Visitar a Gruta das Torres dá satisfação. Encara-se a construção bem enquadrada com o meio e a estrutura interna funcional e sentimos uma lufada de ar fresco.
Afinal o moderno pode encaixar com o tradicional e deixar um testemunho da nossa passagem. É bom ver que se existe. Que não nos limitamos a tirar o pó às velhas pedras que herdamos. Aliás, gerir bem a herança é, não só mantê-la mas, sobretudo, aumentá-la.
Com este tipo de construção e de intervenção na paisagem, podemos ter a certeza que a herança está bem entregue e que será legada aos próximos com muito mais valor.
É uma óptima lição para aplicar na zona protegida (património Mundial), se a queremos viva e vibrante. Não pensem mais nos Picarotos, de "albarcas", a vindimar uvas de plástico para os Ingleses e Alemães poderem fotografar. Não volta a acontecer!
Pensem antes em manter a paisagem fazendo uma exploração moderna. Nas Pirâmides do Egipto não temos faraós a serem enterrados diáriamente nos túneis do grande labirinto, ao som das palmas dos gentís japoneses. Temos ópera e espectaculos de luz e som.
A demora na apresentação de um plano estratégico de intervenção na zona património Mundial pode ser que signifique uma visão de futuro. Caso seja para manter a ideia de replantar a vinha e reconstruir os carros de bois, o melhor é passar o cheque dos subsídios ao pessoal proprietário de terrenos implantados na zona e, calmamente, esperar que a UNESCO nos retire a classificação.
Quanto à Gruta das Torres, que fique a lição: as inaugurações devem ser feitas quando a obra está pronta e não quando o Governo tem visita estatutária ao Pico. Seria mais sensato ter acabado as protecções dos degraus, instalado as luzes e esperado pelos desdobráveis em línguas estrangeiras para, depois, mandar vir os Secretários e os Directores cortar a fita.
A não ser que lhes custe muito vir ao Pico.
Espero bem que não seja o caso, senão estamos tramados. Lá vamos ter de ouvir, pela milionésima vez, o Serpa a dizer que "os valentes Picarotos transformaram as pedras em pão".
Chega de pão! Venha a "nouvelle cuisine"!
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