sábado, dezembro 30, 2006

Brevemente

Brevemente saiba tudo sobre o rato da Câmara, chamado carinhosamente "o Vice" pelos seus adeptos, que engorda, sobremaneira, a marfar papeis seleccionados.

Um exemplo de recolha selectiva! Não é amor?

Agradecimento

Agradeço ao Governo dos Estados Unidos da América a grande lição que nos está a tentar dar neste final de ano, com a execução de Sadam, e que tem como ensinamento o seguinte:

É fazer o que apetece, quando estamos na mó de cima, porque o resto do Mundo é nada.

Quem tem o poder determina a moral!

Fico ansioso à espera que a grande potência mundial seja a Indonesia para ver o resultado dos julgamentos dos líderes os EUA relativamente ao Chile, Angola, Iraque e, porque não, Hiroshima...e etc.

É que esta cena dá montes de voltas...

Como diria a velhota de Cabreiros, minha amiga de sempre:

Que os pariu!

Ano Novo

Forte cena!

Lá vem outro!

Ainda há quem se admire que os nossos votos sejam que o próximo, ao menos, não seja pior que o anterior. Forte hipocrisia quando essas duvidas vêm das altas patentes do poder instituído.

Raio que os parta, hipócritas!

A nossa figura de meros figurantes, neste cenário heróico cheio de mefistifófeles, mascarados de povo, é pouco menos do que a figura da Minie engatada pelo Pato Donald…

Já estava escrito!

E assim, como o Manco Inca, do alto de Macho Picchu, resta-nos verificar o fim do império. Lá em baixo, vestido de espanhol, está o estado e a carga fiscal e o raio que os parta a todos, à espera de descobrir onde é que escondemos o desgraçado do amarelo e reluzente ouro.

Procurem debaixo da cama….safados!

É a lei do mais forte. Tal como o fogo reduz a cinzas a madeira, como a pedra parte o osso, como a tesoura corta o papel e como a água tira a sede, também o exército da função pública aniquilou a classe média baixa desta banheira grande que se chama Portugal.

O mais engraçado é que, atrás do Torquemada que nos persegue, está uma multidão confiante de média e alta burguesia que, enriquecida com o fim das classes abaixo, não se apercebe do que o líder rumina e expele entre dentes:

São como o peru…deixa-os engordar que vão a seguir!

Por isso vos digo:

Que o próximo não seja pior que este que, por sua vez, foi péssimo!

Quanto aos votos locais e regionais:

Desculpem-me mas, ao pensar nos figurantes e artistas principais, deu-me um ataque de riso tão grande que fiquei sem palavras!

domingo, dezembro 24, 2006

Votos...

Desejo a todos os meus amigos e visitantes ocasionais um Natal cheio de luz e de boas direcções.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

A fotografia

Está tudo lindo!

Um sol quente, um céu azul e um clima de boa vontade geral. As renas (o velho Rodolfo com o nariz de bebedola), o pai natal (que não enruga de ano para ano), a musica nos altifalantes da Vila (Gingambé! Gingambé!) e os embrulhos acumulados. Montes de embrulhos! Para os nossos, para os dos outros e para os mais ou menos.

Uma festa!

Tal é a alegria que o contágio passa com mais facilidade do que a gripe. Bons dias, acenos e cartões são a manifestação mais comum da epidemia.

Já recebi o desejo de boas festas do senhor presidente da Câmara, do senhor deputado Hernâni e até do senhor presidente do Governo Regional. Este último tinha como brinde uma fotografia do casal e montes de números, de quadros e de gráficos.

Alegria! Alegria!

Estamos quase ricos e tem melhorado tudo. Que prendinha melhor poderíamos esperar nesta quadra?

Não me ocorre!

E foi com a euforia do momento perfeito que liguei à minha amiga para partilhar cumprimentos e exclamações de circunstância:

- Olá! Etecetra e tal e boas festas! Tudo bem?
- Olá! E tal e coisa, tudo bem! Vou fazer uma mamografia mas em princípio está tudo bem.
- Ok! Ok! Ainda bem que estás bem! Fazes muito bem em controlar essas “cenas”. Para quando?
- Marcaram-me para daqui a dez (10) meses!
- Dez quê???

Despedi-me meio à pressa e tomei uma decisão. Este ano não penduro a fotografia por cima do armário da cozinha!

terça-feira, dezembro 19, 2006

Culturas

Nunca pensei concordar com tal afirmação mas, vendo bem, até que há um fundo de verdade. Refiro-me à expressão utilizada na reunião da Assembleia da Câmara segundo a qual: “temos excesso de cultura!”.

Assim mesmo, sem papas na língua nem tentativas de minimizar o impacto. É claro que sem contexto a frase é absurda mas, se soubermos que foi proferida após a listagem infinita de donativos, empréstimos e apoios, passamos a perceber o significado.

Não faz muito sentido que uma Câmara que diz que não tem verbas para “mandar cantar um cego” e que até voltou a ameaçar com o encerramento das festas do Concelho, distribua o que tem sem obedecer a um critério rigoroso para além do dos 40 amigos do Ali Baba:

“Já que aquele levou o outro também tem de levar”!

Mera sobrevivência!

Voltando ao tema, temos de facto, excesso de cultura de reprodução. Muita etnografia e pouca criatividade.

Falta-nos cultura de produção.

Sendo polémica e quase desesperada a afirmação, porque demonstra uma frustração pelo desgaste do erário público sem que haja retorno evidente, pode ser objecto de reflexão e ponto de partida para uma política séria nessa área.

Qualquer modelo, mesmo que experimental, é melhor do que a sua ausência.

Um bom ponto de partida seria, também, o entendimento entre a política local e a regional. Poderia ser proposto, por exemplo, que fosse criado um fundo de apoio às colectividades, gerido pelo Governo Regional através de delegados nas Ilhas, que se norteasse pelos princípios das boas práticas.

Não sei se estão a ver? Assim uma coisa do mesmo género do desporto!

Poderia, por exemplo, criar-se um Museu do Vinho, na Ilha do Pico. Até poderia ser nas instalações onde costumam fazer umas festarolas e onde os “baladeiros” locais, quando lhes apetece mostrar o seu virtuosismo, fazem uns “get together” para umas cantorias e uns copos. O sítio até que é bom porque tem para lá umas tralhas que têm a ver com o vinho e com a vinha.

Enfim, e nada tendo com a polémica do aborto, mais produção e menos reprodução, seria um bom mote!

domingo, dezembro 17, 2006

O formato

Estava convencido, assim como muitos com quem tenho falado sobre o assunto, de que o final da festa das vindimas tinha a ver com a animosidade mais ou menos declarada existente entre o ex-vereador da CMM e o actual vice-presidente. Pensava que se tratava de uma atitude faraónica, no sentido em que os selos dos anteriores eram assimilados pelos mais recentes, de forma a que a memória fosse apagada.

Enganei-me!

Ouvi, nos discursos da última Assembleia de Câmara, a verdadeira explicação:

“O formato da festa não funcionava!”

Os mais ingénuos pensarão que a frase está completa mas enganam-se. De facto, ao não manter a festa na mesma data, alterando o formato, leva-nos a concluir que o verdadeiro sentido da ideia implica a reformulação da frase:

“O formato da festa não funcionava, naquela data!”

A Câmara sabia disso e alterou a data!

Também não funcionou!

Se calhar porque uma festa do vinho tem mais sentido se for realizada no período das vindimas. Pelo menos é assim por esse país fora.

Assim sendo, para o ano, aconselho o retorno à data primeira. Se calhar fazia sentido a alteração do formato, já que em relação à data pouco podemos fazer. A não ser que, com a coragem e visão que os nossos autarcas têm revelado, decidam benzer a data. Expurgar os demónios do insucesso e exorcizar os fantasmas da mediocridade.

Sei que começam já a equacionar a vinda de shamans, de tarólogos e de padres especialistas no assunto. Prevejo excursões à santa da ladeira e cartas ao vidente Mamadu.

Não há necessidade!

Basta pensar no assunto!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

O caminho!

É quase uma maratona radiofónica a transmissão em directo da Assembleia de Câmara. De tal maneira é animada e frutífera que deveria ser de audição obrigatória.

É que, através desse exercício de paciência abnegada, podemos saber em que direcção caminha o nosso Concelho e quais são as estratégias de investimento para o bem comum. Para isso basta ouvir a longa lista das realizações do executivo camarário.

E ouvimos com satisfação e orgulho.

Uma taça para a Associação de Futebol da Horta!
Uma representação mais para o sr. Vice Presidente que tinha livres cinco minutos nas quartas feiras!
Um jantar para os jovens da Noruega!
Uns trocos para o Candelária e para o FCM!
Uma vedação para a Escola Profissional!
Uma viagem para este, outra para aquele e outra, ainda, para aqueloutro!
Emprestamos a Psicóloga!

E por ai fora numa lista interminável de feitos relevantes para o nosso Concelho, todos do mesmo género, que desta forma se pode orgulhar da sua plena integração no espírito de Natal e na filosofia de desenvolvimento dos restantes pares europeus.

Incluindo a Turquia!

Também gostei muito, apesar de não ter percebido bem a principio, da organização de um “curso de palhetas”. Foi, digamos assim, um momento muito alto no discurso do Sr. Presidente.

Fiquei a saber, também, que os presentes gostavam que o poder se deslocasse de vez em quando às freguesias. É uma boa ideia, sem dúvida!

Só achei piada foi que acrescentassem:

- A gente vê-vos por lá….mas é só nas festas e jantaradas!

Marotos!

Quanto à síntese final, relativa ao tal caminho para o futuro, quem a fez melhor foi a rádio Pico ao terminar com uma musica que dizia: “We are on a road to nowhere”!

Ou seja:

Cá vamos para nenhures!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Reflexões...

É muito confortável acabar uma etapa da vida e ter uma passadeira vermelha a fazer a ligação com a fase seguinte. Sem dúvida que é um privilégio.

Acabar os estudos, sejam eles médios ou superiores, e apresentar-se lavadinho para o emprego que o aguarda é o sonho de muita gente.

Cada um sonha o que pode!

Na nossa terra, através do pai, do padrinho ou do amigo da tia, é prática comum a criação de “cargos” mais ou menos privilegiados no sector público, para integrar os filhos pródigos. Esta prática vai tão longe que chega a incluir os familiares e amigos de outros jovens profissionais do desporto que prestam “comissão de serviço” nos nossos clubes. Estes chegam mesmo a ultrapassar alguns locais cujos pais, padrinhos e amigos da tia estão fora do circuito da decisão.

Enfim, este seria outro assunto!

Estas práticas, apesar de serem confortáveis para os jovens, têm um efeito perverso e negativo na dinâmica da terra. Ao encaminhar directamente para a função pública a maioria da nossa juventude, estamos a criar fortes entraves ao crescimento e desenvolvimento da Ilha. Por um lado porque “engordamos” uma função pública já “obesa” e com pouca dinâmica profissional, perpetuando a noção de “emprego” em que a segurança monetária se sobrepõe à importância da realização profissional. Esta dinâmica cria, também, laços de dependência impeditivos do exercício da crítica e, consequentemente, do desenvolvimento de novas ideias e práticas, perpetuando a mediocridade instituída.

Por outro lado, estamos a retirar “massa crítica” ao sector privado e a impedir a integração criativa e inovadora dos jovens num sistema que deveria ser continuamente enriquecido com as novas gerações.

