quarta-feira, janeiro 19, 2005

Responsabilidades 1

O nosso poder político local é, no mínimo estranho. Estranho na sua ética, na sua atitude, no auto-conceito que exprime e na imagem que transmite.

Vejamos alguns exemplos simples. Poderemos, caso seja necessário, vir a analisar outros mais complexos que implicam comportamentos menos aceitáveis se, por algum acaso, a ideia que exponho não ficar clara.

Para o efeito, vou-me limitar a alguns exemplos que tenho captado na Blogosfera e que, penso eu, todos os que por aqui passam, tiveram oportunidade de confirmar.

1- A 22 de Dezembro de 2004. Num Blogue, gerido por um deputado do Partido Socialista, assistimos à mais primária incitação à "guerra" inter-ilhas". Sendo um representante na Assembleia Regional (gostaria de sublinhar o Regional, por oposição a local), é de uma grande irresponsabilidade afirmar que a população do Pico, como se fosse toda tola, foi "enganada pelos Faiais" (título do artigo). Apela a sentimentos primários e à discórdia. São atitudes que em nada dignificam o cargo que ocupa.

Aproveita, ainda, a oportunidade para lançar a dúvida sobre o facto de o júri de selecção ser composto por Faialenses.

Estas "guerrinhas" entre as Ilhas só servem para desviar a atenção dos assuntos verdadeiramente importantes. Os Faiais, os Lepras, os Japoneses, etc., etc., são termos que saltam de um imaginário que já teve o seu lugar na história. Agora é, simplesmente, obsoleto. Por outro lado, cabe à Assembleia Regional fiscalizar a legalidade e transparência dos concursos públicos. O Sr. Deputado já tem as conclusões do inquérito? Ou nem chegou a mexer no assunto? Não teve tempo, com certeza! Quanto à insinuação que o Júri do Pico seria mais transparente; é cómica, nada mais! (Terei oportunidade de explicar melhor).

2- A 30 de Dezembro, o Sr, Deputado bate palmas porque "a Ilha ganha asas". Afirma que está tudo bem e que não há entraves à vinda da TAP. A 12 de Janeiro assanha-se com a falta de certificação de equipamentos e, vai mais longe, deixa no ar a suspeita sobre a competência dos gestores da Sata.

É triste e frustrante verificar que um eleito pelo partido da maioria (absoluta!) não se dá ao incómodo de fazer os trabalhos de casa e, pelo menos, ser capaz de informar aqueles que nele votaram (e os outros todos, que também têm direito!), sobre o andamento das obras públicas da Ilha. Será que no meio desses "mails" todos para divulgar o Blogue, não poderia ter escrito um a pedir informações sobre a matéria. Ou mesmo enviar uma carta da Assembleia Regional (já mandou tantas), ou, ainda, pegar no telefone e falar com os Secretários Regionais. Será que não o atendem?

3- Deve ter sido uma vaga de fúria. No dia seguinte, 13 de Janeiro, lá vem mais uma boooomba! Já conquistamos o Faial (pelo menos ameaçamos que o fariamos), agora rumo à Terceira. Lá vem um "corte" de um artigo, devidamente descontextualizado, a fomentar a trica. A ausência de comentários, sublinhada no final, é um incitamento às interpretações e à cólera. E assim foi! (o artigo do Blogue chama-se "inqualificável!")

Na realidade o articulista manifesta uma opinião que até nem é negativa para a população do Pico. Pelo contrário, apela à segurança nos voos. A mim também me interessa! Por outro lado, o ataque que foi feito, foi directamente ao poder instituído. Aos políticos e a eventuais "donos da economia". Destes últimos não há. A própria Associação de Comerciantes nunca se pronunciou sobre o assunto e, grandes capitalistas…nem vê-los! Sobra, portanto, a classe política. Curioso que destes, o único que enfiou o barrete foi o HJ.

Em síntese, gostaria que ficasse claro que a ideia que defendo é que: os políticos em geral, e os deputados em particular, têm a responsabilidade de informar com objectividade, combater o compadrio, defender a sua Região e respeitar todos os cidadãos. Têm a responsabilidade de fomentar a coesão e servir de modelo de transparência.

Por oposição, é irresponsável, lançar a confusão e dar, deliberadamente, informações incorrectas e contraditórias. É irresponsável apelar a uma guerra contra "os de fora", sejam eles Faiais, Japoneses ou Chineses. É irresponsável lançar a confusão e a discórdia, só para manter um pequeno poder. Dividir para reinar é pouco inteligente porque os que sobram, no final, são tão poucos que não chegam para constituir uma equipa de futebol.


P.S. - Já agora tenho muita curiosidade em saber se o Sr. António Carlos Maciel que o Sr. gozou no seu texto "papagaio fino de bico dourado" (ainda era anónimo e podia dizer o que pensa) é o mesmo António Maciel que merece o seu elogio (já como HJ) no texto "Corrida de Reis".

Se assim for, é feio!