quarta-feira, outubro 12, 2005

Saudações

Sinceras saudações a todos os que por aqui passarem.

Depois de umas férias prolongadas, cumprindo a promessa de, por respeito devido a todos aqueles que fizeram parte das listas do PS às eleições autárquicas, não interferir na campanha eleitoral, cá estou de novo.

Dá para imaginar os trejeitos nervosos e os palavrões que alguns dos leitores acabaram de proferir. Paciência…

Foi um longo Verão, com muitas festas, muita campanha eleitoral e ocorrências várias. Vamos ter tempo de sobra para passar o Verão em revista. O Inverno promete ser longo!

Aproveito esta primeira incursão, ainda meia desajeitada (perde-se o ritmo!) para responder a um e-mail que entretanto recebi.. Sem transformar público conteúdos privados, abordo o tema porque, para além de ficar bem, é de interesse para aqueles que de vez em quando por aqui passam.

A ideia síntese é a de que eu deveria ter tido mais respeito pelos "meus" leitores e ter dado uma justificação para o longo intervalo que fiz e, já agora, anunciado com a devida antecedência e formalismo relativo, a data prevista da "rentrée".

Compreendo e aceito a crítica. Habituei um certo número de pessoas (não faço a mínima ideia de quantos são) aos meus escritos mais ou menos regulares e, de repente, sem qualquer explicação, "fechei a loja".

É chato!

Como disse, aceito a crítica e reconheço a culpa. Pelo facto peço desculpas.

Por outro lado, do meu ponto de vista, e correndo o risco de ser indelicado, não me considero "porta voz" de ninguém, não tenho ambições relativamente à fidelização dos "consumidores" do "Marazul" nem penso transformar este Blog num meio de comunicação institucionalizado. Assim sendo, escrevo porque gosto (os dedos puxam-me!) e, mais importante, atiro-me aos temas que me apetece da forma que a disposição do momento me dita e, sempre, dizendo o que penso.

Em síntese, navego ou mergulho no "Marazul", não em função das marés mas sim ao sabor das minhas "ondas".

Este é, portanto, um espaço de grande liberdade pessoal que partilho com os outros. Por vezes, até permito algumas entradas apesar de alguns estilos de natação muito pouco ortodoxos, apesar de vistosos.

Deste ponto de vista, retiro o pedido de desculpas que formulei meia dúzia de linhas atrás!

O "Marazul" vai continuar sem política editorial e será o que sempre foi: o meu espaço!

Num diálogo poderiamos resumir da seguinte forma:

- Ó pá! E o ritmo?
- Qual ritmo?
- Do Blog?
- Rock! Dança-se sózinho e abana-se a "carola" para o lado que apetece!
- E quando há comentários?
- Aí é tango! Mas o "home" sou eu. Eu é que conduzo a dança!


P.S. – Sem qualquer ironia, cínismo ou contradição, é bom saber que há gente desse lado que lê e se preocupa.
P.P.S- Não peço desculpa mas agradeço!

quinta-feira, junho 30, 2005

quinta-feira, junho 23, 2005

O edifício da Câmara

Tem-se opinado bastante sobre o projecto de edifício para a nova Câmara Municipal da Madalena.

A minha opinião é que aquela construção, a vir a ser feita, é uma asneira urbanistica.

O projecto, no abstracto, no papel ou no computador, nada tem de especial. É uma construção moderna que alia o betão ao vidro. Se fosse construído noutro local, nada tinha a objectar.

Estando colado à Câmara actual, acho que o projecto encerra várias deficiências:

1- Passará a ser o centro da Vila da Madalena. A construção mais importante e mais visível.
2- Sendo assim, passaremos a ser representados, arquitectónicamente, por um tipo de construção que nada tem a ver com a nossa realidade social e cultural.
3- A ligação entre o tradicional e o moderno só pode ser correcta se respeitar a os materiais e as técnicas de construção pré-existentes.
4- Não é isso que se verifica. O novo edifício "cola" no anterior, sem existirem planos de ligação que garantam uma unidade e uma continuidade espacial.
5- A altura do novo edifício é regulada pelo cume do telhado da Câmara "velha". Logo, passa a ser mais imponente, abafando o pré-existente que é um bom exemplar da nossa arquitectura.

Do meu ponto de vista, o ideal seria construir a nova Câmara noutros terrenos.

Apesar de preferir a arquitectura local e tradicional, ao menos as modernices não se impunham, estragando a nossa paisagem.

O que fazer à actual Câmara?

Transformá-la numa estalagem ou num hotel de charme.

Afinal o turismo é o futuro da Ilha!

Hotel Taj Samudra, Colombo - Sri Lanka

Vista geral


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Sem querer!

Sem querer apaguei um artigo e os respectivos comentários. Se quiserem resposta…insistam!

Acontece!

Gestão

Saber gerir é, sem dúvida, uma actividade difícil. Gerir mal e convencer o pessoal de que as decisões são as mais acertadas é fácil.

Por exemplo: um presidente da Câmara que aprova mais de mil contos (até faz publicidade nos jornais) para a a construção de um campo de futebol na zona classificada pela UNESCO e que não tem a aprovação do ambiente é, no mínimo, um péssimo gestor.

Em termos comuns, não passa de um nabo!

Simplifiquemos: se eu detenho a capacidade de decidir onde o pouco dinheiro da Autarquia vai ser gasto e se cativo verbas para obras que não podem ser realizadas, estou a enganar os munícipes e, como tal, tenho de ser considerado um demagogo.

Um bom exemplo é o campo de futebol de praia do Pocinho. A verba está aprovada e cativa. Tanto quanto soube hoje, não entrou qualquer pedido no ambiente. Logo, temos dinheiro que não vai ser gasto no que estava previsto e, consequentemente, vai sobrar no final do mandato.

Não seria grave se tivessemos muito dinheiro para gastar mas, pelo contrário, sendo a autarquia pobre, estamos a desperdiçar investimento.

Posso ser considerado estúpido.

Eu não…o presidente da Câmara que aprova a descrita obra que, não podendo ser realizada, fica com a verba "pendurada"!

Sobra-lhe dinheiro!

Paciência…forte tolice!

Sem tretas, passemos ao que interessa. Hoje há a primeira festa mundial no Pocinho. Há sardinhas e chamarritas.

Eu vou estar!

Venham!

Hoteis

Hoje queria incluir uma foto de um hotel em Colombo, Sri Lanka, mas não consegui. Fica para a próxima!

quarta-feira, junho 22, 2005

Las Hadas, Manzanillo - Mexico

Apartamentos


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terça-feira, junho 21, 2005

Vícios

A mercearia do Monte devia ter horário alargado. Como não tem, os cigarros tiveram de ser comprados na Madalena.

A noite está óptima e a "gangada" estava toda na esplanada do Clube Naval. A conversa era boa, as piadas fáceis e, quando assim é, vamos ficando.

Assim fiz!

A conversa girou de forma descontraida e os tiques da "malta", sendo conhecidos, são mote para as melhores piadas e confidencias. Trocam-se galhardetes e ironias.

Rimo-nos o suficiente!

Por vezes, a chegada de "estranhos" faz descambar as coisas e as "piadas de caserna" tornam-se mais frequentes. É uma forma de afirmar e consolidar o grupo.

Assim foi…parcialmente. Ou melhor; pouco ou, mesmo, quase nada!

Chegaram estranhos que afirmaram, confirmaram e reafirmaram numa dança frenética de borboleta à volta da sua própria luz. O can-can, a valsa, o malhão ou o solidó são meros acompanhantes para tão estilosos e estilizados virtuosos. O resto vive para adorar e admirar as suas performances.

De forma solidária, sem ser condescendente, o pessoal manteve a boa disposição. Sem chacotas possíveis nem desmentidos bombásticos, lá fomos saboreando as vitórias intelectuais que, não sendo nossas, também não eram de ninguém. Não houve pés à frente de tão perfeito bailado.

E como seria fácil provocar o tropeção e a cabeçada.

Ninguém o fez, sabendo que qualquer um o poderia fazer.

Porquê?

Maturidade!

Las Hadas, Manzanillo - Mexico

Praia Privada


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segunda-feira, junho 20, 2005

Festas

O sol espreita frio, o mar amansa e o Pico mostra-se na sua grandeza insolente. Sentimos uma pequena mudança no tempo e corremos para os calções, chinelos e protectores solares.

É o Verão? Quem dera!

A água Atlântica ainda não convida à comunhão mas os homens vão fazendo os preparativos. Começam as festas que animam toda a Ilha durante os próximos meses.

Uma das primeiras é aquela que, do ponto de vista social e cultural, tem mais significado de todas. Não se rendeu ao plástico e à cassete marada e mantém duas características únicas:

É uma festa comunitária e faz uma procissão no mar.

É comunitária porque, ao som do foguete, lançado a horas que cortam a possibilidade de descanso, os voluntários correm para o mar e aí se perdem horas a fio para extrair das águas o peixe que, transformado em caldo, será consumido em conjunto. Todas as tarefas são distribuidas pelos habitantes após meses de preparação e deliberação. Trata-se de uma comunidade viva, que coopera e realiza uma celebração da sua existência.

Este ano esteve em risco a componente comunitária que a distingue de todas as outras festas.

Ainda bem que tal não aconteceu.

Parabéns Areia Larga!

Las Hadas Resort, Manzanillo Mexico

Entrada


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domingo, junho 19, 2005

Verdades

Desconjuntado e apressado corro atrás da verdade. Normalmente apanho-a, mesmo antes de me cansar.

Quando os mentirosos embusteiros são mancos ou estúpidos, nem tenho de esticar a perna. Começam a correr a ladaínha e já estão identificados.

Porcarias nojentos!

Eu sei que é linguagem imprópria que se usa no círculo restrito de amigos. No entanto, sendo este espaço de amigos da Ilha, independentemente da opção ideológica, posso utilizar a expressão;

Porcarias nojentos!

Falo dos deputados que chumbaram a proposta de apoio aos estragos das Lajes e zona Oeste da Ilha. Não sabem do que falam e, pior do que isso, dão uma desculpa que só um bêbado, em noite de lua escura, aceitaria como verdadeira: São negócios rentáveis!

Não apoiamos esses sacanas porque investiram o seu dinheiro na Ilha e, apesar de a desculpa que utilizamos para não os subsidiar ter sido que "o negócio não é rentável", agora que se lixem porque a nossa opinião é que o negócio é "rentável".

UAU!

Fortes porcarias nojentos!

É claro que este argumento vindo de um triste deputado como o "nosso" Hernâni, não passa de uma abstração bestial (vem de besta).

Para quem for mais sério e queira analisar a validade dos argumentos, vamos um pouco atrás na história da Ilha e vejamos a postura institucional:

Se a rentabilidade e a capacidade financeira são desculpas para não apoiar em caso de indiscutível calamidade, vamos analisar, em praça pública, todos os nomes que tiveram direito a apoio aquando do sismo da Horta.

Desde já informo que me cairam "muitas pedras" cá em casa e não tive apoio nenhum. Vejamos se o critério é homogéneo.

Se não for, tenho razão: porcarias nojentos!

Hotel Royal Pavilion, Barbados

Quarto


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sexta-feira, junho 17, 2005

Caminhos

Ir em frente ou virar à esquerda? Caminhar lentamente ou soltar os cavalos e, a 190 à hora, comer o asfalto que nos separa de casa? Lembramo-nos todos do poema e, acelerando, vamos gritando "Vou por onde me guiam os meus próprios passos" e rimos no final: "Sei que não vou por aí!"

Forte drama! De que falamos?

Dos exames de português que começam amanhã? Das tascas da terra? Ou dos caminhos? Ou, por alternativa poética, do caminho que nos desencaminha para realidades extra patrióticas? Ou aínda, da Norah Jones que nos enche os ouvidos com o som que nos acalma?

