terça-feira, fevereiro 22, 2005

Micro e macro

Tivemos as eleições, temos um inverno tão calmo que o mar nem se quer se faz ouvir, temos as primeiras cagarras a chegar à ilha, temos o cheiro intenso do incenso em flor e tivemos, não faz muito tempo, a reunião do PS da Madalena.

Haja fôlego para tanta emoção.

Estes temas acabam por estar todos ligados. O cheiro a incenso aponta a vitória e a raridade dos cagarros lembra a reunião do Partido.

A cheirar menos bem está o resultado do PS na Madalena. Tão mau como aqui só em São Jorge e em Leiria. A Madeira não conta!

Porque será que esta derrota, nesta conjuntura, se verificou na Madalena?

Por váras razões. Basta ter estado na reunião ndo PS para perceber.

É claro que não vou falar dos detalhes. São assuntos internos.

No entanto posso referir o seguinte:

1- Foi uma pena a mesa não estar completa. A menina que aí tinha assento (Laurisabel) não pôde comparecer à reunião porque tinha um encontro dos escuteiros. Chama-se a isto uma grande capacidade de analisar as prioridades. É claro que os escuteiros são mais importantes do que o futuro da Madalena. É claro que é mais importante estar "alerta" no meio dos bosques e manter acesa a chama da fogueira do que tentar, com o canivete Suiço, desbravar novos caminhos para o Partido Socialista. Antes esta desculpa do que dizer que tinha uma reunião com o Ken e com a Barbie.
2- Os filiados, as bases, apareceram em número razoável e demonstraram, sobretudo, uma vontade em participar e contribuir para que o Partido se modifique e ganhe a importância que merece. A participação generosa e desinteressada dos militantes obteve respostas pouco concretas da mesa da reunião. A única resposta clara foi aquela que, da voz do nosso deputado, confirmou que José António Soares não é nem nunca foi uma opção para a Câmara Municipal da Madalena.
3- Quanto à situação do PS na Madalena ouvimos o histórico do PS, o ex-deputado Serpa dizer que a Madalena era tradicionalmente Social Democrata e que a conquista de votos era quase impossível. Esqueceu-se de que os votantes no PSD são os mais velhos, (ver resultados eleitorais da mesa dos recenseados mais recentes - o PS ganhou) e que há uma enorme abstenção. A conclusão imediata é que o PS não ganha porque não tem qualquer dinâmica junto da juventude. Aliás, não tem qualquer dinâmica…ponto!
4- Ouvimos um membro da mesa a dizer que o melhor, para resolver a questão das divisões dentro do partido seria expulsar todos aqueles que pensam de forma diferente. É claro que estas afirmações foram ouvidas pelas bases, por nós, de forma bastante condescendente e com alguns sorrisos de compreesão e simpatia.
5- A irmã do deputado Hernâni, que afinal está nos séniores e não nos juvenis, também falou. Disse, e muito bem, que era preciso união dentro do partido. O irmão mais velho respondeu que nada havia a fazer. Que isso dependia da consciência de cada um.

Enfim! Um cenário de pouca inteligência. Um cenário de impotência e falta de ideias constrangedor. As principais linhas de acção apresentadas pela mesa (e não aceites pelos militantes) foram, com base no que atrás foi descrito, a necessidade de um candidato de direita para impôr a esquerda, a vontade de fazer uma limpeza interna e a conclusão segundo a qual nada há a fazer, senão deixar andar.

Tanta incompetência até dói. O silêncio do mar torna-se mais ensurdecedor e o cheiro do incenso não esconde o podre a que esta liderança tresanda.

Os factos são os seguintes;

Os militantes querem alterar as coisas e contribuir para uma dinâmica de vitória em que todos estejam implicados de forma responsável.

Os militantes querem ser ouvidos. Querem mais reuniões.

O Partido Socialista voltou a perder na Madalena.

O Partido Socialista nada fez para ganhar na Madalena.

Por menos do que isto a maioria dos líderes demite-se, aceitando a sua incapacidade

Logo, a única conclusão possíve é que:

Os líderes do PS da Madalena deveriam apresentar a sua demissão. É a única saída digna. A sua manutenção apenas demonstra um apego cego ao poder.