Tendo abordado o tema do ordenamento do território e, numa altura em que o turismo como factor de desenvolvimento económico da nossa ilha, começa a ser levado um pouco mais a sério (até vamos à BT L), chegou o momento de começarmos a projectar o futuro urbanístico da Vila da Madalena. Desta vez, com alguma visão de crescimento.
Não nos podemos esquecer que no saudoso blog Madalena 2005, foi anunciada, pelo presidente da Câmara, a intenção de elevar a Vila da Madalena a Cidade.
É observável, por qualquer pessoa minimamente interessada no assunto, que a direcção natural de crescimento da vila da Madalena não tem respeitado o plano traçado e imposto. As novas avenidas, fruto talvez de uma crescente inflacção dos preços, não têm sido o pólo de crescimento que se projectou. Pelo contrário, verificamos um crescimento habitacional mais ou menos desordenado respeitando apenas duas leis; a da propriedade (constrói-se onde se possui terreno) e o do preço (procura-se o mais acessível).
O resultado só poderá ser, a médio prazo, a desertificação do centro da Madalena (que começa a ser já uma realidade) e a sua transformação numa zona ocupada por familias carenciadas e por comércio. Sabemos que a Madalena não tem população suficiente para manter vários pólos de comércio (centro e dois hipermercados). Portanto, o futuro provável é o da degradação dos espaços. Este fenómeno já se verifica a vários níveis: em algumas das habitações com familias a viver em condições precárias, na existência de edifícios degradados (frente à polícia) e outros que, por estarem desabitados, para lá caminham e, ainda, o sub aproveitamento de terrenos (por exemplo anexo à igreja).
O problema da maioria das cidades é a grande dificuldade, devido à especulação imobiliária, de manter o seu centro vivo.
A primeira conclusão é que tudo deve ser feito para recuperar e reabilitar o centro da Madalena.
Outro aspecto, que emerge da análise das estatísticas demográficas, é que a Madalena, enquanto concelho, tem sido um pólo de atracção das populações. Se associarmos a este factor o tal crescimento turístico que se deseja e espera nasce a pergunta: Então, para onde "esticar" a Madalena?
Num pequeno passeio podemos verificar que a estrada Madalena - Areia Larga parece ser um dos locais de maior procura: Novos edifícios, recuperação de habitações degradadas com o sísmo, construção dos três restaurantes da Madalena, etc. etc.. Este eixo, se a ele somarmos a possível estrada marginal Areia Larga - Piscina, tem aínda um bom potencial de crescimento. Há terreno, há acesso ao mar e começam a aparecer infra-estruturas.
Qual é o entrave a este crescimento?
Do meu ponto de vista, para além da falta de visão política, é o complexo que alberga a COFACO. Ocupa uma área vasta, veda o acesso ao mar e, através da poluição que provoca (todos conhecemos aquele cheiro que nos empurra para longe) mata, à nascença, qualquer ideia de crescimento turístico local. Para além do mais, a sua visão, por parte de quem vem nas lanchas Horta-Madalena, é, no mínimo, inestético.
Claro que a COFACO é uma indústria importante, claro que o desemprego dos seus trabalhadores seria uma tragédia com uma grande dimensão e claro que a indústria dos enlatados já foi mais florescente. Por isso é que não advogo a sua demolição imediata.
No entanto há soluções possíveis. O ideal seria a aplicação de várias estratégia em simultãneo:
1- A Câmara tem terrenos para dar, na zona industrial por exemplo, já dotados de infra-estruturas básicas, pelo que a despesa da compra de terreno não seria um custo.
2- O Governo pode comparticipar financeiramente na recolocação da unidade (é sócio).
3- Pode ser feito um pedido de co-financiamento ao FSE.
4- A venda dos terrenos onde a fábrica está implantada, assim como de outro património imobiliário mais ou menos abandonado, permitiria completar o "bolo" (se calhar até era suficiente).
Contas bem feitas, poderiamos concluir que a reconstrução da COFACO, até poderia ser, do ponto de vista da gestão, um bom negócio. Demora tempo? Claro que demora tempo, mas sendo possível deveria ser, pelo menos, estudado. Lógico que, até à existência de nova unidade fabril, a COFACO continuaria a laborar normalmente nas actuais instalações.
Por mim consigo imaginar naqueles terrenos, em vez da COFACO, um bairro residêncial, uma unidade turística e uma marginal cuidada, com calçada à portuguesa, bancos, árvores e floreiras, onde nos apetecesse passear.
E, até gosto da ideia!!!