quarta-feira, janeiro 05, 2005

Mudar ou não mudar…

A mudança em geral, e a mudança comportamental em particular, mesmo que o objectivo seja melhorar, leva tempo… muito tempo. A continuidade dá-nos segurança porque, ao estarmos dentro do "jogo", conhecemos as suas regras e sabemos, de uma forma clara, qual é o nosso papel. Assim sendo, qualquer ameaça à nossa segurança, provocada por uma tentativa de mudança, assusta-nos e faz-nos resistir. Isto acontece porque a ruptura na continuidade representa a inovação e o desconhecido. O medo do desconhecido é algo que ainda não conseguimos ultrapassar. Aliás, quanto mais rigida é a estrutura mental e social, maior é o medo do desconhecido.
Por outro lado, reconhecemos que a mudança é inevitável e, a sua concretização é, apenas, uma questão de tempo e oportunidade.
Ser líder e estar na vanguarda é, sobretudo, antecipar a mudança, controlá-la e condicioná-la, de forma a que os valores não se alterem de forma traumatizante.

Esta introdução leva-nos a um conjunto de reflexões que, penso eu, em breve poderei aprofundar. Por exemplo:

1- A estrutura local do Partido Socialista tem-se mostrado imutável; na composição e na metodologia. Não porque não anseie crescer e evoluir, mas porque o receio de mudança e de perda de privilégios é mais forte do que a vontade de abraçar o futuro. É caso para afirmar que as âncoras do partido estão tão enferrujadas que impedem a embarcação de abalar. Pede-se mais à "candeia que vai à frente". É tempo de cortar amarras!

2- O medo paralisante que a estrutura local do PS tem demonstrado face às propostas de mudança pode levar a que, sendo maioritário a nível nacional e regional, possa vir a perder as eleições autárquicas que se avizinham (falamos da Madalena, claro!). Isto, a acontecer, será mais por erro próprio do que por mérito do adversário. Ainda está a tempo de intervir e corrigir os desvios do seu rumo.

3- Assim se explica, também, a derrota do anterior candidato apresentado pelo PS às eleições camarárias. De facto, apesar de qualitativamente ser absurda a comparação, o candidato mais fraco acabou por ganhar. Não por mérito próprio nem porque o sr. Manuel Tomás foi considerado "pouco simpático", como advogam alguns (aliás, as eleições não eram para mister simpatia), mas sim porque os eleitores tiveram medo da mudança radical de estilo. Tiveram medo que esta alteração representasse uma da perda de privilégios. Foi um erro de Timing!

4- Os erros passados deverão transportar uma aprendizagem para o presente e dar indicações sobre o futuro. Não nos esqueçamos que a mudança é inevitável. No partido maioritário parece que tal não está a acontecer. Voltamos a assistir a uma falsa evolução. Falsa porque não vem de dentro, da sua estrutura organizativa. Assistimos a uma tentativa de desvio das atenções; a uma manobra de diversão. Assim, tenta-se manter a estrutura local imutável (até mesmo fazer uma "limpeza" das vozes discordantes) e, ao exterior, dar a ideia de movimento e de dinâmica. Para o fazer a opção foi (e tem sido) o recurso a figuras externa ao partido para o representar em actos eleitorais e para desempenhar cargos de relevo. O "recrutamento" destas figuras dá-se porque, sendo externos, não têm poder para ameaçar o "status quo" do partido. Para evoluir e para crescer é preciso mudar, não basta fingir que se muda.

5- Vem aí uma eleição autárquica e, ganhe quem ganhar (espero que seja o melhor), é preciso coragem para introduzir mudanças, na Madalena, de forma a prepará-la para as pressões que o futuro trará. É preciso coragem e, sobretudo, muito bom senso e sabedoria. Há, já, um grande número de erros urbanísticos cometidos. Por exemplo a próximidade da "zona industrial" relativamente ao centro da vila. Este erro provoca um condicionalismo incontornável no crescimento da zona habitacional e, mais grave do que isso, limita o próprio desenvolvimento da "zona industrial". É que nem toda a industria é inodora e isenta de poluição. Nesta fase, é nossa obrigação (de todos), contribuir para a mudança de mentalidades e, consequentemente, para a aceitação da inovação territorial e paisagística.


Em síntese, e não esquecendo a introdução deste texto, é urgente aceitar ideias novas (com critério, claro!) e perder o medo do desconhecido. Só desta forma poderemos, realmente, abandonar a cauda da Europa.

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