Juan Uribe teve um percurso de vida difícil. Trabalhou nos campos de café de Aguas Calientes e migrou para a zona 1 da cidade da Guatemala quando tinha apenas quinze anos. Iletrado, sempre soube tomar conta de si e contornar as duras leis do País de forma a obter o único resultado possível: sobreviver.
Foi com esse espírito que um dia, farto de mendigar e de visitar as esquadras da polícia da capital, resolveu apanhar um “auto bus” e voltar à terra mãe.
Ainda descia a estrada vertiginosa a caminho de Antígua e já tinha um plano traçado na sua mente de homem duro dos campos e das cidades. E assim fez! Dois dias depois da chegada a Aguas Calientes vestiu a sua melhor roupa e dirigiu-se ao palácio Municipal e pediu para falar com “el jefe”, o “alcalde” Hernadez.
Ao fim do dia vinte e sete conseguiu a tão esperada audiência.
Valeu a espera e a teimosia. Juan Uribe convenceu o “Jefe” que era homem para tratar de qualquer assunto, mesmo de “sangre” e ficou arrolado na lista dos seguranças do “alcalde”, funcionário público, com vínculo vitalício.
Depois de oito anos de leal serviço a “Dom Hernandez”, Juan teve o trabalho da sua vida. Foi convocado para fazer a segurança do secretário do embaixador da Venezuela que visitava o País em missão de boa vontade e de aceitação do novo presidente eleito. A visita do secretário incluía uma passagem rápida pela cidade histórica de Antígua onde deveria assistir a uma sessão solene no palácio Municipal. Trabalho de pouca importância e de perigo zero, pensou Juan.
Conforme as ordens recebidas, Juan dirigiu-se ao Hotel Santo Domingo”. Era um hotel de luxo que ostentava o título de casa museu e ficava na “Calle Santo Domingo”, na zona “Oriente” da cidade. Entrou pelo estreito corredor e, quando desembocou na zona da recepção sentiu-se pouco à-vontade. Ouvia uma música estranha vindo de vários sítios e viu uma série de raparigas vestidas de monjas que tratavam do espaço como se fosse tudo delas.
Juan deu um pequeno passeio e parou perto das araras vermelhas que gritavam junto às ruínas da capela destruída pelo último terramoto. Aí sentiu-se à-vontade.
Subitamente foi abordado por uma recepcionista que lhe perguntou o que fazia naquele local. Sentiu-se bem por terem reparado nele. Juan sentia-se invisível desde que tinha entrado naquele local assombrado pelas monjas que agonizaram debaixo das pedras do convento derrubado pela força da terra tremente.
Juan foi encaminhado para o bar e apressou-se a pedir uma “Gallo”, cerveja que, sendo bem fresca, aquece a alma de qualquer homem. Ganhou confiança e sentou-se confortável nas poltronas de cabedal do bar e foi pedindo mais “Gallos” à medida que iam acabando. A luz ténue, o cansaço e a força do lugar foram-no impelindo para um estado letárgico em que o sonho e a realidade se confundiam. No rosto de uma “monja” falsa Juan viu a cara da sua amada que deixara em Aguas Calientes quando fugiu para a cidade. Aurora de seu nome, era uma jovem de quinze anos a ultima vez que a tinha visto. Linda e radiosa gravou a sua presença no cérebro do homem duro que se tinha tornado Juan. Duro até aquele dia. Juan sentia-se mais frágil do que nunca e as lágrimas ameaçavam escorrer pelas faces.
- É Aurora, de certeza! “mi corazon”!
Juan embalado nas cervejas Gallo, perdeu a noção do tempo e da quantidade. Estava a viver a sua juventude e o seu coração voltava a bater ao ritmo que já tinha sentido. Juan continuava apaixonado e sonhava.
Com um sobressalto Juan viu que a “monja” se dirigia a ele. Retesou-se na cadeira e esperou suspenso da vida. Ela aproximou-se e, numa voz doce perguntou:
- “Eres Juan Uribe?”
Juan pensou que não seria capaz de controlar o seu próprio corpo. Pensou logo que tinha sido reconhecido e que tinha ganho de volta a sua vida perdida no “Valle de Almolonga” e nas “calles” de Guatemala City.
- “Si! Si! Para servila”! Quase que gritou. A resposta não foi a esperada. Como uma cacetada no pescoço ouviu um seco:
- “Telefono para usted”.
Juan diminuiu de tamanho e perdeu a capacidade de articular palavras. Colou o aparelho no ouvido e antes de conseguir falar ouviu ríspida a voz do “Jefe”.
- Onde estás?
- No hotel! Conseguiu responder Juan, porque a cabeça estava separada da voz.
- Depressa para o palácio “hijo de puta” o secretário já chegou há meia hora!
