quarta-feira, novembro 29, 2006

Questões de dignidade

Em passos soltos, tenho corrido uma parte deste nosso Globo. Em todos os cantos vou encontrando motivos para exclamações mais ou menos acentuadas. Em todo o lado esbarro com aprendizagens.

Esta é, talvez, a melhor parte da viagem: a consciência da riqueza das vivências, o respeito comum pelos valores ancestrais e a noção partilhada de comunidade.

Trata-se, no fundo, da celebração da cultura, da perpetuação dos ensinamentos e do respeito pela herança simbólica e prática que nos legaram os nossos “velhos”.

Não me refiro às mezinhas e rezas supersticiosas, não realço qualquer fundamentalismo social ou religioso. Sublinho e congratulo-me com a vivência simples. Com a apropriação da natureza e a busca da vida em harmonia.

Delicio-me, sobretudo, com a simbiose entre o meio e a ética libertária de quem, ao respirar o puro, consegue sentir com unidade e compreender o seu inenarrável valor de continuidade.

Uns prolongam-se nos outros!

Assim é em todo o Mundo. Não somos, neste capítulo, nem melhores nem piores do que os restantes passageiros deste bólide interestelar, desta rocha semilíquida que vagueia no pó das estrelas. Pelo menos, não devíamos ser.

Falo da consciência do efémero e do respeito pela curta duração daqueles que nos apontaram um caminho. Como nós, também os seus passos são curtos para tantos sonhos e vontades.

Seria de esperar que, também aqui, na Madalena do Pico, a idade fosse motivo de orgulho, de satisfação e, até mesmo, de reconhecimento.

Será, talvez, verdade no íntimo de cada um e nas emoções tantas vezes escondidas. Não é, no entanto, de certeza, essa a prática a que tenho assistido.

O lar para a terceira idade deveria ser um espaço pensado e construído para facilitar a vida daqueles que lá vivem. Um ponto de partida para o convívio e para a liberdade. Devia ser um facilitador das relações e um trampolim para uma nova vida que, tal como as anteriores, merece felicidade e respeito.

Um “Lar” não pode ser uma espécie de prisão de baixa segurança onde largamos os “inúteis” da nossa sociedade. Esse conceito e essa prática são, do meu ponto de vista, criminosos.

Por este motivo, horários, rotinas, actividades, agasalhos, alimentos, normas e tudo o que diz respeito ao dia a dia da nossa terceira idade “em cativeiro”, deviam ser fiscalizados e avaliados numa base periódica curta.

Não o fazer nem o exigir é pactuar com a clandestinidade dos actos. Será, no fundo, aceitar a implantação de uma espécie de matadouro primário onde, para além do fim natural, impera o sadismo de fazer vergar as personalidades que outrora admiramos. Não se trata de maltratar “os nossos” é, também, apagar a dignidade de toda uma geração.

De cada vez que nos calamos ou olhamos para o lado estamos a desistir da nossa essência e a aniquilar a nossa própria origem. De cada vez que o fazemos perdemos a nossa centelha de divino e comprometemos a nossa verticalidade.

terça-feira, novembro 28, 2006

Foi-se mais um dia....




Bollywood

Chandrika Ghandy é uma espécie de olheiro, à moda do futebol, que procura talentos para as coloridas e espectaculares produções de Bollywood.

Chandrika tem especial interesse em indivíduos de tez escura com particular apetência por trabalhos de grupo: pequenas simulações de pancada, alegria de gang e são companheirismo másculo. Procura aquilo que nós por cá chamamos de fanfarronada. Ela diz que aí é que reside o verdadeiro “style”.

Procura, também, a altivez do carácter, o verbo fácil e o ego do verdadeiro artista. Daquele que pode encenar a vida de Ganesh sem pestanejar nem tropeçar na tromba.

Quando a estas características se somam a doce voz e a perninha ligeira, Chandrika entra em alerta Laranja.

Chandrika está em alerta laranja por causa do nosso Pico.

Ouviu falar dos nossos artistas e interessou-se. Soube mais e o laranja avermelhou quando ouviu contar o episódio do pestanejar afectuoso que sobrepôs o amor a uma espécie de holocausto social.

Chandrika tentou saber ainda mais e passou a very red quando leu o Ilha Maior desta semana. Assim que viu que o objecto do seu estudo saltou do desvario da ameaça para a pose rufia e, daí para a languidez da paixão em espasmos controlados de tempo, nunca pensou que ele fosse capaz de, também, decorar diálogos complexos. Enganou-se! E foi quando bateu na frase que se apercebeu:

“Diz José António Soares que…tem mantido ao longo dos anos total abertura para ouvir os pais e resolver as questões…”

Que linha!

