segunda-feira, maio 29, 2006

O Size

Discute-se muito sobre a importância do tamanho. As conclusões são muitas e variadas e dependem do assunto em discussão.

Hoje, vinha a conduzir e a pensar no assunto quando reparei numa formiga encavalitada no volante.

Virava para a esquerda e ela corria para a direita. Virava para a direita e lá ia ela desabrida para a esquerda. Travava e ela esticava-se toda, tensa. Acelerava e ela fincava as patas dianteiras e esticava a cabeça.

A sacaninha pensava que vinha a conduzir!

Mantive-me entretido com situação até à distracção. Claro que quando nos distraímos acontecem coisas. E, para não ser diferente, assim foi. Um carro parado repentinamente e a necessidade de virar com urgência.

Pimba! As mãos mesmo em cima da formiga que se finou sonhando com os seus dias de Fangio.

Se lhe perguntasse se o tamanho importa obteria a resposta óbvia:

“Porra! E de que maneira!”.

Se é verdade que o tamanho conta, também é verdade que a medida é subjectiva. `

A nossa pequena Marina é grande na boa intenção de quem a montou.
A nova entrada para os barcos que vão à baleia é enorme comparada com as escadas que a antecederam.
A falta de vontade de iluminar as “traseiras do Clube Naval” é enorme.
Foi uma grande obra a retirada do pré-fabricado da areia funda, em relação ao espaço envolvente.
E por aí fora…

É claro que para a pobre formiga, tal como para muitos desencantados cá do burgo, já nada isto interessa.

Comentários

E aos comentadores, Senhor, porque lhes dais tanta dor?

Pois, na realidade, não dói nada. Apenas temos um crivo que separa os bem intencionados dos “menos bem”.

A possibilidade de manter o anonimato mantém-se!

Quanto aos insultos, boatos, consultas psiquiátricas e outras cenas menos recomendáveis, procurem nova casa.

A política cá do espaço, a partir de agora, pode ser resumida assim:

Poucos, mas bons!

sábado, maio 27, 2006

Aerogare

Contra factos não há argumentos. Quer dizer, até pode haver mas tornam-se débeis e pouco credíveis.

A partir de ontem, para além de uma pista de todos os tamanhos, o Pico tem uma aerogare digna. Dois factos que vão, sem qualquer tipo de dúvida, a favor do prestígio do Governo Regional. Pelo menos no que diz respeito ao investimento na nossa Ilha.

O Pico está de parabéns!

A história da passadeira rolante por montar e dos carrinhos velhos do Faial são meros pormenores que em nada diminuem a utilidade e a realidade da obra construída.

Ainda por cima, ouvi num programa da rádio o Secretário Regional a afirmar que o Pico já justifica dois voos directos semanais. É uma afirmação da maior relevância porque indica claramente uma vontade política, para além de estatística. Ou seja, se a TAP não decidir “agendar” o segundo voo, nas próximas negociações da concessão dos voos para o Pico, a negociação vai implicar, pelo menos, dois voos.

É o que se pode interpretar das palavras do Secretário.

Quanto à inauguração da Gare, apetece-me fazer uma pergunta: Onde estava o “people”? As forças vivas? A “gangada”? Os eleitos e os nomeados? Os filhos e os enteados? Os “bosses” e os mandados?

Que forma indelicada de os representantes nos representarem!

Enfim…

Encerre-se este tema e passemos ao Hospital e à Marina!

sexta-feira, maio 26, 2006

A triste história do "Chuinga"

O “Chuinga” é um tipo banal, não dá nas vistas e aventurou-se pouco na vida. Algumas tropelias conta-as com entusiasmo, outras, coitado, conta-as por ausência da noção de vergonha e decoro.

A que mais repetidas vezes refere, foi a sua aventura à Graciosa. Dois dias longe de casa e um Mundo do tamanho da Ilha para descobrir. Do que melhor se lembra foi da sensação de liberdade que sentiu. Ninguém o reconhecia e, por isso, poucos gozaram com ele.

Das indecorosas, apenas uma após o matrimónio atribulado, que o levou à capital. Em núpcias rumou a Lisboa e, desorientado, alojou-se numa pensão no Cais do Sodré, mais a sua Maria. Cedo foi notado pelos costumeiros da zona. Ele marcava pelo ar atoleimado, ela pelo enfadado com que o aturava. De dia ou de noite, era a Maria que comandava. Ia à frente vários passos, como que se demarcando daquele emplastro que se lhe colava à sombra como um penso anti tabaco se cola à omoplata.

Uma bela noite, fingindo-se distraída, entrou numa das discotecas onde as mulheres sem a sua vontade faziam o que a ela apetecia para ganharem o sustento dos vícios próprios e dos alheios.

Tal a sua ansiedade e vontade se notavam que, mal bateu na cadeirinha de madeira, ainda as pernas não se tinham cruzado e já Abdul, conhecido proxeneta da zona, de ascendência Marroquina, tinha o esquema pensado e pronto a avançar.

E avançou!

Pediu para se sentar, encomendou bebidas e foi ignorando, ostensivamente, a presença do “chuinga” que se sentava na ponta do banco, ligeiramente afastado da mesa, como se não pertence-se aquele quadro.

Algumas horas depois, Abdul mandou sentar a Roberta, juntando ao grupo uma das suas profissionais mais robustas. Negra, alta e musculada, tinha tanto de feminina como de português tinha o seu sotaque de além mar… Pouco!

Abdul, percebendo a névoa que toldava o cérebro do casal, arremessou sem temor nem pudor:

- Que tal uma noite swinger?

O nosso homem balbuciou pela primeira vez. Mais por reflexo do que por exercício mental:

- Uma noite “chuinga”?