Falemos de todos!

Entre uma Sagres eum Chivas fica a ideia de que, descansadamente, já nada temos a provar a ninguém. Não há exames que nos atrapalhem (a não ser os médicos)! Boa sorte para todos os putos que, amanhã (hoje) enfrentam o drama de ter que mostrar se valem alguma coisa. È um drama saber que a miuda que escreve lindamente, vale 12 a Portugês e o puto cabotino que mal sabe descrever a sua primeira noitada, vale 17. Forte loucura quantitativa. Nunca a percebi e, por isso, nunca bati os tais 17!

Assunto encerrado!

As tascas da terra são rafeiras, em geral. Estive no "Santo Pecado" e gostei. O ambiente calmo e a música adequada fizeram-me conversar com os meus e com aqueles que, daqui a anos, continuarão desconhecidos.

Gostei!

Quanto à velocidade…é um facto. A Norah Jones a cantar na Rádio Pico fez-me baixar dos 190 e a recta do monte acabou por ser um passeio inocente e agradável.

Já foi!

A viagem extra patriótica ficou na conversa descontraida com o João. O mundo ficou pequeno e nós sentimo-nos grandes.

Foi um momento!

Quanto aos caminhos, a história é outra. Asfaltar a estrada da Barca e não cumprir o projecto original que prevê um passeio suficientemete largo para circularem bicicletas e demais pedestres é uma obra "manca".

Não pense o presidente da Câmara que nos satisfaz e nos cala com meia dúzia de metros de alcatrão.

Queremos feito mas exigimos bem feito!

Hotel Royal Pavilion, Barbados

Praia privada


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quinta-feira, junho 16, 2005

Coisas interligadas

Visitar a Gruta das Torres dá satisfação. Encara-se a construção bem enquadrada com o meio e a estrutura interna funcional e sentimos uma lufada de ar fresco.

Afinal o moderno pode encaixar com o tradicional e deixar um testemunho da nossa passagem. É bom ver que se existe. Que não nos limitamos a tirar o pó às velhas pedras que herdamos. Aliás, gerir bem a herança é, não só mantê-la mas, sobretudo, aumentá-la.

Com este tipo de construção e de intervenção na paisagem, podemos ter a certeza que a herança está bem entregue e que será legada aos próximos com muito mais valor.

É uma óptima lição para aplicar na zona protegida (património Mundial), se a queremos viva e vibrante. Não pensem mais nos Picarotos, de "albarcas", a vindimar uvas de plástico para os Ingleses e Alemães poderem fotografar. Não volta a acontecer!

Pensem antes em manter a paisagem fazendo uma exploração moderna. Nas Pirâmides do Egipto não temos faraós a serem enterrados diáriamente nos túneis do grande labirinto, ao som das palmas dos gentís japoneses. Temos ópera e espectaculos de luz e som.

A demora na apresentação de um plano estratégico de intervenção na zona património Mundial pode ser que signifique uma visão de futuro. Caso seja para manter a ideia de replantar a vinha e reconstruir os carros de bois, o melhor é passar o cheque dos subsídios ao pessoal proprietário de terrenos implantados na zona e, calmamente, esperar que a UNESCO nos retire a classificação.

Quanto à Gruta das Torres, que fique a lição: as inaugurações devem ser feitas quando a obra está pronta e não quando o Governo tem visita estatutária ao Pico. Seria mais sensato ter acabado as protecções dos degraus, instalado as luzes e esperado pelos desdobráveis em línguas estrangeiras para, depois, mandar vir os Secretários e os Directores cortar a fita.

A não ser que lhes custe muito vir ao Pico.

Espero bem que não seja o caso, senão estamos tramados. Lá vamos ter de ouvir, pela milionésima vez, o Serpa a dizer que "os valentes Picarotos transformaram as pedras em pão".

Chega de pão! Venha a "nouvelle cuisine"!

Hotel Royal Pavilion, Barbados

Entada


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terça-feira, junho 14, 2005

Estranho

Estive a consultar um documento que vai ser discutido na Assembleia Legislativa Regional dos Açores e que propôe o apoio financeiro à recuperação das áreas afectadas pelo mau tempo que se abateu sobre a Ilha do Pico em Março (penso que foi nesse mês).

A proposta é do PSD.

O estranho é que, antes do início da discussão, já se sabe que a proposta vai ser chumbada pela maioria do PS (o partido da solidariedade), com o argumento, segundo o qual, a devastação não foi significativa.

Ocorrem-me várias considerações:

1- Os deputados devem defender os interesses da população que os elegeram.
2- Os deputados do Pico deveriam defender os interesses do Pico e, no mínimo, conhecer a realidade que discutem.
3- Os autores da proposta, pelo menos seus representantes, visitaram as zonas afectadas e conversaram com as pessoas.
4- Os deputados do PS, não!

Gostaria de perguntar quais as fontes que os deputados do PS tiveram para afirmar que os danos não foram significativos e, já agora, quanto é que é necessário para entrar no escalão "significativo"?

De qualquer forma; de certeza que passaria a significativo se, como aconteceu no caso do sismo (a célebre reconstrução), dessem casa a todos os habitantes, colaterais, amigos e respectiva família.

Multiplicando as despesas por vários beneficiários já dava uma despesa considerável!

Enfim…Paciência!

No caso do nosso deputado "parvalhão" (o Hernâni) não me admiro com a falta de competência nem com a vontade de alinhar na disciplina partidária. Pelo contrário, no que diz respeito ao independente Lizuarte (de quem tenho boa opinião), fico bastante desiludido!

Hotel Infante Sagres, Porto

Quarto


SuiteJunior

segunda-feira, junho 13, 2005

Turbilhão

A Ilha do Pico está no centro de um turbilhão de bons resultados desportivos:

O Hóquei do Candelária continua a vencer de forma convincente.

O Futebol Clube da Madalena foi ao campo do adversário reafirmar aquilo que já tinha demonstrado no primeiro jogo e, consequentemente, passar à divisão onde já deveria estar há, pelo menos, duas épocas.

Os míudos da Cardeal foram à Terceira defrontar as equipas das restantes ilhas em atletismo e, sem margem para dúvidas, classificaram-se em primeiro lugar.

Os Toledos marcam pontos no ténis de mesa.

As "meninas" do Ribeirense sobem de divisão.

E a lista continua; no Kick boxing, no judo, na patinagem, etc.

É uma óptima altura para parar e pensar. Que futuro queremos? Que investimento na formação necessitamos? Que infra estruturas construir? Que planos, que estratégias e que áreas merecem uma aposta sólida e continuada?

Como espectador e interessado aconselho uma reflexão calma e objectiva.

Como fã dou os parabéns aos clubes e atletas que tantas alegrias nos têm dado.

Como habitante da Madalena espero ver algum investimento no concelho, nos próximos quatro anos. No desporto e….não só!

Já nos afirmamos no desporto. Óptimo! Venha a cultura!

Hotel Infante Sagres, Porto

Sala de estar


Sleoes

domingo, junho 12, 2005

Noitadas

Reunimo-nos todos. Pelo menos os que puderam estar presentes. Não houve violas nem lágrimas , nem desculpas. O canto brotou directo da alma sem notas nem acordes e a noite avançou calma e decidida sem preocupações particulares. A razão bailou frenética ao sabor das memórias de quem as tinha.

Ganhei memórias que, não sendo minhas, são reais como o grito histérico das cagarras. Quem não se lembra do "Fá-Fá", do "vinte e cinco", da espanhola loira e dos alunos perfilados a toque de vime que, em manifestação precoce, mijavam para a via pública em saudável harmonia?

Quem pode esquecer o charme da "vinte nove…trinta" que, no seu andar ondulante, cadenciava o levantar da anca ao ritmo das suas pernas desiguais?

Quem esqueceu a cantata afinada que, a duas vozes, bradava a tradição do lixo no caminho e que, a troco de duas taponas, se tornou na "merda esvoaçante"? Só mesmo o autor da mudança de rima poderia, anaredos depois, desculpar a hierarquia e, com voz firme, afirmar: "foram bem dadas!".

E devem ter sido…

E o guarda fiscal que correu a raia ao ritmo das suas distrações e conivências até ser desterrado para o Corvo e, por artes de seu padrinho, acabou nas Lajes onde, por fidelidade e prazer, se instalou e gostou…Quem o conheceu e apreciou na sua idiossincrasia?

Hoje o arado entrou fundo na terra seca e arrancou do descanso celestial, ou infernal, grande parte dos mortos da Ilha do Pico. E, por estranho que pareça, todos eles descansam em paz.

Riram-se com as suas histórias e apreciaram os nossos risos de apreço e saudade.

A nossa história é mais, muito mais, do que dizem os livros.

Hoje vou dormir bem, na companhia dos nossos que, afinal, são daqueles que os ouvem e não dos que os pensam seus.

Hotel Infante Sagres, Porto

Lobby


lobby

segunda-feira, junho 06, 2005

Madalena

Hoje não há conversa.

Parabéns ao FCM e felicidades para a segunda volta!!!

domingo, junho 05, 2005

Texto com linguagem para adultos…(LOL)

Andou no meu Blog uma espécie de anão maneta a dizer que "fazia e acontecia", do fundo do coração e só com um braço.

É obra! Apesar de ninguém acreditar.

Outro, gémeo, escrevia que me arrancariam as orelhas. Que descanso seria não ter de ouvir tolices!

Outro aínda (porra que são trigémeos!), em tom "castrati" afirmava que os anteriores tinham razão.

Não liguei muito nem lhes vou chamar "três porquinhos". Há coisas mais importantes. Ou, mesmo não sendo importantes, são mais importantes do que as vozes mudas de um "Trio Odemira" desafinado.

Só espero que o Hernâni mantenha a medicação!

Adiante….

Foi festa da profissional e a coisa correu bem. Mal cheguei à Vila ouvi um grupo de jovens numa conversa interessante sobre o grupo que actuava debaixo da "barraca amarela". Ao lado, outros gritavam: "Quem não salta não é da malta e, quem saltou, no cu levou!".

Não vi ninguém a saltar…

Segui para o Beco e entre uma conversa e um copo ouvi um grupo de jovens a conversar, animadamente, sobre o futuro e o desenvolvimento da Madalena. Confesso que gostei. Na mesa ao lado, um grupo da mesma idade confessava que eram seis ao jantar e que tinham bebido sete garrafas de vinho. Isto enquanto degustavam um shot.

Avancei para o Clube Naval que tinha um óptimo ambiente.

Aí continuei a ver e ouvir jovens. Ao lado tinha campeões nacionais de modalidades várias e admirei a sua coragem e capacidade de trabalho. Do outro lado, outro dizia cambaleante: "Encontrei a professora C. e a Directora de Turma e mandei-as p´ro caralho!". Os colegas confirmavam a façanha.

Mais ao lado um jovem dizia que o convívio tinha sido óptimo. À frente, uma jovem "vomitava as tripas" em frente a toda a gente.

Era quase meia noite (só?) e fui-me embora.

Já tenho motivos para dar os parabéns à escola profissional. Os jovens são normais e há de tudo…parabéns!

Resposta

Perguntaram-me hoje se eu já tinha estado nos hoteis que publicito.

Resposta: Sim!

Le Meridien, Budapest

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sábado, junho 04, 2005

Espertezas…

No dia a seguir ao célebre mau tempo, pudemos ouvir o nosso presidente da Câmara a discursar na trelevisão dizendo que precisava de dinheiro para recuperar o Pocinho.

Não vi mas posso imagina-lo, no seu ar de "pato bravo", a encolher os ombros e a pensar: "tão tramados!". E mais, "se quiserem obra, toca a entrar com dinheiro!".