Desta forma, mantemos um sector privado ultrapassado e sem capacidade de sobrevivência a longo prazo.

Se adicionarmos à equação o facto de estes jovens, devido à estabilidade financeira oferecida, mergulharem, de imediato, na “escravatura” bancária e empenharem o seu salário pelos próximos 30 ou 40 anos, a troco de uma casa “agigantada” e um ou dois carros de “boa marca”, verificamos que o resultado é catastrófico para o sector privado, por vários motivos:

Para além da sua não renovação e do não aparecimento de novas áreas de investimento (salvam-se raras e aplaudidas excepções, claro!), ficamos com uma classe consumidora que dança na fronteira da “banca rota”.

Do ponto de vista do poder instituído e do sector associativo, esta situação é deveras funcional porque permite a perpetuação do regime de conveniências instalado.

Do ponto de vista social, é um desastre!

Na prática, ficamos com uma Ilha cinzenta, com pouca oferta e com uma procura tímida. Ficamos, também, com uma classe dirigente cada vez mais arrogante. Do tipo:

- Não sabes quem eu sou?
- Sabes com quem te estás a meter?

Se não alterarmos a mentalidade nunca mais saímos do ridículo.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Bola baixa

Entre insultos, ameaças e outros estilos menos literários cá vamos andando com níveis baixos de stress.

Graças a Deus!

Curiosamente não sou o único alvo dessas exaltações psico-sociais. A malta da “bola” e da política também tem uma parte significativa neste bolo indigesto.

Pouco habituado a dividir as atenções dos comentários, fiquei com curiosidade em saber a causa de tal frenesim. Nada mais simples. A origem do motim está, como não podia deixar de ser, no futebol.

O ex-treinador do Futebol Clube da Madalena deu uma entrevista ao Ilha Maior, do mesmo tipo do livro da ex-mulher do Pinto da Costa.

É claro que só o futebol poderia mobilizar tanto as massas críticas da terra.

Aqui tenho um problema que me impede de participar na guerra das palavras e me obriga a ser mero espectador atento. Um problema muito simples: percebo pouco de futebol em geral e quase nada da vida do FCM. Limito-me a acompanhar pelo jornal os seus resultados.

Apesar desse facto, percebo alguma coisa de estratégia e, por isso, tenho as minhas opiniões:

- A entrevista dada agora, tanto tempo depois da saída do treinador, parece-me fora do contexto e ter objectivos muito específicos de manipulação das atitudes da actual direcção.
- Sendo assim, é óbvio que alguém estará por trás dessa entrevista e pretende alterar a situação do FCM.
- Sabendo que o “condicionamento dos textos” (antigamente chamava-se censura) ainda é uma prática no Ilha Maior, a responsabilidade só pode ser atribuída à direcção do Jornal.

Por outro lado, preferia uma piscina aquecida, um parque radical (para bicicletas skates e afins), luz no parque infantil, um auditório, o reordenamento urbano da vila, entre outros, do que um FCM que oscila na classificação como um ió-ió descontrolado ao sabor da disponibilidade financeira da Câmara.

Em síntese, prefiro um investimento sério nas camadas jovens, mesmo que isso implique um Madalena mal classificado, porque é a única forma de, no futuro, termos uma equipa competitiva. É sabido que a Câmara não pode continuar a ser um elemento de destabilização da equipa devido ao facto de não garantir um fluxo contínuo de verbas.

A Câmara que trate da autarquia e a direcção do FCM que trate do futebol!

Assim sendo, do meu ponto de vista, só quando tivermos um número razoável de jogadores da terra é que teremos uma equipa estável, porque financeiramente viável.

Seguindo esta linha de raciocínio empresarial, os treinadores que mantêm os jogadores locais afastados do campo, até podem ter óptimos resultados a curto prazo mas, a médio e longo prazo, como se está a verificar, provocam problemas sérios.

Os treinadores, a este nível competitivo, deveriam estar ao serviço do crescimento e desenvolvimento do Clube e não dos resultados imediatos.

Se mais provas fossem necessárias da incapacidade de manter estruturas caríssimas, constituídas apenas com “craques” importados, bastava ver o caso do Candelária e de outras modalidades da Ilha.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Cenas tristes

Para dizer a verdade, não tremo de indignação ao saber das obras “clandestinas autorizadas” existentes na nossa Madalena. Não me incomoda particularmente o licenciamento de infra-estruturas após o seu funcionamento nem os acrescentos da empresa Rui Pereira, nem outros casos que pululam junto da “entourage” da elite do poder.

Encaro como resquícios de uma certa nostalgia do passado caciquista e rural que define a classe dirigente local. Casos desses, verificamos nos dois lados da barricada. Tanto o PS como o PSD estendem uma larga tenda de circo sobre os seus amigos e familiares e, tal época natalícia continuada, distribuem facilidades e cargos pelos presentes.

Assim foi na Escola Profissional, assim foi no Museu e assim é em muitos outros sítios!

Para mim não passam de cenas deprimentes. Um pouco como palhaços tristes a tentar receber algumas palmas e reconhecimento em troca de mímicas gastas.

Uma tristeza, mais do que uma indignidade. Até porque, a necessidade deste tipo de favores, a continuidade desta pandilha de “bons malandros”, apenas demonstra a falta de qualidade global que nos cerca.

Enfim, que lhes faça bom proveito!

Irrita-me muito mais a perseguição. O ataque personalizado a quem não sofreu o baptismo das mesmas águas (ou vinhos). Chateia-me deveras o embargo rápido a quem tenta construir e investir na Madalena, apenas porque se esqueceu de retirar o chapéu e fazer a vénia aos pobres desgraçados que, apesar de incapazes, estão nos poderes locais.

Aqui sim, o cenário é deprimente. Um misto de Kumba Yalá e de Mobutu vai decidindo, de forma impulsiva e primária, que tem direito a quê neste reino de faz de conta.

Seria de esperar mais! Seria de esperar muito mais!

sábado, dezembro 02, 2006

Na onda...

Normalmente ligo puco aos sinais. Decido sair de casa, ou fazer alguma coisa, em função da minha vontade. Quanto muito consulto a meteorologia.

Para variar, hoje experimentei a astrologia. É claro e simples: se és do signo Peixes, não fales de coisas negativas!

Está lá escrito com as letras todas.

Portanto, estamos conversados.

Nem falo do eventual encerrameto do "Beco" nem das construções "clandestinas autorizadas" na zona industrial.

Hoje é só boa onda!

quarta-feira, novembro 29, 2006

Questões de dignidade

Em passos soltos, tenho corrido uma parte deste nosso Globo. Em todos os cantos vou encontrando motivos para exclamações mais ou menos acentuadas. Em todo o lado esbarro com aprendizagens.

Esta é, talvez, a melhor parte da viagem: a consciência da riqueza das vivências, o respeito comum pelos valores ancestrais e a noção partilhada de comunidade.

Trata-se, no fundo, da celebração da cultura, da perpetuação dos ensinamentos e do respeito pela herança simbólica e prática que nos legaram os nossos “velhos”.

Não me refiro às mezinhas e rezas supersticiosas, não realço qualquer fundamentalismo social ou religioso. Sublinho e congratulo-me com a vivência simples. Com a apropriação da natureza e a busca da vida em harmonia.

Delicio-me, sobretudo, com a simbiose entre o meio e a ética libertária de quem, ao respirar o puro, consegue sentir com unidade e compreender o seu inenarrável valor de continuidade.

Uns prolongam-se nos outros!

Assim é em todo o Mundo. Não somos, neste capítulo, nem melhores nem piores do que os restantes passageiros deste bólide interestelar, desta rocha semilíquida que vagueia no pó das estrelas. Pelo menos, não devíamos ser.

Falo da consciência do efémero e do respeito pela curta duração daqueles que nos apontaram um caminho. Como nós, também os seus passos são curtos para tantos sonhos e vontades.

Seria de esperar que, também aqui, na Madalena do Pico, a idade fosse motivo de orgulho, de satisfação e, até mesmo, de reconhecimento.

Será, talvez, verdade no íntimo de cada um e nas emoções tantas vezes escondidas. Não é, no entanto, de certeza, essa a prática a que tenho assistido.

O lar para a terceira idade deveria ser um espaço pensado e construído para facilitar a vida daqueles que lá vivem. Um ponto de partida para o convívio e para a liberdade. Devia ser um facilitador das relações e um trampolim para uma nova vida que, tal como as anteriores, merece felicidade e respeito.

Um “Lar” não pode ser uma espécie de prisão de baixa segurança onde largamos os “inúteis” da nossa sociedade. Esse conceito e essa prática são, do meu ponto de vista, criminosos.

Por este motivo, horários, rotinas, actividades, agasalhos, alimentos, normas e tudo o que diz respeito ao dia a dia da nossa terceira idade “em cativeiro”, deviam ser fiscalizados e avaliados numa base periódica curta.

Não o fazer nem o exigir é pactuar com a clandestinidade dos actos. Será, no fundo, aceitar a implantação de uma espécie de matadouro primário onde, para além do fim natural, impera o sadismo de fazer vergar as personalidades que outrora admiramos. Não se trata de maltratar “os nossos” é, também, apagar a dignidade de toda uma geração.

De cada vez que nos calamos ou olhamos para o lado estamos a desistir da nossa essência e a aniquilar a nossa própria origem. De cada vez que o fazemos perdemos a nossa centelha de divino e comprometemos a nossa verticalidade.

terça-feira, novembro 28, 2006

Foi-se mais um dia....




Bollywood

Chandrika Ghandy é uma espécie de olheiro, à moda do futebol, que procura talentos para as coloridas e espectaculares produções de Bollywood.

Chandrika tem especial interesse em indivíduos de tez escura com particular apetência por trabalhos de grupo: pequenas simulações de pancada, alegria de gang e são companheirismo másculo. Procura aquilo que nós por cá chamamos de fanfarronada. Ela diz que aí é que reside o verdadeiro “style”.

Procura, também, a altivez do carácter, o verbo fácil e o ego do verdadeiro artista. Daquele que pode encenar a vida de Ganesh sem pestanejar nem tropeçar na tromba.

Quando a estas características se somam a doce voz e a perninha ligeira, Chandrika entra em alerta Laranja.

Chandrika está em alerta laranja por causa do nosso Pico.

Ouviu falar dos nossos artistas e interessou-se. Soube mais e o laranja avermelhou quando ouviu contar o episódio do pestanejar afectuoso que sobrepôs o amor a uma espécie de holocausto social.

Chandrika tentou saber ainda mais e passou a very red quando leu o Ilha Maior desta semana. Assim que viu que o objecto do seu estudo saltou do desvario da ameaça para a pose rufia e, daí para a languidez da paixão em espasmos controlados de tempo, nunca pensou que ele fosse capaz de, também, decorar diálogos complexos. Enganou-se! E foi quando bateu na frase que se apercebeu:

“Diz José António Soares que…tem mantido ao longo dos anos total abertura para ouvir os pais e resolver as questões…”

Que linha!

Brilhante!

Vermelhérrimo!

Estou convencido que em breve vamos ver o nosso Provedor numa grande produção de Bollywood. Talento não lhe falta.

Já o imagino, no seu fato apertadinho, sentado na motorizada, cantarolando, com o movimento dos lábios desfasados do som, enquanto abana os ombros e envia decidido o queixo para o ar, franzindo as sobrancelhas. Imagino a dama sentada no lugar do passageiro, agarrada confiante e apaixonada a soltar a única fala que lhe destinaram na produção:

“Vamos embora amor!”