E assim se colou o nome à triste figura. Abdul fez o que quis e lhe apeteceu, deixando a Maria extasiada. O “Chuinga” não se lembra de nada, a não ser do “petit nom” que a Roberta lhe aplicou, por motivos óbvios e indescritíveis num espaço decente: “Limpa fundos”.

Encurtando e história, e cortando as partes mais sórdidas, Maria continua em Lisboa e trabalha para Abdul. Roberta, que afinal era um travesti brasileiro foi a Marrocos realizar o sonho da sua vida, que estava na ponta de um bisturi. O nosso amigo “chuinga”, que continua a jurar que não se lembra de nada, que o Abdul não era mau rapaz e que se divertiu muito naquela noite, anda por aí. Não dá nas vistas e continua anónimo roído pelas saudades da Maria e da Roberta. Sonha com um reencontro e, na maior das inocências, daquela que só é possível na ignorância absoluta, escreve por todo o lado o seu grito de socorro:

- um bar “chuinga”, por favor!

Esteve neste Blog, o triste, e escreveu o mesmo. Sejam pacientes com o pobre tolo que sofre muito.

quinta-feira, maio 25, 2006

Património Mundial?

Houve anos seguidos de esquecimento. Ninguém passava pelo Pocinho, nem para tomar banho. As visitas, mais nocturnas do que diurnas, tinham o objectivo de apreciar os cagarros nos seus voos picados, entre outras coisas, claro!

Aos poucos a zona tem-se tornado apetecível. Sobretudo devido a algumas intervenções da Junta de Freguesia. O Pocinho tornou-se numa zona balnear importante para a Madalena.

Óptimo!

O pior é que, quando as coisas correm bem, os abutres correm para comer o seu quinhão. De votos, suponho eu.

Este ano tornou-se no mais concorrido.

A Junta, como sempre, cumpriu a sua parte e fez a limpeza da zona de lazer.

O Ambiente prepara uma intervenção permanente para o Cais (trabalho muito importante mas com timing discutível).

A Câmara, que nunca cá esteve, também veio. Tirou parte da barreira natural e fez um muro de estética discutível, para impedir os carros de estacionar ao largo da zona balnear. Quantos mais carros no meio do caminho e a impedir o acesso à agua, melhor!

Agora cá temos a EDA a aplicar postes de betão e mais linhas aéreas. Vai ficar muito “bunzissimo”, de certeza.

Quem será o próximo?

E eu que pensava que isto de ser classificado Património da Humanidade implicava regras específicas de preservação e de intervenção.

Será?

A passagem aérea para residentes é mais cara do que uma PEX. Os locais não podem optar pela tarifa mais baixa.

Será legal?

quarta-feira, maio 24, 2006

Cuba Livre (como nós)

Corre lesta a memória ao sabor do piano afinado. Esbafurida a lembrança acompanha os serões de outros tempos em que o som clássico se sobrepunha à vontade de presente e à futilidade dos caprichos momentâneos.

Uma “chucrute” em Munique, uma francesinha especial no Porto, um cus cus em Marraquexe e uma bifana na tasca, na festa da Madalena, envolto em plásticos de cor negra.

Ontem ou antes…

A memória confunde os factos e guerreia a atribuição de atributos. A vida corre-nos nas veias e, fora delas, para longe de nós.

O tempo passa!

Quem se lembra de ter reunido no núcleo do PS da Madalena. Quem se lembra do último dia em que, tal ceia envenenada, as eleições aconteceram.

Todo o mundo sofre!

As fortes cólicas abdominais pululam no concelho.

Pior!

Limparam os rechonchudos traseiros aos estatutos!

A música continua suave para os ouvidos dos puros. Oiço ao longe o grito do idiota:

- Puros? Pois que viva Fidel!

segunda-feira, maio 22, 2006

Explorar ou não explorar…

Não estou de acordo com a política do Governo Regional de entregar a exploração dos seus “negócios” a Associações ou Agremiações.

Acho que os privados estão mais vocacionados para o desenvolvimento dessas explorações e poderiam fazer um melhor trabalho; na qualidade do serviço, na sua divulgação e na garantia de uma continuidade.

Refiro-me, por exemplo, à Gruta das Torres, à Casa da Montanha e aos bares das piscinas naturais.

São estruturas importantíssimas para a Ilha do Pico e o seu cartão de visita mais imediato. Todos os “passantes” as visitam, mesmo que não fiquem na Ilha.

Assim sendo, creio que os Bombeiros não terão capacidade para explorar nas vertentes lúdica, cultural e pedagógica a Montanha. São, sem dúvida, uma Instituição que merece todo o respeito, prestam um serviço meritório (de que já beneficiei) mas cuja vocação, sejamos realistas, não é a animação nem a exploração turística.

Os montanheiros, verdadeiros “carolas”, correm por gosto. Sem dúvida: por gosto às grutas, furnas e afins, não pelo gosto do negócio. E, como sabemos, se a estrutura não se auto financia, acaba por se degradar.

As Associações que gerem os bares, têm um papel fundamental na preservação e divulgação do património cultural da Ilha mas, convenhamos, a vocação empresarial falha-lhes.

Creio que estes negócios poderiam ser um incentivo, nas mãos dos particulares, para o fortalecimento do espírito empresarial dos “picarotos”. Os resultados só poderiam ser melhores.

Claro que os empresários seriam os primeiros a contratar as Associações para desempenharem as suas verdadeiras funções: salvamento e segurança, ensino e exploração e animação cultural.

Digamos que ficava tudo melhor arrumado.

domingo, maio 21, 2006

Souvenirs

Somos uma terra com poucos "souvenirs" para vender aos turistas que gostam de lembrar os sítios por onde passam com objectos "étnicos".

