marazul: Hoje é dia 17 - Antiqua para Tikal

Jean Baptiste alheio ao que se passava à sua volta dava uma última mirada no espelho do bar do hotel “Santo Domingo”. Sentia-se bem, apesar dos seus setenta anos de vida preenchida. Fora viola baixo substituto da banda de Adamo e tocara em inúmeros grupos de rock no quartier Latin.

Jean Baptiste era um artista. Concordava que nem sempre tinha sido reconhecido como merecia mas isso devia-se à curta visão dos grupos que não o aceitaram. Sentia-se bem e, sobretudo, gostava de marcar a sua presença.

Jean Baptiste olhava para o espelho e gostava. Gostava do fato azul bebé que envergava, dos sapatinhos brancos que envolviam os pezinhos delicados e, sobretudo, da forma com que o cabelo branco apanhado em rabo de cavalo lhe tapava a calvície acentuada que o incomodava há mais de trinta anos.

Foi um homem frágil, de estatura mediana e magro que se dirigiu para o restaurante, acompanhado da sua mulher, mais nova vinte anos que, apesar dos seus cinquenta anos ainda fazia virar muita cabeça Guatemalteca.

Jean Baptiste sentiu os olhares dos hóspedes do hotel que jantavam no salão nobre. Tentou mudar a posição da mesa e coloca-la em frente à lareira que trepidava a cinco metros. Não conseguiu e, num acesso de fúria, obrigou os empregados a fecharem as janelas do salão. Jean não gostava de ar “enchainee”, era mau para a sua frágil saúde.

Sentou-se, sentindo que era o centro daquele mundo e, num repente mirou um outro hospede que, na mesa ao lado, fumava tranquilamente um cigarro.

Como uma mola, Jean Baptiste levantou-se e enfrentou o homem.

- “English, français, espanhol?” Apaga imediatamente o cigarro! Incomodas-me!

José era daqueles que, sem ligar muito à modernidade e às evoluções dos costumes, gostava de fumar um cigarro depois das refeições.

Acabada a caçarola conventual, o “creme brulé” e vindo o café, José acendeu o cigarro e preparou-se para apreciar o final da refeição. De repente, vindo do nada, José deparou-se com um anjo velhinho, vestido de azul-bebé que gesticulando largo, lhe ameaçava partir as ventas se não apagasse o cigarro de imediato. José tentou responder mas não obteve tempo para articular os seus argumentos. Enraivecido foi fechando o punho e podia-se já ler nos seus olhos um alvo e um acto. E a mensagem era simples: Tapona no gajo.

Nesse momento, como se mais alguém estivesse sintonizado nos seus pensamentos, ouviu uma voz calma que lhe dizia com segurança e algum humor:

- Queres conhecer as cadeias Guatemaltecas?

José percebeu a mensagem e chamou o director do hotel que, com a autoridade que lhe conferiam os seguranças que o acompanhavam, explicou a Jean Baptiste que aquele lugar era destinado a fumadores.

Nervoso mas pouco arrependido Jean Baptiste tentou sair da situação culpando os empregados de mesa que o tinham informado mal. José, agora senhor da situação, permitiu-se alguma liberdade e exigiu desculpas.

Jean Baptiste, acossado pelos olhares desconfiados dos comensais elogiou o francês de José pensando que o assunto estava resolvido. Perante o olhar inquiridor e o silêncio que se fez em torno do baixista substituto da banda de Adamo, não houve outra hipótese senão a contrição.

-Pardon! É que eu tive um enfisema e estou nervoso!

- Com esse feitio lerpas cedo e o diabo que te coma! Pensou José enquanto encerrava o assunto com um negligente:

- Estás perdoado!

Conclusão:

Noite de 15 para 16 no Hotel “casa museu” Santo Domingo. Hotel com muito charme repleto de obras de arte dos sec. XV, XVI e XVII e esculturas e pinturas modernas de muito bom gosto. Hotel com “ambiente” e charme.

Dia 16 passeios pela cidade, visita a Museu de arte antiga e apreciar o trabalho de restauro de obras quinhentistas, ver galerias de arte, lojas de artesanato (Jade, prata e tecelagem, principalmente).

Lanche almoçarado no Frida´s e jantar no Panza verde ao som de Jazz ao vivo e degustando uma garrafa de Monte Velho tinto.

Noite de 16 para 17 no Meson Panza Verde.

Hoje, dia 17, carro até cidade da Guatemala e avião até Tikal. As últimas noticias são de que os telefones não funcionam e há cortes de luz.

Por isso, actualizações do blog….logo se vê!