sábado, abril 23, 2005

Corresponder é difícil…(responder é mais fácil)

No amor a correspondência é tramada. Nas ideias é complicadíssima. Na moral é preciso usar "fórceps".

Vinha agora a ouvir, no rádio, enquanto apreciava esta enorme lua cheia que nos engole inteiros, algumas músicas de Bob Dylan. São da minha geração e dão algumas dicas sobre o que é bem e o que é mal. Passam bem…

Cheguei a casa e tentei contrabalançar com a Bohéme de Puccini. Que calma, que solidão refrescante. Que noite espectacular. Como as noites dos meus Açores imaginários que me trouxeram para o Pocinho. Hoje toca-se o sonho sem ser preciso usar os "bicos dos pés". Consola!

Tive uma bela noite, cheia de altos e com poucos baixos. Jantei com a malta apoiante do "clube europeu" da Cardeal. Foi uma "soirée" agradabilíssima. A comida óptima e a animação surpreendentemente boa. Gostei da banda que tocou. Gostei muito do teatro e, gostando, lamentei algumas quebras na comemoração antecipada do 25 de abril. Os poemas escolhidos eram muito apropriados e acompanhavam bem as músicas mal cantadas. A ingenuidade solene do acto deu-lhe o valor que merecia e permitia mais enganos que, para além dos havidos, não aconteceram. Portanto: Saldo muito positivo!

Um oftalmologista que salve o Manuel Tomáz que, "cegueta", também participou bem.

Depois, numa outra fase da noite, decidimos ir à Discoteca. O novo espaço é grande e lembra uma filial de "Porto Galinhas". Ouvimos, toda a noite, musica Brasileira (ainda deve estar a tocar). Se Deus era Brasileiro, porque não essa manifestação de religiosidade? O pior é para os não religosos… No amor a correspondência é dificil porque prejudica o negócio!

Na Discoteca senti-me no Continente. Qual Pico ou Faial? Qual Terceira ou São Miguel? Aquilo é tal qual a Bobadela, Almada, Santo António dos Cavaleiros, Freixieiro ou, na pior das hipóteses, Alcoentre. Altamente!

Também hoje, li no Ilha Maior um texto que me elogia bastante. Obrigado!
É um texto singelo como só a infância consegue ser. Começa assim: "Tenho nove anos e conheci o mal!". Coitados dos "infantes" que para além de terem de lidar com o 11 de Setembro, aínda tiveram de rever, em câmara lenta, o 11 de Março. Apanharam com a "casa pia" (a da Teresa Costa Macedo) e com o Tsunami. Lembram-se dos Bispos Americanos a pagar aos putos violados e celebram, sem querer, o padre Madeirense que fugiu para o Brasil (fecha-se a quadratura do circulo: padres e Brasil).

É duro!!!

Escreveram mais uma larachas, do mesmo teor, e concluíram subjectivamente, que o pecado está em casa de quem o verifica. Cometer é o menos…Dar a outra face é tanga…Mea Culpa, o caraças!

Filosofia pura! Só não aceita quem não for condescendente. Já Nietche e Reich diziam o mesmo, querendo dizer o oposto. Relembro o texto "Escuta Zé ninguém" em que era claramente dito que "o povo nú correspondia ao general em cuecas".

Ou seja: antes o padre em cuecas a dar a volta à Ilha em noventa dias do que o povo nú a a fazer uma entrega de "alma lavada". Se é que me faço entender….Não é por acaso que li esta semana que a obesidade mata neurónios e que os putos gordos tornam-se estúpidos.

Arreiem nos cientistas, não em mim que os cito.

De qualquer forma, pediu a canalha (nunca um termo foi tão bem utilizado) que houvesse rectidão. Referiam-se, concerteza, às estradas do Pico e aos caminhos para o paraíso. Aquele que oferece "barrigas de freira" e "toucinho do céu".

Rectidão terão da minha parte. Assim, pobre pecador me confesso: O texto que escrevi na noite da morte do Papa não era o original. O original censurei-o. Rectidão obriga, cá vai o texto maldito, o primeiro:

a morte do Papa em dez actos…

I

Normalmente escrevo sobre assuntos que têm a ver com a ética. Interessa-me o contexto comunitário e o amadurecimento do "homem", como entidade biológica, social e espiritual. Creio que a evolução passa pela política e pela organização social que advém, ou emana, dos líderes políticos. Sempre que não são merecedores de admiração ou estima trato-os como tal, como meros funcionários cuja visão não alcança mais do que o seu ego e a sua conta bancária.

Dou-lhes com gosto mas sem satisfação! Preferia-os dignos de admiração.