Em Singapura vi estes modelos que se adaptam à nossa realidade.

Fica a ideia para os artesãos.

Clube Naval

O Clube Naval tem nova Diecção.

Sem deixar de reconhecer que a direcção anterior fez um trabalho meritório, fico satisfeito por saber que esta Associação está entregue a um grupo jovem. Penso que estão reunidas as condições necessárias para, definitivamente, dinamizar o Clube e a zona envolvente.

Esperamos um crescimento na formação dos jovens, no que diz respeito às modalidades “do mar”, a recuperação (finalmente) do edifício do Clube Naval, e a pressão na requalificação da zona envolvente: limpeza, iluminação, demolição ou reconstrução de “armazéns” abandonados, entre outros.

Sei perfeitamente que a algumas destas realizações não dependem directamente da Direcção agora eleita. No entanto, havendo dinamismo e imaginação, a capacidade de pressão e criação sinergias é muito superior.

Bom trabalho!

sábado, maio 20, 2006

Ilha Maior

Vai reunir a Assembleia Geral do Circulo de Amigos da Ilha do Pico, para eleger os novos corpos gerentes do Jornal Ilha Maior.

É uma óptima oportunidade para repensar a estrutura, a imagem, a política editorial e, porque não, os próprios objectivos estratégicos do Jornal.

O Ilha Maior é um marco da Madalena.

Porque não torná-lo num marco da Ilha ou, sendo ambiciosos, uma referência no triângulo. A concorrência não me parece muito forte.

Em termos editoriais, o Ilha Maior tem fases mas mantém uma linha mais ou menos definida: artigos de opinião (muitos deles sobre política Nacional ou Internacional), pouca ou nenhuma investigação, de vez em quando uma entrevista, algumas rimas soltas, notícias poucas, alguma propaganda (artigos dos políticos) e desporto q.b..

O Ilha Maior mantém uma opção que se quer intelectual. Segue, no fundo, uma linha “tipo expresso e jornal de letras”, à dimensão do presidente do momento.

Gostava de ver mais informação, mais factos locais, mais investigação e melhor imagem. Gostava que a vida da comunidade fosse mais divulgada.

Por outro lado, saindo à sexta-feira, as notícias do desporto (que constituem a maioria das notícias do jornal) estão fora de época, mais do que sabidas e comentadas.

Se calhar não era má ideia aumentar as tiragens ou alterar o dia de publicação. Por exemplo, se houvesse uma edição à segunda-feira, poderíamos aumentar a componente desportiva e teríamos algo de novo para ler. Com a vantagem se serem notícias frescas.

Alargar o “corpo de colaboradores” era uma boa ideia. No contexto do crescimento e da conquista de novos mercados, porque não incluir correspondentes do Faial e de São Jorge.

Havendo visão e vontade, muito pode ser feito para melhorar o Jornal.

No entanto, Se a opção for pela continuidade, esta será mais consciente se as alternativas forem debatidas. Sem se saber os prós e contras de uma via diferente, não temos a certeza de a escolhida ser a melhor.

De qualquer forma, seja qual for a opção, e caso o esquema rotativo de presidências faça com que o próximo mandato calhe ao J.A.S., alguém que lhe escreva os editoriais.

sexta-feira, maio 19, 2006

O medo da invasão

Tenho acompanhado a polémica sobre os materiais utilizados na construção. Nunca a eleição entre a madeira, a pedra e o betão esteve tão in como agora.

A polémica ultrapassa fronteiras e chega a outras ilhas e vários meios de comunicação. O medo é comum e o pânico generalizado.

Socorro que vem aí a moda de construir em madeira!

A invasão do pré-fabricado está em curso e já nem os nossos amigos americanos a podem travar, dizem, “afanicados”, os mais receosos.

Não se pense que a discussão é nova. Já há muito tempo, num local nunca bem identificado, os três porquinhos discutiram sobre o mesmo assunto. Também eles, através da experiência, que é a fonte da sabedoria popular, concluíram que o que era bom, seguro e bonito era construir uma casa com tijolos e muita argamassa.

Os tempos mudam e as histórias também. O bufo do lobo mau deixou de ser uma ameaça e o centro da discussão reorientou-se. Passou-se a discutir a questão da integração em substituição da segurança.

Amaricou-se a coisa! Em vez da força, passa a contar a beleza!

A maioria pende, neste duelo de materiais, neste concurso de “miss house”, para a exclusão da candidata mais jovem. Que não tem idade nem tradição, que é fraquita, que vem de fora ou, mais refinado, são modernices de estrangeiros. E a ladainha, acompanhada de abanões de cabeça afirmativos, prossegue até ao pânico.

“Vão-nos lixar a tradição!”

“Pois, tá sujeito!”

E não há-de vir mal nenhum ao mundo por isso. Para começar, acho que a concorrente “madeirenta” deve entrar na corrida ao título. Cá na nossa “pedra”, até há tradição de construção de casas ou zonas exteriores em madeira. Veja-se, por exemplo, a Junta de Freguesia da Madalena, a casa da Criação Velha, as “torrinhas” das casas da Vila e, indo mais longe, as frontarias em cimento imitando madeira.

Por outro lado, a madeira tem a mesma nobreza da pedra. Provêm do mesmo tronco comum: a família da “natureza”. Quanto ao betão, mais tipo “VIP Açores”, é de famílias mais recentes, mais aburguesadas mas com menos “pergaminhos”.

A concorrente Pedra continua a ser “charmosa”, apesar da idade. Já poucos a escolhem para “casar” (digo, fazer casa). É aquela que todos dizem bem, que até é eficiente, que é gira e inteligente mas que, no final, no escondido, acaba por ficar solteira.

A de betão, isso sim! Molda-se à gente!