É claro que o presidente nem sequer tinha passado pelo Pocinho. Pelos relatos que ouviu, depreendeu que a obra seria milionária. Sendo preguiçoso tomou a opção mais fácil: "Não faço nada e, ainda por cima, entalo o Governo!".

A burrice paga-se caro. Com uma porcaria de uma intervenção que não custaria mais de três mil e tal euros, o presidente perdeu a oportunidade de marcar uma posição, fazer obra e, pelo caminho, ganhar alguns votos.

Há pessoas alérgicas a construir. Minto: estão tão compenetrados em construir o seu futuro que se esquecem que têm meios e capacidade para fazer algo pela população que servem.

São pessoas muito espertas mas muito pouco inteligentes.

Assim é o nosso presidente da Câmara!

Le Meridien, Budapest

Lobby


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quarta-feira, junho 01, 2005

Boatos

- Ó Maria sabias da "ressaibiada" da Joana que anda metida com o Manel da mercearia?
- Não Maria, não sabia! Até pensava que tu é que andavas metida com ele. Pelo menos foi o que a Joana me disse.

É mais ou menos assim que nós vemos o fenómeno: coisa de mulheres mal amadas e pouco ocupadas.

Estamos errados!

A história começa sempre que alguém não percebe alguma coisa ou, pior ainda, quando lendo os indícios pensa que consegue reconstruir o panorama geral. Qual Maigret, Hercule Poirot ou Inspector Martelada, o génio da dedução constrói a realidade com base no seu apurado raciocínio.

Comporta-se como um cão de caça! Só não alça a pata contra uma arvore!

Depois da dedução a coisa corre por si. Uma palavra aqui, meia frase acolá, um subentendido oportuno ou um encolher de ombros na altura certa e a ideia corre célere e vai aumentando. A festa de hoje torna-se numa orgia, a discussão pontual numa batalha sangrenta e a cobardia do momento num acto heróico.

É a lei da vida do boato! Corre e cresce!

As vitimas da boataria não têm grande defesa. Até porque, normalmente, há uma espécie de auto-defesa que evita que a história chegue ao próprio. Não havendo hipótese de desmentido, a ideia continua e corre o sério risco de se tornar "verdade" à luz da "sabedoria popular".

E todos sabemos como os incultos apreciam a sabedoria popular e a lei do ditado: "onde há fumo há fogo!".

Nem por isso! Nem o boato é feminino, nem a repetição de uma mentira a torna verdade. É falso, também, que a sabedoria popular é lei.

Senão vejamos:

- Ó home! Sabes porque é que o Dr. já não escreve no Blog sobre o Furtado?
- Nope!
- O Furtado foi ter com ele e disse que se ele escrevesse contava o que sabia sobre ele!

É claro que se segue uma cara de entendido e bem informado. Como quem diz que as suas fontes são as melhores e que o Furtado é teso e que o Dr. "Amouchou".

O ouvinte, depois de ficar momentâneamente atoleimado reconsidera e, provavelmente dirá:

- Porra! O Furtado é teso!

E a verdade? Como ficamos no meio desta história? O que tem o Dr. a dizer?

O que esperavam? O costume:

Barda merda para a conversa e para quem a reproduz, para quem a inventou, para o Furtado e para quem pensa que sabe o que quer que seja.

Um bom dia para todos, e viva o Pico!

Factos e argumentos…

Por vezes escrevo de forma dura…é um facto!

Sem papas na lingua: O sacana é sacana e, como não poderia deixar de ser, chamo-o sacana. Sem arrependimentos, meias palavras ou cobardias.

Directamente…

O que é…é!

Dizem-me os meus amigos que, por vezes, me excedo. Há horas em que quase lhes dou razão..

No entanto, a realidade abafa-me a possibilidade de arrependimento!

Vejamos:

1- Quem mantem o Mercado de peixe sujo como um bairro da lata, quando a APTO já pintou os muros que o circundam?
2- Quem mantem a asfaltagem da estrada da Barca em "stand by", à espera que se aproxime a data das eleições?
3- Quem insiste em não investir num caníl municipal digno?
4- Quem evita demolir o pré fabricado da Areia-Funda, antes da agenda eleitoral?
5- Quem mantem a zona do clube naval sem uma intervenção estrutural?
6- Quem aplicou uma lona, no meio da Vila, em substituição de um coreto?
7- E, sobretudo, que tipo de pessoa é que mantém aquele centro de dia da terceira idade, debaixo da Câmara Municipal, em condições degradadas e degradantes. É só passar naquela sala de "jogo de cartas", para perceber qual é a noção de dignidade que os nossos dirigentes locais têm.
8- Não há água que lave tanta falta de dignidade!
9- Não há perfume que nos confunda…

Há pouca capacidade na cabeça dos líderes locais! É um facto incontestável!

Não há qualquer vontade de melhorar a Madalena. O que há, são projectos avulso para conquistar votos. O mais importante não é a Madalena mas sim o resultado eleitoral que se aproxima.

É deprimente!

Parabéns

1- Ao Candelária e ao seu enorme sucesso desportivo
2- À APTO que pintou os muros, colocou bancos virados para o mar, fez a mini marina e, sobretudo, tirou os placards publicitários
3- Ao Engº Ernesto Ferreira que vai em segundo, pelo PSD, para a Câmara. Não há nada como ligar o mundo da Bola ao da Política…
4- Ao presidente da Junta da Candelária e ao Braz que conseguiram forma de fazer obras no cais do Pocinho.
5- Ao Governo Regional que conseguiu passar pela Ilha sem que houvesse contestação.
6- Ao exército Português que, hoje de manhã, conquistou o Pocinho tendo apenas uma chata, um avião e um helicóptero com uns tipos lá metidos com meias na cabeça. É obra!

Beverly Wilshire hotel

Quarto


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terça-feira, maio 24, 2005

Tou sem NET

É um descanso para alguns....

No entretanto (não deve demorar muito) entretenham-se em

www.mala-pata.blogspot.com

ou leiam a revista Blue Living que sai amanhã com reportagem sobre o Pico

sexta-feira, maio 20, 2005

A ACANIL em dificuldades

Não é meu costume comentar notícias ou artigos de outros Blogs. No entanto, hoje abro uma excepção.

Li no www.noticiasdopico.blogspot.com que a ACANIL estava com dificuldades. Li, também, uma série de comentários mais ou menos solidários com o trabalho e com as aspirações daquela associação.

Vejamos as coisas em perspectiva:

1- Há animais que abandonam os cães
2- É responsabilidade da Câmara a resolução desse problema que, para além do mais, é de saúde pública.
3- A responsabilidade da Câmara é a de encontrar soluções dignas. Para as pessoas e para os animais.
4- O caníl municipal é uma anedota: na localização, na estrutura e na gestão.
5- A ACANIL faz o seu melhor numa área que não é da sua responsabilidade. Angaria fundos e alimentos para os animais abandonados e disponibiliza recursos humanos para tratamento dos animais.
6- A ACANIL faz o trabalho sujo da comunidade. Aquele que mais ninguém quer fazer!
7- A presidente da ACANIL tem tido um comportamento, em relação aos animais abandonados, irrepreensível.
8- A Câmara tem de estar agradecida à ACANIL.
9- A Câmara pode, facilmente resolver os problemas de alojamento dos animais. O investimento é mínimo.
10- Se a Câmara não o fizer, ao menos que autorize as obras. Aqueles que têm noção de justiça e do que é correcto, arranjarão meios financeiros para as concretizar. Manifessto, desde já, a minha disponibilidade para apoiar.
11- Era bom que os responsáveis públicos utilizassem as verbas do estado (nossas) de forma mais racional e menos "eleitoraleira".


Como conclusão gostaria de dizer que considero o abandono dos animais um crime de difícil entendimento.

Considero, também, que o grau de desenvolvimento cultural e ético de uma comunidade pode ser avaliado pela forma como esta trata os seus animais.

Um representante da comunidade que não seja capaz de dar dignidade à existência de umas dezenas de animais não tem condições intelectuais nem morais de gerir o futuro de milhares de pessoas.

Isto porque, simples,mente, não tem noções de prioridade nem de dignidade, fundamentais para o desempenho do cargo.

Estatutos do PS

Artigo 14º
(Dos direitos)

1. São direitos dos militantes do Partido Socialista:

a. Participar nas actividades do Partido;
b. Eleger e ser eleito para os órgãos do Partido e exercer em geral o direito de voto;
c. Receber o "Acção Socialista", jornal oficial do partido;
d. Exprimir livremente a sua opinião a todos os níveis da organização do Partido e apresentar, aos respectivos órgãos, críticas, sugestões e propostas sobre a organização, a orientação e a actividade do Partido;
e. Participar à entidade competente para o seu conhecimento qualquer violação das normas que regem a vida interna do Partido e não sofrer sanção disciplinar sem prévia audição e sem garantias de defesa, em processo organizado pela instância competente;
f. Arguir perante as instâncias competentes a nulidade de qualquer acto dos órgãos do Partido que viole o disposto nos presentes Estatutos;
g. Pedir a demissão, por motivo justificado, de cargos para que tenha sido eleito ou de funções para que tenha sido designado;
h. Solicitar e receber apoio técnico, político e formativo com vista ao desempenho das suas funções de militantes;
i. Ser homenageado com a atribuição de distintivo comemorativo de 25 e 50 anos de filiação ininterrupta;
j. Os demais previstos nos presentes Estatutos e regulamentos complementares.

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quinta-feira, maio 19, 2005

Quarta feira…UEFA…

Bola para a frente, pontapé certeiro e golo do Sporting.

Viva a vida, hoje vou dizer bem de tudo e de todos. Não há motivos para qualquer desagrado. O clube ganha, a vida corre e o resto a gente controla.

Zás catrapaz, golo dos russos!

Caramba! Forte merda!

Vou escrever sobre o padre de saia comprida que, pasmado na base da pirâmide de Maslow, só pensa nas suas necessisdadese básicas. Melhor ainda, escrevo sobre a canalha que cobardemente vai atrás e volta à frente, sem ter capacidade de reacção. Só para mostrar que existe.

Se calhar não…ainda falta muito jogo!

Pimba e catrapimba , golo dos russos!

Não, desta vez é sério! O borra botas do Hernâni e o Bispo de São Mateus mais o sacristão da Madalena e o resto da canalha que me quer fora do partido. De bónus dou-lhes o tanso de Évora e o seu poder mísero de decidir o que será o futuro Urbanístico da nossa Aldeia.

Calma José, ainda há tempo!

Bumba e zumba, golo dos russos!

Não fica pedra sobre pedra. Ao padre e à canalha junto os boys do partido e, para não ser limitado nas ideias, somo o presidente da Câmara e o resto que o acompanha. Vai tudo raso!

Apito final!

Três a um!

O que vou escrever?

Que vão todos à barda merda!

Estatutos do PS

Artigo 99º
(Das garantias de defesa)

1. Nenhum membro do Partido pode ser condenado sem ter sido previamente ouvido, a todos sendo asseguradas as mais amplas garantias de defesa.
2. É facultada aos arguidos a consulta do processo a partir da notificação da nota de culpa, a qual deve caracterizar claramente a infracção imputada e conter uma referência aos principais meios de prova.
3. As decisões da Comissão Nacional de Jurisdição são definitivas e delas não cabe recurso, salvo recurso de revisão da decisão condenatória, fundado em novos factos ou novos elementos de prova.

Beverly Wilshire Hotel, Los Angeles

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quarta-feira, maio 18, 2005

Mau Ambiente

Já tive a oportunidade de referir que recebi duas contra-ordenações: uma por ter cortado alguns pés de vassoura e outra por ter alargado uma canada.

