sábado, abril 30, 2005

Geminações…

Jorge tem uma gota no canto do olho. Cá fora "estrala a bomba e o foguete vai no ar". O povo contente sente a amargura da passagem. A nossa virgem e santa Madalena está a meio do ritual de crescimento.

Será a mesma depois desta cerimónia?

Jorge olha os olhos do seu futuro parceiro e, ternurento, sentindo um arrepio a subir pela coluna vertebral, percebe que os sentimentos ocupam o cérebro. Rui de Almeida, o camareiro, nem tem tempo de avisar o seu presidente sobre o perigo da promiscuidade. Jorge retorce os olhos, sacode e meneia o traseiro. Uma sensação de liberdade e de entrega prevalece. Um frémito…um formigueiro…uma descarga de adrenalina e o facto consuma-se.

Adorei!

Foi bom para ti?

Um cigarro, uma esferográfica e um papel. Uma assinatura e está consumado o acto: Madalena geminada com a Covilhã.

Dá cá a tua máquina de fazer neve e leva a minha traineira. Como te amo, Covilhã! Sejas tu quem fores. Ser-te-ei fiel para sempre meu amor!

Longe, na rua do Carmo, Luis contesta e, budista de sempre, rega com alcool o chouriço e a camisa, chegando fogo a ambos.

Arde! Arde, filho da mãe!

Ainda se fosse a Amadora por causa dos animadores da discoteca ou Fátima por vezes do nosso santo padre, ou mesmo Faro, em memória do meu rafeirio, tudo bem! Agora a Covilhã…Nem pensar!

Arde! Arde filho da mãe!

E durante um minuto, Luis ardeu em protesto! Facas na mão, ar de incompreendido e grito rouco de dor futura…Torturou-se contra…Abaixo a Covilhã!

Ninguém ligou! Até se riram!

Eu não! Eu percebi a inutilidade dos actos!

O chouriço ficou bom e o o Luis também, graças a Deus!

Viva a Covilhã! Ou talvez não!

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