sábado, abril 30, 2005

Geminações…

Jorge tem uma gota no canto do olho. Cá fora "estrala a bomba e o foguete vai no ar". O povo contente sente a amargura da passagem. A nossa virgem e santa Madalena está a meio do ritual de crescimento.

Será a mesma depois desta cerimónia?

Jorge olha os olhos do seu futuro parceiro e, ternurento, sentindo um arrepio a subir pela coluna vertebral, percebe que os sentimentos ocupam o cérebro. Rui de Almeida, o camareiro, nem tem tempo de avisar o seu presidente sobre o perigo da promiscuidade. Jorge retorce os olhos, sacode e meneia o traseiro. Uma sensação de liberdade e de entrega prevalece. Um frémito…um formigueiro…uma descarga de adrenalina e o facto consuma-se.

Adorei!

Foi bom para ti?

Um cigarro, uma esferográfica e um papel. Uma assinatura e está consumado o acto: Madalena geminada com a Covilhã.

Dá cá a tua máquina de fazer neve e leva a minha traineira. Como te amo, Covilhã! Sejas tu quem fores. Ser-te-ei fiel para sempre meu amor!

Longe, na rua do Carmo, Luis contesta e, budista de sempre, rega com alcool o chouriço e a camisa, chegando fogo a ambos.

Arde! Arde, filho da mãe!

Ainda se fosse a Amadora por causa dos animadores da discoteca ou Fátima por vezes do nosso santo padre, ou mesmo Faro, em memória do meu rafeirio, tudo bem! Agora a Covilhã…Nem pensar!

Arde! Arde filho da mãe!

E durante um minuto, Luis ardeu em protesto! Facas na mão, ar de incompreendido e grito rouco de dor futura…Torturou-se contra…Abaixo a Covilhã!

Ninguém ligou! Até se riram!

Eu não! Eu percebi a inutilidade dos actos!

O chouriço ficou bom e o o Luis também, graças a Deus!

Viva a Covilhã! Ou talvez não!

La Mamounia

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sexta-feira, abril 29, 2005

Gostos…

A subjectividade do assunto já foi, claramente, explicada… Podemos passar à frente!

Há imensos casos óbvios de mau gosto e de péssimo sentido estético. Havemos de ver esses casos, sobretudo os que têm a ver com a Câmara Municipal e com o seu actual presidente.

Hoje vamos pensar um pouco sobre uma questão que não me colocaram mas que eu senti no ar: "Será de mau gosto um socialista dizer mal do seu partido, e não apoiar os seus candidatos?".

Claro que é! Se o partido, como um todo, respeitar os estatutos e os líderes locais respeitarem as normas democráticas, é claro que é de péssimo gosto um militante ir, publicamente, contra o seu partido e as sua decisões.

Ponto final!

Há excepções? Claro que há!

Se o partido não respeitar as regras democráticas e se entrar numa paranóia de desrespeito dos concursos públicos. Se o partido esquecer as regras democráticas da decisão e ignorar a opinião dos seus militantes, então estamos no domínio da excepção: há que desrespeitar o partido porque os ideais deixaram de existir. Passamos a ter um regime instituído que contradiz tudo o que acreditamos. Não há partido socialista. Há, apenas, um conjunto de pessoasa que tratam, de forma egoísta e monárquica, dos seus assuntos particulares. Não merecem qualquer respeito. São os fascistas que emergem das maiorias. Os "sabidolas"!

Seria de mau gosto não reagir.

Se grassa a cobardia e se os líderes locais são claramente incapazes, é obrigação das "bases" indicar o caminho.

Se olharmos para o "palanque" e verificarmos que lá se encontram três donzelas tímidas (Serpa, Manuel Tomáz e Hernâni) que fazem asneiras de forma despudorada e, largando-se, olham em redor, com ar contrariado e superior, à procura do autor do "pum" que provocou o cheirete, então temos que apontar o dedo acusador e dizer: "suas porcas!"

É uma obrigação democrática!

Inscrevi-me num partido, conhecento a fundo os seus estatutos e o seu projecto social. Estou preparadíssimo para debater as ideias. No entanto, tenho assistido ao desrespeito de todas as normas democráticas, por parte dos tais "bosses" locais do partido. Não me inscrevi, sujeitando a minha vontade a três "porquinhos" da política nem aos três videntes de Fátima. Estou-me a marimbar para as pessoas! Interessam-me as ideias! Só as ideias!

Resumindo, é de bom gosto combater o totalitarismo e o fascismo das ideias, mesmo que estes tenham o estatuto de líderes do nosso partido. Aliás, se fossem dos outros partidos, não me espantaria. No meu…"No way!" Não aceito, nem me calo!

Os princípios são para respeitar.

É de bom gosto!

O contrário, seria como se um padre inventasse, na noite da morte do Papa, um novo shot; o "Adeus celibato".

Era feio!

Não acham?

Hotel la Mamounia

Hotel La Mamounia em Marraquexe. Já foi considerado um dos melhores do mundo e o melhor de Africa. Marrocos no seu melhor!

la-mamounia


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quinta-feira, abril 28, 2005

O gosto…

Poucos temas são tão subjectivos como este e, por isso mesmo, despertam um tão grande interesse.

Podemos partir do princípio que o sentido estético sofre uma influência directa do meio social e cultural em que os indivíduos estão integrados.

Lapalisse dixit!

Acrescente-se, ao "tipo médio", a possibilidade de viajar, de ver outras realidades, de se instruir na leitura dos símbolos, a capacidade financeira para aceder à oferta cultural Universal e temos um ser com o "gosto cultivado", requintado e apreciador "das coisas boas da vida".

De que é que essas pessoas gostam? O que é, afinal, o bom gosto?

Não faço a mínima ideia! Não sou capaz de afirmar, com certeza absoluta, que valores estéticos se devem impôr qualitativamente. Sei-o para consumo interno, para mim. Para os restantes populares, tenho alguma dificuldade em hierarquizar uma listagem de "belezas" consumíveis. Não o vou fazer!

O contrário, no entanto, é fácil. Definir elementos que de tão dissonantes, se tornam de "mau gosto", é desporto de massas. Qualquer pessoa pode verificar os indicadores e concluir que aquele elemento está a mais. Está deslocado e é, portanto, desagradável.

Exemplos?

Vamos a isso!

Líderes que dizem que um candidato é fraco, "já deu o que tinha a dar", "é um perdedor" (etc.) e, passado duas ou três semanas o apresentam como o "seu" candidato, é feio. É tão deslocado como exibir uma "cremalheira" cariada num concurso de beleza. São dois casos em que se deve recusar a participar ou, melhor aínda, manter a boca fechada.

