Sou um admirador da linguiça e do torresmo. Gosto da comida e, sobretudo do convívio que ela arrasta, apesar de não me considerar um devorador alarve.
Como a maioria das pessoas, não me incomoda o pratinho de plástico e o “vinho de cheiro”, desde que seja nas festas da costa, na adega dos amigos ou nos churrascos de Verão.
No que toca a restaurantes, a coisa fia mais fino. A comida é, para mim, um elemento secundário. Aprecio, sobretudo o ambiente e o convívio que o pretexto da refeição arrasta.
Neste campo, dos Restaurantes, estamos mais ou menos tramados. Até que se come bem em alguns mas a arte de “empratar”, a decoração dos espaços, o serviço e a variedade da oferta são factores completamente alheios das nossas práticas.
No Verão, apesar das deficiências, há clientes para todos. Este facto não é um elogio mas sim a o resultado da simples contingência de não haver escolha.
E os turistas “penam”!
Penam por vários motivos:
falta de lugar (tá tudo cheio para comunhões!),
falta de horário (a cozinha fecha às nove!),
falta de Restaurante (estão todos fechados, ao mesmo tempo, para férias),
falta de higiene (a carne sabe a peixe porque a grelha é só uma!) e
falta de responsabilidade (pois! O senhor tinha reserva mas como não tínhamos mais clientes, resolvemos fechar!),
entre uma longa lista de faltas que não vale a pena enumerar exaustivamente.
Há, no entanto, algumas alterações simples que, associadas à boa qualidade das nossas matérias primas (bons peixes e boa carne), poderiam alterar radicalmente a qualidade da nossa restauração:
Havendo uma falta generalizada de sentido estético, sobretudo por desconhecimento de outras realidades, não ficava nada mal pedir ajuda para melhorar os espaços.
Sendo um dos problemas a falta de pessoal devidamente formado, acho que a Escola Profissional, em vez de andar a fotocopiar dossiers de ano para ano, poderia organizar formação específica para o sector.
A pobreza das ementas (como são repetitivamente chatos estes jantares!) poderia ser banida através de uma maior diversificação da oferta.
A apresentação dos pratos é, regra geral, pobre e limita-se a dispor, lado a lado, os diferentes elementos. Empratar é uma arte e o expoente máximo da culinária. A refeição deve ser, cada vez mais, um momento de prazer dos sentidos.
Muitas mais coisas podem ser feitas para melhorar a nossa restauração mas, para começar, não estava nada mal se seguissem estes conselhos.
(Esta sobremesa foi-me apresentada num restaurante em Singapura)
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