segunda-feira, janeiro 31, 2005

Dignidade.

Não vou dar nenhuma lição de moral sobre comportamentos sociais e boas maneiras. Isso fica para outra altura.

Interessa-me, agora, reflectir sobre a dignidade das nossas Instituições. Todas não, que são muitas. Vejamos, apenas, as "casas que representam o povo", vulgarmente chamadas de Assembleias Legislativas.

Sendo a Instituição, por excelência, que melhor representa uma democracia, é do
interesse de todos nós, que esta tenha a maior qualidade, respeitabilidade e dignidade possíveis.

No caso da nossa Assembleia Regional, a ALRA, penso que a sangria que esta sofreu aquando da constituição do Governo levou a que alguns dos mais capazes para desempenhar o papel de Deputado, fossem substituidos por segundas escolhas (nomes mais recuados nas listas propostas).

Por outro lado, a continuação da apresentação de candidatos, no topo das listas, que desempenham tarefas nas autarquias e que não pensam deixar de o fazer, contribui grandemente para o agravamento do fenómeno das substituições.

Na prática, assistimos à entrada na ALRA, dos nomes que estavam nas listas de candidatos em lugares não elegíveis. Muitos deles sem competências específicas (académicas e profissionais) para desenvolverem um trabalho eficaz.

Uma Assembleia diminuída é mau para a democracia e para a autonomia Açoreana. E, sobretudo, não nos dignifica.

No caso da Assembleia Legislativa Nacional, para além da sua inegável importância, a existência de um grupo capaz e altamente competente, é crucial para os interesses Regionais.

A criação de um "lóbi" Açoreano, no continenente, composto por um grupo de pessoas altamente competentes e capazes de se movimentarem no meio político nacional, com a incumbência específica de facilitar as relações institucionais entre o Governo Regional e as Instituições Nacionais, seria deveras desejável.

É claro que esse "lóbi" já existe. Trata-se agora de o dotar com nomes que tenham um peso político suficiente para que sejam ouvidos como interlocutores sérios.

Não me parece que seja o caso da actual lista do meu partido.

A grande maioria dos nomes escolhidos não traduzem, em capital político, uma mais valia real para o "lóbi" Açoreano.

Vejamos três exemplos:

1- O cabeça de lista, Ricardo Rodrigues é uma pessoa cujo lugar, se tem o apoio político de Carlos César como parece ter (vimos na campanha), será no Governo Regional. O seu lugar de deputado parece ser, portanto, a prazo.
2- Renato Leal é uma pessoa difícil no partido. Quer pela sua postura pessoal, quer pelo seu perfil político. As suas aspirações locais, nomeadamente no que refere à Presidência da ALRA estão, cada vez mais no domínio do hipotético. O seu destino político seria, no futuro, um problema.
3- A representante do Pico, sendo independente, com um currículo profissional de duas linhas e sem qualquer experiência política relevante, dificilmente poderá ter uma performance satisfatória no hemiciclo.

Em síntese, ao enviarmos deputados que, em vez de serem escolhidos para formarem um forte grupo de pressão (associados a outros elementos, claro), foram nomeados por motivos diversos e dispersos, não estamos a prestar um bom serviço aos Açores. A ausência de um grupo credível não confere à Assembleia a consideração e dignidade que ela merece.

Dirão que há nomes elegíveis e outros não.

Claro! Também nas listas para a ALRA isso acontecia mas, os resultados finais foram outros.

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domingo, janeiro 30, 2005

Ídolos

Faz parte na natureza humana a vontade de melhorar, de ser perfeito, de se afastar da origem símia que temos agarrada à nossa pele.

Muitos conseguem. Homens como Einstein, Gandhi, Guevara e muitos outros, vão muito além da taprobana. Dobram todos os Bojadores e tornam-se referências para a humanidade. São metas que todos gostariamos de alcançar.

Pelos seus feitos, pelo seu contributo e pelo carisma da sua personalidade estes homens definem o padrão da excelência e dão-nos motivos para melhorar.

Quando o objectivo é muito elevado, torna-se claro que poucos o podem alcançar. Procuram-se, então, valores mais próximos, possíveis de atingir.

Cria-se assim uma espécie de hierarquia de modelos de conduta. Um sistema complexo de ídolos.

A nível local, o processo é semelhante. Temos os nossos ideais de futuro: como gostariamos de vir a ser, se fosse possível. Sabendo que a probabilidade de o atingir é mínima (nalguns casos inexistente) construímos, para defesa do nosso ego e da nossa auto-estima, um conjunto de ideais baseado nas pessoas que nos estão próximas e que julgamos conhecer.

Estes referenciais são, no fundo, os ídolos de todos aqueles que não se conseguem afirmar em nenhum campo específico. São, do ponto de vista afectivo, as âncoras morais que os suportam dentro de limites aceitáveis de frustração diária. Os segundos acabam por viver a sua vida em função dos primeiros. Acompanham os seus sucessos e insucessos, vibram com as suas vitória e sofrem com as suas perdas. Há um mecanismo de transfert.

Com o passar do tempo, acabam por perder os referenciais mais elevados e passam a aspirar, apenas, à chegada o dia em que consigam ver o seu nome associado à personalidade da sua admiração.

Coleccionam fotografias, pedem autógrafos, decoram as frases. Em casos mais extremos e demenciais, chegam a sonhar em destruir o seu modelo. Desta forma ficam, pensam eles, ligados para sempre com a figura/objecto do seu desejo. É quase uma doença. Um complexo de édipo distorcido. Foi por este motivo que, por exemplo, o John Lennon foi assassinado.

Em síntese, na demanda do crescimento, todos temos os nossos super-heróis.

Uns admiram e outros são admirados. É a lei da vida!

Pedro Rocha

Um pintor portuense.
Professor da Faculdade de Belas Artes do Porto,
Expõe desde 1969.


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Surpresa!

Hoje jantei com a malta!

Como não podia deixar de ser, lá discutimos, de forma civilizada, sobre as opiniões de cada um. Um dos temas versou o último texto do meu Blogue.

As opiniões divergiram, a princípio. Só a princípio…

"Larga da mão!". "Já sabes como isto funciona!". "Fazes as perguntas certas mas ninguém te responde!".

"Que não. As perguntas são pertinentes, alguém há-de responder!".

Essas coisas estão muito acima de nós, meros mortais, simples populares, bases inomináveis da super-estrutura omnipresente e omnisciente do grandioso Partido Socialista Açoreano.

Caramba!

"Larga da mão!"

"Não largo!"

"Então que vais fazer? Como podes ter uma resposta? Não te esqueças que nada vales no contexto vasto da organização! Cuidado com o Hernâni e com o Serpa!

Quêm????

Pois! Pois! Que tal entregar às forças incontroláveis do tempo? O futuro trata de tudo, de forma inexorável!

Tá bem. Rezemos…

E lá nos levantamos todos, mãos nas mãos e, cabeça baixa, ladaínhamos;

Avé Maria, Cheia de graça….

Tem graça a rapariga mas, daí até ter direito a uma reza, vai uma grande distância.

Stop!

Então em que ficamos?

Fácil!

Três mesas: Uma com os quatro candidatos, uma com os três confirmados e uma connosco.

Um sucesso! Para a Parisiana!

Não vais ter respostas!

Pois não, mas ao menos divirto-me com os discursos!

Boa ideia! E podemos, na mesma, fazer as perguntas à nossa candidata.

Claro!

Afinal, que vamos perguntar?

Montes de coisas. Por exemplo; Qual é o paradigma social do Partido que a apoia? Quais os artigos fundamentais e inalteráveis da Constituição Portuguesa? O que pensa do mandato de Mota Amaral? Onde estava no 25 de Abril de 1974? Aceitar a nomeação foi uma decisão ética ou moral? Qual é a diferença? Do ponto de vista estrutural, qual será a sua principal contribuição?

Mas…isso são pergunta fáceis!

Claro! As difíceis são surpresa!

sábado, janeiro 29, 2005

Carmo Moura Nunes (Versão Hard)

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O costume!

Hoje, chegando ao beco para tomar um copo com os meus amigos, soube que deveria ter dado uma resposta a um convite do Partido Socialista, para jantar, na próxima quarta feira, com os candidatos à Assembleia da República.

O prazo limite era hoje.

O que acontece é que os correios não entregam correspondência em minha casa. Portanto, tenho que a ir buscar a casa de família, na Madalena.

Não fui.

Logo…não vou (ao jantar).

A culpa é minha e dos correios….paciência!

No entanto, há aspectos curiosos.

Porquê apenas um dia para confirmar a presença?

Porquê um jantar no dia da festa de Nossa Senhora das Candeias, na Candelária?

E, sobretudo, porque será que hoje (sexta feira), sendo o último dia, até ao meio dia, havia apenas 3 (três!!!!!) confirmações para o jantar de 15 euros, na Parisiana?

Qual é a resposta?

Há duas:

1- Amadorismo! Organizações feitas de forma pouco pensada e estruturada e que não dão tempo aos interessados, para poderem responder em tempo útil. É desta forma que se explica que o PS da Madalena ainda tenha em "stock" a propaganda eleitoral que deveria ter ido para a rua aquando das eleições para o Parlamento Europeu.

2- Intencionalidade! Quanto menos melhor. Mais aconchegados e, sobretudo, mais consensuais serão as escolhas. Desta forma não há, de certeza , direito a diálogo.


Três confirmações!!!! É pouco mais do que ridículo. Afinal o problema não sou eu, nem os correios. O problema é a incompetência generalizada.

Consequências?

Para o PS: as do costume: uma organização sem adesão das massas.

Para os candidatos: um descanso. Vão discursar para os surdos do costume.

Para mim: uma chatice! Vou ficar sem saber as opiniões da nossa candidata local. Qual é o seu entendimento da orgânica da Assembleia da República? Qual é a sua opinião sobre os estatutos do Partido? Quais são os seus projectos de intervenção? Qual a sua posição sobre os casamentos homossexuais? Qual a sua posição sobre a regionalização? O que é, do seu ponto de vista a autonomia? Sobre o aborto, qual a posição? A constituição merece alguma revisão? Etc. etc.

Em suma: Um alívio para quase todos. Poderão comer e beber à vontade, sem qualquer questão "incómoda".

Esperemos que nenhum candidato, e há vários possíveis, venha a dar lições políticas em horário pós-laboral. Seria desastroso.

De qualquer forma fica sempre a questão: Que critério para a selecção da candidata representante do Pico. Tenho dado voltas à cabeça e não encontro nenhuma resposta minimamente honesta. Nem, pelo menos, justificada.

Que raio de poder têm estas pessoas para escolherem quem lhes dá na cabeça, sem nada explicar a quem vai votar? Que raio de partido é este que, democraticamente, decide o que bem entende, sem consultar as suas bases?

Posso falar à vontade porque tenho cartão e escolhi o Partido pelo seu programa e pelos seus estatutos. Nem foi uma escolha cega, nem sou um independente a quem a "montanha" vem. Sou um "base" consciente e conhecedor dos ideais originais do Partido.

Depois da indignação, reparei no nome que assina a carta de convite: Hernâni Jorge!

Fez-se luz!

Mas a chatice manteve-se!

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Votação 2

?o?����?Z?� que dêm a vossa opinião sobre o que consideram prioritário para a Madalena.

Caso tenham outras ideias, para além das propostas, coloquem-nas nos comentários que eu, posteriormente, as substituirei por aquelas que forem menos votadas.

Votação

Os resultados da questão colocada ("Concorda que o Sr. Hernani Jorge deva ser o candidato do PS à Câmara da Madalena"), são os seguintes:

Sim - 73%
Não - 23%
Não sei - 4%

O significado e a lição deverá ser tirada por cada um de nós. Uma conclusão possível será: há vontade de saber qual é o peso político real do Sr. Deputado.

O valor científico é nulo.

Carmo Moura Nunes (Versão Light)

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quinta-feira, janeiro 27, 2005

Palavra Vs Palavra

Os fenómenos da comunicação são complicados. Naquele percurso, quase insignificante, que separa duas mentes que interagem, tudo pode acontecer. Da mais ridícula interpretação até à mais rebuscada teoria sobre a mensagem implícita.

Quando o diálogo é frontal, temos um conjunto de tiques, gestos e tons que podemos utilizar e que dão mais sentido à ideia.