Tive a oportunidade, também, de explicar as minhas razões e de referir que me recusei a falsificar documentos e de fazer pedidos com datas anteriores às reais.

O que ganhei com isso?

Mais uma contra ordenação!

Desta vez o ridículo é óbvio e a vontade de vingança clara. A acusação diz que fiz obras de construção civíl na zona protegida da paisagem da vinha. Mais; que alterei a tipologia de uso dos solos.

Qual foi a obra de construção que fiz?

Cortei um muro e substitui-o por um portão.

Obra de construção civíl? Uma ova!

Alteração do uso dos solos? Uma treta!

Pura vingança e pura prepotência dos membros da comissão da paisagem protegida. Quem são? A assinatura da contra ordenação é de um Arquitecto Nuno.

Lembro apenas que, se não tivesse este acesso, aquando do último temporal, tinha ficado com os meus carros dentro da piscina natural do Pocinho e tinha ficado sem acessos a casa.

Tudo isto apesar da especialidade deste arquitecto em fenómenos marítimos. Especialidade tirada em Évora. Cidade com grande tradição nas pescas, penso eu…

E agora?

Agora estou tramado!

Ao cair o muro de protecção da minha casa caiu, também, um portão. Ao reconstruir o dito muro/portão acho que as medidas anteriores não foram respeitadas e que, desta forma, voltei a alterar o uso dos solos. E, claro está, tive nova obra de construção civíl.

Nova contra ordenação?

Aguardemos serenamente.

Estatutos do PS

Artigo 94º
(Das sanções disciplinares)

1. Os membros do Partido estão sujeitos à disciplina partidária, podendo ser-lhes aplicadas as seguintes sanções:

a. Advertência;
b. Censura;
c. Suspensão até um ano;
d. Expulsão.

5. Três advertências equivalem automaticamente a uma pena de suspensão de três meses.
6. A Comissão Nacional de Jurisdição pode converter em pena de expulsão a terceira ou subsequentes penas de suspensão, para o que o processo lhe é obrigatoriamente remetido com os necessários elementos de instrução.
7. Fora do caso previsto no número anterior, a pena de expulsão só pode ser aplicada por falta grave, nomeadamente o desrespeito aos princípios programáticos e à linha política do Partido, a inobservância dos Estatutos e Regulamentos e das decisões dos seus órgãos, a violação de compromissos assumidos e em geral a conduta que acarrete sério prejuízo ao prestígio e ao bom nome do Partido.
8. Considera-se igualmente falta grave a que consiste em integrar ou apoiar expressamente listas contrárias à orientação definida pelos órgãos competentes do Partido, inclusivé nos actos eleitorais em que o PS não se faça representar.

Paradigma Quantitativo / Qualitativo 7

Conclusão

A nossa conclusão não é apresentada no sentido do facto provado. Pelo contrário, tratando-se de um texto reflexivo, interessa-nos sobretudo a coerência discursiva. Neste sentido parece-nos possível retirar deste texto algumas conclusões:

- A investigação, em ciências sociais e humanas, implica sempre uma interactividade entre um ou mais sujeitos (investigador/equipa de investigação) com outro ou outros sujeitos (objecto de estudo).
- O grau de passividade da relação não anula, em termos absolutos, a componente subjectiva que, por definição, está presente no processo de comunicação.
- O investigador, enquanto decisor, transfere para a investigação as suas crenças e atitudes e, devido às limitações da sua capacidade de processamento da informação, contamina a investigação com a sua própria subjectividade.
- A cientificidade das conclusões das investigações em ciências sociais e humanas depende mais do respeito da normatividade de procedimentos do que do pressuposto de inexistência de subjectividade.
- Os paradigmas qualitativo e quantitativo correspondem a duas representações mentais divergentes da realidade pelo que, em última análise, a discussão sobre a validade científica de cada uma não se pode centrar na objectividade/subjectividade dos métodos, procedimentos e conclusões mas sim na validade teórica de partida.
- A aceitação da existência das duas realidades implica a aceitação dos dois paradigmas e a utilização das respectivas metodologias de investigação, não estando em causa, sequer, a complementaridade de ambas. Esta afirmação é reforçada se considerarmos que as duas realidades são de natureza distinta e, portanto, têm referentes diversos.
- A utilização de métodos, técnicas e instrumentos depende de opções do investigador e dos objectivos determinados para a investigação.
- A quantificação dos resultados de estudos qualitativos não implica uma mais valia de objectividade na investigação.

A aceitação destas conclusões remete-nos para a reflexão sobre a importância da intuição, enquanto raciocínio dos especialistas por oposição aos noviços (Teresa Garcia-Marques, 1995), na construção do pensamento científico, revalorizando a relação ciência e arte.

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terça-feira, maio 17, 2005

Espada, Canivete ou Corta Unhas?

A espada é um objecto digno. Ouvimos falar dela em circunstâncias especiais. Está associada à imagem da justiça e vêmo-las em situações míticas. Todos nós conhecemos a espada do Rei Artur que só poderia ser retirada da pedra onde repousava por aquele que, pela sua coragem e dignidade, a merecesse.

Há dignidade no sabre dos piratas e corsários que enfrentavam o mar e o poder instituído. Bradavam o seu instrumento cortante e, de peito aberto, desrespeitavam as normas em que não acreditavam. Havia coragem!

Havia muita dignidade no sabre dos samurais que, com a sua força e galhardia, juravam proteger a sua forma de vida e a sua cultura.

O florete e a sua esgrima fina remete-nos para a nobreza das ideias e da defesa da honra.

Enfim, a espada é um objecto respeitável que encontramos sempre associado à defesa de algo; uma ideia de honra, um projecto de vida, uma abordagem da justiça ou uma opção de rectidão.

Utilizar este instrumento para dar um jeito na engrenagem, corrigir um pistão ou limpar uma vela é um erro. Os pequenos arranjos implicam pequenos instrumentos. Não falamos de espadas…falamos, isso sim, de canivetes.

Com eles cortamos a linguiça, aparamos o queijo e limpamos as unhas. Não avançamos para revoluções nem para guerras. Limitamo-nos a, quanto muito, apertar um ou outro parafuso menos funcional.

Quando, por sua vez, a questão é cosmética, quando queremos expulsar alguém do partido só para que as peles do Sepa se mantenham com boa aparência, vistas de São Miguel, ou aparar as unhas do Hernâni para que, coitado do triste, não se arranhe, aí, caros amigos, não é espada nem canivete…é corta unhas!

Não há dignidade num corta unhas!

Paradigma Quantitativo / Qualitativo 6

Recolha de Dados e Subjectividade

O processo de recolha de dados, comum em ambos os paradigmas, é claramente perceptivo e depende de variáveis constantes e circunstanciais. Independentemente da definição dos objectivos da investigação e dos instrumentos seleccionados na procura da objectividade, é sempre o indivíduo o centro de toda a actividade: de um lado o investigador e do outro o objecto de estudo/informante numa relação complexa entre dois sistemas complexos. Nesta inter-relação interferem factores individuais (personalidade, idade, sexo, estado de saúde, grau de conhecimento, capacidade de expressão, etc.), factores sociais (estatuto, família, grupos de pertença, etc.), factores morais (regras de conduta, normas sociais, etc.) e factores afectivos (determinação, desprezo, felicidade, etc.). Este conjunto de variáveis associam-se em combinações infinitas dando origem a personalidades diferentes que, em última análise deveriam, para que o processo de recolha de dados seja objectivo, ter o mesmo referencial, utilizar a mesma linguagem e, sobretudo, serem capazes de descodificar o valor simbólico da informação transmitida.

No processo de comunicação que se estabelece o investigador recorre, regra geral, a auxiliares de prova (inquéritos, questionários, entrevistas, observação, etc.) que, aparentemente garantem a objectividade dos dados recolhidos. Esta informação, no entanto, só tem valor pelo seu potencial interpretativo. Implica, portanto uma selecção (a partir de um paradigma) e uma análise simbólica e estrutural (sintágma). Neste processo, que já não é de representação mental da realidade mas de interpretação da construção mental da realidade do outro a partir dos nossos referenciais, interferem, para além dos elementos já mencionados, um conjunto de competências que deveriam ser comuns: linguística, paralinguística, proxémica, executiva, pragmática e sócio-cultural, entre outras (Bitti e Zani, 1997).

Parece-nos, à luz desta complexidade, que a recolha de dados é sempre uma tentativa de aproximação à realidade e a sua quantificação a recriação do código. Em última análise, apesar de metodologicamente facilitador, a quantificação funciona como um elemento de aumento da subjectividade da informação recolhida, na medida em que implica uma categorização interpretativa e a sua tradução para um código diferente do original. Esta passagem de um código para outro implica a selecção da informação e, consequentemente, algumas alterações do sentido.

Para além do processo de comunicação que se estabelece entre o investigador e o seu objecto de estudo, parece-nos importante, também, a própria natureza dos instrumentos utilizados. Sem querer ser exaustivo na análise destes, vejamos apenas um exemplo. Existem algumas regras de construção de um inquérito que permitem minimizar a não resposta e confirmar a veracidade das respostas. Existem, também regras de construção que permitem abordar os respondentes de forma facilitadora da adesão e cálculos à posteriori que nos permitem, inclusivamente, utilizar as não respostas como respostas. Apesar de conhecermos muitos casos de inquéritos teoricamente mal construidos, não é esse o centro da nossa atenção. Interessa-nos, sobretudo, o facto de em todas as circunstâncias, o indivíduo que responde ter um elevado grau de liberdade de resposta. Isto implica que a resposta pode não coincidir com as suas reais convicções ou, na melhor das hipóteses, que corresponda aos seus sentimentos do momento que não serão, provavelmente, os mesmos que terá noutras circunstâncias.

Entre a decisão da investigação e a construção das conclusões existe um conjunto de passos metodológicos que não foram abordados nesta reflexão. Este facto deve-se a uma opção de partida. Não é nosso objectivo analisar todo o processo de investigação em função do paradigma escolhido mas, apenas, verificar a relação objectividade/subjectividade inerente à opção do investigador.

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segunda-feira, maio 16, 2005

Coisas soltas

1- Em dois dias; jantar em Aveiro, tomar o pequeno almoço em Braga, almoçar no Porto e jantar em Lisboa, pelo meio deixar 15 jovens licenciados preparados para entrarem em estágio e certificar outros tantos que, ainda há pouco tempo, eram desempregados sem prespectivas e que, agora, graças ao nosso trabalho, estão empregados, é gratificante.
Mas cansa!
2- Soube, ontem que há manobras de bastidores para me expulsarem do partido. Ele há cada anedota!
3- Estive a ler um guia turístico Inglês, sobre as Ilhas dos Açores. Quase todos os Municípios têm a sua publicidade. O único que incluiu a fotografia do presidente foi a Câmara da Madalena. É tolice? É narcisismo? Ou será que é a táctica daquele do Algarve, o Zézé Camarinha? Incluir a foto do galã para atrair as inglesas. Forte tolice!
4- Estive com turistas que foram jantar a um restaurante da Madalena e que passaram a noite a correr para o quarto de banho. É assim mesmo "grandes empresários"! O que interessa é vender um bife, o futuro logo se vê...Até arrepia a forma como são os próprios da ilha a afastar quem nos visita.
5- O mesmo faz um hotel que publicita a existência de sauna, banho turco e ginásio e que, depois diz aos hóspedes; "sorry, not working". Grande jogada!
6- Disseram-me que tinha de dizer bem do presidente da Câmara, por causa de uns bancos. Não acreditei! Sei que há pessoas incapazes de fazer coisas bem feitas, É que, simplesmente, desconhecem o conceito. É claro que a colocação dos bancos virados para o mar foi obra da APTO. Parabéns!
7- No lugar do nosso coreto da Madalena arrumaram uma lona amarela. Espero que a retirem rapidamente. É horrível!
8- Hoje há rosquilhas no Monte! São todos bem vindos!