Saber que já foram convidados uma série de pessoas para assumir uma candidatura e que todas recusaram. Saber que fazem o convite só porque não têm mais ninguém e que o fazem contrariados e, mesmo assim, aceitar…É feio! É como um sexagenário com artrose querer participar num concurso de "break dance". São casos em que o melhor é estar quieto. O resultado final só pode ser…fazer má figura.

A lista de exemplos poderia continuar mais uns metros. Vamos deixar alguns exemplos para os próximos dias. É que bater no ceguinho que, por acaso também ouve mal, depois de ele mostrar sinais de desfalecimento, é tão obsceno como um Cardeal levar uma grade de cerveja para o velório Papa. É foleiro!

Não vamos seguir o exemplo.

Hotel Riad Fez

Este hotel tem uma particularidade: fica no coração da Medina É preciso ser um bocado aventureiro para passear sozinho naquele labirinto.


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terça-feira, abril 26, 2005

Mudanças

Hoje apeteceu-me alterar umas coisas.

A votação que estava em curso já estava a chatear um bocado. Apesar de ter dado para perceber que a grande maioria das pessoas que lê este Blog está, geralmente, bem disposta, quando me visita.

Acabou! Bem hajam!

Proponho agora que manifestem a vossa opinião sobre a candidatura do Sr. Furtado, apadrinhada pelo PS, à presidência da Câmara da Madalena.

Acabo, também, com a série Vagas.

Volto aos hoteis.

Gostei destes hoteis e, por isso, publicito-os.

Hotel Riad Fez (Marrocos)

Quarto

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Sala

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25 de Abril

Tem de ser. Até parecia mal se deixasse a data sem uma referência. Poderia dar a entender que sou daqueles que considera a revolução dos cravos um levantamento militar inconsequente.

Não é o caso! O 25 de Abril, enquanto ruptura na continuidade política foi fundamental para a abertura de um novo ciclo. Saúdo o fim da ditadura, a instauração do regime democrático e, sobretudo, o fim da censura.

A liberdade de pensamento e a possibilidade de manifestar as ideias é, das liberdades, aquela que mais prezo.

Sei que se mantém algum caciquismo. A liberdade tem graus e nem todas as áreas geográficas gozam do mesmo estatuto. Continuam a existir, sobretudo no meio rural, algumas almas iluminadas que têm o poder de levar o povo ao beija-mão. São os padres, os líderes políticos, os presidentes de Câmara e, de forma menos vincada, outros poderes menores.

São, ao fim de três décadas de democracia, restos da herança fascista que, como sabemos acentava em dois pilares fortes (entre outros mais repressivos) que eram a religião e o modelo de distribuição de favores económicos e cargos públicos. Esta dependência em que uma vertente justificava a existência da outra, manteve-se, até aos nossos dias.

O seu poder vai-se, no entanto, diluindo com o passar do tempo. Digamos que se consome lentamente e que caminha para a extinção total. É um processo que, depois de começado, é irreversível. Felizmente!

Esta estrutura organizativa tem tido, do meu ponto de vista, como consequência nefasta, a diminuição da possibilidade de a revolução dos cravos se concretizar efectivamente.

A liberdade não é, ainda, uma realidade. Não falo da liberdade como um todo. Refiro-me à liberdade de expressão sem medo de represálias. Falo da possibilidade de dizer o que realmente se pensa sem temer que a filha, o neto ou o amigo, venham a ser perseguidos pelos tais poderes ainda instituídos.

Nos meios pequenos e rurais, como o nosso, a verdadeira liberdade provém da não integração e da não pertença à teia de interdependências locais. A verdadeira liberdade deveria advir, exactamente do oposto: da pertença e da integração total na estrutura social. É um paradoxo!

Enquanto não houver uma revolução cultural e do ensino, a liberdade é uma miragem. Como escolher o bom se apenas se conhece o mau e o medíocre.

Digamos que, relativamente aos ideais da revolução e às perspectivas que criou no que diz respeito à liberdade individual, ainda não chegamos ao vinte e cinco de Abril. Estamos no vinte e quatro vírgula setenta e cinco.

Dando voz ao paradoxo: Digo-o em total liberdade!

Vagas

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segunda-feira, abril 25, 2005

Comentários….

Acabei, temporariamente, com os comentários. Fazem-me alguma falta, pelas boas ideias que transmitem e pela insegurança que manifestam. A minha alma de pedagogo retira algum prazer no acto de ensinar e esclarecer.

Nesta linha existencial, vou dar uma resposta breve e genérica a um dos últimos comentários que, lamentavel e propositadamente, apaguei.

Dizia assim o leitor:

"Quero ver se tens tomates!"

Assim, de forma singela e dura. Manisfesta uma dúvida e, simultaneamente, uma vontade infantil de, suponho eu, efectuar uma comparação de espécimes. Imaginei uma romaria, uma excursão do tipo das do INATEL e, porque não, uma procissão para confirmar o fenómeno.

"Fotografia são mais dez euros!"
"Filmar é proíbido!"
"Toca a circular que as visitas terminam às 17 horas!"
"Passem pela loja de souvenires!"

Antevejo exclamações, gritinhos e desmaios. Clubes de fãns e aumento das vendas. Cinzeiros, pisa-papéis, postais e velas. Um mercado florescente! Ainda por cima com a TAP a voar directamente…

A questão é, como podem ver, clara, íntima e personalizada. É, também, absurda, idiota e nauseante.

Que dizer desta vontade inconsciente que, com muito esforço foi, num minuto de auto-revelação, verbalizada? Pouco!

Sendo, para a sociedade civil moderna, completamente indiferente a existência dos tais pendentes, sobretudo nesta época de clara e franca libertação da mulher, a forma e o tamanho tornam-se atributos irrelevantes. O oblongo, o arredondado e o cilíndrico, em matéria de concurso, são todos aceites. Não há, portanto, qualquer motivo para inseguranças, caro leitor.

Há, apenas, uma nuance nesta temática. É que, de facto, há situações em que a existência de tais atributos é obrigatória. Conta a história, ou lenda (para o caso tanto dá), que em determinada altura, uma freira, mascarada de padre, subiu a escadaria hierárquica e acabou Papa (ou Papisa… como quiserem). O logro revelou-se com a sua gravidez. A partir dessa data, começou-se a fazer um teste testicular aos Papas, para se confirmar o seu género.

É claro que a presença dos gémeos descaídos é, nestes casos, não só importante como fundamental. Não está em causa a dimensão ou formato. Podem ser imponentes ou mirrados. É indiferente! Basta que existam!

Assim sendo, na esfera do religioso, é possível encontrar uma justificação para confirmar a natureza dos circulares apêndices.

A simples ideia de exercer essa espécie de "direito canónico" de confirmação é repelente e, do meu ponto de vista, de evitar.