Brilhante!

Vermelhérrimo!

Estou convencido que em breve vamos ver o nosso Provedor numa grande produção de Bollywood. Talento não lhe falta.

Já o imagino, no seu fato apertadinho, sentado na motorizada, cantarolando, com o movimento dos lábios desfasados do som, enquanto abana os ombros e envia decidido o queixo para o ar, franzindo as sobrancelhas. Imagino a dama sentada no lugar do passageiro, agarrada confiante e apaixonada a soltar a única fala que lhe destinaram na produção:

“Vamos embora amor!”

Vivó Pico!

segunda-feira, novembro 27, 2006

O Vale do Silicone

É com agrado que verifico que o Ilha Maior está melhor. O aspecto gráfico apurou, há mais notícias e opiniões e a censura diminuiu.

Mantém, como não podia deixar de ser na nossa terra, uma tendência para ser uma espécie de trombone para anunciar os sucessos e dos seus donos.

É o caso do artigo que nos leva a considerar a Madalena uma Silicon Valley das Ilhas Açorianas. Segundo o Ilha Maior, a escola Cardeal Costa Nunes é a melhor dos Açores.

Assim, sem mais nem menos, como se tratasse da inconfidência de um relatório que deveria ser interno e que visava a motivação dos seus alunos.

Os factos mencionados são os seguintes: 42% dos alunos terminam o secundário em 3 anos e 38% acedem ao ensino superior.

Caramba!

Faltou dizer que no que diz respeito ao ensino do Português estamos 100% melhor do que as escolas Chinesas e que relativamente aos alunos açorianos por turma ultrapassamos, de forma abissal, as escolas da Federação Russa.

Faltou dizer, também, que este números são uma espécie de vale de silicone: incham mas não têm qualquer função.

A triste realidade é que a Cardeal ficou em 405º lugar no ranking das escolas de 2006 (total de 458 escolas)com uma média de entrada na Universidade de 9,16, inferior aos dois anteriores anos.

Não há registo de muitas escolas açorianas pior classificadas!

É chato!

Sobretudo se estivermos atentos a uma “governação” continuada que permite implementar as ideias e os projectos da liderança.

Somos levados a concluir que a Cardeal, no panorama nacional, sempre esteve mal e, nos últimos anos, piorou.

Se calhar valia a pena explorar alternativas…

Luso Americana

É bom registar que depois de vários anos de distância entre os Açores e a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (que subsiste com verbas provenientes das contrapartidas da utilização, por parte dos Americanos, da Base Aérea da Terceira) parece existir uma vontade de alterar o actual panorama.

O primeiro passo é incluir um Açoriano no Conselho de Administração.

Aguardamos os passos seguintes, nomeadamente a abertura de uma FLAD-Açores (que poderia ser na nossa Ilha).

Porque não?

Matei o meu cão

Dói-me, há semanas, as decisões que tomei. Dói-me a saudade e o coração partido de quem vê partir aqueles que só não estão presentes porque nós, humanos, conscientes, liquidamos.

Dói-me, de forma brutal, o peito vazio!

Juro!

Perante os meus olhos vislumbro, apenas, a agulha afiada rompendo o teu coração confiante. Que longe que estavas da minha malévola intenção!

Como me olhaste nos olhos, confiante, antes do meu sim. Foi nesse momento que me mataste contigo!

Não me senti compreendido, pelo contrário, senti a traição rasgar-me a pele que te sentia.

A morte abarcou a totalidade dos nossos seres e encerrou os nossos diálogos. Acabou definitivamente a cumplicidade! Para além da morte, apenas o imenso nada.

Lembro-me de te carregar, a meio da noite, com dificuldade, até ao buraco escuro onde te larguei para sempre. Lembro-me de quase não ter conseguido.

Lembro-me, com vergonha, mas lembro-me!

Nunca me esquecerei!

Ando há dias a tentar fazer o luto a que tens direito mas, sempre que o faço, paro e resisto. Nego a dor que me arranca a carne do peito e tento seguir cambaleante para outras sensações. Mascaro a minha própria morte esquecendo a tua. Tento negar que, contigo, também eu morri um pouco.

Hoje não!

