Antes de ensacar as mudas, os elixires e outras utilidades para a viagem não tinha passado pela cabeça de ninguém ir parar À ilha de Roatan. No que diz respeito às Honduras, o plano ficava-se pelas ruínas Maias de Copan e nada mais.
O bom de viajar com espaço de manobra é que há mais surpresas, para além daquelas que o desconhecido nos oferece. Neste caso, ainda soava nos ouvidos a simpatia dos Guatemaltecos e as suas expressões comuns: “Olá amigo”, “passe adelante, sin compromisso”, “muchas gracias”, “para servilo” e outras simpatias que, de tanto conviver com os comerciantes da nossa terra, já nos tínhamos desabituado e já a viagem tomava um rumo inesperado.
- Bora a Roatan?
- Bora!
E lá fomos. Com um guia de “mochileiros” na mão, fomos estudando os melhores sítios para ficar e os “hot spots” do mergulho. West end e West Bay eram os espaços escolhidos como tendo mais movida. O perigo era sempre o mesmo: roubos na praia e não andar sozinho no areal durante a noite.
Com esses cuidados em mente, escolhemos o Luna Beach para ficar. Não se situava nem em West End nem em West Bay. Ficava a meio. Fomos recebidos por um americano mais velho que tinha duas paixões (pelo menos); a cerveja “salva vida” e as carnes mestiças no Caribe. Foi com excesso de paixão pelas primeiras que o vimos à noite e, com passo incertos mas real vontade de partilha, nos serviu uma “salva vida”, assim que conseguiu acertar com a chave mestra no buraco da fechadura da arca frigorífica. Sem muitas palavras mas com muita boa vontade.
A localização do “Luna Beach”, que já viu dias mais movimentados antes da passagem furiosa do furacão Mitch, que quase condenou ao abandono a bela Ilha de Roatan, é verdadeiramente estratégica. Situa-se entre West End e West Bay que estão ao alcance de uma caminhada pelo areal ou, para os menos desportistas, na ponta dos dedos acenados nos vários cais de madeira ao longo da praia, que fazem parar os pequenos “Water táxi” que, por dois dólares por pessoa, nos levam onde quisermos.
Relativamente aos perigos; estávamos a salvo do primeiro, graças ao nosso guarda bonacheirão que, sempre com uma das mãos perto, ora do revólver ora da catana que emolduravam a cintura, dizia: “quem dá mais problema são os gringos, pensam que isto é tudo deles”. Relembrava-nos que estávamos na célebre “republica das bananas”, nome dado às Honduras quando as companhias de fruta Americanas decidiam que governava e quem era oposição no País. Esse espírito colonial mantém-se ca cabeça de muitos americanos que, nas Honduras, sentem-se como se estivessem em casa dos empregados.
Quanto ao perigo nocturno, nada a fazer. O restaurante no Luna Beach fechava às 18 e 30 e isso, convenhamos, não são horas para terminar a refeição mais importante do dia. Por isso, praia fora, à luz da lua no primeiro dia e à luz do “foxi” a partir dessa, habituamo-nos a mirar os cantos esconsos e a vegetação próxima do areal, sempre prontos para um mergulho de ocasião. Nunca foi preciso e, pelo contrário, o “foxi” era um bom agregador de turistas tresmalhados que nunca tinham pensado nessa simples solução e, timidamente, pediam boleia na estrada amarela que a nossa luz abria na areia. Na última noite oferecemos o “foxi” a dois gringos mais velhos que se tinham convidado a participar na nossa excursão. Imagino a pobre lanterna a passar de mão em mão e a fazer viagens diárias entre os dois “Wests” (o Bay eo End).
Nem toda a gente tinha a mesma noção de perigo ou o mesmo cuidado. Era a mesma desatenção que os impedia de ver os pirilampos a bailar de arbusto em arbusto. A nossa vizinha, “gringa” quarentona, em viagem com a mãe, abalava noite fora, deixando a progenitora em cuidados, sossegados apenas com uma dose diária de comprimidos para dormir. Tal como nós, sobreviveu e viu coisas, de certeza, que a animavam até à ressaca do dia seguinte.
West End era a rota escolhida. Restaurantes e bares de várias nacionalidades ladeavam a estrada de terra batida mais esburacada que vi, até hoje. Nas várias noites que lá fomos comemos sempre em restaurantes diferentes e, invariavelmente, a qualidade era boa. Pelo menos não houve consequências sanitárias.
Estar em Roatan tem poucos objectivos. São, no entanto, todos muito nobres. O objectivo depende da nacionalidade. As italianas magras e elegantes, enchem os pequenos fatos de banho e esticam-se ao sol durante o dia para ganhar aquela cor magnifica de quem está bem de (e com a) vida. E, ao terceiro dia, já estão com esse aspecto. A maior parte das outras nacionalidades não gostam de se fechar em “Resorts” cheios de gente da mesma nacionalidade e procuram Roatan pela sua fama (e realidade) de ser o sítio mais barato para mergulhar e com a segunda maior barreira de corais do mundo.
A nossa opção foi mista. Umas horas em absoluto descanso, que me permitiram ler o Miguel Sousa Tavares (nunca vi ninguém falar tanto de liberdade e escrever tão amordaçado e agrilhoado. Até o sexo mais tórrido se escoa em cinco linhas e não passa da cintura para baixo), apanhar uns escaldões pontuais, apreciar a gastronomia e dar uns mergulhos muito gratificantes na água quente da Ilha.
