segunda-feira, março 07, 2005

Idades

É uma discussão inevitável, quando a malta de meia idade se encontra, aquela que aborda o tema da idade. O chavão mais esgotado é aquele que diz que; "quem me dera ter 20 anos e saber o que sei hoje!".

Não partilho, de todo, essa opinião. Pelo contrário. Acho que, pelo menos até aqui, todas as idades são óptimas.

Voltar a ter 20 anos, ter de estudar para os testes da Universidade, preocupar-me com o primeiro emprego e sofrer a angústia do futuro não é, de certeza, algo que me apetecesse voltar a viver. Gostei dos tais vinte anos, mas não são nenhum marco especial. São, isso sim, uma etapa que me trouxe até aqui.

O mesmo argumento serve para definir a adolescência e os trintas. Foi bom mas já está! Interessa-me agora aproveitar os quarenta. Reciclar a aprendizagem e gozar do estatuto que a idade oferece.

Lembro-me sempre das conversas que tenho com a minha avó que, aos 93 anos, ainda teve força para mudar de casa e de amigas. Pergunto-lhe como é que consegue e ela, com a sua simplicidade, responde com uma frase simples: "porque não?". Quanto às amigas, a minha avó diz que são umas chatas, que só falam de doenças e dos seus que já morreram. Não há paciência!

Estou de acordo! Para fitas não há paciência. Agora, para expremer a vida e retirar tudo o que ela tem para nos dar, contem comigo. Para isso, qualquer idade é boa.

A idade tem-me dado essa experiência necessária para levar as coisas da vida com a ligeireza que elas merecem. No fundo são só pessoas. Não há grandes diferenças nas interacções que vamos estabelecendo. A grande diferença são os contextos. Estes são como quadros ou hoteis: situações a disfrutar!

É claro que, para putos com a mania que são grandes e importantes e que sabem mais do que os outros, quando apenas têm a experiência da linguiça com inhame, estão convencidos de que já conhecem o mundo e que este acaba em Badajoz (tipo Hernâni), já não há paciência.

Aceitamos mal a impertinência! Exigimos o respeito a que temos direito!

Quanto ao resto é, quase tudo, bom. Claro que as carnes vão descaindo e a ressaca é mais difícil de aguentar. Lógico que há mais umas dores e mais umas insónias…

Mas isso não é grave! Em vez de corrermos os dez mil metros livres, fazemos os cem mil metros…de carro!

Vamos muito mais longe…

Melhor ainda, sabemos onde queremos ir e como lá chegar! É fixe!