Paradigma Quantitativo / Qualitativo

O Plano de Investigação e a Subjectividade

A fase pré-investigação implica um grande número de decisões que devem ser tomadas pelo investigador. Este deve optar sobre a delimitação espacial, temporal e disciplinar do tema a abordar de forma a construir um recorte definido da realidade, deve optar pelo conjunto de hipóteses explicativas dos fenómenos, deve escolher o enquadramento ideológico e teórico da abordagem e decidir sobre a modalidade da investigação e os instrumentos auxiliares de observação mais pertinentes.

A tomada de decisão, conforme já tivemos oportunidade de verificar, implica, por definição, uma componente de subjectividade. Sabendo que o cérebro humano é um sistema modular complexo onde se verificam milhões de interacções neuronais e que a quantidade de informação disponível, bem como a sua organização, são determinantes na construção do raciocínio, parece-nos aceitável concluir que dificilmente dois investigadores diferentes, perante um mesmo problema, façam as mesmas opções teóricas, metodológicas e técnicas.

Na investigação qualitativa este facto é coerente com as suas premissas fundamentais mas, no caso da investigação quantitativa parece-nos existir uma contradição de base. Esta não consiste no grau de probabilidade da escolha mas sim no facto de apesar de se recusar a importância do indivíduo e do particular enquanto objecto de estudo, este é, na figura do investigador, o ponto de partida para a construção da realidade e da descoberta das leis gerais.

A reacção metodológica a este factor contaminador dos resultados é a utilização de um conjunto de procedimentos mais ou menos tipificado que garanta a validade interna e externa dos resultados da investigação. Admitindo a hipótese de existirem procedimentos cujas características possam “descontaminar” a subjectividade de partida, resta-nos analisar se os adoptados possuem essas características.

O primeiro passo será a escolha de um processo estruturado de organização da realidade. O investigador que opte pela abordagem quantitativa deverá, de seguida, organizar a investigação direccionando-a para os grandes números ou para estudos de população reduzida. No primeiro caso o universo deverá ser sempre alargado e a amostra deve ser representativa. Existem procedimentos de selecção da amostra e testes estatísticos que nos garantem a sua fiabilidade e a margem de erro associada, tendo como referencial a curva normal. A questão que consideramos pertinente não pôe em causa a validade destes procedimento nem a fiabilidade dos testes enquanto construção matemática. O que questionamos é a possibilidade de partir de valores probabilísticos para a construção de leis gerais. Do nosso ponto de vista a natureza dos testes limita a natureza das conclusões. O que obtemos através dos grandes números são representações colectivas possíveis da realidade que provavelmente se reproduzirão em situações espaciais, sociais e temporais idênticas. Se acrescentarmos a este facto a necessidade que o investigador tem de neutralizar variáveis (por motivos metodológicos e técnicos) poderemos concluir que através destes estudos obtemos leis gerais cuja aplicabilidade depende de um conjunto vasto de condicionantes das quais faz parte integrante o azar (probabilidade).

Outra abordagem possível dos fenómenos passa pelo estudo de “pequenos números” através do estudos de características mais ou menos laboratoriais. Referimo-nos aos estudos experimentais com inclusão de grupos de controlo e manipulação das variáveis. Este método, de todos o que mais se aproxima das ciências ditas exactas, implica um maior distanciamento dos objectivos primordiais do paradigma quantitativo (leis gerais) na medida em que, para além de conter os mesmos factores de subjectividade dos estudos de grandes números acrescenta um outro. Referimo-nos às limitações à validade externa da investigação. Ou seja, para além de obtermos apenas respostas probabilísticas às nossas hipóteses de partida, não podemos, ao contrário dos estudos de massas, generalizar os resultados. Este facto limita grandemente o interesse deste tipo de estudos na medida em que os resultados só são válidos para os participantes ou para grupos de indivíduos que tenham as mesmas características e sejam colocados na mesma situação. Como sabemos, a probabilidade de encontrarmos dois indivíduos iguais é baixa. Esta aproxima-se do zero se o nosso objectivo for o de constituir dois grupos de indivíduos iguais com relacionamento e dinâmica interpessoal idênticas.

No caso da investigação qualitativa não é central o problema da validade externa que, por definição, atribui à conclusão a sua característica normativa (lei). Parece-nos lógico, portanto, que o investigador ao optar por um estudo de caso, por uma abordagem fenomenológica ou por um estudo etnográfico assume, à partida, o carácter limitado (não generalizador) da sua investigação.

Comparando os resultados obtidos em investigação com recurso aos dois paradigmas e a diferentes metodologias, parece-nos legítimo concluir que em qualquer dos casos o resultado final obtido consiste em leis particulares, aplicáveis em situações concretas, em contextos definidos e cuja generalização é probabilística.

Parece-nos aceitável afirmar que, em investigação nas ciências sociais e humanas, não podemos aspirar à obtenção de certezas (leis) mas apenas de probabilidades de certezas. Ao assumirmos como verdadeira esta afirmação aceitamos, também, a sua oposta: em investigação em ciências sociais e humanas obtemos apenas probabilidades de incertezas. Esta probabilidade de incerteza, que não deve ser confundida com margem de erro, aumenta se tivermos em linha de conta que tratamos realidades em contínua alteração. De facto, o indivíduo enquanto unidade complexa modifica os seus valores e os seus comportamentos influenciando e sendo influenciado por aqueles com que se inter-relaciona dando origem a novas realidades (ou construções desta).

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sábado, maio 14, 2005

Paradigma Quantitativo / Qualitativo 4

Paradigma Qualitativo e Subjectividade

O aparecimento e expansão da abordagem qualitativa corresponde ao conceito Kuhniano de revolução científica. Ao subsistirem áreas do real que, por definição, não são explicadas pelo paradigma quantitativo, as ciências sociais e humanas procuram uma nova abordagem epistemológica a que corresponde uma reconstrução do mundo. Esta, ao deslocar o objecto de estudo do comportamento para a atitude, implica a valoração do indivíduo enquanto agente de construção do mundo. Este deixa de ter o valor numérico Gaussiano e passa a ver o seu estatuto de processador de informação (ser social e cultural) reconhecido e reforçado.

Esta viragem a que corresponde uma nova visão, se não do mundo, pelo menos da importância que as suas componentes têm, implica uma aceitação metodológica explícita da componente subjectiva.

Relativamente ao pressuposto subjectivo do paradigma qualitativo pouco mais haveria a dizer, uma vez que ele é enunciado e aceite pela comunidade científica, se não houvesse uma resistência à aceitação do seu valor intrínseco. Referimo-nos, por exemplo, ao esforço de alguns teóricos em justificar o valor “objectivo” de variáveis subjectivas, numa preocupação constante com a validade interna das investigações. Esta postura constitui, do nosso ponto de vista, um paradoxo na medida em que, ao ser adoptada, reconhece implicitamente o valor das críticas feitas pelos quantitativistas radicais.

O posicionamento dos teóricos do continuum metodológico, pelo seu lado, ao defender a utilização mista de técnicas qualitativas e quantitativas argumentando que os procedimentos de investigação não interferem na orientação epistemológica fundamental do investigador, deixam subentendido que a componente numérica/quantitativa traz uma mais valia importante ao resultado final das investigações. Esta argumentação pode levar à conclusão que existe uma validação quantitativa dos instrumentos de pesquisa qualitativa. A existir esta validação, enfraquece, do nosso ponto de vista, toda a argumentação que defende o valor intrínseco da pesquisa qualitativa. Parece-nos que a validação quantitativa é uma falsa questão uma vez que, como vimos anteriormente, aquele paradigma não está isento da componente subjectiva.

A subjectividade da investigação não está presente apenas no polo teórico e epistemológico. Parece-nos que, pelo contrário e independentemente do paradigma adoptado, é uma constante em todos os momentos da investigação.

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sexta-feira, maio 13, 2005

Paradigma Quantitativo/Qualitativo 3

Paradigma Quantitativo e Subjectividade

Sendo o objectivo último do paradigma quantitativo a construção de leis gerais parece-nos legítimo afirmar que o resultado esperado seria a normatização e a matematização do real. A busca científica teria como meta a construção de um conjunto de algoritmos preditivos que permitissem antecipar os comportamentos. Estamos no domínio do estímulo/reacção, independentemente do processo interior que os medeia. A percepção, a formação de impressões e todo o complexo processo de codificação da informação que acontece a nível do indivíduo são variáveis que o cientista se permite controlar para melhor construir uma explicação holística.

Um dos resultados mais recentes da abordagem quantitativa, do ponto de vista epistemológico, é, parece-nos, a expansão das ciências cognitivas. Estas, a par com a cibernética, visam essencialmente a redução do mental ao físico (Vignaux, 1991), através do desenvolvimento da inteligência artificial (visão mecanicista).

Não sendo nosso objectivo analisar em pormenor os pressupostos de base desta corrente científica, ficamo-nos pela análise das principais conclusões, ao momento, do estudo feito à luz desta abordagem sobre a tomada de decisão. Escolhemos este exemplo porque, para além de se tratar de uma aplicação prática dos pressupostos científicos quantitativos, é um processo inerente à actividade do investigador, independentemente da opção epistemológica.

A tomada de decisão é sempre uma procura da optimização dos resultados através da escolha das acções adequadas num estado da natureza (contexto) particular.

Este momento que se repete ao longo do processo de investigação é, também, gerador de subjectividade. Logo na actividade pré-decisional, avaliadores diferentes poderão discordar da forma de estruturar o problema: por divergirem na ordenação das consequências (preferências) ou na credibilidade (probabilidade) da relação acção/resultado.

O modelo normativo da tomada de decisão, de todos o que tem características mais matematizantes e “racionais”, implica sempre uma subjectividade de partida provocada pela selecção do algoritmo decisional (relação esperado/utilidade esperada) e não exclui, mesmo quando a opção algorítmica é comum, a violação dos axiomas provocada pela “irracionalidade” humana. Esta violação ou enviesamento é provocado pela sub ou sobreavaliação de probabilidades devido à não exaustividade (o ser humano é um processador limitado), à selectividade sistemática (privilégio de informações particulares), à incompreensão do conceito de “acaso” (não reconhecimento do componente aleatório) e à superconfiança no julgamento e decisão (negligência das limitações anteriores). Veja-se a este propósito a existência de paradoxos, como por exemplo o de Allais, que nos demonstra que a preposição simples segundo a qual quando quando A é preferido a B e existe C como combinação de A e B, A deve ser preferido a C que por sua vez deve ser preferido a B, é violada. Esta violação, que corresponde ao facto de alguns indivíduos escolherem, contra toda a lógica a opção B, denomina-se “violação da independência”.

Este facto apesar de aparentemente inócuo implica uma abordagem completamente diferente da existência de leis gerais. Deixamos de poder falar de causalidade absoluta para passar a utilizar a expressão “probabilidade”.

A tomada de consciência deste facto leva a que os decisores recorram frequentemente a heurísticas (conjunto de operações) na medida em que são adaptáveis a entidades cognitivas limitadas. Estas não garantem, no entanto, a optimização (generalização e certeza). As heurísticas revestem-se de características específicas conforme a definição e a hierarquização dos atributos e as dimensões do problema.

Podemos concluir que, independentemente da opção ser algorítmica ou heurística, a margem de erro (componente subjectiva) é uma constante de todo o processo decisional. Sendo que, em última análise, o erro sistemático é o caminho para a objectividade da decisão.