Dizer a alguém que ele é burrito, por exemplo, e em simultâneo dar uma palmadinha nas costas ou, em alternativa, dar uma piscadela de olhos subtil, altera completamente o sentido do insulto.

Dizer a uma rapariga que é gorda é um insulto. No entanto, se for sussurrado e acompanhado de um ligeiro toque, de um olhar lânguido e de um leve roçar da lingua nos lábios, a interpretação possível é que, afinal de contas, trata-se de um elogio. O emissor está a descrever, no fundo, o seu objecto de desejo.

Se se disser a um tipo que ele é maluco e, acompanharmos a palavra com uma valente palmada nas costas. O insulto passa a cumplicidade. O receptor não ouve "maluco" mas sim "Ganda maluco". O que é, convenhamos, bastante diferente.

Na palavra escrita, estamos tramados. O que lá está é o que se diz. Não há olhar, palmadinha ou encolher de ombros. Resta apenas a colecção de letras. B-U-R-R-O. Mais nada! Não há adoçante.

Torna-se difícil de gerir as ideias e de amenizar as opiniões. Tudo parece mais brutal e seco.

Desde que leio alguns comentários vejo que há quem pense que, através do estilo, há formas de tornar o "burro" menos burro.

Veja-se um exemplo: "O sr. doutor desculpe-me, sem maldade, digo-lhe com toda a honestidade que a nossa amizade permite, por favor não se ofenda se lhe disser que penso que o sr. se passou".

Complicado não é? Será eficaz?

Náááá´! Parece que se dança uma chamarrita ao som do fado.

O melhor é apostar na capacidade de interpretação de quem lê.

Carmo Moura Nunes

Uma pintora difícil de gostar devido aos temas que pinta. A sua técnica e imaginário levaram a que alguns críticos de arte a considerassem a sucessora de Paula Rego.


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Sugestões

Apesar de o anti-ciclone ser caprichoso, todos aquele com quem tenho falado dizem que vem mau tempo para o fim de semana.

Se assim for, permitam-me que dê alguma sugestões para actividades "in-doors":

1- Primeiro, e antes de mais, a lareira acesa é sempre uma boa ideia. Não fazer nada ao calor do fogo, também é aceitável.

2- Um disco - Há uma nova tendência no panorama musical. Os hoteis e os bares contratam Disk Jokeys para remisturarem músicas mais ou menos antigas. Saem coisas muito interessantes, do ponto de vista das sonoridades. Um exemplo possível é o disco: "Hotel Costes", com o título de "Sept". Trata-se de uma criação de Stéphane Pompougnac e é editado pela Wagram.

3- Um livro - Há imensos para ler e reler. Fico-me com a "Breve História de Quase Tudo", de Bill Bryson, editado pela Quetzal. É a forma mais simples de se aprender coisas complicadas e, no processo, rir um bocado.

4- Um Blogue - Para os mais ligados às novas tecnologias, considero que vale a pena dar uma vista de olhos no "pai de todos os Blogues". Aquele onde os menos imaginativos vão, de vez em quando, roubar umas ideias. Tem como lema uma frase de Sá de Miranda que diz: "M´espanto às vezes, outras m´avergonho". Refiro-me, claro está, ao Blog do Pacheco Pereira que se situa em:

http://www.abrupto.blogspot.com

E o tempo passa num instante.

Um cardume

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Contrapartidas

Quanto mais vasculho nos arquivos de artistas portugueses, mais me incomoda o facto de não podermos ver, aqui no Pico, algumas exposições destes criadores.

No entanto, penso que podiamos ter acesso a essas obras. Pelo menos não é uma impossibilidade.

Existe uma Instituição, com o nome de Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, que foi criada com verbas provenientes das contrapartidas da utilização da Base das Lajes. Acontece que essa Fundação tem sede num belo palacete no bairro da Lapa e possui uma das boas colecções de arte contemporânea portuguesa.

Sendo essa Instituição financiada com verbas proveniente do aluguer da Base das Lajes e ficando esta nos Açores, parece-me razoável que aquela Fundação estivesse presente no Arquipélago.

Há várias formas de o fazer:

1- Passar a sede da Fundação para os Açores
2- Abrir uma delegação nas Ilhas
3- Organizar eventos que trouxessem às Ilhas as suas obras (entre outros).

A primeira opção é a minha preferida.

Estando para breve a renegociação das contrapartidas da utilização da Base Aérea, seria útil para todos que o Governo Regional abordasse esta questão.

Em qualquer das hipóteses, teriamos acesso à colecção daquela Fundação e sairiamos todos bastante enriquecidos.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Outros peixes

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terça-feira, janeiro 25, 2005

A pedido

O acordo, por Luzia Laje. Foto da Galeria de S. Mamede.


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Zé do Pocinho

Faz-me lembrar um certo peixe que saíu do Oceano Índico, à procura de águas mais frescas para se instalar. Nadou, nadou e nadou. Foi encontrando muitos locais para se instalar mas nenhum lhe agradou. Um tinha as águas muito frias, noutro o horizonte era limitado e noutro, ainda, era um reboliço estonteante de peixes em correria.

Foi continuando a sua viagem, até encontrar um calhau no meio do Atlântico. Aí se instalou, num canto mais ou menos discreto. Gostou da água pura, da vista ampla e da vizinhança. E foi ficando…

Primeiro ficava por pouco tempo, depois ia esticando as temporadas até que, por fim, acentou arraiais.

Foi conhecendo mais vizinhos e foi gostando cada vez mais.

É claro que havia uns peixes-porco que lhe azucrinavam a cabeça. Nadavam em círculo, sem saberem bem quem ele era e iam gritando que ele era de fora, que não pertencia àquele lugar, que fosse andando.

A todos respondeu da mesma maneira: Pouca peixeirada e toca a circular!

Com o passar do tempo as investidas dos malandrecos foi diminuindo e o teor dos impropérios ficando mais brando. Foram-se habituando a tê-lo por lá. Ele desconfiava que até gostavam da sua presença.

Ao fim de uns tempos mais ou menos calmos, recomeçaram os ataques. Só que desta vez eram diferentes. Em vez de ser: Não és de cá! Vai-te embora! Passou a ser: Peixe da Rocha, seu Peixe do Calhau!

O peixe da nossa história ficou satisfeito. Deram-lhe o nome do lugar. A sua imagem passou a estar colada ao nome do seu espaço. Não havia maior reconhecimento de que aquele era o seu lugar.

PS- Sinto o mesmo quando me chamam José do Pocinho ou, de forma mais sacanita, Zé do Poço. Quer dizer que sou daqui. Ou, como diria o outro, o Pocinho é eu! Cool!

Mais Luzia Laje

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Perguntar não ofende!

Será que o superavit dos Açores não poderia ser investido num Hospital para o Pico?

Luzia Laje

Uma jovem pintora Lisboeta que vai dar muito que falar no mundo das artes


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Ás armas!

Voltamos a ler, desta vez num jornal local, que a Terceira "tramou-nos".

São apresentadas várias provas;

1- O fatal artigo sobre as condições do aeroporto
2- Uma equipa de futebol daquela Ilha que cometeu o crime de ter ganho ao Madalena
3- Os jornais diários que não chegam ao Pico porque ficam na Terceira

Confesso que não percebi nada do artigo. Ou é a sério e o seu autor "passou-se" de vez. Ou, pelo contrário, é um gozo muito subtil às guerras inter ilhas.

Se é um gozo, é um bocado exagerado estar na primeira página do jornal, em grande destaque, e terminar junto a um artigo técnico, sobre o mesmo tema, cuja seriedade parece óbvia.

Se é a sério, não encontro palavras para classificar a demência que ele encerra.

O Madalena perdeu com uma equipa da Terceira? Jogasse melhor!
Os jornais diários não chegam cá? Arranje-se soluções alternativas. Ao Faial chegam.

Afinal há outros (sub-título do artigo). Pois há! Outros histéricos prontos a gritar às armas sempre que se fala de outras Ilhas. Outros "puristas" prontos a preservar o DNA dos picarotos de qualquer hipótese de misceginação. Só falta saber como se pode retirar os traços Africanos e Asiáticos, entre outros, que ele já contém (estudo da Universidade dos Açores).

Um jornal quer-se sério e objectivo. As brincadeiras que fiquem para os "Jornais Escolares" e para os Blogues.

PS - Que tal invadir Lisboa. É que o Sporting eliminou o Candelária da Taça.


segunda-feira, janeiro 24, 2005

Aprendizagem

Há aprendizagem quando, devido a diferentes fontes de aquisição de conhecimento, adquirimos novos comportamentos.

Acabou a Bolsa de Turismo de Lisboa e verificamos que o nosso arquipélago esteve dividido em vários espaços diferentes, não complementares. O mais curioso é que, em percentagem, o público destinatário do nosso produto, prefere viagens em "pacote". Prefere, de uma só deslocação, conhecer o maior número de Ilhas e ter o mais diversificado leque de serviços. Caso contrário, opta pelas Ilhas mais conhecidas.

Não é o caso do Pico.

A nossa opção (orgulhosamente sós) implicou que o sucesso da ida à BTL, se algum existiu, será, sobretudo para São Miguel que é, de todas as Ilhas, a que menos necessita de divulgação. Isto porque a venda do turismo no Pico, isolado do Grupo Central e dos Açores, em geral, não é viável em certames desta natureza.

Até aceito que houvesse vontade de seleccionar um público restrito, que viesse directamente para a nossa Ilha. Se assim fosse, a sua divulgação deveria ser através de revistas da especialidade e de feiras no estrangeiro. A BTL é boa para turismo de massas.

Sendo esta última a nossa opção, e não poderia ser outra devido à falta de infra estruturas, teremos que pensar em férias de "pacote" associando o Pico a outras Ilhas.

Em conclusão, e sem querer discutir aspectos funcionais como a imagem do stand, os folhetos e a informação existente, seria bom que se tivesse realizado alguma aprendizagem:

A BTL pode ser positiva mas, para trazer benefícios reais, terá de existir uma cooperação com outras Ilhas. De preferência, reunindo todas elas.

De qualquer forma trata-se de uma iniciativa que, por si só, não é suficiente para alterar significativamente as estatísticas. Não constitui uma estratégia.

Pior do que errar é não aprender com o facto.

domingo, janeiro 23, 2005

Armanda Passos 2

Para conhecer melhor...

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Agora falando sério!

Que candidato tem, o Partido Socialista, para apresentar às eleições autárquicas que se avizinham?

Do meu ponto de vista, o candidato ideal terá de vir de um dos cargos políticos da Ilha. Seja do ambiente, da agricultura, do desporto ou das obras públicas. As opções têm a ver, como é óbvio, com a sua capacidade financeira e política de distribuir apoios e financiamentos pela população.

Os primeiros, por razões óbvias que têm a ver com o perfil dos indivíduos, com a sua área de residência ou com a sua capacidade profissional e social, estão eliminados.

Desta forma, sobra o Delegado das Obras Públicas. Refiro-me, claro está, ao Dr. Miguel Costa.

Em primeiro lugar, para responder a quem questionar a honestidade da minha afirmação porque, noutros tempos, considerei um erro a ida de um jovem recém licenciado para o cargo de Delegado das Obras Públicas, devo informar que, na altura, foi um erro! Tratava-se de um jovem sem experiência profissional, num cargo fundamental, nomeado politicamente, por cima de uma série de pessoas mais experientes.

Foi um erro político! Está feito, passemos à frente!

A minha oposição nada teve a ver com a pessoa do Dr. Miguel Costa, cuja personalidade nunca questionei. Ele nada teve a ver com a minha indignação. Mais uma vez, afirmo que sou contra formas pouco claras de nomeação e colocação de quadros e não contra as pessoas.

Irrita-me o compadrio!

Assim sendo, e dando razão à minha crítica da altura, o erro político manteve-se. A nomeação não teve uma visão de futuro. Em vez de se ter dotado as Obras Públicas de um orçamento que permitisse ao seu Delegado chegar a este momento com a mesma popularidade do actual presidente da câmara, optou-se por uma política minimalista (do ponto de vista do orçamento). O erro foi feito e, agora, pouco mais há a fazer.

Nesta altura, creio, as possibilidades do Dr. Miguel vir a ser eleito rondarão os 35%.

