Fala-se muito das Ilhas do Triângulo. Parece-me que, no que diz respeito a complementaridades, interacções e identificação estamos perante um triângulo que, em vez de ter uma hipotenusa, não passa de uma hipótese obtusa.
Vendo os diferentes tipos de triângulos, a única conclusão próxima e consistente é a que nos mostra que os lados que vão dar a São Jorge são muito mais longínquos do que aquele que liga o Faial ao Pico. Aliás, a distância real é muito maior do que a geográfica. De facto, São Jorge está tão longe fisicamente, apesar de a vista a alcançar, que o próprio conceito de triângulo deve ser revisto.
Neste triângulo, que por ironia até é obtuso, a mediana mais fácil de calcular é a das políticas de aproximação que são implementadas. A ironia é maior quando verificamos que o centro de gravidade do triângulo (o ponto de intersecção das três medianas) situa-se, precisamente…no meio de nenhures, no oceano. Como na batalha naval: na água!
Havendo, portanto, um triângulo imaginário, há que dar-lhe forma, torná-lo real. Em primeiro lugar devemos definir o que não queremos. Isso é mais ou menos fácil: nem triângulo das Bermudas, nem triângulo amoroso, também chamado de obsceno. Instrumento de percussão (vulgo ferrinhos) também não é muito boa ideia, até porque é muito utilizado no “forró”.
E de “forrós” e “forrobodós” estamos nós fartos.
O que queremos é um triângulo funcional. Pode ser pequeno e jeitoso, desde que não embarace os senhores Tales e Pitágoras.
Para arrancar com a construção dessa figura de que tanto falamos seriam necessários, pelo menos, três passos importantes:
- Dar-lhe unidade afectiva e emocional. Largar, de vez, a teoria da relação senhor/feitor que, de há tanto tempo fenecida, já pouco mais merece do que o nosso adeus.
- Criar, com carácter de permanência, os tais lados que agora faltam. Para isso é fundamental o aumento dos transportes inter ilhas. Não me refiro a grandes barcos mas sim a pequenas embarcações que cirandem de ilha em ilha a toda a hora. Que dê para almoçar no Faial, tomar café no Pico e lanchar em São Jorge.
- Largar o conceito Euclidiano de espaço imutável e criar sinergias que subvertam a falsa especialização das Ilhas. Para tal, numa visão de complementaridade, mais do que de concorrência, bastaria, para começar, a construção de uma Marina na Madalena.
São pequenos passos para a humanidade mas grandes passos para os ilhéus do meio!
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