No entanto, mantendo a sua doentia curiosidade, caro comentador, saiba que não se faz tal visita como quem vai ver a avó ao lar da terceira idade ou a tia ao hospital. Não será de bom tom levar flores e chocolates. E nunca, mas mesmo nunca, se deve desejar as melhoras. Pode ser interpretado como crítica negativa ou desaprovação.

Divirta-se, caro comentador e, sobretudo, mantenha-se calado.

Por amor de Deus!

Vagas

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sábado, abril 23, 2005

Corresponder é difícil…(responder é mais fácil)

No amor a correspondência é tramada. Nas ideias é complicadíssima. Na moral é preciso usar "fórceps".

Vinha agora a ouvir, no rádio, enquanto apreciava esta enorme lua cheia que nos engole inteiros, algumas músicas de Bob Dylan. São da minha geração e dão algumas dicas sobre o que é bem e o que é mal. Passam bem…

Cheguei a casa e tentei contrabalançar com a Bohéme de Puccini. Que calma, que solidão refrescante. Que noite espectacular. Como as noites dos meus Açores imaginários que me trouxeram para o Pocinho. Hoje toca-se o sonho sem ser preciso usar os "bicos dos pés". Consola!

Tive uma bela noite, cheia de altos e com poucos baixos. Jantei com a malta apoiante do "clube europeu" da Cardeal. Foi uma "soirée" agradabilíssima. A comida óptima e a animação surpreendentemente boa. Gostei da banda que tocou. Gostei muito do teatro e, gostando, lamentei algumas quebras na comemoração antecipada do 25 de abril. Os poemas escolhidos eram muito apropriados e acompanhavam bem as músicas mal cantadas. A ingenuidade solene do acto deu-lhe o valor que merecia e permitia mais enganos que, para além dos havidos, não aconteceram. Portanto: Saldo muito positivo!

Um oftalmologista que salve o Manuel Tomáz que, "cegueta", também participou bem.

Depois, numa outra fase da noite, decidimos ir à Discoteca. O novo espaço é grande e lembra uma filial de "Porto Galinhas". Ouvimos, toda a noite, musica Brasileira (ainda deve estar a tocar). Se Deus era Brasileiro, porque não essa manifestação de religiosidade? O pior é para os não religosos… No amor a correspondência é dificil porque prejudica o negócio!

Na Discoteca senti-me no Continente. Qual Pico ou Faial? Qual Terceira ou São Miguel? Aquilo é tal qual a Bobadela, Almada, Santo António dos Cavaleiros, Freixieiro ou, na pior das hipóteses, Alcoentre. Altamente!

Também hoje, li no Ilha Maior um texto que me elogia bastante. Obrigado!
É um texto singelo como só a infância consegue ser. Começa assim: "Tenho nove anos e conheci o mal!". Coitados dos "infantes" que para além de terem de lidar com o 11 de Setembro, aínda tiveram de rever, em câmara lenta, o 11 de Março. Apanharam com a "casa pia" (a da Teresa Costa Macedo) e com o Tsunami. Lembram-se dos Bispos Americanos a pagar aos putos violados e celebram, sem querer, o padre Madeirense que fugiu para o Brasil (fecha-se a quadratura do circulo: padres e Brasil).

É duro!!!

Escreveram mais uma larachas, do mesmo teor, e concluíram subjectivamente, que o pecado está em casa de quem o verifica. Cometer é o menos…Dar a outra face é tanga…Mea Culpa, o caraças!

Filosofia pura! Só não aceita quem não for condescendente. Já Nietche e Reich diziam o mesmo, querendo dizer o oposto. Relembro o texto "Escuta Zé ninguém" em que era claramente dito que "o povo nú correspondia ao general em cuecas".

Ou seja: antes o padre em cuecas a dar a volta à Ilha em noventa dias do que o povo nú a a fazer uma entrega de "alma lavada". Se é que me faço entender….Não é por acaso que li esta semana que a obesidade mata neurónios e que os putos gordos tornam-se estúpidos.

Arreiem nos cientistas, não em mim que os cito.

De qualquer forma, pediu a canalha (nunca um termo foi tão bem utilizado) que houvesse rectidão. Referiam-se, concerteza, às estradas do Pico e aos caminhos para o paraíso. Aquele que oferece "barrigas de freira" e "toucinho do céu".

Rectidão terão da minha parte. Assim, pobre pecador me confesso: O texto que escrevi na noite da morte do Papa não era o original. O original censurei-o. Rectidão obriga, cá vai o texto maldito, o primeiro:

a morte do Papa em dez actos…

I

Normalmente escrevo sobre assuntos que têm a ver com a ética. Interessa-me o contexto comunitário e o amadurecimento do "homem", como entidade biológica, social e espiritual. Creio que a evolução passa pela política e pela organização social que advém, ou emana, dos líderes políticos. Sempre que não são merecedores de admiração ou estima trato-os como tal, como meros funcionários cuja visão não alcança mais do que o seu ego e a sua conta bancária.

Dou-lhes com gosto mas sem satisfação! Preferia-os dignos de admiração.

II

A moral, como já tive oportunidade de explicar, interessa-me pouco. Não passa da ética conspurcada pelo social….

A religião, enquanto guardiã da moral interessa-me ainda menos. Encaro a maioria dos padres como meros agentes corporativos ao serviço da maior industria mundial; A exploração do medo universal da morte.

III

Dito isto, torna-se claro que não bato com o punho no peito, não consumo hóstias e resolvo os meus pecados da maneira que sei. Não os repetindo!

Da mesma forma, não tenho qualquer respeito ou admiração por aqueles que sobem ao púlpito e, imaculados, criticam e ameaçam os seus semelhantes com a condenação eterna. Interessam-me, apenas, como actores ou comediantes. Nada mais!

IV

Ao fim de vários dias de agonia, morreu o chefe da igreja católica.

V

O mundo acompanhou com pesar e tristeza os últimos momentos de João Paulo II. Os católicos fizeram vigilias, missas e procissões. Compreendo e concordo com a sua atitude. O papa, segundo os dogmas da igreja, é escolhido pelos cardeais, com a intervenção directa de Deus, através da inspiração do Espírito Santo. Ser católico é, obrigatóriamente, acreditar que o chefe da igreja é o "escolhido" de Deus para orientar espiritualmente a humanidade. Não respeitar o seu luto é cuspir no Santo Sepulcro.

VI

Mesmo não sendo católico praticante e considerando o Papa um velhinho simpático mas conservador senti, como quase toda a humanidade, a perda de um semelhante que se apagou de forma lenta e agonizante, como um momento emocionalmente doloroso.

