segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Eleições 1

Hoje foi um dia grande. Um dia longo na expectativa e enorme na esperança. Um dia em que a grande maioria dos portugueses depositaram nas urnas de votos uma vontade de mudar de políticas.

Ao fazê-lo manifestaram, sobretudo, um sentimento de desespero provocado pelo agravamento das condições de vida que têm vindo a sentir no decurso dos últimos anos.

A responsabilidade do Partido Socialista é enorme. É necessário muito rigor e competência para dar resposta a este pedido que a população portuguesa lhe fez. Melhorar as condições de vida, desenvolver o país e rumar ao desenvolvimento não são tarefas fáceis.

Estou confiante que o Partido Socialista honrará as suas responsabilidades e não embarcará em vias fáceis nem em clientelismos partidários.

Há imensas lições a retirar do dia de hoje. Algumas delas implicam uma reflexão mais cuidada, outras, pelo contrário, são imediatas.

Realço aqui algumas inteligências e as espertezas.

Marques Mendes foi inteligente em, neste contexto, ter avançado com a sua candidatura à liderança do PSD. Desta forma ultrapassou vários concorrentes.

Paulo Portas foi muito inteligente em ter anunciado a sua demissão. É possível que dentro de seis meses a um ano (se não antes), seja levado a ombros para o lugar de líder do PP. O seu discurso deu-lhe dignidade e credibilidade. Pena foi (para ele) o facto de ter insultado o eleitorado ao dizer que apenas em países do terceiro mundo se assiste a uma votação tão elevada em partidos de "extrema esquerda". A mensagem interna foi boa mas a externa não.

Santana Lopes foi esperto e manteve-se como possível líder do PSD. Adiou a sua queda e passou para os seus correligionários a decisão da sua manutenção. Adia a saída mas não a evita. Esperteza a prazo, própria de quem tem um ego do tamanho do mundo e acredita que, em congresso, conseguirá manter o seu posto. Não acredito que tal seja possível.

Foram inteligentes todos aqueles que, hoje, se mantiveram calados.

Todos os dos restantes partidos, os que ganharam, tinham direito a serem menos inteligentes. Muitos usufruiram desse direito.

Serão inteligentes todos aqueles que aprenderam a lição base: líderes que não conseguem promover a unidade nos seus partidos (a nível local ou nacional) têm os dias contados.