Sendo pouco, é o melhor que temos. Há que apostar nos serviços e manter uma visão realista. Começar uma campanha séria de divulgação do nome e da personalidade e financiar as obras que têm de ser feitas. A prazo, e ainda falta tempo, é possível alterar as probabilidades.

Talvez seja necessário mandar calar alguns figurões comprometidos do Partido; os Barões ultrapassados e obtusos.

Do ponto de vista do candidato, creio que a negociação deverá ser séria e objectiva. Sendo as possibilidades de sucesso, neste momento, mínimas, deverá o candidato ter direito à continuidade do seu cargo em caso de fracasso da candidatura e, para o futuro, seria aceitável a sua colocação em segundo lugar nas listas para a Assembleia Regional.

Caso o Dr. Miguel Costa não aceite ser candidato, o que é compreensível depois das manobras do Dr. Hernani, este último terá de dar a cara e sujeitar-se ao voto popular.

Pela primeira vez!

sábado, janeiro 22, 2005

Armanda Passos

Armanda Passos é uma pintora do Norte - do Porto - e mantém uma produção regular. As suas cores fortes e os seus temas sobre o feminino são fáceis de identificar. É, sem dúvida, uma das grandes artistas plásticas nacionais, do nosso tempo.
A conhecer!



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5ª Feira D´amigas (ficção)

Os preparativos para a noite começaram cedo. A escolha do traje já estava feita há algum tempo, Tratava-se, agora, de dar corpo à fantasia.

Tentavam trazer para a realidade as suas fantasias. Uma vestida de Tina Turner e a outra de Margaret Thatcher. A insinuação por um lado e o poder, por outro.

A primeira assemelhava-se no tom de pele, a outra nem nisso, apenas a vontade de ser poderosa poderia fazer lembrar a dama de ferro. Foram horas de trabalho. Dias de preparação e de procura minuciosa das fantasias. Agora, finalmente, estava na hora de fazer o teste.

Olhavam-se no espelho, com nervosismo, e sentiam-se bem.

A primeira vestida com uma roupa pouco conservadora. A saia curta, de napa vermelha, fazia realçar a grossura das cochas. A camisa branca, justa, tinha a maioria dos botões abertos, deixando antever o soutien também vermelho. Nos pés uns sapatos altíssimos, a condizer com a saia, terminavam uma perna enrolada numa meia preta, muito fina, que mal escondia os pêlos das pernas. Estaria escuro, não se deveria notar muito.

O realce agora, a nota dissonante era o volume dos braços. A cabeleira comprida, negra e encaracolada, chegava pelo meio das costas e, com um novo penteado, puxando uma parte do cabelo para a frente dos ombros, a ilusão melhorava. Os ombros desapareciam. A cara era uma tela de artista principiante, cheia de cores primárias. Muito vermelho espalhado pelos lábios e pelas maçãs do rosto e, os longos cílios envolvidos numa gradação de cinzentos.

- "Simply the best!"

Dizia a personagem em frente ao espelho. Alta demais, muito morena e gordita, desiquilibrada nos saltos altos, com os braços no ar, parecia uma artista de cabaret. Estava satisfeita com a fantasia.

A segunda, mais conservadora, enfiada num saia e casaco de tweed cor de rosa, com umas beiras bordadas. A cabeleira muito cheia de laca mantinha-se no ar como por milagre. A cara muito branca, tinha uns retoques suaves em tom creme. Os óculos grandes completavam a ilusão. As pernas enfiadas numas collants brancas opacas, pareciam mais finas do que eram realmente. Nos pés uns sapatos pretos de tacão moderado. O toque final era dado pela carteirinha preta debaixo do braço esquerdo. O olhar nervoso contrariava a aparente segurança.

- Beautifull!

Olharam uma para a outra e sentiram-se bem. Com um beliscão na bochecha da Tina, a Margaret disse:

- Let´s go! It´s show time!

E lá foram as duas, inseguras em cima dos saltos altos, a caminho da festa.

Entraram nervosas e, após pararem durante um bocado à porta, para avaliarem o impacto da sua presença, decidiram entrar. Foram directas à mesa das amigas do PS, que já há algum tempo as olhavam desconfiadas.

Ao chegarem à mesa a Thatcher disse com convicção;

- Amigas! Esta é a nossa nova candidata. A futura presidente das mulheres socialistas. - A Tacher fez o seu discurso, sempre olhando para o lado, nunca encarando as mulheres da mesa. Parecia temer que o olhar pudesse fazer acabar o sonho e fazê-la voltar à realidade.

Da mesa, durante uns segundos, não se ouviu qualquer comentário ou murmúrio. O silêncio era constrangedor. Até que, de repente, como se tivesse sido combinado, desataram todas a rir ao mesmo tempo.

Uma, mais afoita, disse:

- Vai-te catar! Desapareçam as duas!

Sem resposta, olharam uma para a outra e viraram-se em direcção à saída. Na passagem ainda passaram pela mesa das amigas do PSD que diziam, no meio da confusão:

- Aquela é a tal….
- A nossa que quer ser presidente deles…

Sem olharem para a sala, no meio de uma risada que aumentava de tom até se tornar insuportável, ainda se ouviu a Tina a dizer:

- Eu bem avisei que não dava resultado.
- O chefe queria tanto. - Respondeu a Thatcher.

Ao fundo ainda se ouviu:

- Fora travestis!

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Dica:

Se for ao continente, ou se aí está a estudar, não perca a exposição da Paula Rego, na Fundação de Serralves. Está a acabar!

Para aqueles que já estão a pensar: "Este gajo pensa que Serralves é a seguir a São Mateus!". Lembro que há muitos picarotos a deslocarem-se ao continente por inúmeras razões. Vejam a estatística do "Náitindei" (night and day).

Paula Rego

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Informação.

Recebi a seguinte mensagem de um amigo:

"É da espécie CACTUS, subespécie ainda não identificada. A flores, para além de muito bonitas, são de curta duração e só abrem à noite porque são polinizadas apenas por insectos nocturnos"

Obrigado e um abraço

VOTAÇÃO…

Se leres um horóscopo que não te agrada…lê outro!

Se estiveres com alguém que não te ouve…procura outra pessoa!

Se a televisão estiver a dar algo sem interesse…muda de canal!

Se não gostares da musica que ouves…muda de disco!

Etc…etc…etc…

Se não gostares das votações que existem…faz outra!

E… cá está!

Toca a votar, se quiserem!

quinta-feira, janeiro 20, 2005

5ª Feira D´Amigas

A flor da fotografia, cujo nome científico desconheço, é muito curiosa. Aparece no início da noite e seca na manhã seguinte. É uma flor de uma noite só.

Assim é esta noite para as amigas. Uma noite de esplendor e alegria. Uma noite de partilha e diversão.

Divirtam-se!
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Passa a bola!!!

Passa a bola! É um grito que ouvimos muitas vezes quando assistimos a um jogo de futebol. Já todos assistimos a jogadas que poderiam resultar em golo, serem perdidas porque um jogador, entusiasmado e convencido, se esqueceu de que o jogo é para ser jogado em equipa.

Se um jogador consegue passar pela defesa mas chegou ao fim do campo, desenquadrado da baliza e passa a bola ao companheiro, depois de esta ter passado a linha do fundo, dando um pontapé para as bancadas, a responsabilidade do falhanço não pode ser imputada aquele que não recebeu a bola nem teve oportunidade de a chutar para a baliza.

Em política é a mesma coisa.

Estão para acontecer eleições para os núcleos do Partido Socialista. Estes recebem a tarefa de gerir os últimos momentos da campanha das autárquicas. Os novos corpos eleitos, a não ser que sejam os mesmos que lá estão, não têm qualquer responsabilidade no resultado dessas eleições.

Isto porque já vimos uns treinadores armados em Eusébios a fintar toda a gente e a chegar com o seu candidato à linha de fundo. Outros mais excitados já empurraram o seu candidato pela baliza adentro. Aínda outros, mais ao estilo do Argel, já "chutaram" o candidato para trás, na direcção da sua própria baliza, numa jogada bizarra. Outros, ainda, pouco crentes na qualidade dos seus jogadores, fazem pactos com os da outra equipa, pensando que, desta forma, facilitam a sua vitória. Nem repararam que esses jogadores foram expulsos da equipa principal, nem foram convocados e têm vários processos disciplinares.

E toda esta excitação sem que o apito inícial tenha soado. Imaginem daqui por uns tempos.

Os novos treinadores eleitos, até tinham gente para formar equipas credíveis e vencedoras. No entanto, os "donos da bola" têm-se entretido a pontapear as pernas desses jogadores/candidatos e diminuido a sua capacidade de jogo e resistência. Estão, quase todos arrumados.

Os treinadores no activo, talvez ainda pensem que podem comprar o árbitro ou, à última hora atirarem-se para o chão e pedirem para ser substituídos. Nada feito. Começaram… Agora acabem!

Para mim, há sempre uma solução possível. Meta-se o treinador a jogar. Está bem que a sua especialidade são jogos com rodas nos pés. Está bem que o seu melhor truque é meter patins nos pés dos outros e fazê-los deslizar… para longe.

Paciência! Só assim pode ser desculpado das asneiras que tem cometido. Se não quiser….lenços brancos para ele!

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Responsabilidades 1

O nosso poder político local é, no mínimo estranho. Estranho na sua ética, na sua atitude, no auto-conceito que exprime e na imagem que transmite.

Vejamos alguns exemplos simples. Poderemos, caso seja necessário, vir a analisar outros mais complexos que implicam comportamentos menos aceitáveis se, por algum acaso, a ideia que exponho não ficar clara.

Para o efeito, vou-me limitar a alguns exemplos que tenho captado na Blogosfera e que, penso eu, todos os que por aqui passam, tiveram oportunidade de confirmar.

1- A 22 de Dezembro de 2004. Num Blogue, gerido por um deputado do Partido Socialista, assistimos à mais primária incitação à "guerra" inter-ilhas". Sendo um representante na Assembleia Regional (gostaria de sublinhar o Regional, por oposição a local), é de uma grande irresponsabilidade afirmar que a população do Pico, como se fosse toda tola, foi "enganada pelos Faiais" (título do artigo). Apela a sentimentos primários e à discórdia. São atitudes que em nada dignificam o cargo que ocupa.

Aproveita, ainda, a oportunidade para lançar a dúvida sobre o facto de o júri de selecção ser composto por Faialenses.

Estas "guerrinhas" entre as Ilhas só servem para desviar a atenção dos assuntos verdadeiramente importantes. Os Faiais, os Lepras, os Japoneses, etc., etc., são termos que saltam de um imaginário que já teve o seu lugar na história. Agora é, simplesmente, obsoleto. Por outro lado, cabe à Assembleia Regional fiscalizar a legalidade e transparência dos concursos públicos. O Sr. Deputado já tem as conclusões do inquérito? Ou nem chegou a mexer no assunto? Não teve tempo, com certeza! Quanto à insinuação que o Júri do Pico seria mais transparente; é cómica, nada mais! (Terei oportunidade de explicar melhor).

2- A 30 de Dezembro, o Sr, Deputado bate palmas porque "a Ilha ganha asas". Afirma que está tudo bem e que não há entraves à vinda da TAP. A 12 de Janeiro assanha-se com a falta de certificação de equipamentos e, vai mais longe, deixa no ar a suspeita sobre a competência dos gestores da Sata.

É triste e frustrante verificar que um eleito pelo partido da maioria (absoluta!) não se dá ao incómodo de fazer os trabalhos de casa e, pelo menos, ser capaz de informar aqueles que nele votaram (e os outros todos, que também têm direito!), sobre o andamento das obras públicas da Ilha. Será que no meio desses "mails" todos para divulgar o Blogue, não poderia ter escrito um a pedir informações sobre a matéria. Ou mesmo enviar uma carta da Assembleia Regional (já mandou tantas), ou, ainda, pegar no telefone e falar com os Secretários Regionais. Será que não o atendem?

3- Deve ter sido uma vaga de fúria. No dia seguinte, 13 de Janeiro, lá vem mais uma boooomba! Já conquistamos o Faial (pelo menos ameaçamos que o fariamos), agora rumo à Terceira. Lá vem um "corte" de um artigo, devidamente descontextualizado, a fomentar a trica. A ausência de comentários, sublinhada no final, é um incitamento às interpretações e à cólera. E assim foi! (o artigo do Blogue chama-se "inqualificável!")