VII

Quase todos aqueles com com quem conversei hoje falaram-me, com simpatia, da morte do Papa e do sentimento de perda que sentiram.

VIII

E a igreja da Madalena, na pessoa do seu padre residente, o Elvis da moral, o que fez?

Fez o que achou correcto. Fez o seguinte:

5ª Feira - Primeiro anúncio da degradação da saúde do Papa. A praça principal do vaticano enche-se de peregrinos de todo o mundo. Nas igrejas reza-se pela saúde do Santo Padre.
Na Madalena, o padre pega nos jovens (rapazes e raparigas) de 16, 17 e 18 anos e ruma para as Ribeiras. Aí, em grande demonstração de fé e devoção, seguem para a discoteca Farol onde, em particular recolhimento, enchem a pança de asinhas de frango e, de forma reverenrte e mui Pia, abanam o capacete. A noite acaba em casa do líder religioso local.

6ª Feira - Anuncia-se a paragem cardiaca do Papa e a falência das suas funções vitais. Em Fátima faz-se uma procissão de velas e, um pouco por toda a parte, reza-se e pratica-se um recolhimento solene, esperando o pior a qualquer altura.
Na Madalena, o padre canta "as velhas" em directo para a televisão local.

Sábado - Morre o Papa. Há consternação em todo o mundo. Chora-se nas praça e nas igrejas. O Vaticano declara o período de nove dias de luto. Em Portugal declara-se três dias de luto Nacional. Os católicos choram a morte do seu líder, do representan te de Deus na Terra.
Na Madalena, o padre e o grupo de jovens católicos que apadrinha, organizam, no salão paroquial, que ainda há meia duzia de dias era a igreja da Madalena, uma "rave". Realizam, em memória do Papa, uma festa da cerveja e do shot.

IX

Um ateu pode fazer o que quiser, no que diz respeito à religião. Até pode atirar foguetes quando morre o Papa. Respeito a sua posição, mesmo não concordando.
Um padre católico que organiza uma festa de bebedeira para comemorar a morte do Santo padre, não é aceitável. Nunca mais tem qualquer tipo de autoridade para pregar a moral aos seus paroquianos. Até aceito que a ideia seja que o fim do Papa signifique, para os nossos padres, o fim do celibato. No entanto, o bom senso indicaria que a festa fosse feita após o período normal de nojo. Nunca hoje!

X

Espero que na próxima homilia este texto não seja referido, enviando a minha alma para o "quinto dos infernos", exercitando um frágil poder de excomunhão tão em moda no tempo da Santa Inquisição. Detestaria ter de responder.


E era assim o texto que não publiquei.

Estou aliviado, por ter reposto a verdade.

Acrescento apenas que, a partir de hoje, vou analisar, em grande detalhe, o que é que os putos andam a aprender nos "grupos de desenvolvimento moral e do carácter". E, digo, com toda a autoridade intelectual: "Livre-nos Deus, nosso Senhor de merdices sem significado e de generais que se escondem atrás dos seus piores soldados. Sobre eles cairá a fúria dos Chakras desalinhados…no mínimo!"

Vão ser tansos p´ró raio que os parta!

So Help me God!

Vagas

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quinta-feira, abril 21, 2005

Habemos TAP!!!

Cheguei ao aeroporto do Pico às 18h e 30m. Estava tudo cheio! A cabeceira Oeste tinha carros a acompanhar toda a área visível da pista. A cabeceira Este não tinha lugar nem para um carrinho do supermercado. A gare estava "à cunha". Fiquei-me pelo meio da pista, na nova área de estacionamento. Estava-se bem. A companhia era boa e o sentido de humor estava em alta.

19 horas e…nada de avião. Já ouviamos o "El Condor pasa" e subiam as apostas. Poucos concordavam com a possibilidade de aterragem. Diga-se que o vento estava forte e que nos obrigava a dar uns passos inesperados, Esvoaçavam cabelos e capachinhos. Fazia frio.

19h15m e nada! Nem um rugido, nem uma luz. "Ao menos vai dar uma passagem por cima do aeroporto". "Se tiver que dar a volta, que vá para a Terceira!". "Se for para o Faial, é chato!". "Aqui não aterra!".

Como se pode ver o moral das "tropas" não era o mais optimista.

19h30m. Ao longe, aparece uma pequena luz. O vento acalma e as probabilidades parecem boas. "O sacana parece que está a fazer marcha atrás!". "Não queria vir lá dentro!". "Se hoje aterra, nuca mais podem cancelar com a desculpa do mau tempo!".

A luz vai aumentando e começa a mostrar a forma do "animal". As asas balançam ao ritmo das rajadas do vento. Sentimos o nervosismo e a ansiedade a crescer.

19h40m. A Josefa D´Obidos, um Airbus 319 (mais pequeno do que o 320 que vai ao Faial), aterra no meio de uma nuvem de gotas de água. Qual D. Sebastião que, saído do nevoeiro, nos vem salvar, sentimos o peso do momento histórico. Batemos palmas com convicção e satisfação. Os mais sensíveis escondem a lágrima enquanto que os mais afoitos gritam.

Habemos TAP!

Sem dúvida e sem hipótese de retorno. Parece um sonho.

"Ála para a gare!". "Vamos aos comes!".

Qual gare e qual comes? A cerimónioa era fechada. Ficamos na rua a espreitar pelo vidro. Lá dentro os VIPs e seus convidados. Cá fora o povo. A mistura não se verificou.

Ficou-nos a imagem dos viajantes. Malta conhecida, do Pico. Gentes da Terceira, em trânsito. O Carlos César a acenar. O padre da Madalena meio pálido (da viagem ou da eleição do Bento XVI?). O Boss da TAP que, em breve vai alterar os dias de viagem dos aviões para o Pico (espero eu!).

Foi fixe!

O melhor, porque mais próximo, foi a partida do avião. Aquela massa de ferro e potência a rugir a escassos metros da malta e a levantar em direcção do Faial. Fiquei sensibilizado!

"Vai despejar os contentores dos quartos de banho em cima da Horta!".

Não acreditei!

E agora?

Agora, e em primeiro lugar:

"Obrigado Carlos César!"

Foi, sem dúvida, uma decisão política, daquelas que não aceita uma recusa. Daquelas que só pode ter sido tomada por quem tem o poder. Por isso, o nosso obrigado. Tenho a certeza que falo em nome da grande maioria dos habitantes do Pico.

O que poderia ser feito pela nossa Ilha se, acompanhando o líder que tanto investimento tem permitido no Pico, os Secretários e Directores Regionais tivessem a sua visão de futuro?

O que poderia ser feito pela nossa Ilha se o P.S. local não tivesse os pobres líderes que tem? Já vos disse que foram buscar um candidato à Câmara ao PSD (o Furtado)? O tal que, pela sua incapacidade, deu a única vitória ao PS? Ridículo e miserável! Uma penúria mental!