Pode ser grandalhona e marcar presença (tipo correios da Madalena), pode ter uns lindos pezinhos (como o azulejo de interior espetado no exterior da Filarmónica), pode ter os atributos pequeninos e subidinhos (como as janelas da nova construção em frente à Filarmónica), pode ser imponente e majestosa (como os armazéns e outros estabelecimentos que pululam na vila) e coroa de glória, pode-se ver tudo por dentro da roupagem (como a nova Câmara).

Enfim, o betão, é como o silicone e o botox. É só ter dinheiro que dá para fazer como se gosta.

Cada um com a sua mania!

O problema é exactamente esse. As casas reflectem as manias do dono, uma vez que as aprovações são muito liberais.

Essas manias materializam-se sempre, independentemente dos materiais utilizados.

Uma casa feia é uma casa feia.

Há grandes aberrações construídas em madeira no Centro da Vila (tipo esplanadas abarracadas à moda da “Azinhaga dos Besouros”), há abortos em cimento e “coisas menos conseguidas” em pedra.

O oposto também é verdadeiro.

Há construções agradáveis e bem integradas em todos os materiais!

quinta-feira, maio 18, 2006

Esticar o Verão

O maior lamento, no que diz respeito ao turismo, é o que refere a duração da época alta. Habituados a olhar apenas para o nosso umbigo, avaliamos as necessidades dos outros pela intensidade dos nossos desejos.

É uma asneira!

Quando ouvimos (e acontece quase todos os dias) o pessoal a “cramar” que o Verão é só Julho e Agosto, estamos a ouvir, apenas, o nosso conceito de Verão. Agarrados a esta “verdade”, que o Verão são dois meses, colamos o conceito à época alta do turismo. Aqui do erro do conceito, passamos à asneira da atitude.

As esplanadas são montadas tardiamente, os organismos públicos fazem as pinturas e os arranjos exteriores a meio da época, fazem-se as obras públicas em cima do calor, o horário das lanchas é tardio (a existência delas uma incógnita) e, entre muitos outros exemplos, os locais de visita turística não estão preparados.

Para este ano já pouco se pode fazer. Os Ingleses já estão na piscina, os Alemães a ver baleia, os portugueses a subir à montanha e, muitos outros estão espalhados pelos quatro cantos da ilha e a “casa ainda não está arrumada”.

Quer se queira compreender ou não, de ano para ano há um aumento do turismo e um início da época cada vez mais cedo.

Isto só mostra que o conceito de Verão não é Universal. Assim sendo, e como já nada podemos fazer este ano (já vou gramar as obras na costa, que ainda não começaram, em Junho), ao menos que se aprenda qualquer coisa para o próximo ano.

Montem-se as esplanadas mais cedo, a APTO (que tem feito um bom trabalho) que reveja o seu calendário, o Ambiente que trate da costa no início de Maio, a Câmara que faça o que lhe compete e os empresários que parem de olhar os turista como uns tipos que se enganaram na data.

Já agora acabem a casa da montanha, iluminem a gruta das Torres, abram a esplanada da piscina da Criação Velha e avancem com as instalações da zona classificada.

Vão ver que, com pouca coisa, se consegue esticar o Verão.

quarta-feira, maio 17, 2006

A velha, o doente e a rafeira

O enorme buraco por onde penetram as naves espaciais, também elas em formato “supositóide”, é uma criação deslumbrante que não cessa de nos maravilhar.

Curioso é o facto de o macro se repetir no “imensamente macro”, da mesma forma que se reproduz no micro e no “mini micro”. As estruturas assemelham-se de forma assustadora. E não se pense que me refiro apenas à matéria celestial. Pelo contrário, as estruturas humanas e animais seguem o mesmo padrão repetitivo e previsível.

Assim chegamos à minha história:

Tenho cá em casa uma cadela, a “morgana”, a quem a idade pesa mais do que ela gostaria. Cansa-se a andar, subir escadas é uma tortura e lutar pelos seus direitos uma canseira que lhe trás, apenas, um maior desgaste do já fraco coração. Por isso, e porque não tem outra alternativa, vai aceitando pequenas invasões e perdas de privilégios. No fundo, e de uma forma realista, resigna-se à posição que sempre impôs aos outros: a de personagem secundária. Assim sempre evita que lhe aumentem as dores reumáticas.





Outro personagem, outrora rei do grupo, é o Merlin. Do alto do seu físico impressionante, nunca encontrou rival que o igualasse. Comia primeiro, levantava a pata e largava a sua assinatura nos quatros cantos do território e, sem precisar de muito esforço ou empenho, mantinha o resto do gang a uma distância segura, na hora das refeições. Agora, doente, magro e meio confuso da medicação, tropeça no seu próprio pé, manifesta os primeiros sinais de incontinência e depende de quem lhe quiser dar os medicamentos a horas. Do seu orgulho resta-lhe apenas o rosnar, mais amedrontado do que decidido, que consegue emitir quando sente o primeiro toque na cauda, na hora de “ver a febre”. Privilégios é coisa de já não se lembra quando, com um olhar confuso e agradecido, chega a hora da pequena refeição que o seu estômago dorido comporta.



A terceira personagem dá pouco nas vistas. É rafeira de origem e levou as pancadarias da vida. Nunca sonhou muito mais longe do que o prato do dia a dia e, chegava mesmo a ir enterrar uns bocados de comida para precaver o seu futuro incerto. Agora, sentindo a debilidade dos outros, rodeada de doentes e velhos, mostra as suas garras. Calmamente e de forma calculista vai ganhando terreno, alimentando-se das fraquezas dos outros.