Vivó Pico!

segunda-feira, novembro 27, 2006

O Vale do Silicone

É com agrado que verifico que o Ilha Maior está melhor. O aspecto gráfico apurou, há mais notícias e opiniões e a censura diminuiu.

Mantém, como não podia deixar de ser na nossa terra, uma tendência para ser uma espécie de trombone para anunciar os sucessos e dos seus donos.

É o caso do artigo que nos leva a considerar a Madalena uma Silicon Valley das Ilhas Açorianas. Segundo o Ilha Maior, a escola Cardeal Costa Nunes é a melhor dos Açores.

Assim, sem mais nem menos, como se tratasse da inconfidência de um relatório que deveria ser interno e que visava a motivação dos seus alunos.

Os factos mencionados são os seguintes: 42% dos alunos terminam o secundário em 3 anos e 38% acedem ao ensino superior.

Caramba!

Faltou dizer que no que diz respeito ao ensino do Português estamos 100% melhor do que as escolas Chinesas e que relativamente aos alunos açorianos por turma ultrapassamos, de forma abissal, as escolas da Federação Russa.

Faltou dizer, também, que este números são uma espécie de vale de silicone: incham mas não têm qualquer função.

A triste realidade é que a Cardeal ficou em 405º lugar no ranking das escolas de 2006 (total de 458 escolas)com uma média de entrada na Universidade de 9,16, inferior aos dois anteriores anos.

Não há registo de muitas escolas açorianas pior classificadas!

É chato!

Sobretudo se estivermos atentos a uma “governação” continuada que permite implementar as ideias e os projectos da liderança.

Somos levados a concluir que a Cardeal, no panorama nacional, sempre esteve mal e, nos últimos anos, piorou.

Se calhar valia a pena explorar alternativas…

Luso Americana

É bom registar que depois de vários anos de distância entre os Açores e a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (que subsiste com verbas provenientes das contrapartidas da utilização, por parte dos Americanos, da Base Aérea da Terceira) parece existir uma vontade de alterar o actual panorama.

O primeiro passo é incluir um Açoriano no Conselho de Administração.

Aguardamos os passos seguintes, nomeadamente a abertura de uma FLAD-Açores (que poderia ser na nossa Ilha).

Porque não?

Matei o meu cão

Dói-me, há semanas, as decisões que tomei. Dói-me a saudade e o coração partido de quem vê partir aqueles que só não estão presentes porque nós, humanos, conscientes, liquidamos.

Dói-me, de forma brutal, o peito vazio!

Juro!

Perante os meus olhos vislumbro, apenas, a agulha afiada rompendo o teu coração confiante. Que longe que estavas da minha malévola intenção!

Como me olhaste nos olhos, confiante, antes do meu sim. Foi nesse momento que me mataste contigo!

Não me senti compreendido, pelo contrário, senti a traição rasgar-me a pele que te sentia.

A morte abarcou a totalidade dos nossos seres e encerrou os nossos diálogos. Acabou definitivamente a cumplicidade! Para além da morte, apenas o imenso nada.

Lembro-me de te carregar, a meio da noite, com dificuldade, até ao buraco escuro onde te larguei para sempre. Lembro-me de quase não ter conseguido.

Lembro-me, com vergonha, mas lembro-me!

Nunca me esquecerei!

Ando há dias a tentar fazer o luto a que tens direito mas, sempre que o faço, paro e resisto. Nego a dor que me arranca a carne do peito e tento seguir cambaleante para outras sensações. Mascaro a minha própria morte esquecendo a tua. Tento negar que, contigo, também eu morri um pouco.

Hoje não!

Hoje fui-te visitar e, na noite escura, insultamos os Deuses e lembramos a vida. Cantamos musicas sem letra e comunhamos o nada que nos liga. Dançamos o nosso fim do mundo. Juntos!

Percebi, finalmente, que os laços que nos amarram estão tão apertados como sempre. Não há morte que nos afronte enquanto partilharmos este sentimento.

Foi por isso que chorei tanto!

Adeus Merlin!

domingo, novembro 26, 2006

Natal light(s)

A época de Natal é sempre divertida. Pelo menos aqui, na Madalena do Pico. É com ansiedade que se fazem apostas sobre o tipo de iluminação que vamos ter a bordejar as nossas ruas.

Será que este ano vai bater os anteriores?

(No que ao mau gosto e verdadeiro pimbismo diz respeito, claro!)

Vamos voltar a ter o bacalhau, o atum, o polvo, o choco, a borboleta e a andorinha?

Este ano aposto na sofisticação. Aposto numa decoração à Las Vegas, altamente sugestiva e com uma mensagem directa.

O primeiro esboço da proposta dos nossos “caros” (literalmente) autarcas já está concluído.



Os jovens da Madalena também apresentaram a sua proposta.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Noites...

Nas noites de tempestade gosto de ver a Urze, o incenso e a Faia envolvidas no vermelho vivo do fogo. Gosto de sentir a onda de conforto que me envolve e mantém junto à lareira.

Gosto de ouvir ranger, dobrar e arrastar. Gosto de saber que lá fora o vento passeia sem respeito pelas barreiras. Gosto, sobretudo, de ver o mar a transformar a costa numa linha indefinida, sem fronteira.

Hoje acrescentei um pouco de cenário à peça.

Para tornar ainda mais perfeita a noite canto com os melhores. Embarcamos no Tannhauser de Wagner com o apoio entusiasta da Filarmónica de Berlin e os gestos precisos de Karajan. Vejo a sua mão direita marcando as minhas entradas sucessivas.

Bravo! Bravo!

E rebenta com fúria a vaga de Noroeste.

Bravo!

E sopra lascivo o vento por baixo de todas as portas,

Bravo!

E rebenta a chuva em cima dos telhados.

Neste cenário de humidade e fogo ocorre-me que vivo numa terra que não existia. Num pedaço de rocha que se libertou do fundo do mar e que se torceu e esticou até ver o céu. Ocorre-me que vivo abraçado a um vulcão entalado em três placas tectónicas e que, de vez em quando, treme. Treme com a força que só os desesperados conseguem fazer.

E afinal, que tipo de homem consegue domar uma terra convulsa? Que homem vive em cima do fogo sem abalar as suas certezas? Que homem enfrenta o mar com a mesma crueza com que afasta a lava do seu caminho?

Um relâmpago rasga a noite.

O olhar assustado da minha cadela dá-me a resposta.

Divulgação

Gosto de coisas sérias e duradouras. Não quer dizer que a arte efémera me seja indiferente. Pelo contrário!

Cada coisa no seu lugar!

Há sem dúvidas áreas da nossa vida que convivem perfeitamente com a efemeridade dos segundos e com a fugacidade dos minutos.

A divulgação da nossa terra, pelo contrário, só é possível e eficaz com um projecto a médio e longo prazo. Pequenas acções sem contexto nem sequência são o equivalente a um enorme vazio ponteado por pequenas bolhas de incompetência. Infelizmente é nessa base que a divulgação do Pico tem estado. Meia dúzia de bocados de queijo distribuídos de forma aleatória numa BTL caracterizam a política Municipal de divulgação turística.

Conhecendo os responsáveis não nos admiramos.

Como cita um dos filósofos do PSD (Pacheco Pereira): “Quem nasce para lagartixa não chega a jacaré”.

O pico volta a estar em destaque, hoje, nas revistas nacionais. A revista Sábado escolheu 25 lugares de todo o mundo como sendo os ideais para umas férias românticas. Entre eles volta a estar o Pico.

Parabéns Pico!

terça-feira, novembro 21, 2006

Santa Casa

Vão os Órgãos Sociais da Santa Casa da Misericórdia reunir proximamente, creio que no dia vinte e dois deste mês.

Fico com muita curiosidade relativamente a dois assuntos que considero da maior importância para a comunidade e de extrema delicadeza e sensibilidade para a própria Instituição.

Refiro-me, em primeiro lugar, ao abandono das “irmãs”, mandadas retirar pela sua Ordem, devido à incompatibilidade entre os seus ideais de caridade e solidariedade e as práticas da Santa Casa da Misericórdia da Madalena. Referimo-nos a pessoas que desempenhavam um papel fundamental no funcionamento da Instituição e cujas motivações nada têm de obscuro.

É fundamental um esclarecimento público dos motivos que as levaram a abandonar as tarefas que desempenhavam com abnegação e altruísmo. O habitual silêncio e impunidade que norteiam o secretismo da gestão daquela Instituição não podem ser impostos neste caso que, pela sua dimensão e implicações, diz respeito a todos nós, amigos e familiares daqueles que se encontram a viver naquelas instalações.

Em segundo lugar, afigura-se muito interessante a discussão sobre a manutenção do cargo do Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Madalena. De facto, ao abrigo dos estatutos daquela irmandade (artigo 10º) os irmãos que “perderem a boa reputação moral e social….” Ou que “perfilham atitudes hostis ao espírito tradicional da caridade cristã” devem ser excluídos da Irmandade.

Sabendo que a reputação moral e social do Provedor anda um bocado abalada e que a sua noção de caridade cristã se manifesta através da violência e da perseguição daqueles que o contrariam, apenas vejo duas soluções para esta situação delicada:

A exclusão da irmandade do Provedor, com justa causa ou;

O seu sincero arrependimento relativamente à sua conduta debochada, violenta e vingativa materializada num pedido de desculpas formal, por escrito, a publicar em toda a comunicação social local, dirigido à população em geral.

Não há nada mais bonito do que a humildade cristã e o verdadeiro arrependimento. Aliás, só este redime, em Instituições desta natureza.

Caso assim não seja, que alguém diga ao sr, Provedor, com verdadeiro amor cristão:

-Vamos para casa, amor!

segunda-feira, novembro 20, 2006

Primeiro Erro

Para dizer a verdade, a história da pancadaria está cheia de incorrecções e mal entendidos. É minha obrigação, tal como do Ilha Maior, descrever os factos com objectividade e, se for caso disso, publicar a carta de pedido de desculpa escrita pelo funcionário da Globaleda.

A primeira grande mistificação tem a ver com os empurrões e pontapés à porta.

O que aconteceu foi que o nosso “Chaka Zulu” da terceira idade adora festas e tem um carácter de uma rectidão indefinível. Pena que só se manifeste em estados de embriaguês extrema.

Pois, sendo assim, o mais natural foi ter uma reacção violenta ao verificar que ao seu lado estava uma personagem obscura responsável pelo fim das festas da Areia Larga e das Vindimas. Um ser cujos traços gerais contrastam em absoluto com os do nosso adorado Adónis do Beco.

Quando gritou que o poderia prejudicar na Escola Profissional, não se dirigia ao jovem mas sim ao conhecimento das práticas obscuras que aquele mamarracho cometia. E assim, palavra puxa palavra, seguiu-se o empurrão e o pontapé.

Nunca se apercebeu que do outro lado estava, apenas, o reflexo do agressor colado no vidro da porta.

domingo, novembro 19, 2006

Sabados da Madalena

Noite estranha a de ontem.

Quase ninguém nas ruas e os poucos que circulavam faziam-no de forma rápida. Como se tivessem pressa ou medo. Nos bares, os clientes olhavam nervosos para os relógios e mal acabavam o café arrancavam porta fora. O olhar para a esquerda e para a direita com movimentos bruscos fazia acreditar que um monstro andava à solta na Madalena.