Enfim! O líder não tem a "entourage" que merece. Tem-nos a nós, os populares. Nós agradecemos e apoiamos!

Que se segue?

Ouvi empresários a gritar: "A minha carga está ali! Já não tenho que ir ao Faial!". Esta é a grande realidade. Quanto ao resto, as infra-estruturas hoteleiras, lamento muito se os Picarotos não as construirem. É que, se não as fizerem virá, de certeza, gente de fora investir e aproveitar este mercado emergente.

O Pico já não é a Ilha do Futuro. O futuro é hoje.

Saibamos aproveitar!

Estamos conformados?

Não! Queremos um hospital!!!!!

Agenda cultural da Madalena

Quarta feira….Avião!!!!
Quinta feira; Inauguração de novo bar, na "Registo Noturno". Penso que se chama "Santo Pecado" ou qualquer coisa parecida….
Sexta feira: Jantar na "Cardeal" organizado pelo "Clube Europeu" da Escola….Saboroso!!!
Sábado: Jogo do Candelária.


UFFF! Vim para o Pico para fugir ao Stress…Não vou faltar a nenhum!!!

Vagas

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quarta-feira, abril 20, 2005

Grande dia!

Quarta feira, dia ilustre. O grande milhafre motorizado vai, finalmente, aterrar na nossa Ilha. À espera está um grande número de populares. Dividem-se em grupos e comentam o fenómeno. Sente-se, no ar, um clima de desconfiança. Vou avançando e falando com os grupos. O vento sopra lá fora. Dizem os entendidos que vem de Sul.

- Viva! Grande dia!
- Vamos ver. Até agora ainda não vi nada. Nem sequer acredito nessa história de vir aí esse avião.
- Porque não?
- Ó "home", porque é assim mesmo. Os da Terceira e os do Faial estão juntos contra isto.
- E para que são essas lanternas?
- Não há-de ser por falta de luz que o "homezinho" não aterra. A gente trouxe os "foxes" da caça e vamos lá para dentro para marcar a "vereda" onde ele tem de acertar. Assim não há desculpas…
- OK! Até já e bom trabalho.

O vento parece aumentar e as bandeiras do P.S. começam a forçar os paus a que estão presos. A Rosa emaranha-se e perde a cor. Será que se contorce de vergonha, pensando que o candidato afinal, apesar dos discursos escarninhos do Conclave e dos seus representantes mais ortodoxos, ser o Sr. Furtado?

- Boa tarde! Para que é a caçadeira?
- O sacana, hoje, aterra aqui! Nem que tenha de lhe meter este chumbo no bucho!
- Viva o Pico! Fui dizendo e andando.

Uma nuvem cobre o céu. O prenúncio é negativo. Disse para mim mesmo; "Tá feio!". Caminhei até ao bar e ouvi a seguinte conversa:

- Dizem que falta rádio para a aproximação. Li num sítio…
- Qual rádio qual quê? Para que serve isso? Para ouvir a antena nove e a rádio Pico? Pode muito bem aterrar sem música. Deixem-se de tretas! Mariquices desses gajos do Continente.

Segui viagem até à porta de embarque. O ânimo era igual.

- O gajo não aterra porque não tem ILS!
- O que é isso "home"? Aquela droga dos comprimidos ou quê?
- Dizem que é para aterrar com instrumentos.
- Ná pode ser! Tenho um primo da América que diz que "lá fora" já não se usa isso, Podem meter armas nos instrumentos. Agora está proibido.
- Não sei, ouvi dizer…
- Até te digo mais. A Filarmónica das sete cidades não tem nenhum ILS mas toca bem na mesma. O passo dobrado dá gosto de ouvir,

Ouve-se o rugir dos motores. A silhueta da "ave" torna-se nítida e reluz ao sol.

- Eu bem que tinha dito, fomos lixados outra vez!
- Porquê homem? O avião vem aí.
- É mais pequeno do que o que vai ao Faial.
- É o mesmo tipo de avião. É igual!
- Não senhor! Estou farto de ver aviões e este é mais pequeno. Até parece que lhe apararam as asas. Sacanas! Só para o Pico não ser igual…

Com estrondo, contrariando o vento Sul, aterrou a "passarola". Rodopiou no final da pista, rumou ao terminal, encaixou a escadaria e começaram a sair os VIPs. Ouve-se um "Buuu" colectivo.

- Que foi? Que se passa?
- Ó "home" tás cego ou quê? Não ves que só vêm lá tipos da Terceira, de São Miguel e do Faial. Não há quase ninguém do Pico.
- E depois?
- O avião é para a gente do Pico! Se era para ser para esse gajos eu era contra. Abaixo o aeroporto!

Saí de mansinho. Fui directo para a mesa que tinha os restos do queijo que sobraram da BTL. A multidão seguiu-me. Os ânimos melhoraram muito quando o vinho e a linguiça começaram a circular.

- Forte avião!
- É verdade! Forte avião!

"UFFFF! Ainda bem que o avião não teve de aterrar no Faial" Pensei enquanto trocava felicitações com os meus conterrâneos.

- Grande dia!
- É verdade! Grande dia!

Aviso!

Sabendo que a noite é boa conselheira e que a manhã pertence ao Diabo, os organizadores da vinda, ao Pico, da primeira máquina alada movida a reactores decidiram adiar a chegada. O horário da festa passa das 9h30m para as 18 horas. É claro que é uma hora muito mais decente.

Assim também vou!

Vagas

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terça-feira, abril 19, 2005

Altos voos…

Amanhã, quarta feira, dia 20 do mês de Abril de 2005, é um grande dia para a Ilha do Pico. Do ponto de vista social, cultural, económico e político, a vinda de um avião, directo de Lisboa, é um marco na vida da nossa Ilha.

Social e culturalmente importante porque a troca de experiências e a maior facilidade de deslocação implicam um crescimento da população residente. O conhecimento de outras realidades implica um melhor entendimento das nossas práticas e uma melhor interiorização das diferenças. Conhecer novas realidades é, sempre, uma variável de desenvolvimento.

No que diz respeito à economia, a vantagem é óbvia. Mais turistas vindos directamente para a nossa Ilha e maior facilidade de aceder a produtos perecíveis. Acresce a maior facilidade de deslocação dos empresários.

Do ponto de vista político poderia ser….Mas não é muito.

Seria de esperar uma recepção em grande. No fundo, falamos de uma reabertura do aeroporto da Ilha. Acho inábil a falta de capitalização política deste feito que é, sem dúvida, um dos maiores dos últimos dez anos. Não houve anúncios na rádio nem nos jornais nem noutros sítios visíveis.