Contas feitas, uma só conclusão é possível:
Nice…muito nice Roatan!
O bom de viajar com espaço de manobra é que há mais surpresas, para além daquelas que o desconhecido nos oferece. Neste caso, ainda soava nos ouvidos a simpatia dos Guatemaltecos e as suas expressões comuns: “Olá amigo”, “passe adelante, sin compromisso”, “muchas gracias”, “para servilo” e outras simpatias que, de tanto conviver com os comerciantes da nossa terra, já nos tínhamos desabituado e já a viagem tomava um rumo inesperado.
- Bora a Roatan?
- Bora!
E lá fomos. Com um guia de “mochileiros” na mão, fomos estudando os melhores sítios para ficar e os “hot spots” do mergulho. West end e West Bay eram os espaços escolhidos como tendo mais movida. O perigo era sempre o mesmo: roubos na praia e não andar sozinho no areal durante a noite.
Com esses cuidados em mente, escolhemos o Luna Beach para ficar. Não se situava nem em West End nem em West Bay. Ficava a meio. Fomos recebidos por um americano mais velho que tinha duas paixões (pelo menos); a cerveja “salva vida” e as carnes mestiças no Caribe. Foi com excesso de paixão pelas primeiras que o vimos à noite e, com passo incertos mas real vontade de partilha, nos serviu uma “salva vida”, assim que conseguiu acertar com a chave mestra no buraco da fechadura da arca frigorífica. Sem muitas palavras mas com muita boa vontade.
A localização do “Luna Beach”, que já viu dias mais movimentados antes da passagem furiosa do furacão Mitch, que quase condenou ao abandono a bela Ilha de Roatan, é verdadeiramente estratégica. Situa-se entre West End e West Bay que estão ao alcance de uma caminhada pelo areal ou, para os menos desportistas, na ponta dos dedos acenados nos vários cais de madeira ao longo da praia, que fazem parar os pequenos “Water táxi” que, por dois dólares por pessoa, nos levam onde quisermos.
Relativamente aos perigos; estávamos a salvo do primeiro, graças ao nosso guarda bonacheirão que, sempre com uma das mãos perto, ora do revólver ora da catana que emolduravam a cintura, dizia: “quem dá mais problema são os gringos, pensam que isto é tudo deles”. Relembrava-nos que estávamos na célebre “republica das bananas”, nome dado às Honduras quando as companhias de fruta Americanas decidiam que governava e quem era oposição no País. Esse espírito colonial mantém-se ca cabeça de muitos americanos que, nas Honduras, sentem-se como se estivessem em casa dos empregados.
Quanto ao perigo nocturno, nada a fazer. O restaurante no Luna Beach fechava às 18 e 30 e isso, convenhamos, não são horas para terminar a refeição mais importante do dia. Por isso, praia fora, à luz da lua no primeiro dia e à luz do “foxi” a partir dessa, habituamo-nos a mirar os cantos esconsos e a vegetação próxima do areal, sempre prontos para um mergulho de ocasião. Nunca foi preciso e, pelo contrário, o “foxi” era um bom agregador de turistas tresmalhados que nunca tinham pensado nessa simples solução e, timidamente, pediam boleia na estrada amarela que a nossa luz abria na areia. Na última noite oferecemos o “foxi” a dois gringos mais velhos que se tinham convidado a participar na nossa excursão. Imagino a pobre lanterna a passar de mão em mão e a fazer viagens diárias entre os dois “Wests” (o Bay eo End).
Nem toda a gente tinha a mesma noção de perigo ou o mesmo cuidado. Era a mesma desatenção que os impedia de ver os pirilampos a bailar de arbusto em arbusto. A nossa vizinha, “gringa” quarentona, em viagem com a mãe, abalava noite fora, deixando a progenitora em cuidados, sossegados apenas com uma dose diária de comprimidos para dormir. Tal como nós, sobreviveu e viu coisas, de certeza, que a animavam até à ressaca do dia seguinte.
West End era a rota escolhida. Restaurantes e bares de várias nacionalidades ladeavam a estrada de terra batida mais esburacada que vi, até hoje. Nas várias noites que lá fomos comemos sempre em restaurantes diferentes e, invariavelmente, a qualidade era boa. Pelo menos não houve consequências sanitárias.
Estar em Roatan tem poucos objectivos. São, no entanto, todos muito nobres. O objectivo depende da nacionalidade. As italianas magras e elegantes, enchem os pequenos fatos de banho e esticam-se ao sol durante o dia para ganhar aquela cor magnifica de quem está bem de (e com a) vida. E, ao terceiro dia, já estão com esse aspecto. A maior parte das outras nacionalidades não gostam de se fechar em “Resorts” cheios de gente da mesma nacionalidade e procuram Roatan pela sua fama (e realidade) de ser o sítio mais barato para mergulhar e com a segunda maior barreira de corais do mundo.
A nossa opção foi mista. Umas horas em absoluto descanso, que me permitiram ler o Miguel Sousa Tavares (nunca vi ninguém falar tanto de liberdade e escrever tão amordaçado e agrilhoado. Até o sexo mais tórrido se escoa em cinco linhas e não passa da cintura para baixo), apanhar uns escaldões pontuais, apreciar a gastronomia e dar uns mergulhos muito gratificantes na água quente da Ilha.
Contas feitas, uma só conclusão é possível:
Nice…muito nice Roatan!
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