- Que se passa? Perguntei a um vulto meio escondido numa esquina.

- É sábado! Respondeu-me irrequieto.

- E depois? Devia andar tudo na rua.

- Isso era antes…

- Porquê?

- Agora mudou tudo.

- Mudou o quê?

- É sábado….

- Sim?

- Dia dos autarcas bêbados!

Foi como se tivesse levado um choque eléctrico. Rápido e atento meti-me no carro e fui para casa.

quarta-feira, novembro 15, 2006

A verdade dos factos 1

É claro que as coisas são sempre muito mais complexas do que aparentam.

Do meu ponto de vista, tudo o que se passou na discoteca neste sábado, não foi mais do que uma explosão de alegria, afecto e camaradagem. É claro que a maldade humana encarregou-se de interpretar tudo ao contrário.

A verdadeira história foi mais ou menos a seguinte:

Sábado, para além de ter sido um dia que culminou uma semana de grandes sucessos trouxe, também, realizações memoráveis para a nossa Vila.
Do ponto de vista pessoal, foi igualmente um dia cheio de alegrias e de são convívio.

Vejamos:

Sábado assinalou o final da chamada guerra dos pinguins. O provedor da Santa Casa venceu a guerra contra as pérfidas freiras que tinham “apoitado” no lar de idosos. O final foi histórico porque determinou a fuga desenfreada das criaturas e abriu a porta a soluções mais “convenientes”.

Sábado sentiu, o empresário, o sabor doce da casa cheia. Cantou e foi saudado pelos dotes artísticos que apenas a intimidade conhecia. Foi glorioso!

Sábado foi a apoteose da carreira do vice-presidente, vereador e responsável pela cultura da nossa câmara. A feira dos cheiros foi um sucesso. As pipocas e a morcela do Roque e Pavão inundaram as narinas de todos os que visitaram a barraca das exposições tornando o apetite para os negócios muito maior. Um feito de dimensões épicas!

Porra! Um homem não é de ferro!

Um copo de vinho aqui, uma cerveja acolá, um “Uísque” mais além e a disposição para a festa está garantida. O ego inchado de força e poder admira o povo pigmeu aos seus pés. Apenas surgem duas vias: espezinhar os gajos ou, por outro lado, a via caridosa do afecto e da compreensão.

Que fazer?

(no próximo episódio saberemos qual foi a decisão do nosso Grande Educador da Classe Operária, do nosso amado Líder, Kim Il Sung do Granel, perante os espinhos evidentes colocados diante do seu suave trote.)

Vai buscar!

É pura maldade interpretar os factos com base apenas na realidade observável. Por trás de uma cena há sempre uma onda; às vezes uma boa onda outras vezes uma má onda. O óbvio é que, sem ver a onda, não se deve dar lustro às pranchas.

Os mais imediatistas apenas viram, no sábado passado na discoteca, três matulões bêbados a insultar e a ameaçar um jovem. Viram também a passagem aos actos. Viram ainda a chegada de um outro interveniente que não se intimidou com a coragem etílica e deverá ter dito qualquer coisa como:

- Metam-se comigo que sou do vosso tamanho!

Viram ainda que, na confusão normal que se seguiu, e não havendo a esperada retirada, o provedor levou um murro. Há quem tenha ouvido alguém exclamar:

- É pá! Cum catano! Vai buscar!

Não sei se esta parte é verídica, mas dá um certo toque de modernidade.
Alguém ouviu, ainda, uma voz sumida e tímida dizer:

- Vamos embora amor!

E foram! Não por cobardia mas sim por lealdade.

terça-feira, novembro 14, 2006

Este povo....

Este povo é completamente incompreensível!

Lá porque o sr. Vereador e Provedor (e outras coisas muito ilustres) dá uns pontapés na discoteca, uns abanões e grita que é muito importante e que vai prejudicar quem quiser na sua vida académica e profissional, fica tudo indignado.

Não percebo…

Imaginem que ele dizia uma mentira, como é que ficávamos?

É o que eu sempre disse, o povo não está preparado para ouvir as verdades.

De qualquer maneira, acho que a história não foi bem assim. Depois conto a minha versão.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Aberto pelo balanço!

A linguagem do pensamento não transcrita torna-se numa vontade não concretizável. Esperava que o meu balanço fosse calmo como numa viagem de comboio em primeira classe. Isto é, nem empurrões nem altas sonoridades deveriam impedir o meu merecido descanso. Sem interferências haveria de acordar quando a biblioteca estivesse vazia, ou quando o olhar apurado observasse a pobre realidade ou, na melhor das hipóteses, quando me apetecesse.

Saiu-me na sorte um passeio de traineira em mar cavado.

Balancei, balancei, balancei e voltei a balançar, quase até ao enjoo!

Não existe gravidade no facto. Mesmo não sendo marinheiro experiente, a Taprobana manteve-se distante e as sereias, mesmo as oficiais, apenas cantaram sonoridades de festa popular num triste karaoke de artistas desconhecidos e irreconhecíveis. Nada que desperte o espanto e o encanto a quem navega de olhos abertos.

Apesar da troca imprevista no transporte que me tem arrastado nos últimos meses, nada de irreal poderia levar ao acordar irritado. Apenas o balanço provocado pelo encontrão poderia provocar o distúrbio. E, infelizmente, assim foi!

Acordei!

Bom dia a todos!

sexta-feira, agosto 18, 2006

FECHADO PARA BALANÇO

sábado, julho 29, 2006

Gentes

Há, sem dúvida, todo o género de pessoas. Uns irritantes, outros nem por isso. Uns são snobs, outros simples nos sentimentos e pouco importados com a hipocrisia do bem lidar e bem-fazer, vão despejando os pensamentos em forma de letras. Estes também podem ser irritantes, sobretudo para os outros.

De todos, os piores são os que defendem a causa pública. Sem mandato nem batina, auto proclamam-se representantes e paladinos da causa popular.

Que desperdício, que inutilidade, que fútil exercício de auto importância impertinente. É que, ao fazê-lo, tão inchados da sua inteligência e capacidade interpretativa, nem reparam que atestam a menoridade daqueles que pretendem defender.

- Coitadinhos “deles”, são iletrados!

É a primeira exclamação dos quixotes narcisos, pouco franciscanos, que refiro.
A sua especialidade é, como não podia deixar de ser, a dialéctica política e a demagogia social. A sua especialidade; terrorismo populista.

- Coitados, não tiveram hipótese!

Afirmam preparando uma “rede de solidariedade social” baseada na cristã caridade.

Entretanto escondem-se atrás dos muros, atiram pedras e, num repente levantam-se, de braço erguido e dedo esticado gritando:

- Foi aquele! Eu vi! Insultou o povo! Às armas! Às armas!

Ridículo…

Outro aspecto característico desta espécie é a facilidade em criar leis e normalizar os comportamentos em função dos seus parâmetros, nada ecléticos:

- Três vegetais são uma sopa!
- Três peixes um cardume!
- Três piadas um achincalho!
- Três ironias um cinismo!
- Três sacudidelas um orgasmo!

Quanto aqueles que, supostamente são defendidos; fizeram o 25 de Abril, a revolução Francesa, derrubaram os Czares e, no entretanto, não prescindem de enfiar o dedo indicador na narina, sempre que a ociosidade lhes morde os calcanhares.

Eu limito-me a observar e registar!

sexta-feira, julho 28, 2006

Erros meus

Tenho escrito aconselhando que se fizessem estudos sérios sobre o trânsito de passageiros, de forma a obter dados incontestados que nos permitissem exigir o aumento de voos para a Ilha do Pico.

Erro meu, conforme me fizeram lembrar alguns comentadores, que agora admito.

Essas tretas da ciência e dos números implicam contas complicadas e isso é, sem dúvida, uma mariquice.

Os Picarotos não vão nessas cenas! Aliás, este espírito prático não é recente.

Vejamos: no Volume 3 dos anais da família Dabney, na página 35, está escrito o seguinte: “As pessoa do Valverde estavam a invocar bênçãos sobre nós por termos trazido a chuva há muito desejada. (O povo do Pico tinha uma tradição de que chovia sempre que tentávamos subir ao cume.)”.

Por isso, vamos mandar a ciência e a capacidade de argumentação às urtigas e vamos enviar uma delegação para falar com o ministro.

Vai ser mais ou menos assim:

- Ehhh Óme, o sr. Tá bunzinho? A gente tava na adega mais o sr. padre e o sr. presidente e mais outros que também mandam, a comer um belo “crongo” e a gente fomos aqui mandados para pedir mais aviões pró Pico.

Diz outro:

- Pois! É que as malas ficaram atrás e foram 70 para o Faial!

Diz outro, ainda:

- O meu primo que trabalha na “fustral” ia nesse!

O último acrescenta:

- Nós temos muita gente para andar nessa vida. Só lá em casa somo dez. Dois estão acamados, cinco nunca saíram do Pico, uma é pequena e a minha mulher só faz o que lhe digo. Quer dizer….pelo menos eu já fui ao médico a Lisboa. Temos que ter mais voos!

A conversa podia continuar páginas e páginas.

Se não conseguirmos mais voos desta maneira, ao menos poderemos conseguir reforço da alfabetização de adultos.

Assim seja!

Obscenidades 1

Conheço as tascas todas do burgo. Com os amigos vamos correndo os cantos todos da Vila à procura do melhor espaço para largar a âncora e desfiar o nosso rosário. De Verão, o prato forte são as esplanadas.

Já estivemos, fora de horas, em todas elas. Até porque somos difíceis de expulsar se a noite estiver amena e a conversa for agradável.

Nunca, que eu saiba, os proprietários tiveram de pagar por esse nosso prazer.

História antiga!

Agora, que o dono de um bar ascendeu a um ilustre cargo da Câmara Municipal, as esplanadas da concorrência pagam a factura.

Uma delas, a melhor, teve uma multa passada pela Câmara de aproximadamente 500 contos (não euros), por estar aberta um pouco após a hora de encerramento.

É obsceno e vergonhoso!

terça-feira, julho 25, 2006

Transportes e turismo

Há várias discussões públicas sobre temas fervilhantes que nos interessam a todos. Dois deles, eventualmente ligados, não evoluem a favor dos Picarotos devido, sobretudo, à falta de competência, capacidade de inovação e de trabalho das ditas “forças vivas” da terra.

Refiro-me aos transportes e ao turismo. Mais concretamente; à necessidade de rever a politica de transportes marítimos e ao aumento do número de transportes aéreos de e para a nossa Ilha. Refiro-me, também, à necessidade de regulamentar o turismo; definir prioridades, embelezar a costa, limpar a montanha, definir regras para o campismo (melhor seria construir um parque) e inventariar necessidades (de número e tipo de camas, de serviços e de restauração), etc..

Para fazer este trabalho, que só aparentemente é difícil, o primeiro passo é quantificar o turismo e, posteriormente, defini-lo nas suas características sócio económicas, etárias, de localização geográfica, entre outros. Muito importante seria, também, saber a sua opinião sobre a Ilha e sobre a qualidade dos serviços que lhes é oferecido (vendido!).

Sem uma “fotografia” objectiva da realidade, qualquer medida que se tome corre o risco de se revelar num desperdício de verbas e num contributo para aumentar a desorientação que, neste momento, caracteriza os sectores (transporte e turismo).

