È costume celebrar o 25 de Abril relembrando o advento da democracia e da liberdade. É, sem dúvida, uma forma de analisar os acontecimentos: enaltecendo as suas consequências. Desta forma sentimo-nos todos parte do grande evento e, na hora da grande distribuição de cumprimentos e saudações, sentimos que uma pequena parte da honraria nos pertence.
Como já disse, é uma forma de ver os fenómenos e de analisar a história. É inegável a importância do 25 de Abril. É fundamental esse momento de ruptura na continuidade politica e social para a criação de uma sociedade mais desenvolvida e justa.
Estamos de acordo (a maioria pelo menos).
No entanto, para mim o 25 de Abril é um pouco mais do que isso (ou menos, depende da perspectiva). É, sobretudo, a capacidade de um grupo de pessoas decidir que pode e deve acabar com o que está mal. Tiveram a inteligência, a capacidade, o armamento e a coragem de dizer:
- Basta!
O 25 de Abril não foi mais do que isto! A tomada de atitude perante o que consideravam errado. A maior importância, no entanto, não é dada a essa coragem de passar à acção mas sim às consequências dessa acção.
Para mim, a vitória da acção sobre o imobilismo, é a grande lição que deve ser retirada do golpe de estado ocorrido em 1974.
Em síntese, deveríamos ter aprendido que através da acção podemos mudar a situação. Poderíamos ter aprendido, também, que alterar a situação não é negativo e que, pelo contrário, é um factor de evolução em direcção ao futuro.
Se tivéssemos conseguido interiorizar estes ensinamentos, de certeza que estaríamos bem melhor. No entanto, em vez de alterar o que está mal na saúde, na educação, na função pública, na política e em tantos outros sectores da nossa sociedade (a nível macro e micro), ficamo-nos pela saudação aqueles que um dia (já quase mítico, devido à distância temporal) tiveram a coragem de agir.
Na nossa preguiça e falta de coragem honramos os heróis através de discursos.
Quanto mais valia uma acção revolucionária em cada ano de comemoração!
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