Na realidade o articulista manifesta uma opinião que até nem é negativa para a população do Pico. Pelo contrário, apela à segurança nos voos. A mim também me interessa! Por outro lado, o ataque que foi feito, foi directamente ao poder instituído. Aos políticos e a eventuais "donos da economia". Destes últimos não há. A própria Associação de Comerciantes nunca se pronunciou sobre o assunto e, grandes capitalistas…nem vê-los! Sobra, portanto, a classe política. Curioso que destes, o único que enfiou o barrete foi o HJ.

Em síntese, gostaria que ficasse claro que a ideia que defendo é que: os políticos em geral, e os deputados em particular, têm a responsabilidade de informar com objectividade, combater o compadrio, defender a sua Região e respeitar todos os cidadãos. Têm a responsabilidade de fomentar a coesão e servir de modelo de transparência.

Por oposição, é irresponsável, lançar a confusão e dar, deliberadamente, informações incorrectas e contraditórias. É irresponsável apelar a uma guerra contra "os de fora", sejam eles Faiais, Japoneses ou Chineses. É irresponsável lançar a confusão e a discórdia, só para manter um pequeno poder. Dividir para reinar é pouco inteligente porque os que sobram, no final, são tão poucos que não chegam para constituir uma equipa de futebol.


P.S. - Já agora tenho muita curiosidade em saber se o Sr. António Carlos Maciel que o Sr. gozou no seu texto "papagaio fino de bico dourado" (ainda era anónimo e podia dizer o que pensa) é o mesmo António Maciel que merece o seu elogio (já como HJ) no texto "Corrida de Reis".

Se assim for, é feio!

terça-feira, janeiro 18, 2005

Podas de Inverno.

Prepara-se, o Partido Socialista, para realizar uma reunião. Vai reunir a Comissão Política, amanhã, quarta feira. Como estamos em plena época de podas, a tentação vai ser grande. É da tradição do PS Pico efectuar podas radicais.

No seu passado recente, pelo menos em relação à Madalena, o PS vai diminuindo de vitalidade. Nenhum dos elementos que caracterizam um grupo, está presente:

- Não há objectivos comuns. Cada vez mais, a ideologia está ausente nas discussões internas. Limita-se a um prolongado "lavar de roupa suja" em que, bem verificado, ninguém sabe muito bem os motivos porque está contra este ou aquele militante e/ou facção. As respostas são fracas demais para terem sustentabilidade. Há, apenas, um somatório limitado de objectivos pessoais e, o seu sucesso, depende da manutenção desta situação de conflito emocional.

- Não havendo objectivos comuns, o grupo, ou o que resta dele, evolui no sentido da relação e não no da tarefa. Em vez de haver um trabalho sério, com o objectivo de aumentar e reforçar a capacidade reivindicativa do núcleo, navega-se à vista. Discutem-se afectos. Gosto deste! Detesto aquele! Como se se tratasse de uma agência matrimonial.

- Não há coesão. Sempre que algum militante novo entra, é recebido como sendo "de fora". O argumento mais comum é; "Ainda não conheces isto!", "A Madalena é complicada!". Como se houvesse pessoas fáceis noutros locais. Como se a condição humana, por milagre, fosse diferente na Madalena. São só pessoas! A questão é que a estrutura actual, tal como as anteriores, é incapaz de integrar e mobilizar novos militantes. Não há projectos que induzam coesão ao grupo!

- A falta de coesão implica um distanciamento das "batalhas", imediatas ou a prazo. A grande maioria dos militantes encara, por exemplo, as diferentes eleições, como um fenómeno distante, em relação ao qual nada tem a dizer ou fazer.

- Não existe uma estrutura interna ao grupo. Não há papeis a distribuir. De um lado sentam-se os poucos que vão decidindo e, do outro lado, a maioria que nem sabe o que pode fazer para ajudar. O argumento, já o ouvi, é: "Queres ajudar? Então cala-te!". É pouco como estrutura de papeis e funções. Aliás, não é pouco: é nada!

- Não há relações cara a cara que mantenham o grupo vivo. Sem comunicação não há grupo. Há quatro anos, pelo menos, que não há uma reunião do núcleo da Madalena!

Por isso, neste cenário, vamos aguardar por mais uma sessão de "corte geral". Aquele dificulta! Aquele fala muito! Aquele é de más familias! Aquele não sabe falar! E por aí fora, numa poda radical. Todos os ramos que parecem crescer noutro sentido serão cortados.

A alternativa vai ser, penso eu, o procurar ramos que pertencem a árvores diferentes e, numa mistura de cola, prego e agrafador, tentar colá-los à arvore socialista. Esperam, com certeza, que estes ramos venham a dar flor e fruto. Santa Ingenuidade e que incapacidade de aprendizagem.

Se estivesse enganado era um bom princípio!

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Noites....

Duas da manhã. A noite está calma, apesar de o Pico soprar um vento frio. O céu estrelado, pontilhado de luzes até ao infinito, mostra-me a verdadeira dimensão divina. Daqui vê-se o Universo. Não há sondas nem mecanismos que me mostrem a beleza que, deste lugar, consigo contemplar. Basta abrir os olhos.

Estou em casa.

Já disse boa noite a todos os meus fantasmas. Aos sete cães que aqui enterrei e a todos os que, morrendo, procuram este abrigo de candura. Aqueles que esperando a sua continuidade, a passagem para junto dos seus Deuses, fundem-se comigo e com a natureza. Vejo as suas luzes cintilarem.

São almas!

Acendi a lareira. Horas de imagens me esperam. Vè-se o cubismo e o fauvismo, Degas, Dali e Baudelaire, perfilam vitoriosos e derrotados nas línguas vermelhas que se debatem com o oxigénio. Staline, Hitler e Berneri, Reich, Freud e Piaget. Todos saltam das chamas recitando as suas premissas, impondo a sua presença.

Aprecio o debate.

Sentado no meu sofâ, beberricando um chivas com uma pedra de gelo e um "stick havana" que comprei na mesma tasca onde Hemingway chafurdava no seu "mujito". Pego no comando, tonto de teorias, e aumento o volume da música. Toca "La traviata" de Verdi. Lembro-me de a ter ouvido, ao vivo, no São Carlos. Também no Marinski em São Petersbourg e na Ópera House de Praga. Sempre com o mesmo sentimento, absorto de mim e do mundo. Não vivo a história. Vivo as oscilações do som e a perfeição das vozes, como se se tratasse do desenho exacto das nove portas do universo. Das sete passagens para a fusão do ser. Das três vias para a felicidade. Como se não fosse nada.

- Um reflexo da tua sexualidade!
- Comercializa os sentimentos!
- Obrigado Freud! Obrigado Dali!

A meus pés dormem calmos os meus cães. Estão habituados a esta confusão de estímulos. Apenas a Matilde, a rafeira, agita a cauda frenéticamente. Não percebe que nada se passa e prefere ir para a rua.
É nesta atmosfera solitária e tranquila, pelos meus parâmetros, perto do nirvana, do paraíso, do lux frágil ou do "insigt" clarificador, que me recordo, com um sorriso nos lábios, onde antes tinha gravado a minha admiração pela excelsa obra do criador, de uma conversa antiga.

Conversava com o meu bom velho amigo Restelo sobre os assuntos da vida. A moral, a ética, a política, o dever cívico e a força das palavras. Quiseram as circunstâncias que a nosso lado se sentasse uma espécie de cagliostro, uma figurinha fugida dos nossos pesadelos. Uma representação física da negação da humanidade. Camisinha com padrão quadriculado, pullover grená puído nas mangas e com manchas de gordura no peito. As calças amarradas junto ao diafragma forçavam um esgar de embaraço seguro. Abjecto mas altivo. Mastigava continuamente uma velha pastilha, abria os maxilares ruidosamente e mostrava, alvar, a pobre dentição, destruida, pigmentada de amarelo e negro. Cuspia na mão sempre que empurrava, de forma desajeitada e coquete, o cabelo ralo para o topo do pequeno cérebro.

- Escreves demais, textos muito longos! - Dizia o meu amigo.
- A vida é complexa. Os pensamentos para serem claros têm de ser explicados. A dialética é confusa mas, em última análise, esclarecedora. - Respondi.
- COOO….COOO…..COOOP - Disse, com um frémito no corpo, o Cagliostro.

- Torna-se chato! Ninguém lê. Para além do mais, às vezes atropelas a língua. E a língua é tabu. Quem a atropela, atropela os seus. A alma do povo! Refilou o Restelo.
- As ideias profundas são chatas. Mexem com os valores e incomodam. A língua é um veículo. Não tem valor se não utilizada. Serve, apenas, para deslocar uma ideia de um sítio para outro. O povo são as ideias, não os veículos!
- CROO….CROOO….CROOONGUE! Disse o outro numa chuva de cuspo. E riu, contente com a ousadia.

Já conto o resto. Vou só retirar o Albinoni. A sua música barroca, com o som metálico do cravo enerva-me. Faz-me pensar a um ritmo que os dedos não acompanham. 2h30 da manhã, são horas de Wagner; "Die Walkure". Rápido, forte e eficaz. Parece um livro sobre a gestão moderna. Adoro!

E dormir? Quando me apetecer. Patrão de mim mesmo! De qualquer maneira nunca o farei antes de ir saudar a lua e a "pacha mamma" (a terra).

- Atacas toda a gente. É uma atitude negativa. Parece que não gostas das pessoas e, para além do mais usas muitas reticências. - Atacou o meu amigo.
- Não ataco as pessoas. Nada tenho contra a maioria delas. De uns gosto mas de outros não. Tenho orgulho nos meus amigos. A questão central é o método, a forma, o insulto constante à nossa inteligência. As reticências dão tempo para pensar…quem conseguir. - Respondi!
- CROOON….CRONNNG……CRONNNNGRO! - Balançou-se o pendura, fazendo o gesto com dois dedos como quem pede um cigarro. O esforço fez com que respirasse mais rápido. Arfava, agora.

- Tens ideias que não se aplicam: Cidades, território, futuro, turismo, união, ética e política. - Continuou o Restelo.
- Talvez tenhas razão se pensares num futuro próximo. Pensa no futuro a prazo. Como tudo poderá ser mais harmonioso se for pensado, programado e estruturado à dimensão humana.
- COOOR….COOORRRR….CORRRRRR….. - Excitou-se à beira da apoplexia o estorpício.

- És um visionário, um ingénuo, um tipo que vive num mundo à parte. Não vais a lugar nenhum - Concluiu o meu eterno oponente, não permitindo, quase, a resposta rápida.
- Se calhar tens razão! - disse eu.
- COOORRRR….CORRRN….CORNO!!! - Disse a caricatura de Nosferatu, enquanto se encolhia com medo da resposta, Baixinho ainda disse: - Eu bom! Eu boooom! E fugiu!

O meu amigo, eterno contra, sorriu.

- Aprendeste?
- Não! - respondi.
- Então que dizes a este aleijão?
- No coments! No more coments!

domingo, janeiro 16, 2005

Erros, omissões e falsidades

1- Telefonei hoje, para saber se a iniciativa estava a correr conforme esperado, para o número de telefone que nos forneceu o sr. presidente da Câmara, na sua revista privada, como sendo o número de apoio às crianças em risco. Esperei um bom bocado mas, para meu espanto, ninguém atendeu. Fui parar a uma gravação que me dizia que estava a ligar para a Drª Sílvia Sêco.

É um erro pensar que este tipo de linha telefónica só deve funcionar de segunda a sexta no horário normal de expediente. Também é um erro o atendimento ser feito por juristas em vez de psicólogos. São assuntos sensíveis.

2- Li num jornal local que as três Câmaras da Ilha iriam ter um espaço comum na BTL. Seria um esforço concertado para divulgar a Ilha do Pico. A ser verdade a notícia, não tenho motivos para duvidar, o boletim da Câmara peca por omissão grave. Tenta ficar com os louros da iniciativa, sem referir nunca, a tal parceria com os outros Municípios. Na tal revista está escrito, por exemplo: "A BTL 2005 integra-se na estratégia sistemática do Município da Madalena…." (nenhuma referência à tal estratégia conjunta). Lemos também que "Para a sua representação autónoma na BTL a CMM optou por um espaço de 18m2…"

Parece-me que, se existe a tal estratégia concertada, o presidente da Câmara esqueceu-se dos parceiros e, de uma forma pouco ética, tentou ficar com a taça. Estas atitudes dizem muito sobre o carácter das pessoas. Por outro lado, se a estratégia existe, mas é posterior à saída da revista, não é estratégia. É remendo. Não é concertada, é consertada.