Juan levantou-se cambaleante, mirou a “monja” e, sem perceber porquê nem como, caiu redondo na alcatifa florida do bar do hotel.
Foi com esse espírito que um dia, farto de mendigar e de visitar as esquadras da polícia da capital, resolveu apanhar um “auto bus” e voltar à terra mãe.
Ainda descia a estrada vertiginosa a caminho de Antígua e já tinha um plano traçado na sua mente de homem duro dos campos e das cidades. E assim fez! Dois dias depois da chegada a Aguas Calientes vestiu a sua melhor roupa e dirigiu-se ao palácio Municipal e pediu para falar com “el jefe”, o “alcalde” Hernadez.
Ao fim do dia vinte e sete conseguiu a tão esperada audiência.
Valeu a espera e a teimosia. Juan Uribe convenceu o “Jefe” que era homem para tratar de qualquer assunto, mesmo de “sangre” e ficou arrolado na lista dos seguranças do “alcalde”, funcionário público, com vínculo vitalício.
Depois de oito anos de leal serviço a “Dom Hernandez”, Juan teve o trabalho da sua vida. Foi convocado para fazer a segurança do secretário do embaixador da Venezuela que visitava o País em missão de boa vontade e de aceitação do novo presidente eleito. A visita do secretário incluía uma passagem rápida pela cidade histórica de Antígua onde deveria assistir a uma sessão solene no palácio Municipal. Trabalho de pouca importância e de perigo zero, pensou Juan.
Conforme as ordens recebidas, Juan dirigiu-se ao Hotel Santo Domingo”. Era um hotel de luxo que ostentava o título de casa museu e ficava na “Calle Santo Domingo”, na zona “Oriente” da cidade. Entrou pelo estreito corredor e, quando desembocou na zona da recepção sentiu-se pouco à-vontade. Ouvia uma música estranha vindo de vários sítios e viu uma série de raparigas vestidas de monjas que tratavam do espaço como se fosse tudo delas.
Juan deu um pequeno passeio e parou perto das araras vermelhas que gritavam junto às ruínas da capela destruída pelo último terramoto. Aí sentiu-se à-vontade.
Subitamente foi abordado por uma recepcionista que lhe perguntou o que fazia naquele local. Sentiu-se bem por terem reparado nele. Juan sentia-se invisível desde que tinha entrado naquele local assombrado pelas monjas que agonizaram debaixo das pedras do convento derrubado pela força da terra tremente.
Juan foi encaminhado para o bar e apressou-se a pedir uma “Gallo”, cerveja que, sendo bem fresca, aquece a alma de qualquer homem. Ganhou confiança e sentou-se confortável nas poltronas de cabedal do bar e foi pedindo mais “Gallos” à medida que iam acabando. A luz ténue, o cansaço e a força do lugar foram-no impelindo para um estado letárgico em que o sonho e a realidade se confundiam. No rosto de uma “monja” falsa Juan viu a cara da sua amada que deixara em Aguas Calientes quando fugiu para a cidade. Aurora de seu nome, era uma jovem de quinze anos a ultima vez que a tinha visto. Linda e radiosa gravou a sua presença no cérebro do homem duro que se tinha tornado Juan. Duro até aquele dia. Juan sentia-se mais frágil do que nunca e as lágrimas ameaçavam escorrer pelas faces.
- É Aurora, de certeza! “mi corazon”!
Juan embalado nas cervejas Gallo, perdeu a noção do tempo e da quantidade. Estava a viver a sua juventude e o seu coração voltava a bater ao ritmo que já tinha sentido. Juan continuava apaixonado e sonhava.
Com um sobressalto Juan viu que a “monja” se dirigia a ele. Retesou-se na cadeira e esperou suspenso da vida. Ela aproximou-se e, numa voz doce perguntou:
- “Eres Juan Uribe?”
Juan pensou que não seria capaz de controlar o seu próprio corpo. Pensou logo que tinha sido reconhecido e que tinha ganho de volta a sua vida perdida no “Valle de Almolonga” e nas “calles” de Guatemala City.
- “Si! Si! Para servila”! Quase que gritou. A resposta não foi a esperada. Como uma cacetada no pescoço ouviu um seco:
- “Telefono para usted”.
Juan diminuiu de tamanho e perdeu a capacidade de articular palavras. Colou o aparelho no ouvido e antes de conseguir falar ouviu ríspida a voz do “Jefe”.
- Onde estás?
- No hotel! Conseguiu responder Juan, porque a cabeça estava separada da voz.
- Depressa para o palácio “hijo de puta” o secretário já chegou há meia hora!
Juan levantou-se cambaleante, mirou a “monja” e, sem perceber porquê nem como, caiu redondo na alcatifa florida do bar do hotel.
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