segunda-feira, novembro 27, 2006

Matei o meu cão

Dói-me, há semanas, as decisões que tomei. Dói-me a saudade e o coração partido de quem vê partir aqueles que só não estão presentes porque nós, humanos, conscientes, liquidamos.

Dói-me, de forma brutal, o peito vazio!

Juro!

Perante os meus olhos vislumbro, apenas, a agulha afiada rompendo o teu coração confiante. Que longe que estavas da minha malévola intenção!

Como me olhaste nos olhos, confiante, antes do meu sim. Foi nesse momento que me mataste contigo!

Não me senti compreendido, pelo contrário, senti a traição rasgar-me a pele que te sentia.

A morte abarcou a totalidade dos nossos seres e encerrou os nossos diálogos. Acabou definitivamente a cumplicidade! Para além da morte, apenas o imenso nada.

Lembro-me de te carregar, a meio da noite, com dificuldade, até ao buraco escuro onde te larguei para sempre. Lembro-me de quase não ter conseguido.

Lembro-me, com vergonha, mas lembro-me!

Nunca me esquecerei!

Ando há dias a tentar fazer o luto a que tens direito mas, sempre que o faço, paro e resisto. Nego a dor que me arranca a carne do peito e tento seguir cambaleante para outras sensações. Mascaro a minha própria morte esquecendo a tua. Tento negar que, contigo, também eu morri um pouco.

Hoje não!

Hoje fui-te visitar e, na noite escura, insultamos os Deuses e lembramos a vida. Cantamos musicas sem letra e comunhamos o nada que nos liga. Dançamos o nosso fim do mundo. Juntos!

Percebi, finalmente, que os laços que nos amarram estão tão apertados como sempre. Não há morte que nos afronte enquanto partilharmos este sentimento.

Foi por isso que chorei tanto!

Adeus Merlin!

1 comentário:

Anónimo disse...

tambem nao foi facil pra mim mesmo sentimento