3- Ainda sobre este assunto, ficamos a saber, também, que a tal estratégia passava pela Associação dos Comerciantes da Ilha do Pico e por operadores turísticos locais. Aqueles dizem, publicamente, que nunca foram contactados e, muitos dos tais operadores, mesmo os registados na Câmara, nunca foram ouvidos. É, portanto, uma falsidade!

Em duas iniciativa simples vemos o nosso presidente da Câmara a errar, omitir e mentir.

É demais!

sábado, janeiro 15, 2005

Correrias...

Um bom dia para vocês!

Depois do temporal da noite de ontem, a montanha está branca. Espero que aqueles que decidiram acordar cedo para ir ver a neve, tenham sorte. Eu não vou. Só mais lá para a tarde! Já agora levem comida para os patos.

Enquanto isto, na Madalena, é só correrias.

Uns, simples, correm de peito aberto, respirando fundo o prazer do exercício. Nada de grandes equipamentos. Apenas eles e o espaço! Cabeça descoberta e sorriso nos lábios, parece que nem dão pela existência dos que os observam. Dá gosto ver! Gostam do que fazem!

Outros correm misteriosos. Barrete enfiado na cabeça e gola levantada. Parecem temer alguma coisa. Vão em direcção ao centro e, à última hora, viram sempre para as ruas menos movimentadas. Anónimos! Ficamos sem saber se têm canelas finas ou pouco fôlego. A pressa da vida não nos permite perder tempo. Deixai-os ir!

Uns são engraçados. Escondem o estilo. Para além de se esconderem atrás da fatiota, de vez em quando tropeçam. Tentam enganar os adversários e fingir que não sabem correr. É engraçado! Até porque são "atoleimados". Quando o pessoal se ri dos seus tropeções, eles respondem: "Foi de propósito!". Grande estratégia!

Uns correm de cabeça esticada, peito espichado e joelho levantado. Dão nas vistas. Normalmente vão à frente. Preocupam-se muito em saber se alguém os segue.

Outros vão atrás destes. Imitam o passo e atrasam-se. Correm atabalhoadamente e alcançam o líder. Dá-lhes segurança o guia. Sentem-se parte da equipa.

Há uns esquisitos. Correm…correm…correm…e não saem do mesmo lugar. No entanto riem-se com as suas próprias pantominas. São giros!

Outros estilos são mais elaborados: O pavão (contente com o seu equipamento cobiçado), o galo (sempre pronto a reagir), o ligeirinho como a mosca (zumbe mas não morde), o nervosinho com os seus passinhos miúdos e olhar desconfiado, e os Corleones (sempre prontos para passar uma rasteira ao adversário).

Há "poderes" de estilos!

Uns incapazes de fazer o esforço, mandam os outros correr. Alguns vão!

Até há uns, meio burritos, que nunca percebem qual é o caminho. No entanto não desistem! Insistem…Insistem… até perceberem que correm sozinhos.

Parece um Blog…

Mas não é!

São os atletas que nos visitam para a corrida dos Reis, em São Mateus. Bem vindos!

Boa sorte para todos!

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Equivoco 3

Tem-se discutido sobre o conceito de cidade. A ideia da Madalena poder vir a ser, a prazo, classificada como centro Urbano tem permitido os mais variados comentários. Dos mais favoráveis à mais refinada ironia. Que pensar do assunto? Que posição tomar?

Sinto-me confortável. No fundo não é nada de novo. Já durante a vida académica, há muito anos, enquanto trabalhava para alcançar o grau de sociólogo especializado em urbanismo, tinha tido a mesma discussão: o que define uma cidade? Serão as relações sociais? A dimensão? A Economia? Ou, por outro lado, a componente administrativa?

Durante a frequència do mestrado em urbanismo, no Instituto Superior Técnico, a discussão continuou. Os argumentos e as variáveis eram sempre os mesmos.

A evolução do conhecimento permitiu-me retirar uma conclusão. A verdadeira discussão não é técnica nem prática. O cerne da questão é meramente político. Uma cidade é como o natal, acontece quando um homem quiser. Ou melhor; cidades há muitas…

Durante o meu trabalho como consultor do Gabinete de Urbanismo da Câmara Municipal de Oeiras ou a experiência única de poder manipular uma cidade, transformando-a de Mononuclear em Polinuclear, conforme tive oportunidade de fazer na cidade de Curitiba (cidade modelo do Brasil), confirmaram a minha opinião. A ideia de cidade é, sobretudo, uma ambição política. Melhor ainda, uma ideia apoiada pelos académicos (há teorias para todos os gostos).

Senão vejamos: basta consultar um texto de Manuel Castells* (professor da escola de altos estudos de Paris, Investigador do CNRS da Sorbonne, professor da faculdade de letras de Nanterre, da faculdade latino-americana de ciências sociais da UNESCO, da Universidade de Montreal e do Centro Interdisciplinar do Desenvolvimento Urbano - Chile) para concluirmos que a cidade não é mais do que um conceito social.

Resumindo: Lisboa é tanto cidade comparada com Caracas, como Angra é cidade comparada com Nova York, como a Horta é cidade comparada com Berlim, como a Madalena é cidade comparada com Tóquio. Há cidades com 10 mil habitantes, com 100 mil habitantes, com 1 milhão de habitantes e com 10 milhões de habitantes (com os zeros à frente é mais visível a diferença).

O imaginário individual faz a diferença. Quando pensamos numa cidade não pensamos numa cidade. Pensamos, isso sim, numa megalópole.

Assim sendo, o que é uma cidade?

Simples, creio eu!

Uma cidade surge quando as relações sociais se alteram e, do controlo social rural, surge uma ténue interacção baseada no anonimato e a ascenção social se torna uma possibilidade. Filhos de agricultores passam a mecânicos, burocratas ou doutores. Reis do betão passam a condes da literatura e a alma artística passa a ser um defeito aceitável.

Em paralelo, o sistema de produção desloca-se do primário para o secundário ou, mesmo, para o terciário.

Já agora, se a pressão imobiliária implicar um aumento dos preços do terreno, temos o quadro completo.

Só para arrefecer aqueles que continuam a pensar que o tamanho é importante refiro que, nos anos 60, os Estados Unidos consideravam aglomerado Urbano as concentrações com 2.500 habitantes, enquanto que a Europa tinha como padrão os 10.000.

Se a atomização do território, do ponto de vista administrativo, é positivo ou não, é uma discussão política que tem como motivo final a questão da regionalização. Por mim, a questão do peso no orçamento do estado é secundário. Penso mais no bem estar da população.

No fundo o que quero é um hospital!



* Manuel Castells, La question Urbaine - editado pela Maspero

5ª Feira D´Amigos

19h30m - Os últimos telefonemas. Abraços! os ausentes ocupam o lugar central. O Eduardo, os Fernandos, o Francisco, o Renato, espalhados pelas ilhas, pelo continente e por outros continentes. Estamos juntos, cúmplices nas nossas ideias e convicções. Juntos nas histórias e nos episódios. Até sempre. O cheiro a sabonete.

20h00m- Encontro à porta do restaurante. O cheiro fresco do after shave, o hálito a colgate, os primeiros apertos de mão. É bom ver-vos, estar convosco. Partilhar…

20h30m- Sentados à mesa. O cheiro a queijo. O som suave do restaurante. O primeiro copo, a primeira piada; "então a Câmara?".

21h00m- O segundo copo. O cheiro a comida. O benfica e o sporting. O Madalena e o Candelária. Um brinde aos ausentes.

21h30m- O terceiro e o quarto copo. A zoada incómoda das vozes que se levantam. O cheiro a gente. O início da refeição. A espetada, a lula, a feijoada e o resto. Tá bem, eu voto em ti. Ó pá, Coca-cola não!

22h00m- O silêncio. As bocas vorazes saciam a fome. O cheiro a alho. Ó pá, tá bom! Que mania de meter picante! Mais uma garrafa!

22h30m- Saciados! O barulho ensurdecedor. As vozes que se cruzam e as conversas que se acendem. O cheiro a charuto.

23h00m- A sobremesa. O cheiro a doces. As amizades que se alargam. Olá! Adeus!

23h30m- Café! O cheiro a aguardante! Que estejamos todos p´ró ano. A política. O primeiro cansaço. A tontura!

24h00- Os primeiros desistentes. O "até já" mentiroso. O beco! O cheiro a linguiça. Boa viagem, vai devagar, beijos em casa.

24h30m- Menos dois! O cheiro a cerveja! Candelária Olé! Os primeiros tropeções. O banco instável. Ó pá, aguenta-te!

01h00- Mais uma rodada! Já somos menos, muito menos! O cheiro a suor. A gritaria infernal. A confusão!

01h30m- Vamos à disco! OK! Frio e chuva. O alívio do cheiro a mar.

01h45m- O cheiro a urina! Os passos de dança pouco sólidos. Vai um copo? Ok!

02h00m- Mais abraços! Novos amigos. A pista cheia. A dança do macaco. O troglodita elegante. O fadista gingão. Têm 20 anos, 30 anos, 40, anos e mais. Alguns muito mais. Dançam agarrados, empurram-se e riem de forma obscena. O hálito a vómito.

02h10m- E as gajas? Não sei, vim-me embora!

Boa noite e até pró ano!!!

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Equivoco 2

A ideia da elevação da Madalena a cidade não é um produto da inteligência mediana do nosso presidente da câmara. Pelo contrário!

Passo a contar: um grupo de amigos reuniu-se, durante o verão, há dois anos, e conversou, amenamente, à volta de uma garrafa de Chivas, o poder dos microgrupos e a possibilidade de influênciar as maiorias, partindo da ideia de um grupo restrito.

Nada que Kurt Lewin não tivesse já estudado e compreendido.

Pensou-se, primeiro, numa quantidade de boatos malévolos, que, a médio prazo, levariam ao fim da estrutura do poder político instituido na Ilha do Pico. Nada que fosse moralmente condenável. No entanto, a ética impôs a sua lei e, de comum acordo, foi abandonada a hipótese.

Do meu ponto de vista era apelativo. Era como esperar que, ao fundo do corredor estreito, o gato gordo e convencido, aguardasse a chegada do ingénuo rato sem saída, sem esperar que o cão, divertido e bonacheirão, de boca aberta, acabasse com a miséria da eterna guerra dos beligerantes.

Nããã! Era simples demais!

A determinada altura alguém pensou alto e disse alguma coisa como: "Que tal uma ideia de futuro. Uma ideia que seja inócua. Se vingar, será útil para o Pico, se não vingar….paciência".

Ficamos todos a pensar durante um bocado de tempo e, enquanto olhavamos a lua cheia, o Faial ao fundo e aspiravamos o doce cheiro do incenso, iam surgindo ideias, balanceadas com o vai e vem das ondas no porto.

Poucas ideias eram aceitáveis. A maioria delas era hilariante.

Até que, como acontece em todos os Brain Stormings, uma ideia ganhou espaço. Primeiro como ridícula, depois como possível e, finalmente, como viável. E ficou decidido! Amanhã, diremos a todos que a Madalena deveria ser cidade!

O resto é história. Durante esse verão ouviu-se a ideia. Ganhou estatuto durante o ano seguinte e, finalmente, no Blog oficial da Câmara, ouvimos a proposta "inovadora": A Madalena a Cidade.

O mais engradaçado é que, apesar de tudo, a ideia é viável!!

Hoje é 5ª feira de amigos. Começou o Carnaval. Divirtam-se!! mas…cuidado com o que inventam!!!!

Equivoco 1

Conto-vos agora uma história que um amigo Angolano me contou.

Estavamos no auge da guerra cívil angolana e os militares mandavam com pulso de ferro. Os crimes eram cometidos de uma forma mais ou menos arbitrária e, consequentemente, a população tinha que gerir a sua sobrevivência ao sabor dos avanços e recuos dos exércitos oponentes.

