A espada é um objecto digno. Ouvimos falar dela em circunstâncias especiais. Está associada à imagem da justiça e vêmo-las em situações míticas. Todos nós conhecemos a espada do Rei Artur que só poderia ser retirada da pedra onde repousava por aquele que, pela sua coragem e dignidade, a merecesse.
Há dignidade no sabre dos piratas e corsários que enfrentavam o mar e o poder instituído. Bradavam o seu instrumento cortante e, de peito aberto, desrespeitavam as normas em que não acreditavam. Havia coragem!
Havia muita dignidade no sabre dos samurais que, com a sua força e galhardia, juravam proteger a sua forma de vida e a sua cultura.
O florete e a sua esgrima fina remete-nos para a nobreza das ideias e da defesa da honra.
Enfim, a espada é um objecto respeitável que encontramos sempre associado à defesa de algo; uma ideia de honra, um projecto de vida, uma abordagem da justiça ou uma opção de rectidão.
Utilizar este instrumento para dar um jeito na engrenagem, corrigir um pistão ou limpar uma vela é um erro. Os pequenos arranjos implicam pequenos instrumentos. Não falamos de espadas…falamos, isso sim, de canivetes.
Com eles cortamos a linguiça, aparamos o queijo e limpamos as unhas. Não avançamos para revoluções nem para guerras. Limitamo-nos a, quanto muito, apertar um ou outro parafuso menos funcional.
Quando, por sua vez, a questão é cosmética, quando queremos expulsar alguém do partido só para que as peles do Sepa se mantenham com boa aparência, vistas de São Miguel, ou aparar as unhas do Hernâni para que, coitado do triste, não se arranhe, aí, caros amigos, não é espada nem canivete…é corta unhas!
Não há dignidade num corta unhas!
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