Não estranho porque conheço a incapacidade dos líderes locais do Partido Socialista.

No que me diz respeito, aconselho todos os Picarotos a irem ao aeroporto esperar o avião de quarta feira. Há que mostrar algum agradecimento.

Que me desculpem os ausentes de sentido de humor e os teóricos da conspiração mas, seria hilariante, do meu ponto de vista, se o vento sul obrigasse este avião a aterrar no aeroporto do Faial.

A questão dos dias de voo e das reservas de carga serão resolvidas depois.

Agora, é dia de festa!

Festejemos!

Vagas

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segunda-feira, abril 18, 2005

Direitos…

É, ou devia, ser, nosso direito afirmar as nossas convicções e manifestar os nossos desagrados. Para tal, e como a afirmação implica, temos de ser alguém. Ter um rosto, um nome ou, pelo menos, uma capacidade de indignação com parâmetros aceitáveis de expressão.

Exercer esse direito deveria ser uma satisfação e uma prioridade. Sempre que a palavra nos fere ou que a opinião nos agride, devemos contrapor, argumentar e desenvolver os motivos que nos fazem viver.

Ter convicções e andar de cabeça erguida implica exercer esse direito.

O contrário, abdicar desse direito, é o mesmo que desistir de ser, de ter personalidade e de acreditar nos nossos valores. Não afirmar as nossas convicções é ter medo de ser. É, em síntese, a suprema cobardia.

Quando o Papa "bateu a bota", "esticou o pernil" e "foi desta para melhor", manifestei a minha opinião sobre a forma indicada de assinalar a ocasião que, do meu ponto de vista, não era uma festividade.

Fui inundado de comentários, heróicamente anónimos, de pessoas que, roçando a santidade, sofriam gritando: "e às criancinhas senhor, porque lhes dais tanta dor". No meio de tanta lamúria pareceu-me antever alguma rectidão e vontade de expressão.

Erro meu!

Saiu, no jornal Ilha Maior, um artigo que manifestava, aproximadamente, a mesma opinião que eu exprimi e, para meu espanto, no jornal desta semana, não houve indivíduo, grupo ou associação que emitisse uma nota ou um comunicado.

Ao abdicar do direito de resposta, resta-lhes o dever de calar. Sobra a triste verdade de ser olhado nos olhos e ouvir alto o pensamento: Pobre triste!

É claro que, por vezes, a não resposta é uma concordância. Nesses casos existe alguma dignidade, alguma capacidade de aprendizagem.

Não foi o caso!

Vagas

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sexta-feira, abril 15, 2005

Há-de ser…

Há dias danados. Temos vontade e temos vontades mas acabamos por sucumbir à inactividade. Hoje trabalhei, batalhei e tracei rotas futuras. Resolvi questões e inventei soluções. No entanto, sinto uma espécie de azia na alma. Um ardor cerebral que vem crescendo diáriamente e que se traduz numa inquetude inquietante.

O sentimento do dever cumprido é algo que, hoje, passou completamente invisível. Tenho coisas para dizer e sufoca-me a desvontade (seja isso o que for).

Rodopiam as cagarras e fazem um barulho ensurdecedor. Desde o sísmo que não havia tantas. Só este facto deveria ser suficiente para aquietar as ansias e para fazer explodir o foguetório.

Nada feito! Nem um escape ou um estretor. Nada se ouviu.

Olho para a noite e sinto-a parada do lado de lá. Não há carros no Faial. Os do Pico rumaram a Sul e, entre risos e galhofas, trocaram asinhas de frango pelas ingénuas asas de anjo. Voam agora, em silêncio, em direcção à protecção, trémulos de desejos não concretizados. Lajes, São João, São Mateus, Monte, Madalena, Paris, Nova York e Infinito. Sonham as viagens que hão-de fazer. Deus lhes dê futuro!

Não me interessa muito. Hoje é um daqueles dias…

Contaram-me as possíveis ilegalidades nas obras da Igreja e pensei nas sopas de Espírito Santo a entrarem, líquidas, quentes e solidárias, directamente nos bolsos dos empreiteiros e acólitos.

Há-de ser como quiserem…

Vi a nova revista da Câmara. Com 24 páginas tem 29 fotografias do presidente. Felizes dos infelizes…

Há-de ser como quiserem…

Ouvi, nas notícias, a forma como os concursos públicos são organizados, de forma a colocarem os colaboradores "próximos" do Governo em cargos bem remunerados. Grande novidade…

Há-de ser como quiserem…

Relembrei comentários no meu Blog, alvitrando futuras intervenções do provedor da Santa Casa que tem coisas para revelar sobre processos em tribunal e a escola profissional. Cá estarei para publicar os documentos e contar a história. Vai ter de ser feito, feliz ou infelizmente.

Há-de ser como quiserem…

Aturei os putos, ratos de sacristia, agitando testosterona nos ares do Beco, durante a pequena folga noturna que se concederam. A continuar a dança núpcial, vai haver "tapona", que me desculpem os pais que, avisados, descartam-me a consciência.

Há-de ser como eu quiser!

Quanto ao resto não sei, sinceramente o que vos hei-de dizer. Minto, sei o que dizer mas, hoje, falta-me a letra e a vontade. Amanhã será diferente... É sempre!

Os temas, infelizmente pululam.

Vagas

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Vagas

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terça-feira, abril 12, 2005

Vagas

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Vagas

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Candidatos

Li, no último "Ilha Maior" que o Partido Socialista não tem candidato para apresentar às próximas eleições para a Câmara Municipal.

Primeiro estranhei. Depois percebi.

Se o Partido Socialista permite a publicação deste tipo de notícia é porque tem uma jogada na manga.

Antes de mais, temos de aceitar que a notícia é verdadeira. Não nos esqueçamos que o Director do Jornal pertence ao grupo restrito que tem como incumbência designar o elegível pelo partido.

Assim sendo, é verdade que o candidato preferido do partido rejeitou o convite. É verdade que o grupo já convidou uns quantos que, por sua vez, agradeceram mas informaram que:
"não quero!", ou "Não me chateiem!", "Pensam que sou tolo?", etc. etc.

É claro que, mesmo sendo sexta escolha, há sempre uns oportunistas que aceitam ser candidatos, a troco de um sorriso, um cumprimento ou de um melhor cargo futuro. Esta situação, sendo derrota certa, não interessa ao Partido Socialista.

Portanto, o candidato pelo PS vai ser um membro da cúpula organizativa local. Só conheço três possíveis: Manuel Tomáz. Serpa ou Hernâni.

Outra solução significa que em vez de uma corrida de "Puros-sangue", teremos uma corrida de burros.