Este exemplo (tomada de decisão) leva-nos, por um lado, à confirmação da premissa quantitativa segundo a qual o mundo da consciência, da intuição e dos valores escapa à ciência (Lessard, Goyette e Boutin, 1990) e, por outro lado, à conclusão de que este facto impede a objectivação absoluta e consequente construção de leis gerais. Podemos concluir, também, que para além das implicações epistemológicas e teóricas, existe um outro elemento de subjectividade que corresponde à figura do investigador enquanto sistema complexo de processamento de informação, que tem como parte integrante das suas tarefas a tomada de decisão.

Hotel

Hoje não há Hotel porque a Net está instável!

quarta-feira, maio 11, 2005

Coisas

1

Aprende-se de muitas formas. Tenho tido essa experiência. Para além da aprendizagem prevista em cronograma, há sempre a possibilidade de olhar atentamente ao nosso redor e retirar alguns ensinamentos. Neste capítulo, vi algo que, não sendo novo, é uma boa ideia.

Os Municípios têm várias formas de divulgar a sua região e de colaborar com os cidadãos. Uma delas é através das festas de calendário. Outra, quando não há nada de festivo à vista, é inventar eventos.

É muito comum.

Nuns sítios inventam a festa da lampreia, noutros a semana gastronómica e, noutros ainda, o fim de semana do marisco. São dias que atraem muitas pessoas. Ainda é das poucas coisas para a qual as pessoas pagam: comer!

Nesta altura do ano em que já há alguns turistas no Pico e muitos no Faial, não havendo nada marcado no calendário das festividades, seria boa ideia a Câmara, juntamente com a Associação de comerciantes (quem é que é amigo, Daniel?) e alguns investidores, inventarem um festival de qualquer coisa. Pode ser o fim de semana gastronómico do atum, do peixe ou mesmo, porque não, da carne do Pico.

Trazia gente, animava a Vila e dava alento aos comerciantes.

E tudo sem investimento especial.

2

Depois da tempestade terrível que se abateu sobre nós, o Pocinho está recuperado a cem por cento. Não teve apoios nenhuns (como nunca teve). A parte pública (o cais e a piscina natural) continuam na mesma!

Ele há gente muito competente…

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Os turista que nos têm visitado, especialmente Ingleses e Suiços, têm dito muito bem do Restaurante "O Ancoradouro". Força Nelinha!

Paradigma Qualitativo/Quantitativo 2

Ciência e Evidência

Aparentemente opostas, estas posturas convergem para o mesmo objectivo na medida em que buscam em simultâneo o conhecimento e as evidências que o fundamentam.

Desde o século XVI, com a afirmação de Descarte segundo a qual deveríamos aceitar como verdadeiro apenas o que for entendido como perfeita evidência que o conceito é reproduzido apesar de crises pontuais (sobretudo devido à matemática). Actualmente, apesar da dificuldade sentida por alguns especialistas, o conceito entrou em colapso e, cada vez mais se considera a certeza manifesta como uma construção subjectiva individual. A realidade é encarada como uma representação (o que parece ser) e a intuição e a percepção como obstáculos epistemológicos à passagem do senso comum ao pensamento científico.

As divergências epistemológicas entre a abordagem qualitativa e a quantitativa levam-nos a considerar a hipótese de existência de dois mundos. O mundo do indivíduo em situação e o mundo do colectivo, dos grandes números, não estando a ligação entre estes dois mundos definitivamente estabelecida. A impossibilidade de converter as leis gerais (do todo) em leis particulares (de todas as partes) que sentem os investigadores quantitativos é equivalente à dificuldade de defesa da validade externa das investigações de teor qualitativo.

A primeira dificuldade do “candidato a investigador” é, portanto, a tomada de decisão sobre a sua abordagem do real. Deverá sacrificar o particular em benefício do geral ou, pelo contrário, ignorar a construção de leis “fundamentais” a favor da compreensão do particular. Não nos parece fácil, se é que é possível, rejeitar à partida a existência de qualquer dos mundos referidos: o dos grandes números ou o do índividuo.

A principal função das teorias do contínuum paradigmático, apesar de não estabelecerem de forma clara a ligação entre as duas realidades é a de atenuarem a angústia da decisão. No entanto, do nosso ponto de vista, ao centrarem a discussão na compatibilidade metodológica e instrumental, estas teorias perdem de vista o problema central que é o da explicação e fundamentação da existência e compatibilidade das duas (ou mais) realidades.

Esta questão, apesar de central, é paradoxal na medida em que a construção e representação do mundo e da realidade são inseparáveis da existência do cérebro. Ou seja a validação e a prova dependem sempre da existência de um organismo que as codifica e interpreta em função da sua própria existência. Daqui a multiplicidade de interpretações e a afirmação de Raquel Gonçalves segundo a qual: A diferença (entre o homem comum e o cientista) é que o primeiro não sabe que não sabe, enquanto que o segundo tem consciência que sabe que não sabe.

Aceitando esta premissa deveriamos concluir que a posição primeira do cientista será a abstenção perante discussões cuja opção implique a verificação da prova pela positiva. Todas as hipóteses serão válidas enquanto não forem consistentemente refutadas. Em suma, a característica primeira do pensamento científico seria a aceitação da sua subjectividade.

Grand Hotel, Estocolmo

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terça-feira, maio 10, 2005

Voltas

De vez em quando temos de dar umas voltas e sair dos locais. É uma boa forma de aumentarmos os conhecimentos e alargar os horizontes. É uma forma, também, de nos distanciarmos das coisas que nos rodeiam e obter uma visão mais abrangente. Digamos que, à distância, as situações perdem a carga dramática e entram na perspectiva correcta.

É o caso.

De novo a ensinar jovens. Desta vez em Aveiro e com um grupo simpático e muito heterogéneo. Tenho licenciados em Sociologia, em Economia, em Direito, em Ciências da Comunicação, em Gestão, em Engenharia Geofísica e em Geografia e Planeamento Regional.

Temos abordado temas variados que vão desde os métodos de investigação até à Normatividade do actual Quadro Comunitário.

Como é óbvio, a divergência de licenciaturas implica formas diferentes de encarar a vida e o mundo. Tem havido algumas discussões interessantes.

É uma lufada de ar fresco quando as pessoas estruturam um raciocínio e têm argumentos para o defender.

Começava a perder o hábito de debater ideias.

Ainda não fui insultado!

Paradigma Qualitativo / Quantitativo 1

Existe, nas discussões sobre o tema “investigação qualitativa” versus “investigação quantitativa”, uma questão recorrente que, simplificando, poderíamos denominar como a comparação entre a “cientificidade” de ambas. Esta discussão pretende legitimar a opção de utilização de metodologias contrapondo validades.
Uma outra atitude, moderadora, advoga a utilização de ambas num continuum pragmático de reforço da validade dos estudos. Esta posição, ao não colocar em causa o valor intrínseco das diferenças entre as duas abordagens, é para esta reflexão pouco interessante, na medida em que não constitui uma posição argumentativa.
Como ponto de partida metodológico, colocamos em campos opostos a abordagem interpretativa e a positivista.
O paradigma positivista, ao reduzir os factos sociais e humanos à sua componente comportamental (observável), implica uma tomada de posição epistemológica segundo a qual o aparelho conceptual utilizado privilegia as expressões: fenomenalismo, objectivismo, empirismo, nomotetismo e previsionismo (Lessard e Boutin, 1990). O objecto de estudo, deste ponto de vista, deverá consistir num fenómeno observável e controlável, sujeito a leis gerais que permitam predizer a sua ocorrência.
O posicionamento comportamental/positivista implica, portanto, a aceitação de alguns pressupostos que colocam em causa a importância do indivíduo enquanto unidade distintiva. Consideram, no entanto, a possibilidade de predição do seu comportamento. A lógica é a de que em determinada situação, perante um conjunto de estímulos qualquer indivíduo deverá responder com um conjunto de comportamentos tipificados. Trata-se da adopção da curva normal como ponto de referência em que as ocorrências marginais, porque percentualmente pequenas, devem ser ignoradas ou utilizadas como referencial que legitima a média.
A opção pelo paradigma positivo implica a adopção de um conjunto de regras de procedimento que garantam que, na comunidade científica em que está inserido, o investigador seja reconhecido como tal e, consequentemente, as suas conclusões consideradas pertinentes (objectivas, válidas e fiáveis).
O paradigma qualitativo/interpretativo, pelo seu lado, ao adoptar uma postura filosófica dualista (materialista e espiritualista), dá particular relevo ao indivíduo. Este, isolado
ou em situação, é considerado como um centro de processamento da informação (construtor de significado) que reflete nos seus actos a dinâmica existente entre o espiritual e o material. A compreensão do significado das acções permite ao investigador descodificar as relações indivídual/social/cultural. Não tem como objectivo, portanto, a criação de leis gerais mas sim a compreensão em profundidade dos fenómenos particulares referentes ao indivíduo, isolado ou em situação.
Em síntese, mais do que duas metodologias de trabalho, são duas construções mentais do mundo. Uma algorítmica, no sentido da busca de fórmulas que traduzam e prevejam o real e, outra hermenêutica que procura o sentido dos acontecimentos.

Grand Hotel, Estocolmo

Sala de jantar


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sábado, maio 07, 2005

Sonhos de viagem 1

Correm carros em todas as direcções. Sento-me à saída da área de serviço da auto-estrada e aprecio as marcas. Nada têm a ver com os automóveis do meu país. Admiro a riqueza e o bem estar.

Ao meu lado a mochila. No gravador de cassetes toca, a toda a força, o som dos Doors. Sinto-me cansado, tenho fome e sono. Lembro-me de casa. Os coelhos, as vacas, os porcos e as galinhas. Lembro-me sobretudo do tractor que me faz ganhar o salário.

Dezoito anos, tractorista e agricultor. Estudante nas horas vagas e viajante por natureza.

Um impulso fez-me reunir alguma roupa, umas latas de comida e alguns escudos e abalar. Ver o mundo. Uma promessa dúbia de trabalho na Suiça deu-me a força final. As curvas da estrada e as sortes da boleia trouxeram-me até esta encruzilhada. Já li vinte vezes a tabuleta: Aachen 250 Km.

Cai a noite e o frio da Europa do Norte começa a incomodar-me. A noite está limpa e as estrelas brilham nos intervalos das luzes dos carros.. Mantenho o dedo esticado mas ninguém pára. Estou aqui há seis horas.

O mundo continua a mover-se mas eu, insignificante na minha reduzida dimensão cósmica continuo parado. Não desisto nem desespero. Aprecio as luzes e, sobretudo, penso na importância da vida. Retiro da mochila o saco-cama, procuro um arbusto e chamo casa aquele bocado de chão. Agora é meu, o meu castelo. Encosto-me. Primeiro desconfortável e, depois, sentido que aquele lugar sempre esteve à espera da minha chegada. Chão, terra, céu e eu numa cerimónia quase eucarística, fundimo-nos na celebração do mundo.

Adormeci.

Perdi o tempo e o espaço. Os carros eram naves e o céu a minha estrada. Ao fundo, num zumbido irritante ouvia o som das víboras. Nada diziam no seu zoar maléfico. Ainda percebi uma voz saída do nada que vomitada duma cara cornuda arremessava ameaçadoramente uma ladaínha: "Leiam o Boletim 162 da Câmara Municipal de Arouca",

Puta que o paríu. Cortou-me o descanço que tanto precisava depois de dia e meio de viagem. Sorte de mafarrico sem cara, cobarde nojento.

