quinta-feira, março 10, 2005

Avaliações

Um dos problemas que está na origem do mau funcionamento da função pública, falando de uma forma genérica, é a falta de controlo e avaliação a que os funcionários estão sujeitos.

Não é experiência nova, para ninguém, ficar à espera que um(a) funcionário(a) acabe o seu telefonema particular sem se dar ao trabalho, sequer, de nos olhar na cara e, muito menos, de esboçar um cumprimento.

Quase todos aqueles que conheço já tiveram vontade de gritar, depois de serem brindados com um olhar de desprezo acompanhado de uma frase do tipo; "Viesse mais cedo".

Também é costume sermos convidados a mudar de "guichet" várias vezes até se verificar que, afinal, o primeiro era o certo.

Mesmo doente, já fui enviado para casa porque não tinha no bolso os meus documentos pessoais. Como se tal fosse necessário para activar a "boa vontade" do médico que vê o seu salário pago com o dinheiro dos nossos impostos.

São tantos exemplos que poderia continuar a noite toda.

A culpa, para além da inexistência de um sistema de avaliação de desempenho, é das chefias directas. Não cabe na cabeça de ninguém que uma empresa mantenha ao seu serviço um funcionário que a faz perder clientela. Porque razão deveria ser diferente na função pública?

No caso das escolas, o cenário é igualmente negro. Sabemos que há uma avaliação das escolas, em geral, mas ficamos sempre sem saber, dentro do estabelecimento, quais são os professores ou funcionários que contribuiram para os baixos desempenhos.

Quer dizer, todos sabemos mas reina a impunidade.

No caso da Cardeal Costa Nunes, escola que, normalmente fica nos lugares mais baixos do ranking das escolas (ao contrário da Escola das Lajes), também não sabemos por que motivo este fenómenbo acontece. Aliás, nem sequer se fala muito do assunto.

A Cardeal é uma boa escola, do ponto de vista arquitectónico. No entanto, a alma das escolas não são as paredes, mas sim as pessoas.
Tenho tido conhecimento de casos que, para mim que sou da área da pedagogia, são incríveis. Professoras que insultam os alunos e que perdem o tempo das aulas a falar da sua vida. Professores que aplicam o método mais idiota que existe: mandar os alunos ler o livro.

Sei que a Direcção tem pouco por onde se mexer para penalizar este tipo de professores. Mas também sei que há acções de formação que podem ser implementadas e que o acompanhamento do que se passa no recinto escolar poderia ser mais próximo.

É exactamente por isso que eu penso que se deveria dar mais autonomia às escolas e implementar um sistema de avaliação externo e eficaz.

É inaceitável a arrogância e a incompetência de alguns funcionários públicos, independentemente das suas funções. Sejam balconistas, médicos, professores ou gestores. Se são incompetentes naquilo que fazem, devem ser dispensados.

Os nossos governos, Nacional e Regional, têm as condições ideais para implementar um sistema de avaliação.

Haja coragem!