Tal e qual como na vida real!

terça-feira, maio 16, 2006

Restaurantes

Sou um admirador da linguiça e do torresmo. Gosto da comida e, sobretudo do convívio que ela arrasta, apesar de não me considerar um devorador alarve.

Como a maioria das pessoas, não me incomoda o pratinho de plástico e o “vinho de cheiro”, desde que seja nas festas da costa, na adega dos amigos ou nos churrascos de Verão.

No que toca a restaurantes, a coisa fia mais fino. A comida é, para mim, um elemento secundário. Aprecio, sobretudo o ambiente e o convívio que o pretexto da refeição arrasta.

Neste campo, dos Restaurantes, estamos mais ou menos tramados. Até que se come bem em alguns mas a arte de “empratar”, a decoração dos espaços, o serviço e a variedade da oferta são factores completamente alheios das nossas práticas.

No Verão, apesar das deficiências, há clientes para todos. Este facto não é um elogio mas sim a o resultado da simples contingência de não haver escolha.

E os turistas “penam”!

Penam por vários motivos:

falta de lugar (tá tudo cheio para comunhões!),
falta de horário (a cozinha fecha às nove!),
falta de Restaurante (estão todos fechados, ao mesmo tempo, para férias),
falta de higiene (a carne sabe a peixe porque a grelha é só uma!) e
falta de responsabilidade (pois! O senhor tinha reserva mas como não tínhamos mais clientes, resolvemos fechar!),

entre uma longa lista de faltas que não vale a pena enumerar exaustivamente.

Há, no entanto, algumas alterações simples que, associadas à boa qualidade das nossas matérias primas (bons peixes e boa carne), poderiam alterar radicalmente a qualidade da nossa restauração:

Havendo uma falta generalizada de sentido estético, sobretudo por desconhecimento de outras realidades, não ficava nada mal pedir ajuda para melhorar os espaços.

Sendo um dos problemas a falta de pessoal devidamente formado, acho que a Escola Profissional, em vez de andar a fotocopiar dossiers de ano para ano, poderia organizar formação específica para o sector.

A pobreza das ementas (como são repetitivamente chatos estes jantares!) poderia ser banida através de uma maior diversificação da oferta.

A apresentação dos pratos é, regra geral, pobre e limita-se a dispor, lado a lado, os diferentes elementos. Empratar é uma arte e o expoente máximo da culinária. A refeição deve ser, cada vez mais, um momento de prazer dos sentidos.

Muitas mais coisas podem ser feitas para melhorar a nossa restauração mas, para começar, não estava nada mal se seguissem estes conselhos.

(Esta sobremesa foi-me apresentada num restaurante em Singapura)


segunda-feira, maio 15, 2006

Uma questão de bom-senso

Depois de concluirmos a “vista de olhos” sobre as questões legais e morais inerentes ao exercício de cargos na Santa Casa e de termos visto alguns factos que nos fazem pensar sobre a estrutura e o carácter dos “bosses”, devemos exercer algum espírito crítico relativamente a questões relacionadas com a honestidade do raciocínio na interpretação dos estatutos da Irmandade.

É sabido que os “membros dos corpos gerentes só podem ser eleitos, consecutivamente, para dois mandatos…”.

Também é sabido que, invariavelmente, quando se aproxima a data das eleições, lá está no cantinho do jornal a convocatória para uma assembleia geral que “autorize” os “senhores membros” a repetir a aventura da candidatura.

O que é pouco discutido, infelizmente, é o facto de a “assembleia geral” só o poder permitir reconhecendo, expressamente (sem meias palavras) o seguinte: “que é impossível ou inconveniente proceder à sua substituição” (dos “bosses, claro!).

Aqui é que passamos ao bom-senso. Como é que se explica que é impossível substituir uma pessoa comum quando até há voluntários para o substituir?

Aqui começa a desonestidade intelectual. É claro que, ao fazer a tal “assembleia geral” antes do período de apresentação de candidaturas, a ideia que fica é que: “não há candidatos”. Logo, é impossível a substituição.

Treta!

Em primeiro lugar porque a não apresentação de candidatos nessa altura não implica a sua não candidatura posterior. Logo: é impossível afirmar que é impossível a substituição dos “membros”. Assim sendo, o primeiro argumento é falso.

A única hipótese de manter a “desculpa” é se todos os irmãos assinarem uma declaração afirmando que são incapazes de realizar as tarefas da direcção: que são todos tolos, assumidamente!

Esta hipótese é absurda!

Resta-nos o segundo argumento: a inconveniência da substituição. Tirando o facto de ser inconveniente para o próprio, só podemos aceitar este argumento se estiverem em causa negociações delicadas em matérias de grande importância para a Irmandade ou se, por outro lado, estiver um projecto em vias de conclusão.

Aceita-se, nestes casos o argumento!

No entanto, na tal acta da “assembleia geral”, devem estar explicados os motivos da inconveniência.

Optando por esta solução, há um problema. Uma questão de bom-senso. Aceita-se uma recandidatura extraordinária para dar tempo aos “órgãos” e aos “membros” para acabarem o tal projecto ou as negociações.

Quando, aproveitando este argumento, vão sucedendo os pedidos de manutenção no cargo, há que desconfiar. Não é uma atitude honesta nem transparente e denota alguma incompetência. Pois se um novo mandato não é suficiente para acabar o projecto ou prepara-lo para ser gerido por outros, é porque não foram capazes de cumprir o prometido.

Fazendo tábua rasa dos vários mandatos que se têm sucedido, podemos concluir, com muita boa vontade, que há uma justificação para o exercício deste novo mandato. Até porque não é normal haver listas concorrentes. No entanto, à luz dos acontecimentos recentes e havendo uma lista para as próximas eleições, a saída dos actuais “bosses” é um imperativo de consciência.

