A febre, a tosse e a dor de cabeça impedem-me de dar à escrita a atenção que ela merece.
No entanto, há ideias que me vão atravessando o cérebro e que me dão vontade de parar um pouco para as descodificar. Hoje, o que me tem ocupado um pouco do meu tempo é a ideia segundo a qual alguma da filiação partidária, nesta nossa secção, pelo menos, pouco tem a ver com questões ideológicas e éticas. Algumas pessoas, têm objectivos bem mais prosaicos.
Penso que o que verdadeiramente motiva alguns "partidários" desta ou daquela filiação política são razões de ordem mais pessoal.
É uma afirmação um pouco perigosa, sobretudo se generalizada. Por isso, vamos encará-la com o cuidado que merece: Sem generalizar!
Em primeiro lugar, como premissa de partida, é aceitável pensar que as razões ideológicas implicam uma visão da vida, da sociedade, do futuro e da intervenção cultural específicas.
Em segundo lugar, também é fácilmente compreensível que partidos diferentes tenham visões diferentes daquelas variáveis. Os de direita, ou centro direita, têm uma visão concreta da vida. Têm um conjunto de valores morais próprios. Por seu lado, ser de esquerda, implica abraçar um conjunto de ideais e uma ética própria. Factores que, em ambos os casos, devem reger os nossos actos.
Por definição, estas duas formas de encarar o mundo e a organização social são, incompatíveis. Não posso ser de esquerda às quintas e terças e de direita às segundas e quartas, deixando os restantes dias para variar entre o niilismo e o situacionismo. Ou se é ou não se é.
É simples.
Mais verdadeira é esta afirmação quando os indivíduos se inscrevem em partidos.
Resta-nos responder à questão de partida.Serão todos os filiados nos partidos verdadeiramente militantes, do ponto de vista ideológico?
Não me parece.
O exercício que proponho é simples. Vejamos as associações e Instituições que existem e façamos uma análise das suas direcções.
Pensem, por exemplo, na Rádio Pico, no Circulo de Amigos da Ilha do Pico, no Futebol Clube da Madalena, na Câmara Municipal, no Ilha Maior, na ADLIP, na Escola Profissional, na Santa Casa da Misericórdia e na Cardeal.
Veja-se agora o nome das pessoas e as associações de projectos que eles presseguem.
A conclusão é simples: Ou não há ideologia e trata-se, apenas, de uma mistura fina ou, então, alguém anda a enganar alguém sobre as suas opções políticas.
E não sejamos ingénuos ao ponto de pensar que gerir uma rádio, um jornal, uma escola profissional e uma Santa Casa (por exemplo), não implicam a mobilização de um conjunto de ideais e de valores específicos. Isso seria o mesmo que dizer que ninguém sabe o que anda a fazer.