sexta-feira, janeiro 05, 2007

Referendo

Sempre que o desfecho é conhecido, limito-me a registar os acontecimentos sem demonstrar grande empenho ou interesse.

É o caso do referendo que se aproxima, sobre a interrupção voluntária da gravidez.

De referendo em referendo, vamos continuar a insistir até que a lei seja aprovada. É um dado adquirido.

Por isso, é mais um tema que abordo sem paixão nem firmeza. Limito-me a registar os esforços daqueles que se engajaram numa luta que, do meu ponto de vista, é mais política do que moral ou ética. Tenta-se medir a força dos apoios do Governo através do número de votos no sim. É, no fundo, uma espécie de referendo à confiança que o “bom senso” do primeiro ministro e o seu Governo têm.

Não deixo, no entanto, de ouvir e ler com atenção os argumentos de ambas as partes.

Enquanto que os partidários do sim utilizam raciocínios baseados no respeito da condição e dignidade humana, na saúde física e mental das mulheres e na liberdade de opção, os partidários do não, pelo seu lado, recorrem a uma moral religiosa.

O primeiro grupo de argumentos é claro e apela a uma interpretação da condição humana responsável e matura.

Por outro lado, a segunda linha de raciocínio atira-nos para o universo nebuloso da moral, da definição da alma e da ética que lhe está associada.

Aceito mais facilmente a argumentação pelo sim do que a sua oponente.

E aceito porque a condição humana eu reconheço, enquanto que a condição divina é incoerente. Digo isto porque falamos conceitos subjectivos e místicos que dificilmente podem ser transcritos em leis de obediência geral. Mesmo quem é católico praticante sabe que é incorrecto impor a sua visão do mundo, quanto mais não seja pela multiplicidade de abordagens que o divino tem.

Por outro lado, ou aceitamos o conceito da centelha divina, peça central da posição Gnóstica, e compreendemos a existência do divino nos fetos ou aceitamos a posição Católica de que os nado mortos vão para o limbo (entretanto abolido) sem possibilidade de se aproximarem de Deus. Ou seja, por outras palavras, se os bebés não baptizados são afastados do divino, sem possibilidade de a ele regressarem (ao contrário dos que se encontram no purgatório) é porque não são parte desse mesmo divino. Assim sendo, que havemos de dizer dos fetos que, numa escala evolutiva física e moral, estão num estádio muito inferior?

Se este meu raciocínio é passível de critica e reanálise (claro que é!), deve-se ao facto de ele ser da mesma natureza dos argumentos que advogam o não; moral e religioso.

Pelo contrário, o respeito pela condição humana e pela multiplicidade de escolhas é um argumento irrefutável.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Voar pela coesão

A chuva bate forte contra a vontade de sair e obriga-nos a um descanso que, na realidade, é merecido. Sobretudo depois de um período de tanta festividade e desmando horário.

Tudo bem! Descansemos!

É sabido que Ilhas de coesão já não abundam. De tal maneira que os Açores tiveram de as ir buscar à Madeira. Não sei se por remorsos, depois da questão das finanças locais, ou se por genuíno espírito natalício, mas o que é certo é que lá mandamos um dos nossos aviões para servir os nossos irmão ilhéus.

Ouvimos os gestores e políticos a afirmarem, de pés juntos e dedos esticados em vitória solidária, que o avião não fazia cá falta. Que os cenários estavam todos estudados e que não iria complicar a situação das nove Ilhas. Em boa verdade a afirmação tem um terço de verdade. Para as três “Ilhas grandes” não houve grande problema porque estão bastante bem servidas por voos directos, de e para o exterior. Para as restantes, incluindo a nossa que teoricamente é grande, o problema existe e hoje mesmo está “em curso”.

Qualquer visionário, mesmo que fosse míope, poderia perceber que com um avião a menos bastaria uma revisão ou uma avaria num segundo avião para que a “frotinha da SATA” fosse incapaz de se aguentar sem deixar muitos viajantes “pendurados” em terra.

Acrescente-se, à falta de aeronaves, um aumento excepcional do número de passageiros, devido ao fim das férias escolares e ao retorno dos professores, e temos o caos.

Como disse, está a acontecer hoje!

Ouvimos o nosso presidente dizer, há pouco tempo, que seria capaz de governar a Madeira melhor do que o Alberto João. Nunca pensamos foi que o viesse a demonstrar tão cedo e à custa de um sector que já há anos que não funciona bem por cá: os transportes.

Havia, com certeza, outros modelos para exportar.

Já que queremos mandar alguma coisa para a Madeira, mandemos os responsáveis pelas políticas de transporte.

Acabaram de demonstrar que não nos fazem muita falta!