Havendo um “período extra” para preparar a substituição, seria de “bom tom” que o próprio “bosse” dos “bosses” não demonstrasse qualquer intenção de recandidatura.

É uma questão de, no mínimo, bom-senso!

sábado, maio 13, 2006

Arte efémera

A arte efémera é uma das manifestações de sensibilidade estética mais evoluídas que conheço. Sem qualquer apego pela continuidade, pelo reconhecimento e pelo legado às gerações futuras constroem-se obras de arte pelo puro prazer dos sentidos e da alma.

Este tipo de manifestação artística está ligada, pelo menos nas suas realizações mais reconhecidas, a um estado de espírito religioso.

Quem não conhece as “mandalas” tibetanas, por exemplo.

Na Madalena podemos ver, em associação, duas das manifestações sociais e culturais mais profundas: a manifestação religiosa e a coesão social.

O resultado, apesar de durar pouco, vale a pena ser visto.







sexta-feira, maio 12, 2006

O poder da linguagem



Desde muito novo, fui habituado a considerar todas as culturas como importantes. Mais ou menos livre de preconceitos, cedo descobri as vantagens da comunicação sem intermediários.

Ainda agora gosto de ouvir as histórias, sempre que possível, na língua materna onde nasceram. Acho mais autêntico!

Hoje, em frente a minha casa, dei com a mensagem que em cima reproduzo.

Inicialmente, pensei que se tratava de uma obra de arte. Uma pintura actual feita por uma mentalidade rupestre. Descartei a hipótese (a da obra de arte, não a do autor)!

Seria um grafitti? Talvez não. Não imagino o “pançudo” (maneira de dizer, claro!) a andar de skate e, de lata na mão, largar aquilo como se a sua assinatura se tratasse.

Tinha de ser uma linguagem. Uma forma bastante primária de comunicação mas, mesmo assim, possuidora de uma mensagem.

Tentei descodificar.

Uma suástica….uma cruz gamada…o símbolo Budista que significa “bons ventos”, associada a uma cara magrinha. Estranho!

Quererá dizer que vêm aí os bons ventos do verão e que trarão consigo as magrinhas em fato de banho?
Pode ser!

Quererá dizer que os bons ventos trarão, em breve, uma solução definitiva para o Darfur?
Era bom!

- Ó home! Tem juízo!

Lá estava o meu mestre. Sempre que necessito, em horas difíceis ou de indecisão, é o único com que posso contar. O homem do Pico!

- Bem hajas ó guia! Porque me mandas ter juízo?

- Porque pareces tolo com essas conversas. Aquilo é uma cruz do “Hitla” e uma caveira.

Pasmei….

- Então…

- Claro home!

- Então “péra” lá que vou responder! Também conheço essa língua!

E respondi!

Claro que, como não sou vândalo, amanhã apago. Se não for amanhã, será noutra altura.

(para ver a resposta convém comparar as duas fotografias)

quinta-feira, maio 11, 2006

Uma questão de moral

Voltando à vaca, antes que arrefeça, cumpre-me terminar a trilogia. A segunda etapa deste Matrix à moda da Madalena e que tem a ver com a nossa Santa Casa, visa as questões da elevação do ser e da eternidade. Pior que uma auditoria das finanças deve ser o momento da entrada para aquele recinto celestial onde, como se lê nos quartos de banho públicas, “todo o cobarde faz força e todo o valente se caga (de medo)”.

Não é para menos: a eternidade é longa.

Este comentário faz sentido se repararmos que nos estatutos da Santa Casa está escrito que, para se pertencer à irmandade, é necessário “gozar de boa reputação moral…” e “aceitar os princípios da doutrina e da moral cristãs…”.

Como sou curioso, consultei vários documentos e, todos eles, nos dizem que a expressão não é aplicada no sentido figurado. Pelo contrário, somos remetidos para as suas formulações “mais típicas”. A saber: as bem-aventuranças, os conselhos evangélicos e, para que não restem dúvidas, os mandamentos.

Os mandamentos são aquela dezena de pequenas frases de natureza maçónica (porque esculpidas na pedra), que nos fazem lembrar um gigante colérico e ameaçador que nos atirará para o fundo poço do demónio se, por exemplo, de forma distraída e malandra, “catrapiscarmos” as olheiras ébrias à dama do cavaleiro míope e ausente dos deveres conjugais.

Em síntese, no que à irmandade diz respeito, quem pecar “tá fora”!

Há que rezar, frequentar as missas, cumprir os mandamentos e acreditar nas bem-aventuranças. E tem de ser na totalidade! Um pecadilho, mesmo daqueles menos vistosos e está o “caldo entornado”.

Por esse motivo não sou “irmão”. Há uns tempos, já não me lembro da data exacta, uma irmã “das primeiras” propôs a minha entrada na irmandade, cumprindo todos os “proformas” necessários.

Fui rejeitado!

Nunca houve justificação nem a mim nem, por cortesia, à pessoa que me propôs (a quem eu agradeço a confiança demonstrada e a ousadia da decisão).

Até compreendo porque fui rejeitado!

É um facto que nunca fui a pé a Fátima, não rasguei as joelheiras em frente ao altar nem, à boa forma do “Código Davinci”, coloquei os cilícios em forma de liga. Para dizer a verdade, nem as básicas deslocações domingueiras ao lugar do culto tenho tido tempo e disponibilidade para fazer.

Lógico que fui rejeitado! Estava à espera de quê?

Ainda por cima quando conhecemos a natureza pura e cândida das pessoas piedosas e obedientes à igreja que estão à frente dos órgãos sociais da Santa Casa. Esses santos homens que, contra todas as tentações da alma e da carne, resistem estoicamente com o único objectivo de nos mostrar o “caminho” da salvação.