Sendo questões do interesse geral, não seria absurdo uma ligação entre as respectivas Secretarias, a Câmara Municipal e a Associação de Comerciantes da Madalena, entre outros.

A tarefa é simples:

Estando os turistas estão aí, basta lançar um inquérito, para obtermos uma imagem real da nossa situação actual e ficarmos com dados objectivos que nos permitam exigir mais e melhores transportes.

É claro que se derem a tarefa à prima do tio do deputado que casou com o neto do vereador e que até é boa rapariga e fala línguas mas não percebe muito de números, o resultado é o do costume:

- Zero!!!

segunda-feira, julho 24, 2006

Altamente!

Em geral, as festas têm sido grandiosas!

Temos visto todo o tipo de atracções que têm exercido uma influência benéfica na capacidade artística dos nossos conterrâneos. Ele é o artesanato, a pintura, o Karaoke e o play back. Ele é, também, a dança, a passerelle, a gastronomia e o piropo. De tudo temos tido nestas abençoadas festas.

O que provoca tal desabrochar de talentos é sem dúvida a visita de grandes nomes internacionais. Temos sido visitados por Malta de perto da Murtosa que engole fogo, o people de Alfornelos que arranca sons inconcebíveis das cordas vocais afinadas, um grupo de luta amadora composto pelos anões de Santa Comba Dão, contorcionistas da Buraca, pastores dos vários reinos dos Anjos vindos directamente da selva Amazónica, a maltosa da Damaia especialistas em provas de vinho… e de cerveja… e tudo o resto.

Sei lá o que mais! A lista é interminável.

Lamentamos a não vinda dos irmãos gémeos da Covilhã (todos sabemos como as coisas são entre irmãos!) e a ausência do grupo de pulgas saltadoras de Mondim (parece que a estrela da companhia partiu a pata que dava mais impulso).

Cá por mim diverti-me!

E não fui só eu. Ainda ontem perguntei à Maria:

- Que tal a rave no passal?
- Tá demais! Tão dois à porrada! Um no chão e o outro a dar-lhe pontapés! Ahh, é verdade, tá um a tentar vomitar e não consegue!
- Graças a Deus!

Depois foi o fogo. Feito à imagem da encomenda. Foi prometendo, ao som de música meio sacra meio profana, e acabou por terminar manso, sem êxtase nem glória. Cá para mim, foram preliminares a mais! A escolha musical foi muito boa na medida em que, sendo a mesma dos outros anos e das outras festas, a gente já se habituou.

Da próxima mandem tudo pró ar de uma vez! Mais vale um gosto na vida…

P.S. - Festas de espuma na discoteca, depois da visita das tascas é uma ideia altamente inovadora, na medida em que permite lavar a roupinha de domingo que a gente vestiu para levar à festa. Pró ano é preciso ir mais longe e arrojar: Festa do sabão e da escova de dentes (por via da linguiça!).

P.S. 2 - O Enfeitar os caminhos com a bosta dos cavalos também foi fixe! Deu para aliviar as dores dos artelhos depois de horas em asfalto duro. Deu, também, para relembrar a nossa ruralidade. Alargue-se a iniciativa ao resto da Vila!

domingo, julho 23, 2006

E-mail

Recebi um e-mail que, se estivesse assinado, estaria no lugar deste Post. Como não tem carimbo nem chancela, fica nos comentários. Dá para ler na mesma...

sábado, julho 22, 2006

Ai minha mãe!

Nos dias de bruma, como hoje, em que não corre uma brisa e o mais pequeno passo aumenta em proporções épicas a sudação, nada melhor do que o exercício intra craniano.

Do rol de vantagens destaco algumas:
diminui odores, refresca a auto estima e permite que as espécies façam aquilo para que foram destinadas…evoluam!

Hoje, entre a admiração profunda dos ilhéus artificiais que os serviços do ambiente colocaram no porto do Pocinho e as braçadas cautelosas em seu redor, fui-me admirando com a inércia geral da nossa terra. Aquela falta de movimento e capacidade de resmungo frontal que, no fundo, lembram o que de mais por cá se produz:

As mansas vacas!

É claro que a resposta jocosa apontaria para a substituição da expressão heróica de “a dura terra isolada na imensidão do Oceano” por “aquela terra é a mansidão do Oceano!”.

Largando pensamentos simplistas de Verão, há que interpretar, do ponto de vista filosófico, o fenómeno da latente inércia de quadrantes de charneira da nossa terra.

Sabendo que a coragem é definida em termos axiológicos pela dualidade testicular, não na perspectiva interpretativa mas sim de conteúdo, podemos concluir que, a simples existência, sem cuidados geográficos (do tipo “no sítio!) ou inexistência de exigências de substância, significa, sem necessidade de maiores e melhores explanações, que a inexistência predomina sobre a existência.

Sei que esta conclusão carece de estudos laboratoriais e que não explica a diminuição de Açores (o pássaro) em detrimento do aumento das pombinhas. Sei, no entanto, que poderá ser um grande contributo para a explicação do sistema matriarcal em que vivemos.

sexta-feira, julho 14, 2006

Ao paleio com Madalena

Sempre que estou de passagem sinto, como uma obrigação, a necessidade de visitar e admirar Madalena.

Assim tenho feito e, com assombro, verificado a evolução que consegue, sempre, ultrapassar as minhas piores expectativas.

Lá estava ela com as suas artérias congestionadas, um enorme buraco na testa (tratado a martelo e betão), o seu ridículo chapéuzinho amarelo e a nova tiara deslumbrante cheia de tacinhas a imitar a do mundial de Berlin.

- Como vais hoje? Atirei à pobre maltratada que não vê maneira de lhe decretarem o divórcio e poder desabrochar como merece.

- Mal! Não vês que me acrescentaram um apêndice que me corta a vista e aumenta o terrível ar de meretriz que já não era pequeno. Meteram-me, no único canto mais ou menos cuidado que tinha, uma CVR!

- Uma Cicatriz Verdadeiramente Reles?

- Não! Uma Certeira Vergastada no Rosto!

- Quem foi o animal?

- Procura no rol daqueles que largaram o pálio pela pelo paleio. Vê na lista dos heróis que transformaram o basalto em pão e que agora, vítimas da sede, tentam o mesmo truque, a mesma magia, produzindo, desta feita, o doce néctar das novas castas.

- Sacanas!

- Não te enerves que a coisa vai melhorar. Vou organizar uma festa e já me encomendaram os vestidos. Vou ficar coberta de negro, em tecidos novos e nobres. Acho que lhe chamam plástico. Todos acham que vou ficar muito vistosa!

- Gente de bom gosto….

quarta-feira, julho 12, 2006

As Luzes da Madalena

Estas são as luzes que definem a Madalena. Aquelas que nos tornam cegos quando olhamos para o seu desleixo e desalinho. Aqui vislumbramos a sua alma e perdoamos os seus defeitos.







terça-feira, julho 11, 2006

As luzes da Madalena

Mais roliça do que gorda, Madalena não era vaidosa. Pelo contrário, marcada no corpo pelo esforço de viver, Madalena, outrora gentil menina, era agora uma senhora cansada dos abusos da miséria, que deixava a sua aparência espelhar os anos que por si passavam e o abandono a que tinha sido votada. E sentia-os muito. Sentia-os sempre a dobrar.

Das pregas do corpo exalava o cheiro das lides. O cheiro da vida remediada que tornava o ar carregado de estrugido, de suor e de terra. Madalena tinha-se habituado e gostava. Gostava mesmo quando o odor a peixe se sobrepunha aos gritos do matrimónio conturbado e, forte, perdurava para além de qualquer reconciliação apressada e do prazer fugaz que se consumava, de pé, mesmo ali, agarrada ao fogão. Na sua simplicidade, pensava que era o cheiro natural do amor.

Madalena era um ser generoso que esculpia a sua vida a partir dos nadas que a compunham. Sonhava momentos de perfeição e nem as maiores calamidades a despertavam do seu torpor. Vivia alegre na sua ignorância e na incapacidade de vislumbrar para além do seu quintal.

Naquele dia mirava ao espelho a pele franzida, as marcas profundas de quem nunca teve o que merecia e desenhava no ar o contorno das borbulhas, a adiposidade das ancas e as varizes que lhe coloriam de púrpura as pernas grossas.

Gostou das cores e sentiu a vontade arrebatadora de se tornar bonita. Imaginou uma vida de luz e de cor que escondesse o cinzento da seu dia a dia miserável. Um clarão que apagasse da memória, para sempre, o traço do seu corpo abusado.

Madalena era empreendedora.

Laboriosa trabalhou sem parar até construir um mundo de luzes mirabolante. Ao fundo da sua memória foi buscar todas as imagens que a tinham feito feliz. Simples como era, as imagens sucederam-se em quantidade tal que quase comprometiam a sua capacidade de trabalho. Conchas, sardinhas, faróis, cata ventos, carrinhos de feira, até uma cartomante e um senhor de quem ela já não se lembrava mas que sabia que tinha sido generoso. Todo o seu imaginário foi transformado em estátuas de luz.

E foi assim, desleixada e cansada que aguardou o marido. Sorria contente, antecipando o início da vida nova. Perdida na claridade, Madalena suspirava pelo amor que não conhecia mas que, no fundo, acreditava existir.

Mal a porta bateu, Madalena, trémula de excitação, não se controlou e correu pesada ao encontro do seu destino.

- Olá!
- Olá!
- Gostas?
- Apaga a luz!
- Porquê?
- És feia!

Na pressa de agradar, incapaz de contradizer quem tanto lhe dava, Madalena captou o momento. Depois, com uma ligeireza que desconhecia, Madalena apagou a luz.


segunda-feira, julho 10, 2006

Ontem doeu-me o peito

Definhasse-me o corpo colado à alma cansada. Tenho sensações que desconhecia e dores que nunca tive. Definhamos os dois a um ritmo descontrolado que não vemos.

Vacilo!

Entre os apagares possíveis escolho o meu.
O fechar do sol no esplendor do mar, azul como o verão dos anos que se repetem!
Azul como este que me diverte!
Quente como os sentimentos que desperta!

Dói-me!

Dói-me a vida que não vejo e cansa-me o cansaço que adivinho. Respiro o ar que não sinto e, mais uma vez, vacilo. Vacilo, cambaleio, desespero e, sem folgo, vacilo de novo.

Apertasse-me o peito em dores que não tenho.

Sinto!

Tenho na mão o frágil sentimento. A saudade, a perda e, acima de tudo, a lágrima cansada que escorre solta do fundo da minha alma. Sou o ser deserto que decide.

Dói-me mais, muito mais!

Dói-me a decisão que não tomei e que sei inevitável. Dói-me a vida que escorre na ponta dos meus dedos e que, afinal, também é a minha.

A morte, essa, pouco me assusta! Com ela lido desde que lido!

E, como sempre, consciente dos momentos e do poder de os controlar, afasto o medo que se me aloja no corpo.

Não na alma!

Nunca na alma!

Mas dói-me. Dói-me muito!

Dói-me a dúvida da decisão e a certeza do fim. Dói-me no peito o fim que não é meu. Arde-me na garganta o olhar inocente de quem espera a minha decisão.

Ó como dói a certeza da incerteza. Como arde a impossibilidade de mudar o tempo e de voltar atrás na decisão.

E, na crua luz, apenas vejo o olhar assustado de quem depende do meu cansaço.

Trémulo, fraco, agonizante, olhas-me com o perdão que não me consigo dar.