Informação

O autor das fotos "Vagas" foi Nuno Filipe Oliveira

segunda-feira, abril 11, 2005

Vagas

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domingo, abril 10, 2005

Vagas

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sexta-feira, abril 08, 2005

Benditos sejam os lúcidos…

Hoje não foi, de certeza, o dia de minha maior boa disposição. Pelo contrário. Fui insultado, abordado na rua e provocado de várias maneiras. A minha convicção não se alterou mas, não posso dizer o mesmo da minha disposição.

Agora, perto das duas da manhã, sorrio. Não por algum perverso sentimento pecaminoso de superioridade moral. Não pelo sentimento volátil que emana da resposta pronta e da aparente vitória verbal. De maneira nenhuma pela falsa coragem da frequência solitária de todas as tascas da terra.

Pelo contrário! O que me faz movimentar os músculos faciais é o sentimento de inutilidade, de futilidade e do absurdo. Adoro o absurdo! Acho-o o verdadeiro motor do desenvolvimento intelectual. Nem o Mister Bean nem os três estarolas são capazes de transformar situações da mesma forma hilariantes que “o povo” consegue.

A haver concurso de "mister santo", já temos vencedores. Não seria um concurso típico. A santidade não resulta das acções mas sim dos afectos e das lealdades. Em vez de se tentar projectar a urina o mais longe possível, o truque é ter o território marcado. Não se trata de cuspir mais alto mas sim de fazer salivar em maior abundância. Não é importante a corrida que se faz mas sim a quantidade de devotos que se faz correr. O “mais alto, mais forte e mais longe” Olímpicos perderam o seu significado. Impera a subtileza subjectiva do poder de controlo da mente.

Não ganhei nenhum concurso mas, diga-se em abono da verdade, não tive pachorra de concorrer. Em vez de participar, perdi o meu tempo a pensar no meu adeus e na forma grandiosa do meu despedimento. Festa e arraial são permitidos e, aconselho, crie-se um novo shot: "o esticadinho".

Sendo essa a disposição, não poderia terminar a noite de outra forma que não fosse com apego à modernidade e, particularmente, à inundação dos sentidos pela quantidade exuberante de estimulantes.

No visual começo pelo DVD "As Bruxas de Salem" em que meia dúzia de miúdas sexualmente frustradas se tornam no fiel da balança entre o bem e o mal. Os juízes pendem para a santidade e, como quase sempre que a maioria popular decide, uma série de inocentes são enforcados enquanto os culpados, na sombra, rejubilam até ao suicídio.

Concluímos que em certas cabeças só entra o que, do ponto de vista da psicologia social, não fragiliza os alicerces comunitários. Já Lenine tinha percebido este facto quando, em 1917, inventou a palavra de ordem que dizia: "A terra a quem a trabalha!". Todos os fiéis do Czar e da Santa Igreja Ortodoxa trocaram as crenças pelo sentido da melhoria de vida. O povo é volátil e aceitou a troca, abraçando o novo conceito que trazia atrelado outro que dizia: "a religião é o ópio do povo!". Os Anarquistas riram baixinho e acrescentaram: "o capital é o clítoris do povo!".

Soa agora o Miserere, do CD de Jommelli, uma espécie de Enigma sério ou de Adiemus sacro. Queria a Carmen, a Tosca ou, ironia das ironias, a Carmina Burana e os seus sacerdotes mais ou menos alcoolizados. Jommelli dá-me a mesma dimensão cristã sofrida e piedosa. Não chega ao silício da Opus Dei mas aproxima-se da seriedade Franciscana. Oiço sem cerimónia nem respeito. Nem mesmo quando a soprano Béatrice Mayo-Felip explica o "Beatus Vir".

Histórias dramáticas são as de Boris Vian que tenta manter viva a sua amada com flores frescas, ao longo dos anos. O absurdo pessoal sobreposto ao absurdo colectivo. Uma delícia!

Na literatura, sinto-me atulhado e não peguei em todos os que queria. Logo na primeira abertura da Bíblia apanhei com um incentivo: "Não te aproximes daqui, disse o senhor a Moisés, descalça as sandálias porque o lugar onde te encontras é uma terra sagrada" (Exodo, III, 5).

Também Mircea Eliade parte desta afirmação para confirmar que o espaço sagrado é fixo e distingue-se do profano pela sua permanência. A necessidade de centros e de pontos de partida reflecte-se no espaço e no tempo. Todos os anos há a procissão de Santa Maria Madalena. Não é antiga nem moderna. Não tem continuidade. Pelo contrário, sendo sempre igual, dá-nos a ideia de perpetuidade e imutabilidade. Desrespeitar o espaço e o tempo sagrados é torná-los profanos…inúteis para a alma.

Saltei, de propósito, o episódio da primeira pedra porque a analogia é pobre, "uma frase batida", como diria o Sérgio Godinho. Se ninguém tivesse atirado um monte de pedras a Hitler, ainda lá estaria o regime a acumular cadáveres de judeus e outras minorias. Primeiras pedras atiro-as eu de bom grado, sempre que o perigo seja a asfixia das ideias. Claro que me sujeito, de cabeça levantada, à derrocada do juízo final.

Tropecei sem querer, no Signo do Humberto Eco. Foi involuntário porque lhe reconheço a complexidade. No entanto, sempre que estou bem disposto as coincidências são contínuas, o livro abriu-se nas variáveis dos signos diferenciados pelo comportamento que estimulam no destinatário. Refere Eco que existem símbolos Prescritores. São aqueles que sugerem e comandam comportamentos. Como diria o autor; O seu significado é um "Obligatum". Relembra, para os leigos, uma aula de moral em que as conclusões do pobre moralista não são mais do que um "Obligatum" para os seus alunos. Imagine-se este tipo de símbolos numa comunidade como Salem. O resultado seria pior, sem qualquer margem de dúvida, do que deixar à solta o "Gang dos Tubarões". Nada há pior do que moralistas encartados e legitimados.

Neste contexto, Serge Moscovici realizou o seu estudo sobre a "psicologia das minorias activas". Considero particularmente tocante o capítulo sexto em que a premissa de estudo afirma que: "Assim que um indivíduo ou um sub grupo influenciam um grupo, o principal factor de sucesso é o estilo de comportamento". O contrário é uma defesa palpável. O controlo do grupo, se não alterar o teu comportamento, não se verifica. No que me diz respeito é uma vitória à Mourinho.

Alteração…Nicles!

De certeza que este é um acto com significado. No entanto não o será da mesma forma que o mestre Jerome Bruner o classifica. Só mostra que no céu há mais do que Cagarras e que a Santidade não é uma "ave-do-paraíso". A santidade é uma via de dois sentidos e não está ao alcance de quem queima calorias indo em frente, aos atropelos. Os santos, pelo menos os conhecidos tiveram de remar, muitas vezes, contra as marés institucionais. Salvé Madre Teresa de Calcutá que nunca soubeste o que eram as sopas do Espírito Santo nem a delícia gordurenta de uma boa matança de porco.