Sem mácula, com o maior desprezo pelas suas próprias necessidades, são os que nos salvam. Bem hajam!

Bem hajam por serem dois esteios da moralidade, dois bastiões da sã conduta, duas torres Petronas da fé e dois supositórios gigantes dos bons costumes…



(Malasia 2005 - torres Petronas - Foto do autor)

quarta-feira, maio 10, 2006

Divulgar o Pico

A divulgação dos Açores em geral e da Ilha do Pico, em particular, é uma tarefa que se quer continuada.

Trata-se da aplicação da máxima "água mole em pedra dura...".

A Direcção Regional do Turismo tem feito algum trabalho nesta área. No âmbito das suas actividades já estiveram, este ano, no Pico repórteres Holandeses, Franceses e nacionais.

O único contra, do meu ponto de vista, é que as reportagens saiem, normalmente, muito em cima dos meses do Verão (normalmente em Junho e Julho), o que não é compativel com a necessidade daqueles que gostam de planear as férias com bastante antecedência.

Penso, também, que este trabalho tem de ser complementado com a iniciativa "da privada". E isso tem acontecido.

Dou alguns exemplos a seguir:

Blue Living

Rotas e Destinos

Islands

Evasões

Jornal de Negócios

Vogue

Simply Blue

Hoteis e Viagens

Evasões

Prémio Viagens

Evasões

Repubblica

Outras publicações já sairam, entretanto, mas ainda não estão disponíveis on-line.

Por exemplo: na revista do Jornal de notícias e na revista do Banco Barclays, entre outras.

Para breve teremos reportagens na "Rotas do Mundo" e na "Próxima Viagem".

(mais uma vez os comentários desapareceram.)

terça-feira, maio 09, 2006

O futuro (para quando?)

Uma das frases mais batidas do triângulo é a que diz que o Pico é a Ilha do Futuro.

Para quem tem muito futuro à frente, sempre vai dando para esperar que os tais “dias melhores” cheguem. Também, não há muito mais para fazer…

Para os restantes, os que já estão com cãimbras nos músculos de tanta espera e cujo traseiro, de tanto dorido, já anestesiou, o tal futuro começa a parecer-se com a travessia do deserto das tribos de Israel. Chata, monótona e cheia de miragens.

Sendo objectivo, algumas coisas importantes já foram feitas. Por exemplo o aeroporto.

Sendo objectivo, outra vez, muitas mais coisas podem ser feitas de imediato.

Sendo uma das apostas, para que esse futuro brilhante se manifeste, o investimento no turismo, seria de esperar que se criasse, na nossa ilha, uma estrutura que representasse esse sector. Tal como o Ambiente, Obras Públicas e outras “delegações”, também o turismo da Ilha só teria a ganhar se contasse com uma estrutura que estudasse o fenómeno, desse pareceres (retirando o enorme peso que as Ilhas do Faial e São Miguel têm a analisar os projectos da Ilha Montanha), avaliasse a oferta e propusesse janelas de oportunidade (áreas de investimento, formação profissional, fiscalização das unidades, etc).

Desta forma conferíamos dignidade, profissionalismo e seriedade ao sector que maior desenvolvimento e vitalidade tem demonstrado nos últimos anos.

segunda-feira, maio 08, 2006

Questões de Direito

A Santa Casa da Misericórdia da Madalena tem, logo no seu primeiro artigo dos estatutos a afirmação, segundo a qual é Associação de Fiéis, constituída na ordem jurídica canónica.

Era bom!

Esta referência anularia, em teoria, a possibilidade de recorrer a tribunais comuns para resolver as questões internas, como por exemplo, a anulação de eleições por deficiências inerentes ao acto.

E assim estaria tudo na paz do Senhor! Tão bem estaria que os membros pertencentes aos Órgãos Sociais não teriam de responder pelos seus actos, na medida em que as decisões seriam sempre imputadas ao colectivo: à irmandade.

A realidade é diferente e mostra que não basta aprovar uns estatutos em Assembleia Geral para que a sua palavra seja lei.

Vejamos:

1- O Dr. Vítor Melícias, presidente do Secretariado Geral da União das Misericórdias, no seu texto intitulado a Natureza Jurídica das Misericórdias (Col. Lusitânia Canónica nº 10 2005) afirma, sem qualquer dúvida e depois de um estudo exaustivo, que as Misericórdias são Associações de direito privado.

2- Também o Supremo Tribunal de Justiça já afirmou que: “O contencioso eleitoral das Misericórdias não fica sujeito à apreciação do Ordinário Diocesano, por força do regime implementado pelo DL 119/83”…”são, por igual, instituições laicas inseridas no mundo temporal onde prosseguem fins…”

3- Entre muitas, refira-se a sentença do Tribunal da Relação do Porto que diz: “…apesar da Irmandade prosseguir fins religiosos (sujeitos a orientações episcopais), não deixa de estar em tudo o que extravasa estes fins de solidariedade social e espiritual, sujeita ao regime das associações laicas e, consequentemente, nestas matérias, sujeita à alçada dos Tribunais Comuns”

Assim sendo, os irmão que acharem que há motivos para impugnar as eleições da Santa Casa da Misericórdia, deveriam dar menos importância à vontade social de demonstrar em público que têm razão e seguir a via dos Tribunais.

Era um descanso para todos!

sábado, maio 06, 2006

Triangulações

Fala-se muito das Ilhas do Triângulo. Parece-me que, no que diz respeito a complementaridades, interacções e identificação estamos perante um triângulo que, em vez de ter uma hipotenusa, não passa de uma hipótese obtusa.

