baseados no respeito da condição e dignidade humana, na saúde física e mental das mulheres e na liberdade de opção, os partidários do não, pelo seu lado, recorrem a uma moral religiosa.

O primeiro grupo de argumentos é claro e apela a uma interpretação da condição humana responsável e matura.

Por outro lado, a segunda linha de raciocínio atira-nos para o universo nebuloso da moral, da definição da alma e da ética que lhe está associada.

Aceito mais facilmente a argumentação pelo sim do que a sua oponente.

E aceito porque a condição humana eu reconheço, enquanto que a condição divina é incoerente. Digo isto porque falamos conceitos subjectivos e místicos que dificilmente podem ser transcritos em leis de obediência geral. Mesmo quem é católico praticante sabe que é incorrecto impor a sua visão do mundo, quanto mais não seja pela multiplicidade de abordagens que o divino tem.

Por outro lado, ou aceitamos o conceito da centelha divina, peça central da posição Gnóstica, e compreendemos a existência do divino nos fetos ou aceitamos a posição Católica de que os nado mortos vão para o limbo (entretanto abolido) sem possibilidade de se aproximarem de Deus. Ou seja, por outras palavras, se os bebés não baptizados são afastados do divino, sem possibilidade de a ele regressarem (ao contrário dos que se encontram no purgatório) é porque não são parte desse mesmo divino. Assim sendo, que havemos de dizer dos fetos que, numa escala evolutiva física e moral, estão num estádio muito inferior?

Se este meu raciocínio é passível de critica e reanálise (claro que é!), deve-se ao facto de ele ser da mesma natureza dos argumentos que advogam o não; moral e religioso.

Pelo contrário, o respeito pela condição humana e pela multiplicidade de escolhas é um argumento irrefutável.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Voar pela coesão

A chuva bate forte contra a vontade de sair e obriga-nos a um descanso que, na realidade, é merecido. Sobretudo depois de um período de tanta festividade e desmando horário.

Tudo bem! Descansemos!

É sabido que Ilhas de coesão já não abundam. De tal maneira que os Açores tiveram de as ir buscar à Madeira. Não sei se por remorsos, depois da questão das finanças locais, ou se por genuíno espírito natalício, mas o que é certo é que lá mandamos um dos nossos aviões para servir os nossos irmão ilhéus.

Ouvimos os gestores e políticos a afirmarem, de pés juntos e dedos esticados em vitória solidária, que o avião não fazia cá falta. Que os cenários estavam todos estudados e que não iria complicar a situação das nove Ilhas. Em boa verdade a afirmação tem um terço de verdade. Para as três “Ilhas grandes” não houve grande problema porque estão bastante bem servidas por voos directos, de e para o exterior. Para as restantes, incluindo a nossa que teoricamente é grande, o problema existe e hoje mesmo está “em curso”.

Qualquer visionário, mesmo que fosse míope, poderia perceber que com um avião a menos bastaria uma revisão ou uma avaria num segundo avião para que a “frotinha da SATA” fosse incapaz de se aguentar sem deixar muitos viajantes “pendurados” em terra.

Acrescente-se, à falta de aeronaves, um aumento excepcional do número de passageiros, devido ao fim das férias escolares e ao retorno dos professores, e temos o caos.

Como disse, está a acontecer hoje!

Ouvimos o nosso presidente dizer, há pouco tempo, que seria capaz de governar a Madeira melhor do que o Alberto João. Nunca pensamos foi que o viesse a demonstrar tão cedo e à custa de um sector que já há anos que não funciona bem por cá: os transportes.

Havia, com certeza, outros modelos para exportar.

Já que queremos mandar alguma coisa para a Madeira, mandemos os responsáveis pelas políticas de transporte.

Acabaram de demonstrar que não nos fazem muita falta!