Sinto-te como me sentes:

Perto, apertado, uno!

Sinto-te como me sinto… morto!

sexta-feira, julho 07, 2006

Sete a cinco

Escreve Mónica Franco, jornalista da revista Evasões que voou até “aos nossos belos arquipélagos para provar que o que é insular é (muito) bom!”.

Para comprovar a afirmação, escolheu “doze paraísos no meio do mar”… “Cercados de azul, cada um destes hotéis oferece uma estada de excepção”.

Sem surpresas, a Madeira ganhou-nos por sete a cinco.

Sendo a Madeira um destino turístico com uma tradição enorme e andando as “nove ilhas” a gatinhar neste tema (por vezes a chafurdar, mas isso é outra conversa), até que o “score” final não é nada desanimador.

Antes que desate tudo a gritar que isso em nada nos interessa porque “os turistas abalam todos para São Miguel” acrescento, sem demoras, que os eleitos dos Açores foram: três da Terceira, um de São Miguel e um do Pico.

Até que é bom fazer boa figura de vez em quando!

(para os mais curiosos: ver Evasões nº 99 de Julho de 2006)

Portugal/França

Recebi um e-mail que faz uma síntese do sentimento português relativamente ao resutado do jogo das meias finais.

Diz o seguinte:

"Egalité, fraternité, vancefudê"

Simples mas profundo.

De qualquer maneira não nos podemos esquecer que as quatro melhores equipas são europeias e nós somos os melhores da europa (a Grécia não se classificou para o mundial).
Logo...

Apelo à vossa lógica aristotélica para concluir que somos os melhores do mundo.

domingo, julho 02, 2006

Marazul (eu)

Venha a França!

Bandarra

Não foi nem santo nem heroe,
mas Deus sagrou com Seu signal
este, cujo coração foi
não portuguez mas Portugal.

Camões

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Scolari

"Sinto-me com vontade de voltar a ser campeão do mundo"

Fernando Pessoa

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te portuguez..
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

quinta-feira, junho 29, 2006

Vida cara!

O grau de desenvolvimento e de bem estar de uma população mede-se através de um conjunto de variáveis interdependentes. Há, no entanto, formas directas de avaliar o seu bem estar. Uma dessas formas, bastante fiável, é a análise da localização dos indivíduos na pirâmide de Maslow.

A análise é simples; quanto mais junto à base estiver o pessoal, menor é o seu bem estar e a sua satisfação.

Sabendo que na base da pirâmide estão as preocupações ligadas com as necessidades básicas e, seguidamente, num segundo degrau, com a segurança, sempre que encontrarmos pessoas que sejam incapazes de projectar o raciocínio para além dessas fronteiras, estamos mal!

No caso da nossa Ilha, alguns indicadores podem ser analisados, nomeadamente no que diz respeito à realização de festas populares.

O panorama é desolador!

Poucos falam da qualidade da organização, da pimbalhice adjacente ou, até, das tradições que representam.

Pelo contrário, a maioria dos comentários é sobre “os comes” e o seu preço.

- Este ano foi a pagar!
Diz um ainda a salivar de olhar para o distante atum.
- Este ano não foi de borla!
Acrescenta outro com os olhos esbugalhados presos nos fartos pratos daqueles, poucos, que desfrutaram das iguarias.
- É por isso que os outros não vieram!
Afirmam em coro, tentando transmitir para os “outros” a fome que lhes corrói o raciocínio.

Pois é, estamos mal! Nem o roncar dos carros que deram a musica para o folclore bailar, nem a entrada estonteante da bela interprete de perna fina e ar decidido, nem o grito de abertura (“Viva areia branca”), nem a letra lírica (“bateste…bateste…no meu traseiro”) nem as danças étnicas da Madeira e Cabo Verde que, brotaram espontâneas ao som do pop portuguesa de Almada (ou seria Damaia?) fizeram os nossos filhos da terra pensar noutra coisa.

- Se calhar não vieram porque era caro!

Ouvia-se em surdina e com saudade.

quarta-feira, junho 28, 2006

Festa

A primeira festa de Verão, verdadeiramente digna desse nome, realiza-se hoje, no Pocinho.

Há sardinhada, moelas, asinhas de frango e boa disposição a rodos.

Faltar é estar Out!

sexta-feira, junho 23, 2006

Este ano...

Este ano o panorama é diferente. A Câmara tomou conta da festa, temos rally, cantoras de mini-saia, cassete marada e plástico quanto baste.

O caldo de peixe virou festival de atum, o voluntariado profissionalizou-se e os pescadores dormem mais umas horitas.

É o que os políticos chamariam de paradigma da modernidade.

Da tradição, sobra apenas o foguetório e o apetite dos comensais.

É pena!

O ano passado...

O ano passado, por esta altura, escrevi isto:

O sol espreita frio, o mar amansa e o Pico mostra-se na sua grandeza insolente. Sentimos uma pequena mudança no tempo e corremos para os calções, chinelos e protectores solares.

É o Verão? Quem dera!

A água Atlântica ainda não convida à comunhão mas os homens vão fazendo os preparativos. Começam as festas que animam toda a Ilha durante os próximos meses.

Uma das primeiras é aquela que, do ponto de vista social e cultural, tem mais significado de todas. Não se rendeu ao plástico e à cassete marada e mantém duas características únicas:

É uma festa comunitária e faz uma procissão no mar.

É comunitária porque, ao som do foguete, lançado a horas que cortam a possibilidade de descanso, os voluntários correm para o mar e aí se perdem horas a fio para extrair das águas o peixe que, transformado em caldo, será consumido em conjunto. Todas as tarefas são distribuidas pelos habitantes após meses de preparação e deliberação. Trata-se de uma comunidade viva, que coopera e realiza uma celebração da sua existência.

Este ano esteve em risco a componente comunitária que a distingue de todas as outras festas.

Ainda bem que tal não aconteceu.

Parabéns Areia Larga!

Agradecimento 2

O povo utilizador do espaço balnear do Pocinho agradece, exultante, ao senhor representante da Secretaria Regional do Ambiente (sr. Veríssimo) pela forma recta e férrea como tem cumprido a sua promessa.

De facto, já não há obras no porto do Pocinho em Junho.

A ideia inicial era que “já” não houvesse porque estariam prontas mas, afinal, já não há porque o mês está quase a andar e ainda não começaram.

Grandes homens não ligam a detalhes linguísticos.

Agradecimento 1

O povo utilizador do espaço balnear do Pocinho agradece, em sentido e em fato de banho seco, à Secretaria Regional do Ambiente a forma como as obras de limpeza do porto estão a decorrer.

De facto, apesar de não adiantarem, também não atrasam.

Monumento

Quem não se lembra do Grego Zorba, de braços abertos e ar tresloucado a gritar que, se fosse rico, mandava construir duas escadas; uma para subir e outra para descer. Este foi, talvez, o hino à inutilidade mais bem conseguido de sempre.

Fui buscar essa cena aos confins da minha memória porque estamos em época de homenagens, de tributos, festividades e monumentos.

Enquanto se debatem os cidadãos para que seja feita uma estátua a uma ilustre figura da Madalena, a Câmara implantou, por interposta entidade e, suponho, apadrinhado pelo Ambiente, um monumento no Pocinho.

Trata-se de mais um marco que ilustra o brilhante trabalho que a equipa de timoneiros da nossa “Nauzinha” tem feito na busca do verdadeiro caminho da notoriedade. Ou, como dizia ontem o nosso presidente: “se o mar tá norte vai pró sul e se o mar está sul vai pró norte”.

Como de costume…Brilhante!

Quanto ao monumento, parece uma estátua representando uns degraus (aqui a semelhança com o nosso Zorba esquizofrénico) que nos conduzem ao paradigma da governação da nossa estimada edilidade: para cima e para baixo, sem sair do mesmo espaço geográfico e ideológico.

Ou seja, simplificando, sem ir a nenhum sítio!

O povo agradece a atençãozinha!






O monumento visto de vários ângulos

terça-feira, junho 13, 2006

Inovações

Há grandes inovações, pequenas inovações, médias inovações e, aquelas que nos marcam profundamente: são as inovações do caraças!

Deste tipo, das do caraças, temos várias na nossa terra.

Graças a Deus!

Vou referir apenas duas dessas brilhantes ideias que vão tirar a nossa ilha do esquecimento. São inovações trabalhadas em “thinking tanks” durante meses a fio e que nos fazem salivar de antecipação ao pensarmos no sucesso que, de certeza, vão ter.

A primeira tem tanto de brilhante como de simples. É daquelas ideias que nos fazem ficar furiosos por não termos pensado nisso antes. A maioria pensa que a Câmara não enche a piscina porque se esqueceu, ou porque não a quer estragar, ou porque a época balnear ainda não abriu, ou porque…

Enganam-se!

Numa só frase: “campeonatos mundiais de pesca à linguiça em piscina seca”.

Brilhante! Bem haja sr. Presidente! O humilde povo da Madalena agradece com o chapéu nas mãos e olhar fixo na biqueira do sapato.

A outra ideia é mais elaborada. Também o governo tem mais meios, não é verdade? Trata-se de uma prova de lançamento de políticos à água. As regras são simples, basta escolher os menos capazes (aqui reside a dificuldade da prova porque a escolha pode ser complicada) e, pegando nas extremidades, projecta-se o inútil para dentro da água. Ganha o que aterrar entre dois obstáculos com o mínimo de escoriações. O campeonato vai ser realizado no Pocinho e o campo já está preparado.

Veja-se a fotografia.

Vai ser um ano em cheio…

P.S.- de asnos!


segunda-feira, junho 12, 2006

Obras e liderança

Normalmente, avaliamos a qualidade das nossas lideranças através da obra que produzem. Quanto mais obra, melhor a liderança.

É um erro!

Qualquer pessoa, medianamente inteligente, seria capaz de, tendo uma verba elevada, mandar construir uma série de infra estruturas.

A inteligência, a capacidade de gestão e de liderança encontram-se naqueles que, para além de construir algo, são capazes de o fazer com um custo mínimo e respeitando prazos aceitáveis de realização. Essas capacidades encontramos, também, naqueles que se sabem rodear de pessoas capazes e de confiança.

Por cá, estamos tão habituados ao primeiro tipo de gestores que deitamos foguetes em toda e qualquer inauguração. Pior ainda, basta um projecto ou uma primeira pedra para que o aplauso unânime rebente de imediato. Queremos lá saber se o prazo estourou ou se a obra engoliu várias vezes o orçamento.

Quase de joelhos, limitamo-nos a pedir que façam qualquer coisa. Melhor, porque a humildade conta:

- Façam qualquer coisinha por favor!

No Pocinho, há vários anos seguidos que se paga a uma empresa de construção civil para se reconstruir o cais. É que o “filho da mãe” teima em partir anualmente. Não é que o cimento “seja mole”, mas…

Pois posso garantir que desde Maio que as obras correm em grande velocidade e eficácia, tendo já muito sido feito. Quem duvidar que veja a fotografia.


quinta-feira, junho 08, 2006

Dormir no vulcão

Há um apelo grande pelas alturas. As pessoas gostam de conquistar obstáculos e, dessa forma, sentir que a vida ainda pulsa, com vitalidade, no interior dos seus invólucros. O prazer da caminhada e da subida, no entanto, não se esgota na chegada “esbafurida” ao cume nem na corrida desenfreada para a base.