No momento em que este episódio se passou, era a vez do MPLA dominar militarmente aquela região. A população toda, rápidamente, passou a saudar esse partido como sendo o vencedor. Após a sua chegada, e como era costume, trataram os dirigentes do partido vencedor de organizar um grande comício. Esqueceram-se, no entanto, de ensinar correctamente as palavras de ordem que eram, entre outras, as seguintes:

- "Abaixo…." Gritaria o orador. O povo deveria responder: "…O Colonialismo!"
-"A Vitória…" E a resposta correcta seria "…É certa!"

O comício lá foi decorrendo com os discursos da praxe, com uma adesão popular total, até chegar ao momento das palavras de ordem.

Começou o do palanque: "Abaixo…!" a resposta imediata foi a totalidade do público, silêncioso, abaixar-se com as mãos atrás da cabeça.

Depois de várias tentativas com os mesmos resultados, lá decidiram os dirigentes tentar camuflar o fracasso, passando à palavra de ordem seguinte. E lá gritaram a plenos pulmões:

"A VITÓRIA…".

Silêncio...... Repetiu:

"A VITÓRIA…"

Nada! Nem uma resposta! Não se dando por vencido o orador insistiu:

"A VITÓRIA…".

Um dos presentes, visivelmente assustado, pôe a mão no ar e diz a plenos pulmões, baixando a cabeça, como que a pedir desculpa:

"A VITÓRIA NÃO PÔDE VIR! ESTÁ GRÁVIDA!"

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Sondagens 3 (e último)

Ao falar de jogos bloguistas que incluem nomes de candidatos para a presidência da Câmara Municipal, temos de ser atentos e antecipar as conclusões. E, concerteza que há várias a retirar: umas permitem-nos perceber o passado e outras vislumbrar o presente.

Relativamente ao passado; lembro-me de ter estado numa reunião, há muitos anos, em que se pretendia discutir a escolha do candidato a ser apoiado pelo Partido Socialista, nas eleições autárquicas. Nessa reunião disse, pensando estar a contribuir de forma objectiva, para o sucesso da iniciativa que: - "deviamos estudar o perfil do candidato a "bater", para saber que qualidades deveria ter o nosso". Não houve gargalhadas porque nestas reuniões as pessoas são educadas. Mas, a resposta foi imediata: "Não é preciso! Temos aqui os nomes e as sondagens dão-nos a vitória!".

Perante os resultados dessas eleições, percebo agora quem fez a sondagem e qual foi a metodologia aplicada.

Relativamente ao presente tenho a fazer dois comentários:

1- Era curioso se os resultados da "sondagem" do blog "pasmado" fossem de confiança. A primeira conclusão seria que o nosso deputado (Hernani Jorge) tem menos representatividade do que, pelo menos, o sr. José António Soares. Logo, a sua candidatura a deputado pelo PS, em vez de trazer uma mais valia, foi um erro estratégico. Para mim é claro que, se com base nesta "sondagem" nos for apresentada a candidatura do senhor José António Soares, ela virá embrulhada no pedido de demissão do Sr. Deputado.

2- Se o Blog é um veículo de promoção pessoal, conforme já tive oportunidade de ler, no caso do pasmado, a promoção, a existir, não é feita ao Sr. Hernani Jorge. Pelo contrário, o promovido é José António Soares. Resta-nos saber que tipo de veículo será este. Pela sua eficácia e rapidez, parece-me mais do tipo carroça. O promovido vai atrás e o outro que puxe.

Modernices!!!

terça-feira, janeiro 11, 2005

Sondagens 2

Temos visto um jogo, uma brincadeira, no blog "rei pasmado" (o título a quem de direito), que consiste em escolher uns botões que, por sua vez, fazem accionar umas barras coloridas. Quem conseguir levar a sua cor a um ponto mais alto, ganha. O prémio não é claro mas, parece que a cor que subir mais alto, ganha a Câmara Municipal da Madalena.

Se não for publicidade enganosa, vale a pena o concurso. A recompensa não é, aparentemente, coisa pequena. O prémio grande implica alguns brindes importantes: Ganha-se um conjunto de assessores e consultores em óptimo estado de conservação, vem atrelado duas viagens (entre vária possíveis); à Covilhã e à BTL, cartão de sócio da escola profissional e da biblioteca municipal, automóvel ligeiro, participação em empresas locais e, entre outros, lugar cativo no estádio municipal (tanta tinta havia de dar para alguma coisa).

Quis o destino que, apesar de não me ter telefonado para casa nenhuma voz fresca a dizer: "Sr. José, Parabéns, ganhou um concurso, venha à nossa reunião!", tive a sorte de ter sido seleccionado para um pequeno número de finalistas ao concurso acima referido.

Tanta excitação e contentamento deveria ser proibido porque afronta os infelizes. No entanto, "um homem não é de ferro"! Tenho de confessar que pequei! Cometi o erro de imaginar a vitória. Que ganância, que soberba, que desmando!

Só vejo uma salvação para tão grande pecado: Se ganhar o primeiro prémio ofereço-o a uma obra de caridade. Talvez à Santa Casa!

segunda-feira, janeiro 10, 2005

sondagens 1

O tema das sondagens tem estado, desde o caso da Universidade Moderna e a eventual implicação de Paulo Portas na gestão do seu centro de estudos de opinião, na boca de todos os portugueses.

Com algum atraso, chegou a moda das sondagens ao Pico!

Nada de novo no fenómeno. No entanto, como diz o povo (e muito bem), "cada macaco no seu galho". Todas as profissões têm a sua ciência e implicam competências próprias. Fazer sondagens é do território das ciências sociais e humanas e é "coisa séria".

Não sendo muito exaustivo, há vários aspectos que validam os resultados de uma sondagem. Desde logo a definição do Universo em estudo (qual é a totalidade de indivíduos cuja opinião quero analisar). Por exemplo, se eu realizar uma sondagem neste meu Blog, o meu universo seria: todos aqueles que têm computador, utilizam a internet e "entram" no meu blog. A validade das conclusões seria válida, apenas, para estas dezenas (espero eu, com optimismo) que lêm as opiniões que aqui exprimo.

Qualquer extrapolação das conclusões seria abusiva e demonstraria, no mínimo, má fé.

Em segundo lugar, teriamos de definir uma amostra significativa desse universo. Sabendo que nem todos os que aqui entram têm paciência para responder a questionários, teria que definir um grupo que representasse, em todas as variáveis (social, económica, cultural, académica,etc.), o universo em estudo. A selecção da amostra implica vários problemas de nível qualitativo e quantitativo. O primeiro e decisivo neste caso, é que em pequenos números (da ordem das centenas) não há amostras significativas. Temos de inquirir todo o universo.

Em síntese, no nosso caso prático, teriamos de fazer com que todos os que visitam o blog votassem. Não conhecendo a sua identidade, tal não é possível.

Mais, ainda, os votantes deveriam ter a oportunidade de votar o mesmo número de vezes para não induzir as conclusões em erro grosseiro.

Sendo uma sondagem de opinião, a forma como construímos a pergunta, ou como agrupamos as possíbilidades de escolha, são factores que podem condicionar as respostas e, desta forma, aumentar o seu grau de subjectividade.

Apesar de não ser exaustivo, (há muitos outros factores a ter em conta, no lançamento de uma sondagem, se a quizermos válida), creio que é claro que qualquer votação que colocasse no Blog não seria uma sondagem. Seria, quanto muito, um jogo ou uma brincadeira.

domingo, janeiro 09, 2005

Território…

A correcta gestão do território, do ponto de vista da sua dimensão e da distribuição dos serviços, tem um efeito preventivo no aparecimento de alguns problemas inerentes às grandes concentrações populacionais.

Esta é a noção fundamental que deve estar presente quando se pensa em planeamento. Planear é, em síntese, eliminar factores e variáveis que, a longo prazo poderão emergir, fruto de uma concentração urbana. Falamos de problemas viários, de infra-estruturas insuficientes, de serviços inexistêntes ou de díficil acesso mas, também, de problemas de degradação de zonas habitacionais, de facilitação de fenómenos marginais e de diminuição de qualidade de vida das populações.

O crescimento "ao Deus dará" facilita, sempre, o aparecimento destes fenómenos!

Uma forma de preparar o nascimento de uma cidade, e felizmente, no caso da Madalena ainda é possível antecipar algumas correcções aos fenómenos que acima referimos, é preparar o território, como um todo, para esse desenvolvimento que se espera.

Ao contrário do que, aparentemente é prioritário (preparar a "cidade"), é mais eficaz intervir, primeiro, nas zonas envolventes. No nosso caso, é fundamental a criação de condições de fixação da população nas zonas envolventes, para evitar uma pressão posterior na zona urbana.

Em Urbanismo, chama-se a isto; criar uma hierarquização dos aglomerados populacionais. É uma forma de harmonizar o território, tornando-o mais funcional.

Como fazer, no caso da Madalena. Em primeiro lugar devemos analisar a distribuição territorial (física e humana). No que diz respeito a esta variável há alguns casos que, do meu ponto de vista, merecem intervenção. Não falarei de todas as freguesias porque seria redundante. Refiro apenas a que conheço melhor, para servir de exemplo.

A freguesia Monte-Candelária é uma únidade territorial e administrativa pouco funcional. A sua dispersão geográfica é muito grande, sobretudo para o volume de população residente e a distribuição dos serviços é pouco prática. É mais fácil os moradores do Monte deslocarem-se à Madalena do que à Candelária. A solução mais correcta seria, penso eu, a constituição de duas freguesias: do Monte e da Candelária.

Em segundo lugar, depois de termos uma distribuição do poder local mais coerente com os hábitos da população e com as características geográficas, deve existir um investimento na qualificação dessas unidades territoriais. Torná-las apetecíveis para a continuação dos residentes e atractivas para a fixação de novos habitantes.

Desta forma evita-se a pressão sobre a Madalena; o aparecimento de bairros "desorganizados" e a criação de áreas facilitadoras ao aparecimento de fenómenos marginais, entre outros, muitos, problemas que as cidades arrastam consigo.

O argumento contra esta ideia será a pouca dimensão do Monte. Ora, aceitar esse argumento e ser coerente com ele, implica abdicar, por exemplo, do deputado do Corvo, do número de deputados do Pico ou, mesmo, da possibilidade de elevação da Madalena a Cidade. Sabemos que a descontinuidade territorial implica uma maior relativização do conceito de dimensão.

São opções!!!

sábado, janeiro 08, 2005

Cofaco...

Tendo abordado o tema do ordenamento do território e, numa altura em que o turismo como factor de desenvolvimento económico da nossa ilha, começa a ser levado um pouco mais a sério (até vamos à BT L), chegou o momento de começarmos a projectar o futuro urbanístico da Vila da Madalena. Desta vez, com alguma visão de crescimento.

Não nos podemos esquecer que no saudoso blog Madalena 2005, foi anunciada, pelo presidente da Câmara, a intenção de elevar a Vila da Madalena a Cidade.

É observável, por qualquer pessoa minimamente interessada no assunto, que a direcção natural de crescimento da vila da Madalena não tem respeitado o plano traçado e imposto. As novas avenidas, fruto talvez de uma crescente inflacção dos preços, não têm sido o pólo de crescimento que se projectou. Pelo contrário, verificamos um crescimento habitacional mais ou menos desordenado respeitando apenas duas leis; a da propriedade (constrói-se onde se possui terreno) e o do preço (procura-se o mais acessível).

O resultado só poderá ser, a médio prazo, a desertificação do centro da Madalena (que começa a ser já uma realidade) e a sua transformação numa zona ocupada por familias carenciadas e por comércio. Sabemos que a Madalena não tem população suficiente para manter vários pólos de comércio (centro e dois hipermercados). Portanto, o futuro provável é o da degradação dos espaços. Este fenómeno já se verifica a vários níveis: em algumas das habitações com familias a viver em condições precárias, na existência de edifícios degradados (frente à polícia) e outros que, por estarem desabitados, para lá caminham e, ainda, o sub aproveitamento de terrenos (por exemplo anexo à igreja).

O problema da maioria das cidades é a grande dificuldade, devido à especulação imobiliária, de manter o seu centro vivo.

A primeira conclusão é que tudo deve ser feito para recuperar e reabilitar o centro da Madalena.