A sabedoria popular, que tantas vezes aceito e que muitas mais escarneço diz, no Norte do País, que: "mais vale ser um santo de pau feito do que um santo feito de pau". Compreendo o dilema da escolha e percebo o conceito. Não acho piada. No entanto, "a voz do povo é a voz de Deus" e, limito-me a recolher informações e indicadores suficientes para perguntar – quando, uma beata me disser: "é um santo!" – "de que tipo falamos?".

Os versículos Satânicos, não abro. Estou no fio da navalha e não me apetece bulir com outras realidades.

Fico-me com a "Regra de São Bento" que quase me faz católico quando afirma no seu capítulo XXX que "A cada idade e grau de inteligência se devem aplicar normas apropriadas. E assim, quando os meninos ou adolescentes…caírem nalguma falta, castiguem-se com prolongados jejuns ou ásperos açoites, para se emendarem".

Concordo que a cena dos jejuns poderia fazer milagres pela estética da nossa comunidade que, em certos casos de soberba, roça a obesidade mas, sinceramente, o meu pendor afectivo descai, de forma desavergonhada, para a opção do açoite.

Manda São Bento!

Nota: O texto parece hermético mas não é. É tal qual como estou dizendo!

quarta-feira, abril 06, 2005

Fortes Vagas 2

Pois é, já passaram uns dias desde que o mar me visitou. Mesmo sem convite, apoderou-se do que quis e passeou-se por onde lhe apeteceu. Ocupou as melhores suites e, tal banda de rock mal comportada, deixou um rasto de destruição.

Paciência!

Netes momentos mais ou menos críticos percebe-se bem quem são as pessoas e as instituições. Vê-se o desempenho e a prontidão e vislumbra-se o carácter e a eficácia. Tive a oportunidade de observar e, como não podia deixar de ser, passo a descrever:

Amigos - Muitos e bons, todos prontos para ajudar e apoiar. Estiveram sempre presentes e foram incansáveis. Já disse mas não me canso de repetir: obrigado!

Bombeiros - Rápidos a chegar e muito disponíveis. Pouco podiam fazer para conter a fúria das águas mas tudo fizeram para salvar o máximo de bens. Obrigado!

Obras Públicas - O Delegado das Obras Públicas deslocou-se ao Pocinho e ofereceu-se para ajudar no que pudesse. No dia seguinte mandou limpar os acessos. Parabéns pelo sentido de dever!

Ambiente - Até hoje não apareceram. Amanhã, às 15h30m vou cortar um pé de vassoura para ver se aparece alguém.

Gabinete da zona protegida - São tantos que ainda não decidiram quem deve passar por cá.

Protecção Cívil - Nada avisaram, portanto de nada serviram. A meio da tarde passou por cá o chefe. Fui a correr para lhe perguntar quais seriam as previsões para a noite mas…já cá não estava. O relatório que fez chegar à comunicação social era, no mínimo, incorrecto.

Presidente da Câmara - Ausente, como seria de esperar.

Presidente da Junta - Passou por cá à tarde e trazia, com uma série de homens, um taipal muito bem feito e resistente. Pensei que seria para proteger os habitantes do Pocinho mas, afinal, era para proteger os quartos de banho públicos.

Governo Regional em geral - Não dava jeito passar por aqui, fica um bocado fora de mão.

Deputados - Nem Regionais, nem Nacionais, nem Europeus nem do Congo.

RTP - Nunca cá tinha vindo. Vinha no dia a seguir para publicitar as desgraças e para afugentar os turistas. Mandei-os embora e ficou o convite para cá voltarem quando estiver tudo impecável.


Para a próxima já tenho uma estratégia: Vestir camisolas da selecção nacional de futebol e, para alertar o Governo Regional, do Santa Clara. O povo gosta e, quando o povo gosta o Governo aparece.

Nota: Sociologicamente falando, fazendo uma abordagem relativista, anulando o efeito subjectivo da investigação-acção e parafraseando alguns dos meus comentadores (sob pena de confundir o estudo e a vivência, o cientissta e o cidadão): é do caraças!

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O antes...


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... e o depois

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terça-feira, abril 05, 2005

Grupo de Jovens

Assisti, com a satisfação que as galinhas vêem os seus ovos partir, ao aparecimento de um grande número de comentários, no meu blog, de jovens da nossa terra. Gostei de ver a garra com que defendem aqueles de quem gostam e a força que imprimiram à linguagem.

Como um tio afastado que já os levou à discoteca, a casa às tanta da madrugada e que os tem acompanhado no seu percurso, senti orgulho em vê-los crescer. Nem sempre foram felizes no texto mas, e isso é que interessa, mostraram ter vontade de marcar uma posição.

Gostei!

Gostei e não fiquei chateado com as tolices.

Continuarei a apoiar e a ajudar sempre que precisarem. No entanto, o meu blog é um pouco mais sério do que os comentários estavam a ser. Trata-se de posições sobre a política, a vida e a ética. Espero que compreendam isso. Por esse motivo retirei a possibilidade de colocarem mais comentários.

Em resumo, o meu blog não é espaço para brincadeira. Para isso continuam a ter a oportunidade de irem para a minha casa e fazerem as vossa festas na piscina.

Bjokas e [[]] !!!!!

domingo, abril 03, 2005

O Papa e a Madalena

O padre da Madalena gosta dos jovens. O padre gosta muito dos jovens e das jovens. Foi por esse motivo que preferiu passar os momentos de dor, causada pela morte do Santo Padre, na companhia dos jovens e das jovens.

Para mostrar a sua fé e respeito pela degradação da saúde do Papa, o padre da Madalena pegou no "grupo de jovens" e foi para as Ribeiras. Aí, em sincera manifestação de devoção, cantou, dançou e comeu asinhas de frango. Aleluia!

No sábado, após a morte do Papa, o padre amigo dos jovens e das jovens, em luto cerrado e vergado pela dor organizou uma rave em sua casa. O tema era enganoso: "Festa da Cerveja". Sabemos todos que este subterfúgio serviu apenas para juntar mais gente para a vigília. Aleluia!

A atmosfera foi de pesar. A alma do Santo Padre foi iluminada por cânticos modernos. O caminho do paraíso foi mostrado por este grupo devoto: copo na mão, cambaleando em transe espiritual e cantando de cabeça baixa "sexy mother fucker". E o Papa lá foi acompanhado de boas intenções e belas práticas.

Salvé! Aleluia!