Hoje fui-te visitar e, na noite escura, insultamos os Deuses e lembramos a vida. Cantamos musicas sem letra e comunhamos o nada que nos liga. Dançamos o nosso fim do mundo. Juntos!

Percebi, finalmente, que os laços que nos amarram estão tão apertados como sempre. Não há morte que nos afronte enquanto partilharmos este sentimento.

Foi por isso que chorei tanto!

Adeus Merlin!

domingo, novembro 26, 2006

Natal light(s)

A época de Natal é sempre divertida. Pelo menos aqui, na Madalena do Pico. É com ansiedade que se fazem apostas sobre o tipo de iluminação que vamos ter a bordejar as nossas ruas.

Será que este ano vai bater os anteriores?

(No que ao mau gosto e verdadeiro pimbismo diz respeito, claro!)

Vamos voltar a ter o bacalhau, o atum, o polvo, o choco, a borboleta e a andorinha?

Este ano aposto na sofisticação. Aposto numa decoração à Las Vegas, altamente sugestiva e com uma mensagem directa.

O primeiro esboço da proposta dos nossos “caros” (literalmente) autarcas já está concluído.



Os jovens da Madalena também apresentaram a sua proposta.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Noites...

Nas noites de tempestade gosto de ver a Urze, o incenso e a Faia envolvidas no vermelho vivo do fogo. Gosto de sentir a onda de conforto que me envolve e mantém junto à lareira.

Gosto de ouvir ranger, dobrar e arrastar. Gosto de saber que lá fora o vento passeia sem respeito pelas barreiras. Gosto, sobretudo, de ver o mar a transformar a costa numa linha indefinida, sem fronteira.

Hoje acrescentei um pouco de cenário à peça.

Para tornar ainda mais perfeita a noite canto com os melhores. Embarcamos no Tannhauser de Wagner com o apoio entusiasta da Filarmónica de Berlin e os gestos precisos de Karajan. Vejo a sua mão direita marcando as minhas entradas sucessivas.

Bravo! Bravo!

E rebenta com fúria a vaga de Noroeste.

Bravo!

E sopra lascivo o vento por baixo de todas as portas,

Bravo!

E rebenta a chuva em cima dos telhados.

Neste cenário de humidade e fogo ocorre-me que vivo numa terra que não existia. Num pedaço de rocha que se libertou do fundo do mar e que se torceu e esticou até ver o céu. Ocorre-me que vivo abraçado a um vulcão entalado em três placas tectónicas e que, de vez em quando, treme. Treme com a força que só os desesperados conseguem fazer.

E afinal, que tipo de homem consegue domar uma terra convulsa? Que homem vive em cima do fogo sem abalar as suas certezas? Que homem enfrenta o mar com a mesma crueza com que afasta a lava do seu caminho?

Um relâmpago rasga a noite.

O olhar assustado da minha cadela dá-me a resposta.

Divulgação

Gosto de coisas sérias e duradouras. Não quer dizer que a arte efémera me seja indiferente. Pelo contrário!

Cada coisa no seu lugar!

Há sem dúvidas áreas da nossa vida que convivem perfeitamente com a efemeridade dos segundos e com a fugacidade dos minutos.

A divulgação da nossa terra, pelo contrário, só é possível e eficaz com um projecto a médio e longo prazo. Pequenas acções sem contexto nem sequência são o equivalente a um enorme vazio ponteado por pequenas bolhas de incompetência. Infelizmente é nessa base que a divulgação do Pico tem estado. Meia dúzia de bocados de queijo distribuídos de forma aleatória numa BTL caracterizam a política Municipal de divulgação turística.

Conhecendo os responsáveis não nos admiramos.

Como cita um dos filósofos do PSD (Pacheco Pereira): “Quem nasce para lagartixa não chega a jacaré”.

O pico volta a estar em destaque, hoje, nas revistas nacionais. A revista Sábado escolheu 25 lugares de todo o mundo como sendo os ideais para umas férias românticas. Entre eles volta a estar o Pico.

Parabéns Pico!

terça-feira, novembro 21, 2006

Santa Casa

Vão os Órgãos Sociais da Santa Casa da Misericórdia reunir proximamente, creio que no dia vinte e dois deste mês.

Fico com muita curiosidade relativamente a dois assuntos que considero da maior importância para a comunidade e de extrema delicadeza e sensibilidade para a própria Instituição.

Refiro-me, em primeiro lugar, ao abandono das “irmãs”, mandadas retirar pela sua Ordem, devido à incompatibilidade entre os seus ideais de caridade e solidariedade e as práticas da Santa Casa da Misericórdia da Madalena. Referimo-nos a pessoas que desempenhavam um papel fundamental no funcionamento da Instituição e cujas motivações nada têm de obscuro.

É fundamental um esclarecimento público dos motivos que as levaram a abandonar as tarefas que desempenhavam com abnegação e altruísmo. O habitual silêncio e impunidade que norteiam o secretismo da gestão daquela Instituição não podem ser impostos neste caso que, pela sua dimensão e implicações, diz respeito a todos nós, amigos e familiares daqueles que se encontram a viver naquelas instalações.

Em segundo lugar, afigura-se muito interessante a discussão sobre a manutenção do cargo do Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Madalena. De facto, ao abrigo dos estatutos daquela irmandade (artigo 10º) os irmãos que “perderem a boa reputação moral e social….” Ou que “perfilham atitudes hostis ao espírito tradicional da caridade cristã” devem ser excluídos da Irmandade.

Sabendo que a reputação moral e social do Provedor anda um bocado abalada e que a sua noção de caridade cristã se manifesta através da violência e da perseguição daqueles que o contrariam, apenas vejo duas soluções para esta situação delicada:

A exclusão da irmandade do Provedor, com justa causa ou;

O seu sincero arrependimento relativamente à sua conduta debochada, violenta e vingativa materializada num pedido de desculpas formal, por escrito, a publicar em toda a comunicação social local, dirigido à população em geral.

Não há nada mais bonito do que a humildade cristã e o verdadeiro arrependimento. Aliás, só este redime, em Instituições desta natureza.

Caso assim não seja, que alguém diga ao sr, Provedor, com verdadeiro amor cristão:

-Vamos para casa, amor!

segunda-feira, novembro 20, 2006

Primeiro Erro

Para dizer a verdade, a história da pancadaria está cheia de incorrecções e mal entendidos. É minha obrigação, tal como do Ilha Maior, descrever os factos com objectividade e, se for caso disso, publicar a carta de pedido de desculpa escrita pelo funcionário da Globaleda.

A primeira grande mistificação tem a ver com os empurrões e pontapés à porta.

O que aconteceu foi que o nosso “Chaka Zulu” da terceira idade adora festas e tem um carácter de uma rectidão indefinível. Pena que só se manifeste em estados de embriaguês extrema.

Pois, sendo assim, o mais natural foi ter uma reacção violenta ao verificar que ao seu lado estava uma personagem obscura responsável pelo fim das festas da Areia Larga e das Vindimas. Um ser cujos traços gerais contrastam em absoluto com os do nosso adorado Adónis do Beco.

Quando gritou que o poderia prejudicar na Escola Profissional, não se dirigia ao jovem mas sim ao conhecimento das práticas obscuras que aquele mamarracho cometia. E assim, palavra puxa palavra, seguiu-se o empurrão e o pontapé.

Nunca se apercebeu que do outro lado estava, apenas, o reflexo do agressor colado no vidro da porta.

domingo, novembro 19, 2006

Sabados da Madalena

Noite estranha a de ontem.

Quase ninguém nas ruas e os poucos que circulavam faziam-no de forma rápida. Como se tivessem pressa ou medo. Nos bares, os clientes olhavam nervosos para os relógios e mal acabavam o café arrancavam porta fora. O olhar para a esquerda e para a direita com movimentos bruscos fazia acreditar que um monstro andava à solta na Madalena.

- Que se passa? Perguntei a um vulto meio escondido numa esquina.

- É sábado! Respondeu-me irrequieto.

- E depois? Devia andar tudo na rua.

- Isso era antes…

- Porquê?

- Agora mudou tudo.

- Mudou o quê?

- É sábado….

- Sim?

- Dia dos autarcas bêbados!

Foi como se tivesse levado um choque eléctrico. Rápido e atento meti-me no carro e fui para casa.

quarta-feira, novembro 15, 2006

A verdade dos factos 1

É claro que as coisas são sempre muito mais complexas do que aparentam.

Do meu ponto de vista, tudo o que se passou na discoteca neste sábado, não foi mais do que uma explosão de alegria, afecto e camaradagem. É claro que a maldade humana encarregou-se de interpretar tudo ao contrário.

