quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Voar cansa

Saltitante como a borboleta perdida nas correntes descendentes lá seguimos.

Deixar para trás...
abandonar...
Mudar de rumo...

Enfim que se lixe o “borboletar “ da “ave”.

Se quiser aterrar de forma melancólica e cândida no doce perfume da certeza triste do futuro sem alma e sem paixão que o faça. Se, por outro lado, quiser voar alto ao sabor da inconstante descoberta e do sabor forte da pimenta e do picante, de certeza que nos cruzaremos caminhos algures no espaço e na mente.

Decidido que a viagem só é real quando a carne e a mente sentem o processo, aprecio sempre mais as mexidas e solavancos do que o planar manso da bonança.

Assim nada muda. É uma continuidade fatigante e sem graça. Nada se abandona, nada fica para trás e mantém-se o rumo.

Cortando de forma grossa e abrupta garante-se, sobretudo, a liberdade. A liberdade de sentir e sorver a vida em pedaços talhados à dimensão do espírito.

Não será ainda desta.

A distância e o tempo não são suficientes para merecer o pomposo título de “viagem”. Adequa-se mais o meio termo: “pequena incursão”, “desvio de rota”, “pausa no quotidiano” ou até mesmo o miserável “fim de semana prolongado” tanto do nosso jeitinho cultural.

Como uma borboleta sem rumo assim ficamos. Traseiro colado na Ilha e a mente solta onde sempre andou: no meio de nenhures.