domingo, janeiro 30, 2005

Ídolos

Faz parte na natureza humana a vontade de melhorar, de ser perfeito, de se afastar da origem símia que temos agarrada à nossa pele.

Muitos conseguem. Homens como Einstein, Gandhi, Guevara e muitos outros, vão muito além da taprobana. Dobram todos os Bojadores e tornam-se referências para a humanidade. São metas que todos gostariamos de alcançar.

Pelos seus feitos, pelo seu contributo e pelo carisma da sua personalidade estes homens definem o padrão da excelência e dão-nos motivos para melhorar.

Quando o objectivo é muito elevado, torna-se claro que poucos o podem alcançar. Procuram-se, então, valores mais próximos, possíveis de atingir.

Cria-se assim uma espécie de hierarquia de modelos de conduta. Um sistema complexo de ídolos.

A nível local, o processo é semelhante. Temos os nossos ideais de futuro: como gostariamos de vir a ser, se fosse possível. Sabendo que a probabilidade de o atingir é mínima (nalguns casos inexistente) construímos, para defesa do nosso ego e da nossa auto-estima, um conjunto de ideais baseado nas pessoas que nos estão próximas e que julgamos conhecer.

Estes referenciais são, no fundo, os ídolos de todos aqueles que não se conseguem afirmar em nenhum campo específico. São, do ponto de vista afectivo, as âncoras morais que os suportam dentro de limites aceitáveis de frustração diária. Os segundos acabam por viver a sua vida em função dos primeiros. Acompanham os seus sucessos e insucessos, vibram com as suas vitória e sofrem com as suas perdas. Há um mecanismo de transfert.

Com o passar do tempo, acabam por perder os referenciais mais elevados e passam a aspirar, apenas, à chegada o dia em que consigam ver o seu nome associado à personalidade da sua admiração.

Coleccionam fotografias, pedem autógrafos, decoram as frases. Em casos mais extremos e demenciais, chegam a sonhar em destruir o seu modelo. Desta forma ficam, pensam eles, ligados para sempre com a figura/objecto do seu desejo. É quase uma doença. Um complexo de édipo distorcido. Foi por este motivo que, por exemplo, o John Lennon foi assassinado.

Em síntese, na demanda do crescimento, todos temos os nossos super-heróis.

Uns admiram e outros são admirados. É a lei da vida!