Acabou-se o som no gravador. Apenas se ouve o silvo dos carros a acelerar. Acendo um cigarro e rapidamente esqueço o sonho. A realidade é bem mais forte do que agonia descontrolada do delírio. Sinto fome. Abro a lata de atum. O "bom petisco" antecipa-me o futuro que, naquele momento, tinha a mesma importância que o passado. Ambos atropelados por um presente estagnado. Era o sabor de uma ilha que aínda era uma probabilidade vaga, dependente de milhares de acasos possíveis. Uma promessa.

O pão duro e a coca-cola quente refrescaram-me o ânimo.

Bota música!

A alma de Africano ditou o Peter Tosh. O som ritmado, certo e contínuo fez-me dançar. Levantei-me e acompanhei a música: "I shot the sheriff". De braços levantados estava longe de imaginar os pontapés que ainda havia de dar nos "xerifes" de pacotilha que iria encontrar ao longo da minha vida. "It was in self defense". Acho que, tal como agora, era o que dizia a canção.

Bem disposto e retemperado, encarando mais a viagem interior do que a mundana, voltei a esticar o dedo. Pararam dois carros mas nenhum ia para onde eu queria. Fiquei apeado. Desta fez porque quis, não por falta de alternativa.

Recostei-me de novo, sem vontade de me mover. Porquê ir para a Suiça se a Alemanha também era fixe. Senti-me bem e, olhando o céu, voltei a adormecer.

As imagens eram difusas mas penetrantes e impositivas. Um homem de saia preta dançava ao som de música sacra. Preso ao pescoço um colarinho branco que se transformava em coroa de espinhos sempre que a personagem gritava rouco e desesperado: "Tenho um filho no 9º ano!". Incomodava-me o sonho mas não me dei ao trabalho de acordar. Acho que estava a aprender a gostar de ver a impotência do desespero. Além do mais, a personagem parecia mais ébria do que ameaçadora.Vi-me no sonho. Tinha um dedo esticado, ria-me e cantava musicas de ontem. Foi ao som do "Grandola Vila Morena" que acordei.

Raio de cassetes gravadas e regravadas. Fica sempre um gemido para a posteridade, Hoje era o lembrete de revoluções próximas.

Parou um carro.

"Aachen?"

"Claro! Porquê?"

"Tem uma catedral com passado e estátuas esotéricas"

"Vamos?"

"Claro!"

Senti-me confortável guiado por aquela alemã, grande e com mais de cinquenta anos. A idade, naquela altura, ainda era algo de visível e revelador. Senti deslizar o mundo na berma da auto-estrada e vi o futuro aproximar-se a cada minuto. Sentia-me na roda gigante, na roda da vida. Padres rodopiavam bêbedos agarrados a jovens ninfas que riam histéricas, pensando que, ao seduzir o "mensageiro", tinham comprado a entrada do reino dos céus. Inchavam de soberba e de luxúria sempre que, em coro, os tristes clérigos gritavam: "temos filhos no 9º ano". Elas ficavam grandes, gigantes e enchiam o céu com as suas pernas gordas, parindo crianças prontas a entrar no 9º ano. Sei agora que tinha adormecido de novo.

Fora sarnentos, filhos da puta!

"José, acorda!"

"Então? A passagem de modelos foi boa?"

"Correu bem. Os jovens do clube europeu organizaram tudo muito bem"

"Óptimo!"

Semi acordado, pensei na facilidade que os jovens de agora têm e na possibilidade de conhecer o mundo. Seguem os jovens, no domingo, para terras de França. Mais um intercâmbio. Coisa boa! Divirtam-se!

Só espero que tenham mais sorte do que os finalistas que, estando em Barcelona, nada viram de Gaudí porque os professores preferiram o "El Corte Inglês".

Acordei completamente.

"Estavas com pesadelos?"

"Não! Divertia-me! Tenho prática de lidar com porcos e galinhas."

Grand Hotel, Estocolmo

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sexta-feira, maio 06, 2005

Declaração

Soube hoje, depois do grande feito do Sporting, os nomes que acompanham o sr. Furtado na lista de candidatos à Câmara Municipal da Madalena, pelo partido Socialista.

O processo que levou à escolha, a aceitação do candidato e a competência da liderança do partido são temas que já abordei e, consequentemente, todos conhecem a minha opinião.

Relativamente às próximas eleições autárquicas, por respeito às pessoas que acompanham o sr. Furtado, (se se confirmarem os nomes), não voltarei a fazer qualquer comentário. São pessoas sérias em quem eu acredito e que, penso eu, foi com generosidade e abnegação que aceitaram os convites.

Pena não terem outro cabeça de lista.

Dito isto…asssunto encerrado!

Quarto no hotel Oriental, Bangkok

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quinta-feira, maio 05, 2005

Ideias

A higiene é sempre uma boa ideia. Vejam os muros que ontem "mandei" pintar se não estão muito mais bonitos hoje…pintados.

Bom trabalho! Continuem!

Parece que o leitor médio deste Blog já me encontrou utilidade; dar ideias.

Dar ideias simples e lineares é fácil. O mais complicado é encontrar soluções criativas para resolver problemas delicados. Fica o tema para outra altura.

Hoje vou dar umas ideias, apesar de não ser essa a minha vocação nem a minha obrigação. Quem concorre aos cargos é que só o deve fazer se tiver ideias. Se não as tiver…fique quieto.

1- O sr. Presidente da Câmara tem algo que pode fazer sem qualquer investimento adicional. Uma vez que já fez a troca do terreno do pré-fabricado que fica no início da rua que vai para a piscina pode, perfeitamente, tratar de o demolir e construir a rotunda de acesso à zona. Se não quiser ter esse trabalho, pode autorizar as Obras Públicas a realizar a tarefa (pelo que julgo saber, até já teve essa proposta). Simples, rápido e sem burocracias. Esta é uma pequena obra que só não avança por inércia e que, depois de feita, melhorará muito aquela área.

2- Ouvi numa entrevista na rádio Pico o nosso jornalista David Borges a dizer que há falta de jornalismo de investigação. Uma das causas para essa carência prende-se com os poderes instituídos e com a "tipologia" da terra. Há, no entanto, temas que interessam à terra e que não "abalam" as estruturas. Pelo contrário, poderão desmistificar algumas das ideias pré-concebidas que temos. Seria interessante saber, por exemplo, porque é que a TAP afirmou que não faz voos extraordinários para o Pico. Só os fará para o Faial. A resposta é estranha, uma vez que seria um voo de pessoas para o Pico. Gostavamos de saber, por uma vez, a causa das coisas. Força senhores jornalistas, informem-nos para além das aparências, com objectividade e ouvindo todas as partes.


3- Não sou contra festas. Antes pelo contrário, gosto de uma boa festa em boa companhia. Sei, também, que os jovens do grupo Magdala gostam de festas, apesar de terem dificuldades em calcular os timings correctos e se baralharem nos objectivos. Poi bem, cá vai a ideia: Organizem uma festa, peguem no lucro e comprem vidros e tinta. Substituam os vidros partidos da casa do padre e, já agora, pintem-na. É que, como está, parece um espaço abandonado e degradado. Dêm dignidade ao espaço que é, afinal de contas, a vossa casa.

Podia estar nisto a noite inteira, sem qualquer dificuldade. É que, infelizmente, está quase tudo por fazer, em quase todas os domínios. No entanto, como já disse, não é essa a minha função.

Hotel Oriental em Bangkok

Um dos melhores do mundo. Sem dúvida.


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quarta-feira, maio 04, 2005

Sr. Presidente da Câmara

Sr. Presidente da Câmara

Hoje é um mau dia. Estou chateado….o nosso Mourinho foi eliminado e, agora, na ressaca da coisa, vou-lhe escrever umas linhas.

Antecipo a gotinha de suor a criar-se na testa e antevejo o dedilhar nervoso no teclado do PC.

A gravata parece estar um pouco apertada?

Estamos agitados?

Optimo!

Já tenho a sua atenção!

Estamos na Primavera e fazem-se as grandes limpezas. Os passarinhos fazem os ninhos, as flores furam a terra e as folhas partem os troncos, mostrando-se ao sol. Os morcegos dançam a valsa das moscas e estas detestam. Sobretudo quando são apanhadas.

O mar acalmou e os privados fizeram as suas obras. Mais do que deviam! Até mandaram vir tratores para limpar a frente do mar e carradas de bagaço para alindar os espaços públicos. Tudo sem subsídios nem alaridos. Tudo feito porque…tinha de ser!

Continuamos juntos?

Óptimo!

Lá vem pancada!

Não! Hoje não! Vou tentar uma nova abordagem.

O Faial está cheio de turistas. Poucos se deslocam ao Pico. Os poucos que cá desembarcam têm uma visão pouco "glorificante" da nossa terra. Há demasiados "placards", muito lixo e mijadela atrás das "barraquinhas" da zona marítima, há muito "mato" no centro da vila, cheira mal na zona da pesqueira e, sobretudo, há muita falta de tinta em muitas casas da Madalena. Algumas, como a "lota", até têm placa a dizer que pertence à CMM.

Hoje fica apenas um conselho. É um conselho sério porque tenho falado com operadores turísticos e turistas que nos visitam. A reclamação mais comum é: Falta de higiene geral.

Sr. Presidente, dignifique a nossa Vila. Pinte os edifícios públicos, espalhe floreiras em quantidade e, nesta época eleitoral, em vez de oferecer cimento, ofereça tinta. Reúna com as autoridades portuárias e exija mais. Exija a retirada de placards e de todos aqueles que não fizerem uma manutenção cuidada às suas instalações "provisórias". Exija uma esplanada "digna", com boas instalações sanitárias, aos bares que se preparam para abrir e, já agora, nada de plásticos pretos nas nossas festas.

Tenho dito…por agora!

Machu-Picchu

Também no Peru, há um lugar mágico que deve ser conhecido. Chama-se Machu-Picchu. É o lugar mais mágico do planeta. Não há bons hoteis. apenas uma pensão razoável. Não é motivo para perder a viagem. Fica-se bem!


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segunda-feira, maio 02, 2005

Comentários.

- São gases!

Assim, tal e qual como a história das rosas no regaço. É a forma de, a partir de uma certa idade, se ir enganando a doença.

- É pá, dói-me o peito!
- Devem ser gases - responde logo o amigo, afastando célere a ideia de um ataque cardíaco.
- Ufa! Tenho uma pontada nas costas!
- São gases, pá! Já tive disso uma vez… Responde outro enquanto sacode do pensamento as ideias macabras de rins e outros, em colapso.
- Dói-me o abdómen!
- São gases! Agora diz em coro o pessoal, enquanto pensa numa série de complicações no estômago.

Assim se vai fugindo às coisas sérias que nos desagradam. Assim vamos tornando etéreo o sólido que somos e se vai levando, com leveza, as maleitas do "cronos".

A que propósito vem esta conversa?

Pois bem, estive a ler os comentários do Post anterior e, ao chegar ao segundo exclamei:

- Uma ideia!

Depois reli e pensei melhor. Todos sabemos que os gases fazem uma espécie de uma bolha leve. Essa bolha tem tendência a subir. É da física. Ora, se os canos estão mal amanhados, aquilo sobe até ao cérebro e pode, nalguns casos extremos, formar uma cadeia de sinapses que geram um sucedâneo de ideias. Foi o que aconteceu ao comentador.

Afinal não foi uma ideia! Foram gases!

Pois paciência!

O que me fez confundir aquilo com um caso de ideia original foi o facto de haver alguma verdade no raciocínio. Certos gases têm essa influência e esse resultado.

De facto, e a verdade é essa, eu sou um ladrão!

Vou repetir, porque já imagino outra bolha a subir rápidamente ao cérebro desgastado do comentador:

Sou um ladrão!