Pelo contrário. Há todo um conjunto de preliminares e de rituais posteriores que aumentam o factor simbólico e aguçam as sensações do “conquistador” de cumes. Sentir o ambiente, sorver o oxigénio rarefeito, vencer a tontura do abismo ou, simplesmente, contemplar a paisagem distante e reduzida.

Tudo isto é possível em quase todos os pontos altos do planeta. Desde às margens do lago Titicaca, às ruínas de Machu Pichu, na base do Potala, no monte kenya, passando por destinos mais prosaicos. Todos eles têm um acampamento, uma pensão, uma hospedaria ou um hotel de várias estrelas.

Pensar o Pico, como terra de futuro, passa por alargar os horizontes e tentar ver mais longe. Não permitir que a sombra do velho vulcão diminua o espaço visual.

A casa da montanha, apesar de ainda não ser uma realidade, já é insuficiente para oferecer um serviço completo e permitir uma melhor divulgação do Pico.

É tempo de, em anexo à casa da Montanha, pensar numa estrutura que permita albergar visitantes que queiram usufruir daquele espaço mítico, longe do mar e da gente.

Um espaço que permita dormir no vulcão.

segunda-feira, junho 05, 2006

“Berloques”

Hoje, com um olho fechado e outro meio aberto, fui alternando a minha atenção entre um sonho grandioso e a entrega de medalhas de reconhecimento na Sociedade Amor da Pátria.

Na casa Maçónica dava-se medalhas à Opus Dei.

Pensava que esta parte era do sonho. Não era!

Guerras ideológicas, políticas e religiosas à parte, os que lá estavam mereceram a leitura do currículo e a recepção do “berloque”.

Com esforço, porque o sono era grande, assisti até me fazerem o favor de convidar um grupo que cantava músicas de embalar. Ao som do “Santa Lúcia” cai para o lado.

No meu sonho lá estavam os bispos do Pico, o presidente da república açoriano, os heróis, mestres das lanchas, que salvam vidas em condições aterradoras e mais uma série de anónimos que fazem andar o mecanismo do desenvolvimento das ilhas. Nenhum deles apareceu na televisão.

Desta vez foram os politicamente correctos. Aqueles cujo nome faz nascer a unanimidade. Ficou, para as futuras cerimónias, a marca da calma, da modorra e do espírito fraternal. A melhor imagem desse modelo foi o abraço fraternal de Carlos César a Mota Amaral.

Até aqueles que poderiam dar uma imagem menos formal, como a espampanante e brilhante Natália Correia, não puderam estar presentes. Que esteja num sítio tão acolhedor e animado como era o seu “barzinho” na Graça.

Quanto aos outros, os heróis anónimos, o reconhecimento fica para outra cerimónia. Talvez as Câmaras Municipais se lembrem deles e lhes atribuam as honrarias que merecem.

sexta-feira, junho 02, 2006

Toldo amarelo...

O ano passado escrevi sobre o toldo gigante, amarelo como um ovo estrelado mal passado e feio como a bílis de quatro noites de farra cega, que paira, agoirento, no meio da Vila.

Que não, meu amigo; é provisório! Responderam uns.
Que não doutor; a gente habitua-se! Responderam outros.

Que sim, meus amigos! Nem foi provisório nem deu para habituar aquilo!

É verdadeiramente feio e dá um aspecto terrível ao centro da Madalena. Mesmo em ano de Mundial de futebol, aquele cartão amarelo gigante não tem justificação. Só poderia sair da cabeça de quem gosta de coisas estranhas e kitch. Combina com anões no relvado, patos donald estampados na gravata, unha grande no mindinho e outras especialidades do género.

Desta vez, ao menos, não estou sozinho. O pessoal da Câmara, farto de olhar para aquilo, resolveu mudar para outro poiso.

- Ai é! Cartão amarelo? Então “bora” pró futebol!

É assim mesmo pessoal, mostrem que ainda há bom gosto!

quinta-feira, junho 01, 2006

O Limbo

Estamos no Limbo, algures entre o céu do desenvolvimento e o inferno do atraso estrutural. O Pico não é Ilha de coesão!

Psicologicamente é bom saber que no ranking das Ilhas, não pertencemos às cinco últimas, lugar ingrato em que os apoios financeiros são maiores.

Não pertencemos ao espaço geográfico que tem direito a “majorações” nos apoios financeiros e a viagens mais baratas.

Nada disso!

O Pico é altamente desenvolvido, tem um crescimento admirável e um tecido empresarial com um dinamismo que envergonha o Burkina Faso. Aliás, se assim não fosse, não estaria no grupo da frente, ombreando com o Faial, Terceira e São Miguel.

Já há quem pense em ultrapassar as companheiras de “fortunio” e mudar o Governo Regional para as Bandeiras.

A euforia é grande e as despesas familiares dispararam.

É lindo o caminho do futuro e da fortuna!

Ou será uma forma de dizer que o Pico já levou o que tinha a levar?

Veremos!

segunda-feira, maio 29, 2006

O Size

Discute-se muito sobre a importância do tamanho. As conclusões são muitas e variadas e dependem do assunto em discussão.

Hoje, vinha a conduzir e a pensar no assunto quando reparei numa formiga encavalitada no volante.

Virava para a esquerda e ela corria para a direita. Virava para a direita e lá ia ela desabrida para a esquerda. Travava e ela esticava-se toda, tensa. Acelerava e ela fincava as patas dianteiras e esticava a cabeça.

A sacaninha pensava que vinha a conduzir!

Mantive-me entretido com situação até à distracção. Claro que quando nos distraímos acontecem coisas. E, para não ser diferente, assim foi. Um carro parado repentinamente e a necessidade de virar com urgência.

Pimba! As mãos mesmo em cima da formiga que se finou sonhando com os seus dias de Fangio.

Se lhe perguntasse se o tamanho importa obteria a resposta óbvia:

“Porra! E de que maneira!”.

Se é verdade que o tamanho conta, também é verdade que a medida é subjectiva. `

A nossa pequena Marina é grande na boa intenção de quem a montou.
A nova entrada para os barcos que vão à baleia é enorme comparada com as escadas que a antecederam.
A falta de vontade de iluminar as “traseiras do Clube Naval” é enorme.
Foi uma grande obra a retirada do pré-fabricado da areia funda, em relação ao espaço envolvente.
E por aí fora…

É claro que para a pobre formiga, tal como para muitos desencantados cá do burgo, já nada isto interessa.

Comentários

E aos comentadores, Senhor, porque lhes dais tanta dor?

Pois, na realidade, não dói nada. Apenas temos um crivo que separa os bem intencionados dos “menos bem”.

A possibilidade de manter o anonimato mantém-se!

Quanto aos insultos, boatos, consultas psiquiátricas e outras cenas menos recomendáveis, procurem nova casa.

A política cá do espaço, a partir de agora, pode ser resumida assim:

Poucos, mas bons!

sábado, maio 27, 2006

Aerogare

Contra factos não há argumentos. Quer dizer, até pode haver mas tornam-se débeis e pouco credíveis.

A partir de ontem, para além de uma pista de todos os tamanhos, o Pico tem uma aerogare digna. Dois factos que vão, sem qualquer tipo de dúvida, a favor do prestígio do Governo Regional. Pelo menos no que diz respeito ao investimento na nossa Ilha.

O Pico está de parabéns!

A história da passadeira rolante por montar e dos carrinhos velhos do Faial são meros pormenores que em nada diminuem a utilidade e a realidade da obra construída.

Ainda por cima, ouvi num programa da rádio o Secretário Regional a afirmar que o Pico já justifica dois voos directos semanais. É uma afirmação da maior relevância porque indica claramente uma vontade política, para além de estatística. Ou seja, se a TAP não decidir “agendar” o segundo voo, nas próximas negociações da concessão dos voos para o Pico, a negociação vai implicar, pelo menos, dois voos.

É o que se pode interpretar das palavras do Secretário.

Quanto à inauguração da Gare, apetece-me fazer uma pergunta: Onde estava o “people”? As forças vivas? A “gangada”? Os eleitos e os nomeados? Os filhos e os enteados? Os “bosses” e os mandados?

Que forma indelicada de os representantes nos representarem!

Enfim…

Encerre-se este tema e passemos ao Hospital e à Marina!

sexta-feira, maio 26, 2006

A triste história do "Chuinga"

O “Chuinga” é um tipo banal, não dá nas vistas e aventurou-se pouco na vida. Algumas tropelias conta-as com entusiasmo, outras, coitado, conta-as por ausência da noção de vergonha e decoro.

A que mais repetidas vezes refere, foi a sua aventura à Graciosa. Dois dias longe de casa e um Mundo do tamanho da Ilha para descobrir. Do que melhor se lembra foi da sensação de liberdade que sentiu. Ninguém o reconhecia e, por isso, poucos gozaram com ele.

Das indecorosas, apenas uma após o matrimónio atribulado, que o levou à capital. Em núpcias rumou a Lisboa e, desorientado, alojou-se numa pensão no Cais do Sodré, mais a sua Maria. Cedo foi notado pelos costumeiros da zona. Ele marcava pelo ar atoleimado, ela pelo enfadado com que o aturava. De dia ou de noite, era a Maria que comandava. Ia à frente vários passos, como que se demarcando daquele emplastro que se lhe colava à sombra como um penso anti tabaco se cola à omoplata.

Uma bela noite, fingindo-se distraída, entrou numa das discotecas onde as mulheres sem a sua vontade faziam o que a ela apetecia para ganharem o sustento dos vícios próprios e dos alheios.

Tal a sua ansiedade e vontade se notavam que, mal bateu na cadeirinha de madeira, ainda as pernas não se tinham cruzado e já Abdul, conhecido proxeneta da zona, de ascendência Marroquina, tinha o esquema pensado e pronto a avançar.

E avançou!

Pediu para se sentar, encomendou bebidas e foi ignorando, ostensivamente, a presença do “chuinga” que se sentava na ponta do banco, ligeiramente afastado da mesa, como se não pertence-se aquele quadro.

Algumas horas depois, Abdul mandou sentar a Roberta, juntando ao grupo uma das suas profissionais mais robustas. Negra, alta e musculada, tinha tanto de feminina como de português tinha o seu sotaque de além mar… Pouco!

Abdul, percebendo a névoa que toldava o cérebro do casal, arremessou sem temor nem pudor:

- Que tal uma noite swinger?

O nosso homem balbuciou pela primeira vez. Mais por reflexo do que por exercício mental:

- Uma noite “chuinga”?

E assim se colou o nome à triste figura. Abdul fez o que quis e lhe apeteceu, deixando a Maria extasiada. O “Chuinga” não se lembra de nada, a não ser do “petit nom” que a Roberta lhe aplicou, por motivos óbvios e indescritíveis num espaço decente: “Limpa fundos”.

Encurtando e história, e cortando as partes mais sórdidas, Maria continua em Lisboa e trabalha para Abdul. Roberta, que afinal era um travesti brasileiro foi a Marrocos realizar o sonho da sua vida, que estava na ponta de um bisturi. O nosso amigo “chuinga”, que continua a jurar que não se lembra de nada, que o Abdul não era mau rapaz e que se divertiu muito naquela noite, anda por aí. Não dá nas vistas e continua anónimo roído pelas saudades da Maria e da Roberta. Sonha com um reencontro e, na maior das inocências, daquela que só é possível na ignorância absoluta, escreve por todo o lado o seu grito de socorro:

- um bar “chuinga”, por favor!

