sexta-feira, julho 14, 2006

Ao paleio com Madalena

Sempre que estou de passagem sinto, como uma obrigação, a necessidade de visitar e admirar Madalena.

Assim tenho feito e, com assombro, verificado a evolução que consegue, sempre, ultrapassar as minhas piores expectativas.

Lá estava ela com as suas artérias congestionadas, um enorme buraco na testa (tratado a martelo e betão), o seu ridículo chapéuzinho amarelo e a nova tiara deslumbrante cheia de tacinhas a imitar a do mundial de Berlin.

- Como vais hoje? Atirei à pobre maltratada que não vê maneira de lhe decretarem o divórcio e poder desabrochar como merece.

- Mal! Não vês que me acrescentaram um apêndice que me corta a vista e aumenta o terrível ar de meretriz que já não era pequeno. Meteram-me, no único canto mais ou menos cuidado que tinha, uma CVR!

- Uma Cicatriz Verdadeiramente Reles?

- Não! Uma Certeira Vergastada no Rosto!

- Quem foi o animal?

- Procura no rol daqueles que largaram o pálio pela pelo paleio. Vê na lista dos heróis que transformaram o basalto em pão e que agora, vítimas da sede, tentam o mesmo truque, a mesma magia, produzindo, desta feita, o doce néctar das novas castas.

- Sacanas!

- Não te enerves que a coisa vai melhorar. Vou organizar uma festa e já me encomendaram os vestidos. Vou ficar coberta de negro, em tecidos novos e nobres. Acho que lhe chamam plástico. Todos acham que vou ficar muito vistosa!

- Gente de bom gosto….

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