II

A moral, como já tive oportunidade de explicar, interessa-me pouco. Não passa da ética conspurcada pelo social….

A religião, enquanto guardiã da moral interessa-me ainda menos. Encaro a maioria dos padres como meros agentes corporativos ao serviço da maior industria mundial; A exploração do medo universal da morte.

III

Dito isto, torna-se claro que não bato com o punho no peito, não consumo hóstias e resolvo os meus pecados da maneira que sei. Não os repetindo!

Da mesma forma, não tenho qualquer respeito ou admiração por aqueles que sobem ao púlpito e, imaculados, criticam e ameaçam os seus semelhantes com a condenação eterna. Interessam-me, apenas, como actores ou comediantes. Nada mais!

IV

Ao fim de vários dias de agonia, morreu o chefe da igreja católica.

V

O mundo acompanhou com pesar e tristeza os últimos momentos de João Paulo II. Os católicos fizeram vigilias, missas e procissões. Compreendo e concordo com a sua atitude. O papa, segundo os dogmas da igreja, é escolhido pelos cardeais, com a intervenção directa de Deus, através da inspiração do Espírito Santo. Ser católico é, obrigatóriamente, acreditar que o chefe da igreja é o "escolhido" de Deus para orientar espiritualmente a humanidade. Não respeitar o seu luto é cuspir no Santo Sepulcro.

VI

Mesmo não sendo católico praticante e considerando o Papa um velhinho simpático mas conservador senti, como quase toda a humanidade, a perda de um semelhante que se apagou de forma lenta e agonizante, como um momento emocionalmente doloroso.

VII

Quase todos aqueles com com quem conversei hoje falaram-me, com simpatia, da morte do Papa e do sentimento de perda que sentiram.

VIII

E a igreja da Madalena, na pessoa do seu padre residente, o Elvis da moral, o que fez?

Fez o que achou correcto. Fez o seguinte:

5ª Feira - Primeiro anúncio da degradação da saúde do Papa. A praça principal do vaticano enche-se de peregrinos de todo o mundo. Nas igrejas reza-se pela saúde do Santo Padre.
Na Madalena, o padre pega nos jovens (rapazes e raparigas) de 16, 17 e 18 anos e ruma para as Ribeiras. Aí, em grande demonstração de fé e devoção, seguem para a discoteca Farol onde, em particular recolhimento, enchem a pança de asinhas de frango e, de forma reverenrte e mui Pia, abanam o capacete. A noite acaba em casa do líder religioso local.

6ª Feira - Anuncia-se a paragem cardiaca do Papa e a falência das suas funções vitais. Em Fátima faz-se uma procissão de velas e, um pouco por toda a parte, reza-se e pratica-se um recolhimento solene, esperando o pior a qualquer altura.
Na Madalena, o padre canta "as velhas" em directo para a televisão local.

Sábado - Morre o Papa. Há consternação em todo o mundo. Chora-se nas praça e nas igrejas. O Vaticano declara o período de nove dias de luto. Em Portugal declara-se três dias de luto Nacional. Os católicos choram a morte do seu líder, do representan te de Deus na Terra.
Na Madalena, o padre e o grupo de jovens católicos que apadrinha, organizam, no salão paroquial, que ainda há meia duzia de dias era a igreja da Madalena, uma "rave". Realizam, em memória do Papa, uma festa da cerveja e do shot.

IX

Um ateu pode fazer o que quiser, no que diz respeito à religião. Até pode atirar foguetes quando morre o Papa. Respeito a sua posição, mesmo não concordando.
Um padre católico que organiza uma festa de bebedeira para comemorar a morte do Santo padre, não é aceitável. Nunca mais tem qualquer tipo de autoridade para pregar a moral aos seus paroquianos. Até aceito que a ideia seja que o fim do Papa signifique, para os nossos padres, o fim do celibato. No entanto, o bom senso indicaria que a festa fosse feita após o período normal de nojo. Nunca hoje!

X

Espero que na próxima homilia este texto não seja referido, enviando a minha alma para o "quinto dos infernos", exercitando um frágil poder de excomunhão tão em moda no tempo da Santa Inquisição. Detestaria ter de responder.


E era assim o texto que não publiquei.

Estou aliviado, por ter reposto a verdade.

Acrescento apenas que, a partir de hoje, vou analisar, em grande detalhe, o que é que os putos andam a aprender nos "grupos de desenvolvimento moral e do carácter". E, digo, com toda a autoridade intelectual: "Livre-nos Deus, nosso Senhor de merdices sem significado e de generais que se escondem atrás dos seus piores soldados. Sobre eles cairá a fúria dos Chakras desalinhados…no mínimo!"

Vão ser tansos p´ró raio que os parta!

So Help me God!

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