Esteve neste Blog, o triste, e escreveu o mesmo. Sejam pacientes com o pobre tolo que sofre muito.

quinta-feira, maio 25, 2006

Património Mundial?

Houve anos seguidos de esquecimento. Ninguém passava pelo Pocinho, nem para tomar banho. As visitas, mais nocturnas do que diurnas, tinham o objectivo de apreciar os cagarros nos seus voos picados, entre outras coisas, claro!

Aos poucos a zona tem-se tornado apetecível. Sobretudo devido a algumas intervenções da Junta de Freguesia. O Pocinho tornou-se numa zona balnear importante para a Madalena.

Óptimo!

O pior é que, quando as coisas correm bem, os abutres correm para comer o seu quinhão. De votos, suponho eu.

Este ano tornou-se no mais concorrido.

A Junta, como sempre, cumpriu a sua parte e fez a limpeza da zona de lazer.

O Ambiente prepara uma intervenção permanente para o Cais (trabalho muito importante mas com timing discutível).

A Câmara, que nunca cá esteve, também veio. Tirou parte da barreira natural e fez um muro de estética discutível, para impedir os carros de estacionar ao largo da zona balnear. Quantos mais carros no meio do caminho e a impedir o acesso à agua, melhor!

Agora cá temos a EDA a aplicar postes de betão e mais linhas aéreas. Vai ficar muito “bunzissimo”, de certeza.

Quem será o próximo?

E eu que pensava que isto de ser classificado Património da Humanidade implicava regras específicas de preservação e de intervenção.

Será?

A passagem aérea para residentes é mais cara do que uma PEX. Os locais não podem optar pela tarifa mais baixa.

Será legal?

quarta-feira, maio 24, 2006

Cuba Livre (como nós)

Corre lesta a memória ao sabor do piano afinado. Esbafurida a lembrança acompanha os serões de outros tempos em que o som clássico se sobrepunha à vontade de presente e à futilidade dos caprichos momentâneos.

Uma “chucrute” em Munique, uma francesinha especial no Porto, um cus cus em Marraquexe e uma bifana na tasca, na festa da Madalena, envolto em plásticos de cor negra.

Ontem ou antes…

A memória confunde os factos e guerreia a atribuição de atributos. A vida corre-nos nas veias e, fora delas, para longe de nós.

O tempo passa!

Quem se lembra de ter reunido no núcleo do PS da Madalena. Quem se lembra do último dia em que, tal ceia envenenada, as eleições aconteceram.

Todo o mundo sofre!

As fortes cólicas abdominais pululam no concelho.

Pior!

Limparam os rechonchudos traseiros aos estatutos!

A música continua suave para os ouvidos dos puros. Oiço ao longe o grito do idiota:

- Puros? Pois que viva Fidel!

segunda-feira, maio 22, 2006

Explorar ou não explorar…

Não estou de acordo com a política do Governo Regional de entregar a exploração dos seus “negócios” a Associações ou Agremiações.

Acho que os privados estão mais vocacionados para o desenvolvimento dessas explorações e poderiam fazer um melhor trabalho; na qualidade do serviço, na sua divulgação e na garantia de uma continuidade.

Refiro-me, por exemplo, à Gruta das Torres, à Casa da Montanha e aos bares das piscinas naturais.

São estruturas importantíssimas para a Ilha do Pico e o seu cartão de visita mais imediato. Todos os “passantes” as visitam, mesmo que não fiquem na Ilha.

Assim sendo, creio que os Bombeiros não terão capacidade para explorar nas vertentes lúdica, cultural e pedagógica a Montanha. São, sem dúvida, uma Instituição que merece todo o respeito, prestam um serviço meritório (de que já beneficiei) mas cuja vocação, sejamos realistas, não é a animação nem a exploração turística.

Os montanheiros, verdadeiros “carolas”, correm por gosto. Sem dúvida: por gosto às grutas, furnas e afins, não pelo gosto do negócio. E, como sabemos, se a estrutura não se auto financia, acaba por se degradar.

As Associações que gerem os bares, têm um papel fundamental na preservação e divulgação do património cultural da Ilha mas, convenhamos, a vocação empresarial falha-lhes.

Creio que estes negócios poderiam ser um incentivo, nas mãos dos particulares, para o fortalecimento do espírito empresarial dos “picarotos”. Os resultados só poderiam ser melhores.

Claro que os empresários seriam os primeiros a contratar as Associações para desempenharem as suas verdadeiras funções: salvamento e segurança, ensino e exploração e animação cultural.

Digamos que ficava tudo melhor arrumado.

domingo, maio 21, 2006

Souvenirs

Somos uma terra com poucos "souvenirs" para vender aos turistas que gostam de lembrar os sítios por onde passam com objectos "étnicos".

Em Singapura vi estes modelos que se adaptam à nossa realidade.

Fica a ideia para os artesãos.

Clube Naval

O Clube Naval tem nova Diecção.

Sem deixar de reconhecer que a direcção anterior fez um trabalho meritório, fico satisfeito por saber que esta Associação está entregue a um grupo jovem. Penso que estão reunidas as condições necessárias para, definitivamente, dinamizar o Clube e a zona envolvente.

Esperamos um crescimento na formação dos jovens, no que diz respeito às modalidades “do mar”, a recuperação (finalmente) do edifício do Clube Naval, e a pressão na requalificação da zona envolvente: limpeza, iluminação, demolição ou reconstrução de “armazéns” abandonados, entre outros.

Sei perfeitamente que a algumas destas realizações não dependem directamente da Direcção agora eleita. No entanto, havendo dinamismo e imaginação, a capacidade de pressão e criação sinergias é muito superior.

Bom trabalho!

sábado, maio 20, 2006

Ilha Maior

Vai reunir a Assembleia Geral do Circulo de Amigos da Ilha do Pico, para eleger os novos corpos gerentes do Jornal Ilha Maior.

É uma óptima oportunidade para repensar a estrutura, a imagem, a política editorial e, porque não, os próprios objectivos estratégicos do Jornal.

O Ilha Maior é um marco da Madalena.

Porque não torná-lo num marco da Ilha ou, sendo ambiciosos, uma referência no triângulo. A concorrência não me parece muito forte.

Em termos editoriais, o Ilha Maior tem fases mas mantém uma linha mais ou menos definida: artigos de opinião (muitos deles sobre política Nacional ou Internacional), pouca ou nenhuma investigação, de vez em quando uma entrevista, algumas rimas soltas, notícias poucas, alguma propaganda (artigos dos políticos) e desporto q.b..

O Ilha Maior mantém uma opção que se quer intelectual. Segue, no fundo, uma linha “tipo expresso e jornal de letras”, à dimensão do presidente do momento.

Gostava de ver mais informação, mais factos locais, mais investigação e melhor imagem. Gostava que a vida da comunidade fosse mais divulgada.

Por outro lado, saindo à sexta-feira, as notícias do desporto (que constituem a maioria das notícias do jornal) estão fora de época, mais do que sabidas e comentadas.

Se calhar não era má ideia aumentar as tiragens ou alterar o dia de publicação. Por exemplo, se houvesse uma edição à segunda-feira, poderíamos aumentar a componente desportiva e teríamos algo de novo para ler. Com a vantagem se serem notícias frescas.

Alargar o “corpo de colaboradores” era uma boa ideia. No contexto do crescimento e da conquista de novos mercados, porque não incluir correspondentes do Faial e de São Jorge.

Havendo visão e vontade, muito pode ser feito para melhorar o Jornal.

No entanto, Se a opção for pela continuidade, esta será mais consciente se as alternativas forem debatidas. Sem se saber os prós e contras de uma via diferente, não temos a certeza de a escolhida ser a melhor.

De qualquer forma, seja qual for a opção, e caso o esquema rotativo de presidências faça com que o próximo mandato calhe ao J.A.S., alguém que lhe escreva os editoriais.

sexta-feira, maio 19, 2006

O medo da invasão

Tenho acompanhado a polémica sobre os materiais utilizados na construção. Nunca a eleição entre a madeira, a pedra e o betão esteve tão in como agora.

A polémica ultrapassa fronteiras e chega a outras ilhas e vários meios de comunicação. O medo é comum e o pânico generalizado.

Socorro que vem aí a moda de construir em madeira!

A invasão do pré-fabricado está em curso e já nem os nossos amigos americanos a podem travar, dizem, “afanicados”, os mais receosos.

Não se pense que a discussão é nova. Já há muito tempo, num local nunca bem identificado, os três porquinhos discutiram sobre o mesmo assunto. Também eles, através da experiência, que é a fonte da sabedoria popular, concluíram que o que era bom, seguro e bonito era construir uma casa com tijolos e muita argamassa.

Os tempos mudam e as histórias também. O bufo do lobo mau deixou de ser uma ameaça e o centro da discussão reorientou-se. Passou-se a discutir a questão da integração em substituição da segurança.

Amaricou-se a coisa! Em vez da força, passa a contar a beleza!

A maioria pende, neste duelo de materiais, neste concurso de “miss house”, para a exclusão da candidata mais jovem. Que não tem idade nem tradição, que é fraquita, que vem de fora ou, mais refinado, são modernices de estrangeiros. E a ladainha, acompanhada de abanões de cabeça afirmativos, prossegue até ao pânico.

“Vão-nos lixar a tradição!”

“Pois, tá sujeito!”

E não há-de vir mal nenhum ao mundo por isso. Para começar, acho que a concorrente “madeirenta” deve entrar na corrida ao título. Cá na nossa “pedra”, até há tradição de construção de casas ou zonas exteriores em madeira. Veja-se, por exemplo, a Junta de Freguesia da Madalena, a casa da Criação Velha, as “torrinhas” das casas da Vila e, indo mais longe, as frontarias em cimento imitando madeira.

Por outro lado, a madeira tem a mesma nobreza da pedra. Provêm do mesmo tronco comum: a família da “natureza”. Quanto ao betão, mais tipo “VIP Açores”, é de famílias mais recentes, mais aburguesadas mas com menos “pergaminhos”.

A concorrente Pedra continua a ser “charmosa”, apesar da idade. Já poucos a escolhem para “casar” (digo, fazer casa). É aquela que todos dizem bem, que até é eficiente, que é gira e inteligente mas que, no final, no escondido, acaba por ficar solteira.

A de betão, isso sim! Molda-se à gente!

Pode ser grandalhona e marcar presença (tipo correios da Madalena), pode ter uns lindos pezinhos (como o azulejo de interior espetado no exterior da Filarmónica), pode ter os atributos pequeninos e subidinhos (como as janelas da nova construção em frente à Filarmónica), pode ser imponente e majestosa (como os armazéns e outros estabelecimentos que pululam na vila) e coroa de glória, pode-se ver tudo por dentro da roupagem (como a nova Câmara).

Enfim, o betão, é como o silicone e o botox. É só ter dinheiro que dá para fazer como se gosta.

Cada um com a sua mania!

O problema é exactamente esse. As casas reflectem as manias do dono, uma vez que as aprovações são muito liberais.

Essas manias materializam-se sempre, independentemente dos materiais utilizados.

Uma casa feia é uma casa feia.

Há grandes aberrações construídas em madeira no Centro da Vila (tipo esplanadas abarracadas à moda da “Azinhaga dos Besouros”), há abortos em cimento e “coisas menos conseguidas” em pedra.

O oposto também é verdadeiro.

Há construções agradáveis e bem integradas em todos os materiais!