Outro aspecto, que emerge da análise das estatísticas demográficas, é que a Madalena, enquanto concelho, tem sido um pólo de atracção das populações. Se associarmos a este factor o tal crescimento turístico que se deseja e espera nasce a pergunta: Então, para onde "esticar" a Madalena?

Num pequeno passeio podemos verificar que a estrada Madalena - Areia Larga parece ser um dos locais de maior procura: Novos edifícios, recuperação de habitações degradadas com o sísmo, construção dos três restaurantes da Madalena, etc. etc.. Este eixo, se a ele somarmos a possível estrada marginal Areia Larga - Piscina, tem aínda um bom potencial de crescimento. Há terreno, há acesso ao mar e começam a aparecer infra-estruturas.

Qual é o entrave a este crescimento?

Do meu ponto de vista, para além da falta de visão política, é o complexo que alberga a COFACO. Ocupa uma área vasta, veda o acesso ao mar e, através da poluição que provoca (todos conhecemos aquele cheiro que nos empurra para longe) mata, à nascença, qualquer ideia de crescimento turístico local. Para além do mais, a sua visão, por parte de quem vem nas lanchas Horta-Madalena, é, no mínimo, inestético.

Claro que a COFACO é uma indústria importante, claro que o desemprego dos seus trabalhadores seria uma tragédia com uma grande dimensão e claro que a indústria dos enlatados já foi mais florescente. Por isso é que não advogo a sua demolição imediata.

No entanto há soluções possíveis. O ideal seria a aplicação de várias estratégia em simultãneo:

1- A Câmara tem terrenos para dar, na zona industrial por exemplo, já dotados de infra-estruturas básicas, pelo que a despesa da compra de terreno não seria um custo.

2- O Governo pode comparticipar financeiramente na recolocação da unidade (é sócio).

3- Pode ser feito um pedido de co-financiamento ao FSE.

4- A venda dos terrenos onde a fábrica está implantada, assim como de outro património imobiliário mais ou menos abandonado, permitiria completar o "bolo" (se calhar até era suficiente).

Contas bem feitas, poderiamos concluir que a reconstrução da COFACO, até poderia ser, do ponto de vista da gestão, um bom negócio. Demora tempo? Claro que demora tempo, mas sendo possível deveria ser, pelo menos, estudado. Lógico que, até à existência de nova unidade fabril, a COFACO continuaria a laborar normalmente nas actuais instalações.

Por mim consigo imaginar naqueles terrenos, em vez da COFACO, um bairro residêncial, uma unidade turística e uma marginal cuidada, com calçada à portuguesa, bancos, árvores e floreiras, onde nos apetecesse passear.

E, até gosto da ideia!!!

Intervalo!!!!

Uma quebra na continuidade é, sempre, considerada uma revolução. Como este intervalo quebra a continuidade do meu raciocínio e o "status quo" deste blog….

Cá vem uma revolução!!!!

Antes de enumerar os novos estatutos que emanam directamente da alta sabedoria do "conselho de revolução" (eu!) que, após horas de reunião com os seus assessores, consultores e amanuenses (eu!), se pronunciaram doutamente sobre "condutas desejáveis", permitam-me fazer alguns considerandos.

1- Agradeço todas as palavras simpáticas e todos os comentários (prós ou contra) que têm sido afixados. Mesmo aqueles que, infelizmente (por incapacidade técnica minha) tive de apagar.

2- Não me importo com alguns impropérios que aqui tenho encontrado. Não me incomodam!!! Pelo contrário; Quando imagino alguém escondido, com muito custo, trincando a lingua no canto da boca, gotejando de suor devido ao medo e, com os seus dedinho trémulos de dúvida, apontar as letrinhas no teclado do computador emprestado e conseguir articular uma frase, uma simples frase: "comoes merda", fico sensibilizado! Fico satisfeito! É de louvar cérebros que se tentam manter activos. Ligar os dois únicos neurónios na sinápse que gerou aquela frase deve ter sido duro.
São estes que, hoje dizem "comoes merda", amanhã dirão "Junk Food" e, com sorte, daqui a uns tempos lerão um livro. Numa perspectiva Darwiniana, temos de respeitar as nossas origens.

3- Outras afirmações que tentam desvendar o nome do autor deste Blog (segredo de polichinelo) com um tom satírico e, por vezes cínico, também não me incomodam. É como se fosse o jogo das escondidas ao contrário: o procurado está à vista e, os que procuram, estão escondidos. Curioso!

4- Hoje tive de apagar alguns comentários que diziam, em síntese, que os textos eram uma seca e que eu era um "chato" (oooops, sorry!) e que eu era um tratador de cães (temos de tratar bem todos os animais, mesmo os humanos que, nem sempre, o sabem merecer). Está feita justiça. A vossa opinião está de novo acessível.

5- Não admito, de maneira nenhuma, "nem que a vaca tussa", que este espaço seja utilizado para insultar outras pessoas. Se há indivíduos que se querem insultar, vão pa(o)star para outro lado.

Posto isto, vamos ao que interessa: O Blog vai continuar aberto à afixação das opiniões de quem o visitar. Os insultos a terceiros serão apagados. Como não pago a assessores para fazerem a manutenção do meu Blog, se começar a dar muito trabalho apagar as incursões dessa espécie de ácaros (hackers em inglês….topam?), terei de fazer como o árbitro de hóquei que se virou para o nosso deputado (Hernani), sacou da cartolina e gritou; "vai pra tua terra palhaço" (história verdadeira!?). Ou seja, desligo a opção que autoriza a afixação de comentários.

PS- Encontrei, agora, novo insulto, motivo pelo qual (para apagar esse comentário) acabei por alterar a ordem dos textos. Lamento!

PS2- As minhas desculpas aqueles que aqui foram insultados, lamento não ter podido remover imediatamente os "posts".

PS3- A questão da identidade do autor é um falso problema. Sempre pensei colocar fotografia e nome no canto superior direito do Blog. Porque não já??? Porque estou a estudar o assunto, do ponto de vista técnico. E porque, diga-se em abono da verdade, procuro uma fotografia que me favoreça. Um homem tem o seu brio, caraças!

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Promiscuidade

Li hoje no "Ilha Maior" um texto em que se critica a afirmação do Boletim de Propaganda da Câmara, por,este último se auto intitular de "Voz legítima da Madalena". O "Ilha Maior" acha que legítimo é ele.

Quanto a mim, o "Ilha Maior" é o legítimo representante da voz…da direcção. Falta-lhe abertura e espírito democrático para aceitar opiniões diferentes.

O segundo, é a voz legítima voz do nosso autista Presidente da Câmara.

Quanto à verdadeira legitimidade, a que diz respeito ao papá e à mãmã, não tenho nada a dizer.

Limito-me a aconselhar menos promiscuidade de forma a que não envergonhem aqueles que querem representar.

Aeroporto!!!!!

Como insinuei anterirmente, deste assunto não falo. Não me apetece e, por outro lado, é inútil. A obra está (quase) feita. Não há passo atrás. O investimento foi grande demais!

Agora é só esperar. Os aviões hão-de chegar e, com eles, os turistas. Primeiro poucos, depois alguns e, ao fim de algum tempo, muitos. É a lei normal da evolução. É adquirido!!

O que quero agora é o que não temos. Quero um hospital modernizado, com mais médicos, quero uma sala de espectáculos, quero uma piscina coberta e várias descobertas ao longo dessa costa, quero lanchas mais rápidas e mais frequentes entre o Pico e o Faial, quero melhor hotelaria e atendimento, quero melhores estradas, quero a ADSL por todo o lado e a RTP Açores na TV Cabo, quero a zona da pesqueira recuperada e a estrada da discoteca asfaltada, quero uma marina!!!

Enfim, quero tudo aquilo que não temos mas a que temos direito!

Perder tempo com o que já se tem é abdicar da inauguração do que não temos!

Acreditem que uma campanha generalizada e mais ou menos concertada sobre um, dois ou mesmo três destes temas, levaria à sua concretização. Pode ser através de uma conversa em casa, no café ou mesmo no trabalho. Pode ser acrescido de uns artigos no jornal e, porque não, uns comentários na nossa rádio. O efeito bola de neve pode colocar os nossos "projectos" na agenda política.

No entretanto, mostremos que a nossa mensagem está a ser bem recebida. Vamos dar algum "feed back". Comecemos na quarta feira (creio eu), indo em massa ao aeroporto saudar o primeiro "toque" de um avião de grande porte.

BORA LÁ!!!!!

O Poder…

Faz sentido, a seguir a uma reflexão, ainda que superficial, sobre a mudança, tentarmos enquadrar o fenómeno em função das variáveis que a determinam e condicionam. Acredito, como ponto de partida, que a mudança é uma certeza; uma característica pessoal e social inerente e indissociável da humanidade. A questão que coloco tem a ver, portanto, com a possibilidade de prever, antecipar e agir sobre essa mesma mudança.

Em síntese e, de uma forma mais prática, o que podemos nós fazer para controlar a mudança e adaptá-la aquilo que é, para nós, mais pertinente e fundamental?

É adquirido que para induzir mudança é necessário ser detentor de poder. Não me refiro a autoridade. O número de pessoas com autoridade para "decretar" a mudança é diminuto e, muitas vezes, incapaz de projectar um futuro. Sendo assim, o poder de mudar não advem, directamente, dos cargos nem da representatividade, objectiva ou subjectiva, que cada indivíduo possui. Aliás, "verbos de encher" conhecemos muitos.

Entre a ausência de poder e o poder absoluto existe uma quantidade imensa de possibilidades. Se a estas associarmos as diferentes hipóteses de mudança, ficamos com um número de probabilidades de futuro quase do tamanho das combinações do euromilhões.

Como reduzir as probabilidades na gestão da evolução e como aumentar o nosso (de todos) poder de manipular os acontecimentos futuros?

Em primeiro lugar, temos de perceber que quem detem o poder legítimo de decidir são os políticos eleitos. Esta premissa inicial é o nosso grande trunfo. Não há político eleito que não queira ser reconhecido e ser reeleito.

Em segundo lugar, sabemos que os políticos, ao decidir em função da sua vontade de continuar em funções, estão reféns do nosso voto. Podemos concluir, portanto que, em ultima análise, eles farão o que nós quizermos.

Se é assim tão fácil, porque é que não acontece dessa forma?

Porque a divisão de opiniões é tão grande e os indivíduos estão tão preocupados em "ter razão", de forma a serem reconhecidos pelos outros que, quando a mensagem chega aos ouvidos dos decisores (se é que chega) é tão fraca, difusa e contraditória que não tem qualquer valor. Assim nascem alguns "representantes legítimos" do povo. Aqueles que pegam em tudo o que ouvem, associam o que querem para si e somam o que acham que o "chefe" quer ouvir e apresentam (normalmente têm canais directos porque já pertenceram ao "clube") a sua verdade como sendo a aspiração do povo.

A culpa deste fenómeno é de todos nós!

É claro que há interesses particulares fortes, há partidos diferentes e personalidades incompatíveis. É claro que há divergências inconciliáveis.

No entanto, também é verdade que existem interesses comuns, mudanças que beneficiam a todos e melhorias que podem influênciar positivamente o bem estar colectivo. É neste ponto que pode haver um esforço concertado. Pelo menos nas grandes obras e nas grandes aspirações.

Se é verdade que, em última análise, os políticos só fazem o que nós quizermos, o verdadeiro poder é o de transformar um tema local numa prioridade política. O verdadeiro poder está em controlar a agenda dos políticos. A pressão colectiva pode impôr ou remover temas da agenda e, desta forma, controlar a mudança.

Podemos concluir que o futuro (a sua direcção), pelo menos a curto e médio prazo, está nas nossas mãos, enquanto indivíduos e enquanto colectivo, desde que o queiramos.

Há muitas pessoas nesta terra que têm consciência empírica deste facto e aplicam toda a sua capacidade para manipular o curso dos acontecimentos. Referimo-nos, por exemplo, e recorrendo a fenómenos recentes, a lançar uma dúvida sobre a conclusão do aeroporto na mesa de um café ou num jornal local para termos, a seguir, um grande número de pessoas a fazerem desse tema o centro da sua atenção. Qual é a vantagem? Enquanto discutem o inevitável não se lembram do necessário. Lembram-se, concerteza da velha máxima: "dividir para reinar"". É isso!!

