Tendo analisado de uma forma leve, mas objectiva, o aspecto geral da "Revista da Câmara" não podemos ignorar uma das vertentes fundamentais de qualquer publicação; o conteúdo. Aliás, só dessa forma podemos julgar convenientemente a sua qualidade e a sua importância.
Sabemos que, muitas vezes, por detrás de uma publicação de fraca qualidade gráfica e estética, pode estar escondido um manancial de informação útil e verdadeira. Referimos, a título de exemplo, a publicação do "Almanaque Borda Dágua". Outras vezes, pelo contrário, o luxo da publicação e do grafismo serve apenas para esconder uma pobreza de texto e uma ausência absoluta de ideias.
No caso da Revista em análise, temos de reconhecer que existe uma grande homogeneidade. A uma fraca estrutura, a um grafismo deficiente e a um mau gosto arrepiante corresponde uma mensagem incipiente e demagógica. Chega-se ao ponto de, numa prova de pouca inteligência, tentar chamar à Câmara os louros de iniciativas governamentais.
Vejamos com alguma sequência aquilo que nos ficou na memória dois dias após a leitura do "panfleto". Única forma, acreditamos, de testar a eficácia da publicação.
Lembro-me do currículo do autarca; oficial da SATA, vereador e presidente da Câmara. e lembro-me, também, daquilo que foi repetido ao longo da revista, em vários artigos, como se mais nada houvesse a escrever. Ou, pelo contrário, sabendo que mais havia a dizer, fosse seleccionado apenas o mais importante. Aquilo que representa, no fundo, o manifesto eleitoral do autarca.
Deste podemos salientar três ideias mais fortes. Aquelas que perduram:
1- A Câmara vai apostar no turismo! Porquê? Porque o governo Regional investiu no aeroporto e porque o governo Regional conseguiu a classificação, pela UNESCO, da zona da vinha do verdelho como património da Humanidade (está lá escrito).
Verificamos que, neste assunto, a câmara anda a reboque do Governo. Não tendo feito nada de palpável pelo desenvolvimanto do turismo no concelho, vai dar sequência ao trabalho já efectuado e tentar capitalizar créditos à custa da obra alheia.
Nada de grave nessa opção. Até seria de louvar que a Câmara, reconhecendo a sua inépcia passada, num acto de contrição, nos comunicasse que "agora vai ser diferente! Agora vamos trabalhar em conjunto com outras instâncias do poder, em benefício da Madalena!".
Não é o caso! O presidente distancia-se da cooperação e apresenta a obra sem lhe conceder paternidade. Parece querer, desta forma, iludir os menos atentos e levar-nos a pensar que teve algo a ver com os investimentos realizados.
Passa, depois às propostas. Quando pensamos que existe um projecto estruturado e sóbrio de investimento no turísmo, enquanto sector priveligiado, somos obrigados a ler que a Câmara vai à BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa). Outras acções integradas? Investimentos complementares? Medidas de suporte e continuidade?…Nada, um enorme vazio!
Sr. Presidente, para ir à BTL é necessário pensar a imagem que queremos fazer passar e consultar os diferentes operadores. É necessário ouvir os empresários e fazer um levantamento da oferta existente. É necessário seleccionar o nicho de mercado a que nos dirigimos e construir a imagem adequada. Se tal não for feito e se não existirem medidas complementares que dêm continuidade à campanha de divulgação, tudo não será mais do que uma despesa inútil, um deitar fora recursos preciosos
Sem a existência de uma campanha estruturada, pensada e conduzida por técnicos especializados, teremos, de certeza, na BTL, uma imagem da Madalena que nos envergonhará a todos. Uma panóplia de panfletos e fotocópias rascas adoçados com verdelho, linguiça e inhame. Lembra-se do lançamento da campanha do vinho Lagido na discoteca Maroiços? Lembra-se do vinho nos copinhos de plástico e das toalhinhas de papel em cima das mesinhas corridas, molhadas da chuva? Vai ser pior! Então se os técnicos de Marketing forem os mesmos que deram vida ao "panfleto" posso dizer, com uma baixa margem de erro, que vai ser muito pior.
Vamos à BTL e pronto! OK, aceito a necessidade de arejar e ver outros horizontes. Não se esqueça do passaporte nem de mobilizar (o)as "Jorgettes" (os que gravitam).
2- A Câmara apresentou o seu gabinete de protecção à criança e dá-nos a sua composição em dois formatos: o formato longo e o abreviado. Uma comissão que implica uma mole de gente e, depois, uma espécie de Task Force ao serviço da infância. É claro que a ideia é boa e, sobretudo actual. No entanto, há lacunas incontornáveis e que impedem o sucesso da iniciativa. Em primeiro lugar o número de telefone fornecido deveria ser gratuito de forma a permitir que as crianças telefonassem de fora dos locais onde residem. Não estou a imaginar uma criança maltratada a pedir aos abusadores para fazer uma chamada para denunciar a situação.
Este é, no entanto, o menor dos erros. Uma equipa deste tipo deve ser altamente especializada e deve ser constituida por profissionais competentes. Alguns dos elemento acredito que o sejam. No entanto, a inclusão do nome do presidente da Câmara nesta "task force", já estando presente na dita Comissão alargada, é um mero indício de necessidade de protagonismo. O sr. está tão preparado para lidar com este fenómeno como um pedreiro (profissão honrada) está preparado para realizar uma cirurgia plástica (a coisa vai ficar mais feia do que o que era). Percebo agora a inclusão do seu currículo e a menção ao trabalho na SATA. Deu-lhe esperiência de atendimento ao balcão….
Nesta linha grotesca verificamos que outro membro da comissão restrita é um representante da Santa Casa da Misericórdia. Um Psicólogo? Não! Um Sociólogo? Não! Uma Assistente Social? Também não! O representante da Santa Casa na "task force" é o seu provedor. Uma indivíduo que, em parâmetros actuais, nem a escolaridade obrigatória possui.
3- Vamos geminar a Madalena com a Covilhâ! Já imagino a população da Madalena toda na rua com as bandeiras da Covilhã. Imagino a histeria colectiva e a alegria incontrolavel. Imagino excurções organizadas para ir descobrir os nossos gémeos há tanto tempo perdidos. Imagino, em síntese, uma novela tipo Mexicano cujas consequências emocionais são, neste momento, imprevisíveis. Transbordo de alegria!
Sinceramente senhor presidente geminar com a Covilhã porque ambos os concelhos têm pontos altos (falamos de geografia, claro!). Porque não geminar com todas as cidades que têm mar? Com aquelas que não têm semáforos ou, em alternativa, com aquelas cujos habitantes gostam de sardinhas? Só espero que não haja assessores ou consultores originários da Covilhã. Seria mau!
Quanto ao resto; são intenções de continuar a subsidiar o futebol, de distribuir algumas migalhas por outras associações e algumas fotografias de betão.
Nada mais a dizer!
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