A verdadeira história foi mais ou menos a seguinte:

Sábado, para além de ter sido um dia que culminou uma semana de grandes sucessos trouxe, também, realizações memoráveis para a nossa Vila.
Do ponto de vista pessoal, foi igualmente um dia cheio de alegrias e de são convívio.

Vejamos:

Sábado assinalou o final da chamada guerra dos pinguins. O provedor da Santa Casa venceu a guerra contra as pérfidas freiras que tinham “apoitado” no lar de idosos. O final foi histórico porque determinou a fuga desenfreada das criaturas e abriu a porta a soluções mais “convenientes”.

Sábado sentiu, o empresário, o sabor doce da casa cheia. Cantou e foi saudado pelos dotes artísticos que apenas a intimidade conhecia. Foi glorioso!

Sábado foi a apoteose da carreira do vice-presidente, vereador e responsável pela cultura da nossa câmara. A feira dos cheiros foi um sucesso. As pipocas e a morcela do Roque e Pavão inundaram as narinas de todos os que visitaram a barraca das exposições tornando o apetite para os negócios muito maior. Um feito de dimensões épicas!

Porra! Um homem não é de ferro!

Um copo de vinho aqui, uma cerveja acolá, um “Uísque” mais além e a disposição para a festa está garantida. O ego inchado de força e poder admira o povo pigmeu aos seus pés. Apenas surgem duas vias: espezinhar os gajos ou, por outro lado, a via caridosa do afecto e da compreensão.

Que fazer?

(no próximo episódio saberemos qual foi a decisão do nosso Grande Educador da Classe Operária, do nosso amado Líder, Kim Il Sung do Granel, perante os espinhos evidentes colocados diante do seu suave trote.)

Vai buscar!

É pura maldade interpretar os factos com base apenas na realidade observável. Por trás de uma cena há sempre uma onda; às vezes uma boa onda outras vezes uma má onda. O óbvio é que, sem ver a onda, não se deve dar lustro às pranchas.

Os mais imediatistas apenas viram, no sábado passado na discoteca, três matulões bêbados a insultar e a ameaçar um jovem. Viram também a passagem aos actos. Viram ainda a chegada de um outro interveniente que não se intimidou com a coragem etílica e deverá ter dito qualquer coisa como:

- Metam-se comigo que sou do vosso tamanho!

Viram ainda que, na confusão normal que se seguiu, e não havendo a esperada retirada, o provedor levou um murro. Há quem tenha ouvido alguém exclamar:

- É pá! Cum catano! Vai buscar!

Não sei se esta parte é verídica, mas dá um certo toque de modernidade.
Alguém ouviu, ainda, uma voz sumida e tímida dizer:

- Vamos embora amor!

E foram! Não por cobardia mas sim por lealdade.

terça-feira, novembro 14, 2006

Este povo....

Este povo é completamente incompreensível!

Lá porque o sr. Vereador e Provedor (e outras coisas muito ilustres) dá uns pontapés na discoteca, uns abanões e grita que é muito importante e que vai prejudicar quem quiser na sua vida académica e profissional, fica tudo indignado.

Não percebo…

Imaginem que ele dizia uma mentira, como é que ficávamos?

É o que eu sempre disse, o povo não está preparado para ouvir as verdades.

De qualquer maneira, acho que a história não foi bem assim. Depois conto a minha versão.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Aberto pelo balanço!

A linguagem do pensamento não transcrita torna-se numa vontade não concretizável. Esperava que o meu balanço fosse calmo como numa viagem de comboio em primeira classe. Isto é, nem empurrões nem altas sonoridades deveriam impedir o meu merecido descanso. Sem interferências haveria de acordar quando a biblioteca estivesse vazia, ou quando o olhar apurado observasse a pobre realidade ou, na melhor das hipóteses, quando me apetecesse.

Saiu-me na sorte um passeio de traineira em mar cavado.

Balancei, balancei, balancei e voltei a balançar, quase até ao enjoo!

Não existe gravidade no facto. Mesmo não sendo marinheiro experiente, a Taprobana manteve-se distante e as sereias, mesmo as oficiais, apenas cantaram sonoridades de festa popular num triste karaoke de artistas desconhecidos e irreconhecíveis. Nada que desperte o espanto e o encanto a quem navega de olhos abertos.

Apesar da troca imprevista no transporte que me tem arrastado nos últimos meses, nada de irreal poderia levar ao acordar irritado. Apenas o balanço provocado pelo encontrão poderia provocar o distúrbio. E, infelizmente, assim foi!

Acordei!

Bom dia a todos!