segunda-feira, janeiro 31, 2005

Dignidade.

Não vou dar nenhuma lição de moral sobre comportamentos sociais e boas maneiras. Isso fica para outra altura.

Interessa-me, agora, reflectir sobre a dignidade das nossas Instituições. Todas não, que são muitas. Vejamos, apenas, as "casas que representam o povo", vulgarmente chamadas de Assembleias Legislativas.

Sendo a Instituição, por excelência, que melhor representa uma democracia, é do
interesse de todos nós, que esta tenha a maior qualidade, respeitabilidade e dignidade possíveis.

No caso da nossa Assembleia Regional, a ALRA, penso que a sangria que esta sofreu aquando da constituição do Governo levou a que alguns dos mais capazes para desempenhar o papel de Deputado, fossem substituidos por segundas escolhas (nomes mais recuados nas listas propostas).

Por outro lado, a continuação da apresentação de candidatos, no topo das listas, que desempenham tarefas nas autarquias e que não pensam deixar de o fazer, contribui grandemente para o agravamento do fenómeno das substituições.

Na prática, assistimos à entrada na ALRA, dos nomes que estavam nas listas de candidatos em lugares não elegíveis. Muitos deles sem competências específicas (académicas e profissionais) para desenvolverem um trabalho eficaz.

Uma Assembleia diminuída é mau para a democracia e para a autonomia Açoreana. E, sobretudo, não nos dignifica.

No caso da Assembleia Legislativa Nacional, para além da sua inegável importância, a existência de um grupo capaz e altamente competente, é crucial para os interesses Regionais.

A criação de um "lóbi" Açoreano, no continenente, composto por um grupo de pessoas altamente competentes e capazes de se movimentarem no meio político nacional, com a incumbência específica de facilitar as relações institucionais entre o Governo Regional e as Instituições Nacionais, seria deveras desejável.

É claro que esse "lóbi" já existe. Trata-se agora de o dotar com nomes que tenham um peso político suficiente para que sejam ouvidos como interlocutores sérios.

Não me parece que seja o caso da actual lista do meu partido.

A grande maioria dos nomes escolhidos não traduzem, em capital político, uma mais valia real para o "lóbi" Açoreano.

Vejamos três exemplos:

1- O cabeça de lista, Ricardo Rodrigues é uma pessoa cujo lugar, se tem o apoio político de Carlos César como parece ter (vimos na campanha), será no Governo Regional. O seu lugar de deputado parece ser, portanto, a prazo.
2- Renato Leal é uma pessoa difícil no partido. Quer pela sua postura pessoal, quer pelo seu perfil político. As suas aspirações locais, nomeadamente no que refere à Presidência da ALRA estão, cada vez mais no domínio do hipotético. O seu destino político seria, no futuro, um problema.
3- A representante do Pico, sendo independente, com um currículo profissional de duas linhas e sem qualquer experiência política relevante, dificilmente poderá ter uma performance satisfatória no hemiciclo.

Em síntese, ao enviarmos deputados que, em vez de serem escolhidos para formarem um forte grupo de pressão (associados a outros elementos, claro), foram nomeados por motivos diversos e dispersos, não estamos a prestar um bom serviço aos Açores. A ausência de um grupo credível não confere à Assembleia a consideração e dignidade que ela merece.

Dirão que há nomes elegíveis e outros não.

Claro! Também nas listas para a ALRA isso acontecia mas, os resultados finais foram outros.