Outro exemplo é o de, sem qualquer fundamento objectivo ou respeito democrático, lançar para a praça pública um conjunto de nomes de possíveis presidentes da câmara (esquecendo propositadamente outros com um perfil mais adequado) e, de forma subtíl, fazer sobressair um deles para, posteriormente, o apresentar como uma escolha legítiuma. É desta forma que tem surgido o nome de José António Soares como possível candidato à câmara, com o apoio do PS. É uma manipulação e um equívoco que só interessa a dois grupos; ao PSD e aqueles que, mais do que fazer ganhar um ideal e uma forma de ver o mundo, querem manter a sua posição de intermediário "bem colocado". De resto, a hipótese é tão ridicula e grotesca e o "candidato a candidato" tão improvável que me abstenho de comentar.

Se não perdermos tempo em brincadeiras, logros e jogos de bastidores podemos construir uma "agenda política" que será, no mínimo, muito interessante.

Depois de o conseguirmos, podemos voltar à nossa rotina e divertirmo-nos a chatear uns aos outros.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Mudar ou não mudar…

A mudança em geral, e a mudança comportamental em particular, mesmo que o objectivo seja melhorar, leva tempo… muito tempo. A continuidade dá-nos segurança porque, ao estarmos dentro do "jogo", conhecemos as suas regras e sabemos, de uma forma clara, qual é o nosso papel. Assim sendo, qualquer ameaça à nossa segurança, provocada por uma tentativa de mudança, assusta-nos e faz-nos resistir. Isto acontece porque a ruptura na continuidade representa a inovação e o desconhecido. O medo do desconhecido é algo que ainda não conseguimos ultrapassar. Aliás, quanto mais rigida é a estrutura mental e social, maior é o medo do desconhecido.
Por outro lado, reconhecemos que a mudança é inevitável e, a sua concretização é, apenas, uma questão de tempo e oportunidade.
Ser líder e estar na vanguarda é, sobretudo, antecipar a mudança, controlá-la e condicioná-la, de forma a que os valores não se alterem de forma traumatizante.

Esta introdução leva-nos a um conjunto de reflexões que, penso eu, em breve poderei aprofundar. Por exemplo:

1- A estrutura local do Partido Socialista tem-se mostrado imutável; na composição e na metodologia. Não porque não anseie crescer e evoluir, mas porque o receio de mudança e de perda de privilégios é mais forte do que a vontade de abraçar o futuro. É caso para afirmar que as âncoras do partido estão tão enferrujadas que impedem a embarcação de abalar. Pede-se mais à "candeia que vai à frente". É tempo de cortar amarras!

2- O medo paralisante que a estrutura local do PS tem demonstrado face às propostas de mudança pode levar a que, sendo maioritário a nível nacional e regional, possa vir a perder as eleições autárquicas que se avizinham (falamos da Madalena, claro!). Isto, a acontecer, será mais por erro próprio do que por mérito do adversário. Ainda está a tempo de intervir e corrigir os desvios do seu rumo.

3- Assim se explica, também, a derrota do anterior candidato apresentado pelo PS às eleições camarárias. De facto, apesar de qualitativamente ser absurda a comparação, o candidato mais fraco acabou por ganhar. Não por mérito próprio nem porque o sr. Manuel Tomás foi considerado "pouco simpático", como advogam alguns (aliás, as eleições não eram para mister simpatia), mas sim porque os eleitores tiveram medo da mudança radical de estilo. Tiveram medo que esta alteração representasse uma da perda de privilégios. Foi um erro de Timing!

4- Os erros passados deverão transportar uma aprendizagem para o presente e dar indicações sobre o futuro. Não nos esqueçamos que a mudança é inevitável. No partido maioritário parece que tal não está a acontecer. Voltamos a assistir a uma falsa evolução. Falsa porque não vem de dentro, da sua estrutura organizativa. Assistimos a uma tentativa de desvio das atenções; a uma manobra de diversão. Assim, tenta-se manter a estrutura local imutável (até mesmo fazer uma "limpeza" das vozes discordantes) e, ao exterior, dar a ideia de movimento e de dinâmica. Para o fazer a opção foi (e tem sido) o recurso a figuras externa ao partido para o representar em actos eleitorais e para desempenhar cargos de relevo. O "recrutamento" destas figuras dá-se porque, sendo externos, não têm poder para ameaçar o "status quo" do partido. Para evoluir e para crescer é preciso mudar, não basta fingir que se muda.

5- Vem aí uma eleição autárquica e, ganhe quem ganhar (espero que seja o melhor), é preciso coragem para introduzir mudanças, na Madalena, de forma a prepará-la para as pressões que o futuro trará. É preciso coragem e, sobretudo, muito bom senso e sabedoria. Há, já, um grande número de erros urbanísticos cometidos. Por exemplo a próximidade da "zona industrial" relativamente ao centro da vila. Este erro provoca um condicionalismo incontornável no crescimento da zona habitacional e, mais grave do que isso, limita o próprio desenvolvimento da "zona industrial". É que nem toda a industria é inodora e isenta de poluição. Nesta fase, é nossa obrigação (de todos), contribuir para a mudança de mentalidades e, consequentemente, para a aceitação da inovação territorial e paisagística.


Em síntese, e não esquecendo a introdução deste texto, é urgente aceitar ideias novas (com critério, claro!) e perder o medo do desconhecido. Só desta forma poderemos, realmente, abandonar a cauda da Europa.

terça-feira, janeiro 04, 2005

O Panfleto da Câmara 3 - O Conteúdo

Tendo analisado de uma forma leve, mas objectiva, o aspecto geral da "Revista da Câmara" não podemos ignorar uma das vertentes fundamentais de qualquer publicação; o conteúdo. Aliás, só dessa forma podemos julgar convenientemente a sua qualidade e a sua importância.

Sabemos que, muitas vezes, por detrás de uma publicação de fraca qualidade gráfica e estética, pode estar escondido um manancial de informação útil e verdadeira. Referimos, a título de exemplo, a publicação do "Almanaque Borda Dágua". Outras vezes, pelo contrário, o luxo da publicação e do grafismo serve apenas para esconder uma pobreza de texto e uma ausência absoluta de ideias.

No caso da Revista em análise, temos de reconhecer que existe uma grande homogeneidade. A uma fraca estrutura, a um grafismo deficiente e a um mau gosto arrepiante corresponde uma mensagem incipiente e demagógica. Chega-se ao ponto de, numa prova de pouca inteligência, tentar chamar à Câmara os louros de iniciativas governamentais.

Vejamos com alguma sequência aquilo que nos ficou na memória dois dias após a leitura do "panfleto". Única forma, acreditamos, de testar a eficácia da publicação.

Lembro-me do currículo do autarca; oficial da SATA, vereador e presidente da Câmara. e lembro-me, também, daquilo que foi repetido ao longo da revista, em vários artigos, como se mais nada houvesse a escrever. Ou, pelo contrário, sabendo que mais havia a dizer, fosse seleccionado apenas o mais importante. Aquilo que representa, no fundo, o manifesto eleitoral do autarca.

Deste podemos salientar três ideias mais fortes. Aquelas que perduram:

1- A Câmara vai apostar no turismo! Porquê? Porque o governo Regional investiu no aeroporto e porque o governo Regional conseguiu a classificação, pela UNESCO, da zona da vinha do verdelho como património da Humanidade (está lá escrito).
Verificamos que, neste assunto, a câmara anda a reboque do Governo. Não tendo feito nada de palpável pelo desenvolvimanto do turismo no concelho, vai dar sequência ao trabalho já efectuado e tentar capitalizar créditos à custa da obra alheia.
Nada de grave nessa opção. Até seria de louvar que a Câmara, reconhecendo a sua inépcia passada, num acto de contrição, nos comunicasse que "agora vai ser diferente! Agora vamos trabalhar em conjunto com outras instâncias do poder, em benefício da Madalena!".
Não é o caso! O presidente distancia-se da cooperação e apresenta a obra sem lhe conceder paternidade. Parece querer, desta forma, iludir os menos atentos e levar-nos a pensar que teve algo a ver com os investimentos realizados.
Passa, depois às propostas. Quando pensamos que existe um projecto estruturado e sóbrio de investimento no turísmo, enquanto sector priveligiado, somos obrigados a ler que a Câmara vai à BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa). Outras acções integradas? Investimentos complementares? Medidas de suporte e continuidade?…Nada, um enorme vazio!
Sr. Presidente, para ir à BTL é necessário pensar a imagem que queremos fazer passar e consultar os diferentes operadores. É necessário ouvir os empresários e fazer um levantamento da oferta existente. É necessário seleccionar o nicho de mercado a que nos dirigimos e construir a imagem adequada. Se tal não for feito e se não existirem medidas complementares que dêm continuidade à campanha de divulgação, tudo não será mais do que uma despesa inútil, um deitar fora recursos preciosos
Sem a existência de uma campanha estruturada, pensada e conduzida por técnicos especializados, teremos, de certeza, na BTL, uma imagem da Madalena que nos envergonhará a todos. Uma panóplia de panfletos e fotocópias rascas adoçados com verdelho, linguiça e inhame. Lembra-se do lançamento da campanha do vinho Lagido na discoteca Maroiços? Lembra-se do vinho nos copinhos de plástico e das toalhinhas de papel em cima das mesinhas corridas, molhadas da chuva? Vai ser pior! Então se os técnicos de Marketing forem os mesmos que deram vida ao "panfleto" posso dizer, com uma baixa margem de erro, que vai ser muito pior.
Vamos à BTL e pronto! OK, aceito a necessidade de arejar e ver outros horizontes. Não se esqueça do passaporte nem de mobilizar (o)as "Jorgettes" (os que gravitam).

2- A Câmara apresentou o seu gabinete de protecção à criança e dá-nos a sua composição em dois formatos: o formato longo e o abreviado. Uma comissão que implica uma mole de gente e, depois, uma espécie de Task Force ao serviço da infância. É claro que a ideia é boa e, sobretudo actual. No entanto, há lacunas incontornáveis e que impedem o sucesso da iniciativa. Em primeiro lugar o número de telefone fornecido deveria ser gratuito de forma a permitir que as crianças telefonassem de fora dos locais onde residem. Não estou a imaginar uma criança maltratada a pedir aos abusadores para fazer uma chamada para denunciar a situação.
Este é, no entanto, o menor dos erros. Uma equipa deste tipo deve ser altamente especializada e deve ser constituida por profissionais competentes. Alguns dos elemento acredito que o sejam. No entanto, a inclusão do nome do presidente da Câmara nesta "task force", já estando presente na dita Comissão alargada, é um mero indício de necessidade de protagonismo. O sr. está tão preparado para lidar com este fenómeno como um pedreiro (profissão honrada) está preparado para realizar uma cirurgia plástica (a coisa vai ficar mais feia do que o que era). Percebo agora a inclusão do seu currículo e a menção ao trabalho na SATA. Deu-lhe esperiência de atendimento ao balcão….
Nesta linha grotesca verificamos que outro membro da comissão restrita é um representante da Santa Casa da Misericórdia. Um Psicólogo? Não! Um Sociólogo? Não! Uma Assistente Social? Também não! O representante da Santa Casa na "task force" é o seu provedor. Uma indivíduo que, em parâmetros actuais, nem a escolaridade obrigatória possui.

3- Vamos geminar a Madalena com a Covilhâ! Já imagino a população da Madalena toda na rua com as bandeiras da Covilhã. Imagino a histeria colectiva e a alegria incontrolavel. Imagino excurções organizadas para ir descobrir os nossos gémeos há tanto tempo perdidos. Imagino, em síntese, uma novela tipo Mexicano cujas consequências emocionais são, neste momento, imprevisíveis. Transbordo de alegria!
Sinceramente senhor presidente geminar com a Covilhã porque ambos os concelhos têm pontos altos (falamos de geografia, claro!). Porque não geminar com todas as cidades que têm mar? Com aquelas que não têm semáforos ou, em alternativa, com aquelas cujos habitantes gostam de sardinhas? Só espero que não haja assessores ou consultores originários da Covilhã. Seria mau!

Quanto ao resto; são intenções de continuar a subsidiar o futebol, de distribuir algumas migalhas por outras associações e algumas fotografias de betão.

Nada mais a dizer!