quarta-feira, maio 18, 2005

Paradigma Quantitativo / Qualitativo 7

Conclusão

A nossa conclusão não é apresentada no sentido do facto provado. Pelo contrário, tratando-se de um texto reflexivo, interessa-nos sobretudo a coerência discursiva. Neste sentido parece-nos possível retirar deste texto algumas conclusões:

- A investigação, em ciências sociais e humanas, implica sempre uma interactividade entre um ou mais sujeitos (investigador/equipa de investigação) com outro ou outros sujeitos (objecto de estudo).
- O grau de passividade da relação não anula, em termos absolutos, a componente subjectiva que, por definição, está presente no processo de comunicação.
- O investigador, enquanto decisor, transfere para a investigação as suas crenças e atitudes e, devido às limitações da sua capacidade de processamento da informação, contamina a investigação com a sua própria subjectividade.
- A cientificidade das conclusões das investigações em ciências sociais e humanas depende mais do respeito da normatividade de procedimentos do que do pressuposto de inexistência de subjectividade.
- Os paradigmas qualitativo e quantitativo correspondem a duas representações mentais divergentes da realidade pelo que, em última análise, a discussão sobre a validade científica de cada uma não se pode centrar na objectividade/subjectividade dos métodos, procedimentos e conclusões mas sim na validade teórica de partida.
- A aceitação da existência das duas realidades implica a aceitação dos dois paradigmas e a utilização das respectivas metodologias de investigação, não estando em causa, sequer, a complementaridade de ambas. Esta afirmação é reforçada se considerarmos que as duas realidades são de natureza distinta e, portanto, têm referentes diversos.
- A utilização de métodos, técnicas e instrumentos depende de opções do investigador e dos objectivos determinados para a investigação.
- A quantificação dos resultados de estudos qualitativos não implica uma mais valia de objectividade na investigação.

A aceitação destas conclusões remete-nos para a reflexão sobre a importância da intuição, enquanto raciocínio dos especialistas por oposição aos noviços (Teresa Garcia-Marques, 1995), na construção do pensamento científico, revalorizando a relação ciência e arte.

Sem comentários: