quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Tudo na mesma!

Descanso é descanso, mesmo quando forçado.

No meu caso, tive direito a quatro dias de repouso compulsivo. Transtornou-me os projectos e atrasou-me os trabalhos. Paciência!

O pior é que não deu para acompanhar a malta nas carnavaladas deste ano. Perdi uma jantarada na Aldeia da Fonte, um assalto de carnaval, falhei o baile da filarmónica (este ano com novo formato) e tive falta na batalha da água dos "putos".

Foi uma desgraça de um carnaval.

Logo no único ano em que tinha preparada uma fantasia para desfilar em todos os circuitos elegantes da nossa terra. Tinha planeado começar no aeroporto, passar pela delegação da Assembleia, dar um giro na Câmara Municipal e, a partir de aí, entrar num circuíto errático, mas controlado, e acabar para os lados de São Mateus.

Sempre trajado a rigor. No meu fatinho de Super homem.

Não deu. Paciência!

Tinha ensaiado o gesto brusco de atirar a capa para as costas, esticar o braço direito com convicção, serrar o punho e, com o olhar no horizonte, arrepiar caminho até….até…

Perdi-me!

Uma vez fui ver uma prova oral -por falar em olhar o horizonte- para seleccionar um técnico superior para o Museu do Vinho. Não costumo ir a essas coisas mas, desta vez, tinha ouvido dizer que o Júri (maioritário do Pico) não se cansava de gabar a inteligência de uma candidata filha de um ex-deputado.

"Não tem currículo mas é brilhante!"

E lá fui. Peguei no gravador e "fui-me consolar". É que isto de ouvir gente inteligente é muito agradável.

A prova começou mediocre. As perguntas não obtinham as respostas combinadas. Um dos membros do Júri não devia estar bem ensaiado e fez asneira. Perguntou o que não devia. A rapariga engasgou-se, soluçou, voltou-se a engasgar e disse com a clareza possível: "Gosto muito da cultura, já bailei num rancho mas como não dá futuro….pensei no museu" (palavras minhas mas raciocínio da candidata).

As perguntas seguintes também não tiveram bem a resposta esperada porque as etapas para a organização de uma exposição não estavam bem interiorizadas. Mesmo assim, o presidente do Juri ia afirmando com a cabeça o que o cérebro negava. Penso que neste momento, na cabeça do Dr. Costa já só bailava a letra da canção "Por isso é que eu sou das Ilhas de Bruma". E concluía para si próprio "Tanta bruma no concurso que no final ninguém topa".

Fui assistindo incomodado. Afinal não fora para aquilo que me tinha deslocado até às Lajes do Pico. Mais uma ou duas perguntas e chegamos à fase final. Como uma opereta também a entrevista teve o seu ponto alto. O ponto onde o génio ou se revelava ou…nem por isso.

E veio a pergunta:

"Como deve ser um Técnico Superior?"

Resposta pronta:

"Um técnico Superior deve ter os olhos no horizonte!"

Nem por isso!

Sentar-se na cadeirinha que os favores políticos lhe concederam, acomodar as redondinhas nádegas, cruzar os bracinhos e olhar mais além, contemplando o horizonte!

E eu que pensava que os vigias da baleia é que tinham essa tarefa!

Em resumo: Não vi brihantismo. Vi apenas brilhar a política da cunha no seu mais elevado expoente. Naquele em que a vergonha já não tem lugar. As verdadeiras Ilhas de Bruma.

Soube hoje que o Partido Socialista encontrou na rapariga mais uma qualidade. Consciente do conhecimento profundo que ela tem dos picarotos e dos seus processos mentais de escolha, resolveu nomeá-la para integrar a "task force" que vai decidir sobre os nomes presidenciáveis para a Câmara. E o ramalhete fica mais composto: Hernâni, Serpa, Manuel Tomás e Laurisabel escolhem os candidatos. É verdade, já me esquecia, e acrescentaram o Eduardo Bettencourt.

Não mudou nada durante a minha ausência.