quarta-feira, abril 06, 2005

Fortes Vagas 2

Pois é, já passaram uns dias desde que o mar me visitou. Mesmo sem convite, apoderou-se do que quis e passeou-se por onde lhe apeteceu. Ocupou as melhores suites e, tal banda de rock mal comportada, deixou um rasto de destruição.

Paciência!

Netes momentos mais ou menos críticos percebe-se bem quem são as pessoas e as instituições. Vê-se o desempenho e a prontidão e vislumbra-se o carácter e a eficácia. Tive a oportunidade de observar e, como não podia deixar de ser, passo a descrever:

Amigos - Muitos e bons, todos prontos para ajudar e apoiar. Estiveram sempre presentes e foram incansáveis. Já disse mas não me canso de repetir: obrigado!

Bombeiros - Rápidos a chegar e muito disponíveis. Pouco podiam fazer para conter a fúria das águas mas tudo fizeram para salvar o máximo de bens. Obrigado!

Obras Públicas - O Delegado das Obras Públicas deslocou-se ao Pocinho e ofereceu-se para ajudar no que pudesse. No dia seguinte mandou limpar os acessos. Parabéns pelo sentido de dever!

Ambiente - Até hoje não apareceram. Amanhã, às 15h30m vou cortar um pé de vassoura para ver se aparece alguém.

Gabinete da zona protegida - São tantos que ainda não decidiram quem deve passar por cá.

Protecção Cívil - Nada avisaram, portanto de nada serviram. A meio da tarde passou por cá o chefe. Fui a correr para lhe perguntar quais seriam as previsões para a noite mas…já cá não estava. O relatório que fez chegar à comunicação social era, no mínimo, incorrecto.

Presidente da Câmara - Ausente, como seria de esperar.

Presidente da Junta - Passou por cá à tarde e trazia, com uma série de homens, um taipal muito bem feito e resistente. Pensei que seria para proteger os habitantes do Pocinho mas, afinal, era para proteger os quartos de banho públicos.

Governo Regional em geral - Não dava jeito passar por aqui, fica um bocado fora de mão.

Deputados - Nem Regionais, nem Nacionais, nem Europeus nem do Congo.

RTP - Nunca cá tinha vindo. Vinha no dia a seguir para publicitar as desgraças e para afugentar os turistas. Mandei-os embora e ficou o convite para cá voltarem quando estiver tudo impecável.


Para a próxima já tenho uma estratégia: Vestir camisolas da selecção nacional de futebol e, para alertar o Governo Regional, do Santa Clara. O povo gosta e, quando o povo gosta o Governo aparece.

Nota: Sociologicamente falando, fazendo uma abordagem relativista, anulando o efeito subjectivo da investigação-acção e parafraseando alguns dos meus comentadores (sob pena de confundir o estudo e a vivência, o cientissta e o cidadão): é do caraças!

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