Vendo os diferentes tipos de triângulos, a única conclusão próxima e consistente é a que nos mostra que os lados que vão dar a São Jorge são muito mais longínquos do que aquele que liga o Faial ao Pico. Aliás, a distância real é muito maior do que a geográfica. De facto, São Jorge está tão longe fisicamente, apesar de a vista a alcançar, que o próprio conceito de triângulo deve ser revisto.

Neste triângulo, que por ironia até é obtuso, a mediana mais fácil de calcular é a das políticas de aproximação que são implementadas. A ironia é maior quando verificamos que o centro de gravidade do triângulo (o ponto de intersecção das três medianas) situa-se, precisamente…no meio de nenhures, no oceano. Como na batalha naval: na água!

Havendo, portanto, um triângulo imaginário, há que dar-lhe forma, torná-lo real. Em primeiro lugar devemos definir o que não queremos. Isso é mais ou menos fácil: nem triângulo das Bermudas, nem triângulo amoroso, também chamado de obsceno. Instrumento de percussão (vulgo ferrinhos) também não é muito boa ideia, até porque é muito utilizado no “forró”.

E de “forrós” e “forrobodós” estamos nós fartos.

O que queremos é um triângulo funcional. Pode ser pequeno e jeitoso, desde que não embarace os senhores Tales e Pitágoras.

Para arrancar com a construção dessa figura de que tanto falamos seriam necessários, pelo menos, três passos importantes:

- Dar-lhe unidade afectiva e emocional. Largar, de vez, a teoria da relação senhor/feitor que, de há tanto tempo fenecida, já pouco mais merece do que o nosso adeus.

- Criar, com carácter de permanência, os tais lados que agora faltam. Para isso é fundamental o aumento dos transportes inter ilhas. Não me refiro a grandes barcos mas sim a pequenas embarcações que cirandem de ilha em ilha a toda a hora. Que dê para almoçar no Faial, tomar café no Pico e lanchar em São Jorge.

- Largar o conceito Euclidiano de espaço imutável e criar sinergias que subvertam a falsa especialização das Ilhas. Para tal, numa visão de complementaridade, mais do que de concorrência, bastaria, para começar, a construção de uma Marina na Madalena.

São pequenos passos para a humanidade mas grandes passos para os ilhéus do meio!

quarta-feira, maio 03, 2006

Big boat, Little money

Vi, no programa “Bom Dia”, uma reportagem sobre a vinda de um barco de cruzeiro à Ilha do Pico. Pelo que percebi, trata-se de um barco que opera nos Pólos e que, no intervalo da “season” vem dar umas “voltas” ao Arquipélago.

Esta foi uma viagem experimental.

O referido barco, apoiado pelo Governo Regional (se bem percebi), faz o “tour” das nove Ilhas, com paragem na Vila das Lajes.

Segundo a tripulação (os “Skeepers” açorianos), muito indignada e com pavor de desagradar aos estrangeiros que transportavam, foram mal recebidos e tiveram dificuldades em descarregar a sua carga preciosa, que ia visitar o Museu dos Baleeiros.

Esta notícia fez-me pensar sobre as opções da Região relativamente ao turismo do futuro.

Será que há vantagens em subsidiar barcos de cruzeiro estrangeiros que oferecem comida, dormida e entretenimento a bordo e que, de vez em quando, fazem uma paragem nas Ilhas para uma “voltinha rápida”.

Ainda não me cansei muito a pensar no assunto, no entanto, à primeira vista, parece-me que o lucro da operação escapa, bastante ao lado, dos comerciantes e investidores locais.

Sendo a grande vantagem a divulgação das Ilhas e a apresentação ao mundo do destino Açores, porque não encher o barco com jornalistas nacionais e estrangeiros e cobrar a “passeata” em géneros: histórias, artigos, reportagens, entrevistas, etc.

O Brasil fez esse investimento e, agora, não há jornal, revista, pasquim ou jornal de parede que não inclua um texto sobre aquele destino. O resultado está à vista com o aumento brutal da expressão do destino Brasil nos passeantes Lusos.

Como ainda não revi todos os argumentos, desta vez os comentários e opiniões são bem vindos.

(por nabice minha, os comentários foram apagados, paciência!)

terça-feira, maio 02, 2006

Selecção de pessoal

Quando o príncipe encantado andava a bater de porta em porta à procura de um pé que se encaixasse no sapatinho estava a resumir um problema da sociedade moderna: a selecção de pessoal.

Há imensas escolas e teorias.

Os sociólogos atentam à dinâmica dos grupos e ao comportamento social dos candidatos.

Os psicólogos definem perfis, estudam comportamentos e constroem testes para os quantificar.

Os tecnocratas, por seu lado, privilegiam currículos e avaliam a dimensão da obra feita.

Os políticos dão grande valor às referências.

Os estilistas, manicures e cabeleireiros apostam na imagem do candidato.

Os médicos não prescindem das análises clínicas.

Os padres avaliam o transcendente.

Os trafulhas apostam na ingenuidade.

E podíamos continuar a enunciar critérios até a canseira nos desanimar.

Os seleccionadores mais conscientes espetam o sapato no pé que mais pontos atingir no somatório destas variáveis.

Por cá, nesta Atlântida de faz de conta, neste reino boçal de bobos/rei o critério é inovador e, mais ou menos, universal. Aplica-se na construção de listas para associações, para cargos públicos, para gestores e para listas candidatas a autarquias. A variável fundamental, a que raspa o calo que faz caber o pezinho no sapatinho do cargo, não é nenhuma da lista anterior. O verdadeiro critério que permite atenuar diferenças partidárias, sociais, religiosas e culturais é:

O critério do piolho.

Tu catas-me e eu cato-te. Tal e qual como outras espécies fazem na Malásia (onde estive recentemente) e está ilustrado na fotografia.