Roubei o sossego de algumas almas que se tinham desabituado a pensar. Roubei o descanso daqueles que faziam o que lhes mandavam sem ter o trabalho de questionar. Roubei um pouco do vazio de alguns cérebros que, finalmente, conseguiram acrescentar um brilho aos olhos. Roubei um ou outro sorriso, ao longo destes meses.

Veja-se a sorte que o comentador teve ao acertar no seu raciocínio. Tivesse ele tanta sorte na manipulação da língua que teria um convite para escrever os discursos do presidente da Câmara.

Não apago, hoje pelo menos (amanhã logo veremos) porque (e aproveito para responder a outra questão) ao contrário de Skinner, não sou comportamentalista. Fica o comentário para que o autor tenha modelos de referência. Assim, sempre que ler as suas "tropeçadelas" mentais, poderá pensar:

"Gostava de ser como este gajo. Ter a coragem que ele tem e a mesma capacidade de diagnóstico".

Quanto ao outro problema, aos cães costumo dar aero-om e funciona.

Hotel Monastério, em Cuzco (Peru)

Um hotel num antigo Mosteiro que, para além de ter um charme especial, tem room service de oxigénio (devido à altitude).


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Reforço

Hoje à noite, entre um café, um whisky e a síntese da jornada, um amigo perguntou-me se eu conhecia as teorias do reforço e, mais concretamente, a importância do reforço positivo.

Disse que sim, que claro que conhecia….

A malta da Madalena, precisa de reforço positivo. Cortou, o meu amigo, de forma peremptória.

Acho que sim, estou de acordo e penso que o reforço positivo é muito importante, desde que não seja levado ao extremo de algumas escolas Americanas em que basta dizer o nome para ter direito a uma salva de palmas. Nós, os portugueses, somos mais discretos do que isso e não gostamos muito de falsas salvas de palmas.

O meu problema é que, normalmente, não falo do "pessoal da Madalena". Costumo escrever, apenas, sobre as suas elites: os governantes, os políticos, os clérigos e todos aqueles que detêm poder real para exercer.

Sobre esses, vou escrevendo o que merecem.

As teorias do reforço são claras:

O reforço positivo (recompensa) é importante para incentivar comportamentos que são considerados adequados.
O reforço negativo (punição) é aplicado sempre que o comportamento é desadequado.
A ausência do reforço é traumatizante e nunca deve ser aplicada, no contexto da aprendizagem. Não há nada pior do que sermos ignorados (segundo a teoria do reforço).

Ora, os cromos locais, sobre quem escrevo, só têm feito asneiras. Logo, tenho duas hipóteses de resposta: Ignoro-os (ausência de reforço) ou critico (reforço negativo). Como não quero o pessoal frustrado, exerço a minha capacidade crítica. Era mais fácil e prático esquecer e nada dizer. No entanto, sendo boa pessoa, prefiro participar de forma abnegada e piedosa no seu processo de aprendizagem.

Que me agradeçam, à luz da teoria do reforço, todos aqueles que tenho criticado.

Hotel Polana

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domingo, maio 01, 2005

Primeiro de Maio…

O dia do trabalhador, aquele que deveria ser de todos nós, devido às atribulações revolucionárias do período pós 25 de Abril, acabou por ficar conotado com os movimentos de extrema esquerda.

Por isso, ainda hoje, há pessoas que pensam que o dia do trabalhador é uma espécie de prolongamento do Maoísmo e um monumento intelectual à "grande revolução cultural".

Ninguém tem mais medo de se misturar com o povo celebrante desta data do que aqueles que, inseguros da sua condição social, porque tardiamente encontraram o fato Boss e a água de colónia, têm medo de perder os seus privilégios. Por poucos que sejam e por ridículos que pareçam, os "mimos" da ascenção social a que acederam, muitas vezes sem mérito, fazem com que passem a negar a sua origem.

É o caso do nosso presidente da Câmara. Não celebrou o 25 de Abril nem o primeiro de Maio porque simplesmente, já não se identifica com o fim celebrado. Esquece-se que nem lavado com água de rosas durante uma semana e esfregado com perfume francês, nem que dê vinte voltas à ilha no BMW da Câmara, nem que continue a engordar a sua conta bancária por mais uns anos, consegue alterar o que está na sua cabecinha.

E o que lá se encontra, no final de contas, é puro medo. Medo de perder privilégios que, de outra forma nunca conseguiria.

Os piores pobres são os de espírito.

Pelo contrário, a orgulhosa malta do Monte (futura freguesia) comemora, sem qualquer problema de identidade, o dia do trabalhador.

Viva o Monte!

Hotel Polana, Maputo

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sábado, abril 30, 2005

Geminações…

Jorge tem uma gota no canto do olho. Cá fora "estrala a bomba e o foguete vai no ar". O povo contente sente a amargura da passagem. A nossa virgem e santa Madalena está a meio do ritual de crescimento.

Será a mesma depois desta cerimónia?

Jorge olha os olhos do seu futuro parceiro e, ternurento, sentindo um arrepio a subir pela coluna vertebral, percebe que os sentimentos ocupam o cérebro. Rui de Almeida, o camareiro, nem tem tempo de avisar o seu presidente sobre o perigo da promiscuidade. Jorge retorce os olhos, sacode e meneia o traseiro. Uma sensação de liberdade e de entrega prevalece. Um frémito…um formigueiro…uma descarga de adrenalina e o facto consuma-se.

Adorei!

Foi bom para ti?

Um cigarro, uma esferográfica e um papel. Uma assinatura e está consumado o acto: Madalena geminada com a Covilhã.

Dá cá a tua máquina de fazer neve e leva a minha traineira. Como te amo, Covilhã! Sejas tu quem fores. Ser-te-ei fiel para sempre meu amor!

Longe, na rua do Carmo, Luis contesta e, budista de sempre, rega com alcool o chouriço e a camisa, chegando fogo a ambos.

Arde! Arde, filho da mãe!

Ainda se fosse a Amadora por causa dos animadores da discoteca ou Fátima por vezes do nosso santo padre, ou mesmo Faro, em memória do meu rafeirio, tudo bem! Agora a Covilhã…Nem pensar!

Arde! Arde filho da mãe!

E durante um minuto, Luis ardeu em protesto! Facas na mão, ar de incompreendido e grito rouco de dor futura…Torturou-se contra…Abaixo a Covilhã!

Ninguém ligou! Até se riram!

Eu não! Eu percebi a inutilidade dos actos!

O chouriço ficou bom e o o Luis também, graças a Deus!

Viva a Covilhã! Ou talvez não!

La Mamounia

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sexta-feira, abril 29, 2005

Gostos…

A subjectividade do assunto já foi, claramente, explicada… Podemos passar à frente!

Há imensos casos óbvios de mau gosto e de péssimo sentido estético. Havemos de ver esses casos, sobretudo os que têm a ver com a Câmara Municipal e com o seu actual presidente.

Hoje vamos pensar um pouco sobre uma questão que não me colocaram mas que eu senti no ar: "Será de mau gosto um socialista dizer mal do seu partido, e não apoiar os seus candidatos?".

Claro que é! Se o partido, como um todo, respeitar os estatutos e os líderes locais respeitarem as normas democráticas, é claro que é de péssimo gosto um militante ir, publicamente, contra o seu partido e as sua decisões.

Ponto final!

Há excepções? Claro que há!

Se o partido não respeitar as regras democráticas e se entrar numa paranóia de desrespeito dos concursos públicos. Se o partido esquecer as regras democráticas da decisão e ignorar a opinião dos seus militantes, então estamos no domínio da excepção: há que desrespeitar o partido porque os ideais deixaram de existir. Passamos a ter um regime instituído que contradiz tudo o que acreditamos. Não há partido socialista. Há, apenas, um conjunto de pessoasa que tratam, de forma egoísta e monárquica, dos seus assuntos particulares. Não merecem qualquer respeito. São os fascistas que emergem das maiorias. Os "sabidolas"!

Seria de mau gosto não reagir.

Se grassa a cobardia e se os líderes locais são claramente incapazes, é obrigação das "bases" indicar o caminho.

Se olharmos para o "palanque" e verificarmos que lá se encontram três donzelas tímidas (Serpa, Manuel Tomáz e Hernâni) que fazem asneiras de forma despudorada e, largando-se, olham em redor, com ar contrariado e superior, à procura do autor do "pum" que provocou o cheirete, então temos que apontar o dedo acusador e dizer: "suas porcas!"

É uma obrigação democrática!

Inscrevi-me num partido, conhecento a fundo os seus estatutos e o seu projecto social. Estou preparadíssimo para debater as ideias. No entanto, tenho assistido ao desrespeito de todas as normas democráticas, por parte dos tais "bosses" locais do partido. Não me inscrevi, sujeitando a minha vontade a três "porquinhos" da política nem aos três videntes de Fátima. Estou-me a marimbar para as pessoas! Interessam-me as ideias! Só as ideias!

Resumindo, é de bom gosto combater o totalitarismo e o fascismo das ideias, mesmo que estes tenham o estatuto de líderes do nosso partido. Aliás, se fossem dos outros partidos, não me espantaria. No meu…"No way!" Não aceito, nem me calo!

Os princípios são para respeitar.

É de bom gosto!

O contrário, seria como se um padre inventasse, na noite da morte do Papa, um novo shot; o "Adeus celibato".

Era feio!

Não acham?

Hotel la Mamounia

Hotel La Mamounia em Marraquexe. Já foi considerado um dos melhores do mundo e o melhor de Africa. Marrocos no seu melhor!

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quinta-feira, abril 28, 2005

O gosto…

Poucos temas são tão subjectivos como este e, por isso mesmo, despertam um tão grande interesse.

Podemos partir do princípio que o sentido estético sofre uma influência directa do meio social e cultural em que os indivíduos estão integrados.

Lapalisse dixit!

Acrescente-se, ao "tipo médio", a possibilidade de viajar, de ver outras realidades, de se instruir na leitura dos símbolos, a capacidade financeira para aceder à oferta cultural Universal e temos um ser com o "gosto cultivado", requintado e apreciador "das coisas boas da vida".

De que é que essas pessoas gostam? O que é, afinal, o bom gosto?

Não faço a mínima ideia! Não sou capaz de afirmar, com certeza absoluta, que valores estéticos se devem impôr qualitativamente. Sei-o para consumo interno, para mim. Para os restantes populares, tenho alguma dificuldade em hierarquizar uma listagem de "belezas" consumíveis. Não o vou fazer!

O contrário, no entanto, é fácil. Definir elementos que de tão dissonantes, se tornam de "mau gosto", é desporto de massas. Qualquer pessoa pode verificar os indicadores e concluir que aquele elemento está a mais. Está deslocado e é, portanto, desagradável.

Exemplos?

Vamos a isso!

Líderes que dizem que um candidato é fraco, "já deu o que tinha a dar", "é um perdedor" (etc.) e, passado duas ou três semanas o apresentam como o "seu" candidato, é feio. É tão deslocado como exibir uma "cremalheira" cariada num concurso de beleza. São dois casos em que se deve recusar a participar ou, melhor aínda, manter a boca fechada.

Saber que já foram convidados uma série de pessoas para assumir uma candidatura e que todas recusaram. Saber que fazem o convite só porque não têm mais ninguém e que o fazem contrariados e, mesmo assim, aceitar…É feio! É como um sexagenário com artrose querer participar num concurso de "break dance". São casos em que o melhor é estar quieto. O resultado final só pode ser…fazer má figura.

A lista de exemplos poderia continuar mais uns metros. Vamos deixar alguns exemplos para os próximos dias. É que bater no ceguinho que, por acaso também ouve mal, depois de ele mostrar sinais de desfalecimento, é tão obsceno como um Cardeal levar uma grade de cerveja para o velório Papa. É foleiro!

Não vamos seguir o exemplo.